quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Apenas mais um "grito" da minha revolta . . .

   Li há pouco , penso que no "Diário de Notícias" , que os nossos (sim , porque somos nós que os "sustentamos" !) deputados têm andado a discutir por causa da água que consomem na Assembleia da República (afinal metem água também . . . para dentro !) . Os "PSD(s)" consideram que deve ser consumida água engarrafada e os "PS(s)" querem que se consuma água da torneira !
   Já não há pachorra para aturar esta gente (?) . . .
   Mas afinal porque é que eles não levam a garrafinha de litro e meio de água , engarrafada ou da torneira , não me interessa , mas de casa ?
   Só nos faltava mais esta . . .
   Mas será só sobre a água que eles têm discutido , ou será também sobre o vinho (Douro ou Alentejano !) , o whisky (12 ou 15 anos !) , aguardente (velha ou velhíssima !) , papel higiénico (simples , dupla ou . . . tripla folha !) ?
   Mas afinal o que é que esta gente (?) faz ao salário que lhes damos , aos subsídios de alimentação , alojamento , transporte e . . . outros ? Se não chegar , estiquem-no , façam-no chegar , poupem , como nós temos que fazer . . .
   Porque será que esta gente e . . . outros , também têm direito a subsídios de férias e . . . de Natal ?
   Subsídios só são justificáveis para "salários baixos" completamente "imorais" , abaixo de um determinado nível exigível (porque não . . . 1250 euros ?) .
   Respeitem ao menos a minha humilde inteligência e a minha . . . sanidade mental !

   E O POVO , PÁ ?

   Até quando vai continuar a "agachar-se" e a votar nessa "cambada" ?
   Organizem-se
   Unam-se
   Indignem-se
   Revoltem-se , PORRA !
 
   Sinto nojo , muito nojo mesmo desta sociedade onde vou sendo "obrigado" a viver . É um suplício cada vez maior para mim , todos os dias ter que me afastar deste "meu cantinho" , de onde saio apenas por necessidade absoluta . . .

   ESTOU CANSADO DE TODA ESTA GENTE ESTÚPIDA E . . . ESTUPIDIFICADA ! ! !

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quantas saudades . . .

. . . como eu gostava dos "mil-folhas" da Sírius ! Parecidos , só os do bar da Estação Nova da CP ! ! !
   Em 1970 , quando entrei para a minha primeira aula no D. Duarte , atrasado , como viria a acontecer habitualmente :
   - "Ó pá , olha que isso aqui não se usa !" . O "Corrécio" , com aquela voz de trovão , referia-se às sapatilhas , pois viria a saber que naquele Liceu , sapatilhas só para as aulas de Educação Física !
   Num dos meus primeiros dias de Coimbra , quase fui atropelado pelo combóio que se passeava ali pela Baixa ; quando ouvi aquele "buzinão" quase em cima de mim , instintivamente saltei para o lado e qual não foi o meu espanto , quando vi aquele "cavalo de ferro" com um grande holofote aceso na testa (era já noite !) , passeando-se autenticamente pelo centro da cidade !
   O primeiro colega que se dirigiu a mim e que de certa maneira me ajudou a desinibir e a integrar naquele novo ambiente , foi o pequenino Zé Baetas da Silva , AMIZADE que ainda hoje perdura e  . . . o Zé Baetas acabaria por se tornar o meu melhor amigo de sempre !
   Aquele abraço , Grande Zé Baetas , meu "irmão" ! ! ! Recordo com saudade o teu pai e a tua mãe Marina ( que grande Mulher e Amiga ! ) .
   Vivi em Coimbra de 1970 a 1983 , dos 15 aos 28 anos , talvez a melhor fase da minha vida .

   REFERÊNCIAS

   Liceu D. Duarte

   - A minha primeira paixão (será que algum dia conseguirás e quererás perdoar-me , Maria da Luz (Luzy)?
   - Abril / 74 . . . fantástico , inesquecível !
   - Café Miradouro (aquele abraço , sr Manel !)
   - Estádio e Pavilhão Universitários
   - Ti Júlia e Mobil
   - Ponte de Santa Clara
   - Café Arcádia , onde estudava . . .
   - Café a Brasileira , onde jogávamos bilhar e à "fodinha a 5 tostões" ! Zé Baetas , Zé Vitorino , Tó Ferreira , Toni Gonçalves , Pinto Ângelo , Victor Seco . . . será que se lembram ?
   - Primeiros namoricos e . . . os famosos "bailes de garagem" em Santa Clara ! Hein , Tó Amarante , Leston , Victor "das baterias" ? Não vou mencionar o nome das meninas , a sério que não me lembro da maior parte dos nomes . . . hehehehe !

   Universidade - Faculdade de Medicina
   Claro que só podia ter desistido , por falta de vocação !

   - Círculo dos Leitores (fui assistente durante cerca de 3 anos)
   - Café Trianon , Arco-Bar , Triana , Kuala , Atenas , Moçambique , Piolho , Luna (máquinas flippers) . . .
   - "OUI" , "ETC" , "LD" , Café Romano . . .
   - Uma ou outra paixão "assolapada" e mais algumas outras . . . referências !

   FORAM TEMPOS LOUCOS DE BONS ! ! !
  


   

  


Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima de não ver
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há-de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

(Jackson Pollock)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ana Drago desanca Duarte Marques



POEMA DA DESPEDIDA

Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal, só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mimo que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.

MIA COUTO

Da Micá recebi esta "coisa lindíssima" . . .

Para Ti Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Tu que cuidas de mim . . .

  " Tu que cuidas de mim , que vês ?
   Quando olhas para mim que pensas ?
   Sou uma velhota rabugenta e já meia demente , que se baba quando come e que nunca responde aos teus contínuos "vá ! tente !", parecendo que não presto atenção ao que dizes .
   Sou uma velhota que perde as meias e os sapatos , e que parece dócil à tua maneira de lhe dares banho e lhe ministrares as refeições . . .
   É isto que pensas ? É isto que vês ?

   Então abre os olhos , que eu , aqui sentada e tranquila , agarrada à minha bengala , vou dizer-te quem sou .

   Eu sou a última de dez irmãos . Tive um pai e uma mãe , e todos gostávamos muito uns dos outros .
   Fui donzela de dezasseis anos com asas nos pés , sonhando com um noivo que em breve encontraria .
   Casei aos vinte e o meu coração ainda rejubila de alegria com a lembrança desse belo dia .
   Tive um filho aos vinte e cinco .
   Vi-o crescer depressa demais , mas a quem ainda me prendem fortes laços de afeição .
   Quando cheguei aos quarenta e cinco , ele saiu do ninho , do lar , para construir o seu próprio ninho . . .
   Mas eu fiquei com o meu marido que velou por mim .
   Aos cinquenta anos , de novo bebés brincando ao meu lado ; são os meus netos e eu revejo-me nessas crianças . . .

   Mas eis que chegam os dias negros : o meu amado morreu .
   Olho para o futuro , tremendo de medo , pois o meu filho está muito ocupado a criar os seus .
   E eu penso nos anos passados e no amor que conheci .
   Penso : já sou velha e a natureza é muito cruel , pois diverte-se a passar a velhice por tola .
   O meu corpo definha-se , a beleza e a força abandonam-me , e há agora aqui uma pedra onde havia um coração .
   Mas nesta velha carcaça , há uma rapariguinha que sonhou muito e que muito amou .
   Lembro-me das alegrias , lembro-me das tristezas e, de novo , sinto a minha vida . E de novo amo .
   Repenso os anos curtos que passaram tão depressa , e aceito esta realidade implacável , de que tudo neste mundo é passageiro .

   Então , tu que cuidas de mim , abre bem os olhos para esta velha rabugenta e meio tola , e descobre não o que te parece ver , mas aquilo que eu sou realmente : uma história . . . que tu amanhã também podes ser . 
   Olha bem para mim , e ver-me-ás melhor . . ."

              - Texto encontrado no espólio de uma falecida num Lar de Terceira Idade e dirigido à funcionária que mais tratou dela .
   

Alma de mulher

   Nada mais contraditório do que ser mulher . . .
mulher pensa com o coração ,
age pela emoção e vence pelo amor .
   Vive milhões de emoções num só dia
e transmite cada uma delas , num único olhar .
   Exige de si a perfeição
e vive arranjando desculpas
para os erros daqueles a quem ama .
   Hospeda no ventre outras almas ,
dá à luz e depois fica cega ,
diante da beleza dos filhos que gerou .
   Dá as asas , ensina a voar
mas não quer ver partir os pássaros ,
mesmo sabendo que eles não lhe pertencem .
   Enfeita-se toda e perfuma o leito ,
mesmo que o seu amor
nunca perceba tais pormenores .
   Como uma feiticeira
transforma em luz e sorriso
as dores que sente na alma ,
só para ninguém notar .
   E ainda tem que ser forte ,
p'ra dar o ombro
a quem dele precise para chorar .
 
   Feliz do homem que ao menos durante um dia
soube entender a Alma da Mulher !

Só de pão podia viver o homem - Vida - Sol

Só de pão podia viver o homem - Vida - Sol

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

QUEM SOU EU ?

   Nesta altura da vida já nem sei quem sou . . .

   Vejam só que dilema !

   Na ficha da loja sou CLIENTE ; no restaurante , FREGUÊS ; quando alugo uma casa , INQUILINO ; nos transportes , PASSAGEIRO ; nos correios , REMETENTE ; no supermercado , CONSUMIDOR .

   Para as Finanças sou CONTRIBUINTE ; se vendo algo importado , CONTRABANDISTA ; se não pago imposto , SONEGADOR .
   Para votar sou ELEITOR ; mas em comícios , MASSA ; em viagens , TURISTA ; na rua caminhando , PEDESTRE ; se sou atropelado , ACIDENTADO ; no hospital , PACIENTE .
   Se compro um livro sou LEITOR ; se ouço rádio , OUVINTE ; para apresentador de televisão , TELESPECTADOR ; no campo de futebol , TORCEDOR .

   Se sou Benfiquista sou SOFREDOR ; quando morrer . . . uns dirão FINADO , outros . . . DEFUNTO e outros . . . EXTINTO .

   E o pior de tudo é que para os governantes , sou apenas um IMBECIL .

   E pensar que um dia já fui . . . EU ! ! !

Isto é . . . "GLOBALIZAÇÃO" ! ! !

   Efectuou-se um Concurso para definir numa frase curta ou num facto , o conceito de globalização neste nosso mundo .
   O prémio foi atribuído à "MORTE DA PRINCESA DIANA" pelas seguintes razões :

   Diana era uma princesa inglesa que tinha um namorado egípcio . Teve um acidente de carro dentro de um túnel francês , num carro alemão com motor holandês , conduzido por um belga , bêbado com whisky escocês , que era seguido por paparazzis italianos , em motos japonesas . A princesa foi tratada por um médico canadiano , que usou medicamentos americanos . E isto é enviado a você por um brasileiro , usando tecnologia americana (Bill Gates) e provavelmente , você está lendo isto com um computador genérico que usa chips feitos em Taiwan e um monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh , numa fábrica de Singapura , transportado em camiões conduzidos por indianos , roubados por indonésios , descarregados por pescadores sicilianos , reempacotados por mexicanos e , finalmente , vendido a você por chineses , através de uma conexão paraguaia .

   Isto é . . . "GLOBALIZAÇÃO" ! ! !