terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Depoimento para Bruxelas : Como as novas tecnologias fizeram TODA A DIFERENÇA NA MINHA VIDA !


Chamo-me Rosário Sarabando e sou portadora de uma doença neuro-degenerativa progressiva e rara, chamada Esclerose Lateral Amiotrófica (E.L.A.).

Convivo com a doença há onze anos, a idade do meu filho. O meu marido é um exemplo de dedicação e abnegação, com todo o amor que me dedica. Ambos são a pedra de toque da minha vida!

Esta doença deixa-nos completamente paralisados, à excepção da parte psicológica que, na minha opinião, fica muito mais apurada.

Tenho os problemas que toda a gente tem e uma casa para orientar. Como tal, recuso-me a ficar parada e deixar o barco andar à deriva. Nunca! Contudo, esta doença é implacável e somos obrigados a ir largando as coisas que as pessoas costumam pensar ter como adquiridas:

I - Larguei o carro, porque fiquei impedida de conduzir. Passei a ser conduzida por familiares, pelos muitos amigos que fui fazendo ao longo da minha vida e pelos soldados da paz, os nossos bombeiros que tão bem me tratam;

II – Disse adeus à cama de casal, passando a dormir numa cama articulada, o que é óptimo nas noites quentes de verão;

III- Deixei de poder abraçar, beijar ou fazer um carinho. Contudo, continuo a fazê-lo com os braços e os lábios da minha alma;

IV – Disse adeus ao telemóvel, porque já não conseguia manuseá-lo e depois, porque deixei de falar devido à traqueostomia, mas tinha o computador e comunicava através do e-mail.

Pedi sempre a Deus que nunca deixasse de poder comunicar com o mundo e Ele fez-me a vontade. Mais um milagre aconteceu! Fez-se MAGIA na minha vida! Colocou-me o MagicEye, o Magickeyboard, o MagicPhone e o MagicHome nas mãos. Sem eles não poderia continuar. São os meus anjos que não deixam que eu fique aprisionada no meu próprio corpo.

Comecei a namorar com o meu marido, passei a poder comunicar com o meu filho sempre que ele vai em visita de estudo e a resolver assuntos na escola do meu filhote, dou miminhos aos amigos, em tempo real, o que é Muito importante para mim, ganhei autonomia para tratar das férias do meu filho e resolver tantas outras coisas, mantendo a minha privacidade. Para certificar o que acabei de vos relatar, vou contar-vos o episódio mais recente que me aconteceu, para que tomem consciência do significado desta ferramenta na minha vida, poder comunicar através do telemóvel!

Repentinamente, a minha cuidadora foi operada a um descolamento da retina. O que era um novelo muito bem enroladinho, a minha casa, passou a ser um emaranhado de linhas soltas. A páginas tantas, são os amigos que surgem para ajudar. Isto para vos dizer que, em tempo real, eu consigo através de SMS, pedir compras sem a ajuda de terceiros, pedir auxílio ao meu marido, enfim, um infindável número de coisas que fazem parte da vida de qualquer pessoa. Com o MagicHome consigo utilizar a TV e a aparelhagem, usando as diferentes funções, tudo gestos banais para qualquer mortal, mas para pessoas com estas limitações, É UM MILAGRE! Sem a ajuda do MagicEye e do Magickeyboard não faria nada do que mencionei.

LAST BUT NOT LEAST

O Magickeyboard proporcionou-me uma velocidade de escrita fantástica. Estas ferramentas permitem-me uma enorme economia de tempo e redução do cansaço. Para fazer este depoimento levaria um dia inteiro, acrescido da exaustão que comportava. Assim, demoro o tempo que qualquer pessoa, minimamente habituada, leva a escrever no computador. O cansaço é mais reduzido, porque não preciso de usar o rato, pois todo o meu corpo está já paralisado, à excepção dos meus olhos. Através do MagicEye, acedo a todas as funcionalidades do PC e a minha vida é gerida por um precioso piscar dos meus olhos.

As potencialidades destas tecnologias têm permitido os contactos com a Comunidade E.L.A. (noseela.ning.com), fazendo parte, actualmente, da direcção da APELA (Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica), com a família e os amigos, a participação em várias redes sociais e o acesso fácil à informação e ao conhecimento através da Internet.

O empreendedorismo de algumas pessoas e a sua capacidade inovadora conjugada com um grande empenho e dedicação, tem possibilitado uma nova vida a pessoas com limitações físicas e psicológicas, através da implementação de tecnologias que revolucionam a as suas vidas, contribuindo para o renascimento de um novo ser.

Tudo isto só foi possível graças aos grandes amigos que tenho a sorte de ter.

Obrigada a todos quantos estiveram envolvidos neste projecto, para que a minha qualidade de vida fosse melhorada de forma altamente significativa.

Permitam-me aproveitar a oportunidade para exprimir um desejo muito forte:

Que seja facultado este programa a todas as pessoas que se encontram na mesma situação que eu, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de vida.

Que Deus ilumine os investigadores para que eles continuem a expandir o seu conhecimento e, dessa forma, possam permitir mais vida a vidas tão frágeis como a minha.

Muito, muito obrigada a todos!

Bem hajam!

  • Fundação PT
  • IPG (Instituto Politécnico da Guarda – Portugal)
  • APELA e Comunidade E.L.A.
  • Amigos

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

J’ACCUSE ! (Eu acuso!) (Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes) « Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola)

Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...) (Émile Zola)

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito;
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição;
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos - clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O que significa ser pobre . . .

Um pai, bem de vida, querendo que seu filho soubesse o que é ser pobre, levou-o a passar uns dias com uma família de camponeses.
O menino passou 3 dias e 3 noites vivendo no campo.

No carro, voltando para a cidade, o pai perguntou:
Como foi sua experiência?

“Boa, responde o filho, com o olhar perdido à distância.

E o que você aprendeu? Insistiu o pai.

1 -Que nós temos um cachorro e eles têm quatro.

2 - Que nós temos uma piscina com água tratada, que chega até a metade do nosso quintal. Eles têm um rio sem fim, de água cristalina, onde tem peixinhos e outras belezas

3 - Que nós importamos lustres do Oriente para iluminar nosso jardim, enquanto eles têm as estrelas e a lua para iluminá-los.

4 - Nosso quintal chega até o muro. O deles chega até o horizonte

5 - Nós compramos nossa comida, eles cozinham.

6 - Nós ouvimos CD's ... Eles ouvem uma perpétua sinfonia de pássaros, periquitos, sapos, grilos e outros animaizinhos...
...tudo isso às vezes acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha sua terra.

7 - Nós usamos microondas. Tudo o que eles comem tem o glorioso sabor do fogão à lenha.

8 - Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes... Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos.

9 - Nós vivemos conectados ao celular, ao computador, à televisão.
Eles estão "conectados" à vida, ao céu, ao sol, à água, ao verde do campo, aos animais, às suas sombras, à sua família.

O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou:

- “Obrigado, papai, por ter me ensinado o quanto somos pobres!
Cada dia estamos mais pobres de espírito e de observação da natureza, que são as grandes obras de Deus.
Nos preocupamos em TER, TER, TER, E CADA VEZ MAIS TER, em vez de nos preocuparmos em apenas "SER".

João Caupers - Um caso sórdido ao gosto de uma informação reles !

Destaque: Que raio se ensina nos cursos de comunicação e de jornalismo?

Não se lhe conhecia qualquer actividade social, intelectual, científica, artística ou política meritória ou, sequer, relevante. Era um personagem medíocre, de cujo perfil apenas pude recolher dois traços, que alguma comunicação social considerou merecedores de referência: era homossexual e era "cronista social".
O primeiro traço deveria ser completamente irrelevante, já que emerge da liberdade de orientação sexual, que apenas a cada um diz respeito. Todavia, considerada alguma prosa que a ocasião suscitou, terá tornado a vítima mais digna de dó – vá-se lá saber porquê!
O segundo, considero-o pouco menos que desprezível: significa que a criatura “ganhava” a “vida” a escrevinhar coscuvilhices e a debitar maledicências, chafurdando nos dejectos dos socialites.
A viagem que o levou a Nova Iorque tinha um óbvio móbil “romântico”, que a comunicação social preferiu apenas insinuar, não por pudor, mas porque a insinuação vende melhor do que a afirmação: tratava-se, simplesmente, de seduzir um jovem de 21 anos.
Quanto a este, também os seus motivos parecem evidentes: “pendurou-se” no idoso para, explorando as suas “inclinações”, beneficiar dos seus supostos contactos internacionais, iniciando uma carreira no mundo da moda.
Estavam, pois, bem um para o outro.
Nada me interessam os pormenores abjectos que rodearam o assassinato. Deixo-os aos media, lambendo os beiços com a sordidez da história, muito melhor do que o criador de qualquer reality show poderia inventar.

O que não posso deixar de lastimar é a falta de vergonha da nossa comunicação social, com destaque para as televisões: há uma semana que os noticiários das 8 abrem com dez ou quinze minutos da "tragédia". Não as imagens horríveis das cheias no Brasil – que ficaram sempre para depois – mas as imagens ridículas dos correspondentes em Nova Iorque, repetindo à exaustão o detalhe dos testículos cortados e a agressão com um televisor (?) – que deve ser um crime especialmente hediondo, aos olhos de quem trabalha para uma cadeia de televisão – e entrevistando em prime time advogados de sotaque extravagante e peritos forenses, para prognosticarem a acusação que irá ser feita ao homicida, ou recebendo no aeroporto os amigos, de ar compungido, do morto.
É para isto que serve a informação televisiva, incluindo a do canal público que nós pagamos: para preencher o espaço deixado vago pelo desaparecimento do jornal O crime.
Desculpem o desabafo: a informação televisiva tem mesmo de ser esta espécie de teledifusor de lixo? Que raio se ensina nos cursos de comunicação e de jornalismo?
E desculpem o excesso de aspas: servem para eu resistir à tentação do vernáculo menos próprio, chamando às coisas os nomes que às coisas são.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

BIG BROTHER BRASIL (Luiz Fernando Veríssimo)

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós.. , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

É hora de inverter as pirâmides do poder - 5 Fev 2011

É hora de inverter as pirâmides do poder! Foi o sentido de uma solidariedade que também tem, muito, a ver com a luta que se faz por cá!
Porto, Ribeira, hoje à tarde.

Foi distribuído um texto que acabava da seguinte forma:

A revolta, que é o estado natural da humanidade em situações de injustiça, é, neste momento, mais visível e mais aguda no Magrebe. Mas para quem, também por aqui, anda farto de pagar as crises dos outros e de contribuir para que os ricos prosperem, esta parece uma boa hora para perder o medo e ajudar os tunisinos e os egípcios a fazerem história. Porque, apesar de estarmos geograficamente distantes, a nossa luta é a mesma, a nossa dor é a mesma e a nossa liberdade é a mesma. E, se tocam num, tocam em todos. Sejamos solidários, apoiando-os nas suas lutas, desmascarando os seus (e, portanto, nossos) inimigos e, acima de tudo, trazendo o combate que nos une também para aqui.

Eis o texto completo do folheto distribuído:

Lições de dignidade

No Egipto, em 1991, por alturas da guerra do Golfo, foi imposto um devastador programa do FMI. As receitas habituais de desregulamentação dos preços dos alimentos, de privatização geral e de medidas de austeridade maciças levaram ao empobrecimento da população egípcia e à desestabilização da sua economia. O Egipto era louvado como um aluno bem comportado do FMI. Na Tunísia, o papel do governo de Ben Ali foi impor os mesmos remédios económicos mortais.

Tanto Hosni Mubarak como Ben Ali permaneceram no poder, porque os seus governos obedeceram e aplicaram efectivamente os princípios de organização económica que interessa ao mundo ocidental. Para muitos cidadãos dos Estados Unidos e da Europa, descobrir que a Tunísia ou o Egipto são ditaduras foi uma enorme surpresa. Os governos nunca nos avisaram sobre eixos do mal que incluíssem estes países, os média nunca nos inundaram com relatos de violações de direitos humanos, ainda hoje relatam mortes de manifestantes como meros danos colaterais, chatos mas óbvios, e não podemos senão especular sobre como seriam as notícias se isto se passasse, por exemplo, no Irão, e tudo se manteria assim se os tunisinos e os egípcios não tivessem tomado as ruas a denunciar essa situação e todas as outras decorrentes do modelo económico imposto.

Quando decidiram fazê-lo, foi com a força de vontade de quem está, real e genuinamente, farto. Apesar de todo o dispositivo de segurança, apesar de serem feridos aos milhares e assassinados às centenas, o povo egípcio continua a alimentar as ruas com vagas sucessivas de protestos. Fazem-no por liberdade, por dignidade, por um futuro melhor, pela educação das suas crianças, pelo direito a terem um lugar sentado à mesa da qual foram excluídos pelo colonialismo.

A mesma coragem que não foi demonstrada pelas operadoras de telecomunicações que cumpriram zelosamente as instruções governamentais para suspender os seus serviços em algumas áreas do Egipto. A lembrar que, por muita liberdade e direito à palavra que professem, as empresas esquecem rapidamente os seus spots publicitários e trocam com alegria os direitos humanos pela continuação da rentabilização das suas operações. Só para quem não se recordasse de que lado cavalgam empresas como a Vodafone, que, no caso egípcio, tem dado uma ajuda de facto a Mubarak.

O Ocidente olha as coisas com preocupação. Se, por um lado, não quer que os seus fiéis fantoches sejam derrubados, por outro, não pode ser visto a socorrê-los abertamente. O apoio generalizado a Mohamed Al-Baradei é uma saída. Com a sua reputação de dissidente rival do presidente Mubarak, possivelmente terá algum apoio entre a respeitável classe média do Egipto. E a sua ideologia não é "extremista". É segura, respeitável, confiável, liberal. Os telejornais de todo o mundo começarão a apresentá-lo como a alternativa lógica, se não começaram já.

O poder ocidental sobre o Egipto, que começa, também ele, a ser desmascarado nas ruas do país, é apenas um dos pesos a considerar. As grandes multinacionais, que tanto têm prosperado no Magrebe, têm interesses convergentes e, como tal, são parte importante e fundamental do prato onde se aloja o Ocidente. Com capacidade para fazer pender a balança para outro lado estão, por exemplo, as forças não seculares que, apesar de não estarem na génese dos protestos, têm um campo fértil para se desenvolver, num Egipto de maioria islâmica, onde 85% dos crentes em Alá vê como positiva a influência do Islão na política do país.

A saída definitiva da rebelião não é clara. Da revolta, pode nascer um novo governo em que tudo mude para que tudo fique igual, uma solução em que o poder religioso se imponha ou uma revolução que signifique um ataque aos alicerces do sistema actual. A nossa esperança, no entanto, está com o povo egípcio e a capacidade que tem tido de, sob condições duríssimas, fechar a cortina à ditadura, recusar a deterioração do seu nível de vida e inventar formas de organização.

A revolta, que é o estado natural da humanidade em situações de injustiça, é, neste momento, mais visível e mais aguda no Magrebe. Mas para quem, também por aqui, anda farto de pagar as crises dos outros e de contribuir para que os ricos prosperem, esta parece uma boa hora para perder o medo e ajudar os tunisinos e os egípcios a fazerem história. Porque, apesar de estarmos geograficamente distantes, a nossa luta é a mesma, a nossa dor é a mesma e a nossa liberdade é a mesma. E, se tocam num, tocam em todos. Sejamos solidários, apoiando-os nas suas lutas, desmascarando os seus (e, portanto, nossos) inimigos e, acima de tudo, trazendo o combate que nos une também para aqui.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O menino do restaurante - a realidade !

Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa
bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.


Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e
um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?


Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha
atrás de mim:



- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.

Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail.
Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as
piadas malucas.
Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos
áureos.

- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.

Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.

- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito
ocupado, está bem?

Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do
menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora.

O peso na consciência, impedem-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.

Então sentou-se à minha frente e perguntou:

- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet
(sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de
questionários desses):
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas
coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?

Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.

- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar,
apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual.
A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a
vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.
Isto é virtual não é senhor???

Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado.

Esperei que o menino acabasse de literalmente 'devorar' o prato
dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos
e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um
'Brigado senhor, você é muito simpático!'.

Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de
verdade e fazemos de conta que não percebemos!

Assunto: Ainda o Acordo Ortográfico...

Pessoal...

Não é estar a ser xenófobo, nacionalista ou patriota, mas o que está neste
e-mail parece ser razoável e com alguma razão de ser...



*Assunto:* Ainda o Acordo Ortográfico.



São verdades o que aqui disseram. Que bem evidenciam o ridículo desta
mudança.Para além das perturbações nas pessoas e no balúrdio que se gasta em
tempo de crise.



Nos nossos sete, oito e nove anos tínhamos que fazer aqueles malditos
ditados que as professoras se orgulhavam de leccionar. A partir do terceiro
erro de cada texto, tínhamos que aquecer as mãos para as dar à palmatória. E
levávamos reguadas com erros destes: "ação", "ator", "fato" ("facto"),
"tato" ("tacto"), "fatura", " reação", etc, etc...

Com o novo acordo ortográfico, voltam a vencer-nos, pois nós é que temos que
nos adaptar a eles e não ao contrário. Ridículo...

Mas, afinal de onde vem a origem das pa da nossa Língua? Do Latim!! E desta,
derivam muitas outras línguas da Europa. Até no Inglês, a maior parte das
palavras derivam do latim.

Então, vejam alguns exemplos:



Em Latim

Em Francês

Em Espanhol

Em Inglês

Até em Alemão, reparem:

Velho Português (o que desleixámos)

O novo Português (o importado do Brasil)

Actor

Acteur

Actor

Actor

Akteur

Actor

Ator

Factor

Facteur

Factor

Factor

Faktor

Factor

bFator



Tact

Tacto

Tact

Takt

Tacto

Tato

Reactor

Réacteur

Reactor

Reactor

Reaktor

Reactor

Reator

Sector

Secteur

Sector

Sector

Sektor

Sector

Setor

Protector

Protecteur

Protector

Protector

Protektor

Protector

Protetor

Selection

Seléction

Seleccion

Selection



Selecção

Seleção



Exacte

Exacta

Exact



Exacto

Exato







Except



Excepto

Exceto

Baptismus

Baptême



Baptism



Baptismo

Batismo



Exception

Excepción

Exception



Excepção

Exceção







Optimum



Óptimo

Ótimo



Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas
línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente.

Se a origem está na Velha Europa, porque é temos que imitar os do outro lado
do Atlântico.

Mais um crime na Cultura Portuguesa e, desta vez, provocada pelos nossos
intelectuais da Lingua de Camões.

Circulem este email até chegar aos intelectuais que fizeram
este acordo. Pode ser que eles abram os olhos.