sábado, 1 de fevereiro de 2014

Um pungente plano . . . Augusto Canetas

Caro Dux , venho na propriedade racional do pensamento admirável , carpir o teu desmesurado , surreal , exemplar plano , ou seja , exuberante praxe da desgraça na areia do ódio , ou do óbito ? Desculpa , talvez esteja amnésico .

Caríssimo , quantos anos tens ? Em que dia nasceste ? Mataste um gato preto por ventura ? Dizem os antigos , que quem mata um gato preto tem sete vidas tolhidas ! - há casos de seis - Lamentável azar , má sorte a tua ! Façanhas da vida ! Pois , quando a cabeça não tem juízo , a consciência padece !

Vou-te contar uma pequena história : - Quando terminei a minha instrução primária – quarta classe – o meu sonho era estudar , e , pensando em segurar essa quimera , fiz admissão aos liceus . Não , nem me interessa saber se isto te diz alguma coisa , como por exemplo , uma regra três simples . Mas , moral da narrativa ; quando cheguei a casa com a ombreira aprovada , levei um enxerto de porrada do meu pai , com um cinto , por me ter demorado algum tempo ! Sabes , um daqueles à lavrador , à moda antiga com fivela e tudo ! Aí confessei-me ; vou alistar-me nos fuzileiros – 1966 – e vou para a guerra colonial , e aos vinte anos estava no Leste - pântano 24 meses - de Angola . Sabes porquê ? Admito a tua inteligência , calculo o teu agnosticismo .

Portanto não deixes que a tua consciência viva permanentemente agoniada . . . eu no teu lugar , porque azar qualquer um tem , aos familiares e amigos daqueles , daqueles que tu sabes muito bem . . . rogava desculpas , implorava arrependimento , expunha a narrativa . . . prometia que não voltava a fazer outra , e que foi uma coisa precipitada . Porque também sofres . Com certeza que se o fizeres , serás perdoado e voltarás a ser livre novamente . Já agora , suplica o apelo a todos os Duxs como tu , que sejam tolerantes daqui para a frente , vai por mim e seremos amigos . . .

Também te afianço , se não estimares este abraço , cá se fazem cá se pagam , e a terra será hostil ao teu eterno descanso .

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