quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Estrumeira Imunda . . .

   Hoje , ao contrário do que vem sendo habitual nos últimos tempos , acordei com uma vontade enorme de me declarar vivo e de ir buscar forças , onde parece já não existirem , para enfrentar , de "peito aberto" , a . . . corja !
   Crise de refugiados . . . de desemprego . . . de ensino . . . de saúde . . . de valores . . . já não tenho pachorra para tanta "crise" ! A única e verdadeira crise , que consigo descortinar , e bem profunda , é a da inteligência e do bom senso , nestes "seres" arrogantes e auto-proclamados de (únicos) animais racionais .
   Sinto nojo e um desprezo muito grande mesmo , por todos esses projectos de gente , que tomaram de assalto e se apoderaram dos mais variados lugares de decisão , neste mundo que é de todos nós e onde , todos , poderíamos e deveríamos viver em perfeita harmonia . Utopia ? Claro que sim , pelo menos de momento , mas tão desejável quanto realizável , assim fosse a vontade de todos . . .

domingo, 20 de setembro de 2015

De onde vêm tantos refugiados? POR PATRICK COCKBURN





Nove guerras civis simultâneas devastam mundo islâmico. Há algo comum entre elas: a destruição dos Estados nacionais árabes e o estímulo ao ultra-fundamentalismo, promovidos por EUA e seus aliados

Por Patrick Cockburn | Tradução: Inês Castilho

São tempos de violência no Oriente Médio e Norte da África, com nove guerras civis acontecendo em países islâmicos, situados entre o Paquistão e a Nigéria. É por isso que há tantos refugiados tentando escapar para salvar suas vidas. Metade da população de 23 milhões da Siria foi expulsa de suas casas; quatro milhões transformaram-se em refugiados em outros países.

Cerca de 2,6 milhões de iraquianos foram deslocados pelas ofensivas do Estado Islâmico, o Isis, no último ano, e se espremem em tendas ou edifícios inacabados. Invisíveis para o mundo, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram deslocadas no sul do Sudão, desde que os combates recomeçaram por lá, no final de 2013.

Outras partes do mundo, notadamente o sudeste da Ásia, tornaram-se mais pacíficas nos últimos 50 anos, mas na grande faixa de terra entre as montanhas Hindu Kush e o lado ocidental do Saara, conflitos religiosos, étnicos e separatistas estão destroçando os países. Em toda parte há Estados em colapso, enfraquecidos ou sob ataque; e em muitos desses lugares, as insurgências islâmicas radicais sunitas, em ascensão, usam o terror contra civis para provocar fuga em massa.

Outra característica dessas guerras é que nenhuma delas parece estar próxima do fim, de modo que as pessoas possam voltar para suas casas. A maioria dos refugiados sírios que fugiram para a Turquia, Líbano e Jordânia em 2011 e 2012 acreditava que a guerra acabaria em pouco tempo e elas poderiam voltar. Só perceberam nos últimos dois anos que isso não vai acontecer e que precisam buscar refúgio permanente em outro lugar. A própria duração destas guerras significa uma destruição imensa e irreversível de todos os meios de se ganhar a vida, de modo que os refugiados, que a princípio buscavam apenas segurança, são também movidos por necessidade.



Guerras estão sendo travadas atualmente no Afeganistão, Iraque, Síria, Sudeste da Turquia, Iêmen, Líbia, Somália, Sudão e Nordeste da Nigéria. Algumas começaram há muito tempo, a exemplo da Somália, onde o Estado entrou em colapso em 1991 e nunca foi reconstruído, com senhores da guerra, jihadistas radicais, partidos rivais e soldados estrangeiros controlando diferentes partes do país. Mas a maioria desses conflitos começou após 2001, e muitos depois de 2011. A guerra civil total no Iêmen só começou no ano passado, enquanto a guerra civil turco-curda, que matou 40 mil pessoas desde 1984, recomeçou em julho com ataques aéreos e de guerrilha. É rápida a escalada: um caminhão carregado de soldados turcos foi explodido há poucas semanas por guerrilheiros do PKK curdo.

Quando a Somália caiu, num processo que os EUA tentaram reverter em uma tentativa fracassada de inteverção militar, entre 1992-1994, parecia ser um evento marginal, insignificante para o resto do mundo. O país tornou-se um “Estado fracassado”, frase usada para exprimir pena ou desprezo, à medida em que ele se tornava o paraíso dos piratas, sequestradores e terroristas da Al-Qaeda. Mas o resto do mundo deveria olhar para esses Estados fracassados com medo, além de desprezo, porque foi nesses lugares – Afeganistão nos anos de 1990 e Iraque desde 2003 – que foram incubados movimentos como o Talibã, o Al-Qaeda e o Isis. Os três combinam crença religiosa fanática e conhecimento militar. A Somália pareceu um dia ser um caso excepcional, mas a “somalização” mostrou-se destino de uma série de países — notadamente Líbia, Iraque e Síria — onde até recentemente as pessoas tinham acesso a comida, educação e saúde.

Todas as guerras são perigosas, e as guerras civis sempre se notabilizaram pela impiedade, sendo as religiosas, as piores. É o que está acontecendo agora no Oriente Médio e Norte da África, com o Isis – e clones da Al-Qaeda como Jabhat al-Nusra ou Ahrar al-Sham na Síria. Assassinam ritualmente seus opositores e justificam suas ações alegando o bombardeio indiscriminado de áreas civis pelo governo de Assad.

O que é um pouco diferente nessas guerras é que o Isis faz publicidade deliberada das atrocidades que comete contra xiitas, yazidis ou qualquer outra pessoa que considere seu inimigo. Isso significa que as pessoas apanhadas nesses conflitos, particularmente desde a declaração do Estado Islâmico, em junho do ano passado, sofrem uma carga extra de medo, o que torna mais provável que fujam para não voltar. Isso é verdade tanto para professores da Universidade de Mosul, no Iraque, quanto para moradores dos vilarejos da Nigéria, Camarões ou Mali. Não por acaso, os avanços do Isis no Iraque têm produzido grandes ondas de refugiados , os quais têm uma perfeita ideia do que acontecerá a eles se não fugirem.


Clique aqui e adquira o livro de Cockburn em nossa loja virtual com desconto

No Iraque e na Siria, estamos de volta a um período de drástica mudança demográfica, jamais vista na região desde que os palestinos foram expulsos ou forçados a fugir pelos israelenses em 1948, ou quando os cristãos foram exterminados ou empurrados para fora do que hoje é a Turquia, na década que se seguiu a 1914. As sociedades multiconfessionais do Iraque e da Síria estão se esfacelando, com consequências terríveis. Potências estrangeiras não sabiam ou não se importavam com os demônios sectários que estavam liberando, nesses países, ao quebrar o velho status quo.

O ex-conselheiro de Segurança Nacional do Iraque, Mowaffaq al-Rubaie, costuma dizer aos líderes políticos norte-americanos, que levianamente sugeriram que os problemas coletivos do Iraque poderiam ser resolvidos dividindo o país entre sunitas, xiitas e curdos, que eles deviam compreender como seria sangrento esse processo, provocando inevitavelmente massacres e fuga em massa “semelhantes aos da partilha da Índia em 1947 “.

Por que razão tantos desses Estados estão caindo aos pedaços e gerando essas ondas de refugiados? Que falhas internas ou insustentáveis pressões externas têm em comum? A maioria conquistou autodeterminação quando as potências imperiais se retiraram, depois da Segunda Guerra Mundial. No final dos anos 1960 e início dos 1970, foram governados por líderes militares que dirigiam Estados policiais e justificavam seus monopólios de poder e riqueza alegando que eram necessários para estabelecer a ordem pública, modernizar seus países, assumir o controle dos recursos naturais e resistir às pressões separatistas sectárias e étnicas.

Eram geralmente regimes nacionalistas e com frequência socialistas, cuja perspectiva era esmagadoramente secular. Por essas justificativas para o autoritarismo serem geralmente hipócritas e auto-interessadas; por mascararem a corrupção generalizada da elite dominante, frequentmente se esquecia que países como o Iraque, a Síria e a Líbia tinham governos centrais muito poderosos por alguma razão – e se desintegrariam sem eles.

São esses regimes que vêm enfraquecendo e estão entrando em colapso em todo o Oriente Médio e Norte da África. Nacionalismo e socialismo não oferecem mais o cimento ideológico para manter juntos Estados seculares ou para motivar as pessoas para lutar por eles até a última bala — ao contrário do que fazem os que creem, em relação ao islamismo sunita de tipo fanático e violento incorporado pelo Isis, Jahat AL-Nusra e Ahrar AL-Sham. As autoridades iraquianas admitem que uma das razões por que o exército de seu país desintegrou-se em 20014 e nunca foi reconstituído com êxito é que “muito poucos iraquianos estão dispostos a morrer pelo Iraque.”

Grupos sectários como o Isis cometem deliberadamente atrocidades contra os xiitas, sabendo que isso irá provocar retaliação contra os sunitas — o que os deixará sem alternativa senão ver no Isis seus defensores. Fomentar o ódio comunal trabalha a favor do Isis, e está contaminando as comunidades, umas contra as outras, como no Iêmen, onde anteriormente havia pouca consciência da divisão sectária, embora um terço de sua população de 25 milhões pertencessem à seita xiita Zaydi.

A probabilidade de fugas em massa torna-se ainda maior. No início deste ano, quando houve rumores de um ataque do exército iraquiano e de milícias xiitas, para recapturar a cidade de Mosul, esmagadoramente sunita, a Organização Mundial de Saúde e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) começaram a estocar comida para alimentar um milhão de pessoas a mais, que calcularam em fuga.

Os europeus foram sacudidos pelas fotos do pequeno corpo inerte de Alyan Kurdi numa praia na Turquia e por sírios quase mortos de fome amontoados em comboios húngaros. Mas no Oriente Médio, a nova diáspora miserável dos impotentes e despossuídos é evidente há três ou quatro anos. Em maio, eu estava prestes a cruzar o rio Tigre entre a Síria e o Iraque, num barco com uma mulher curda e sua família, quando ela e seus filhos foram colocados pra fora por causa de uma letra errada em um nome, em seus documentos.

“Mas estou há três dias com minha família na beira do rio!”, ela gritou desesperada. Eu estava indo para Erbil, a capital curda, que até um ano atrás aspirava ser “a nova Dubai”, mas agora está cheia de refugiados amontoados em hotéis inacabados, shoppings e quarteirões de luxo.

O que precisa ser feito para deter tais horrores? Talvez a primeira pergunta seja como evitar que fiquem piores, recordando que cinco das nove guerras começaram a partir de 2011. A presente crise dos refugiados na Europa é muito mais o impacto real, sentido pela primeira vez, do conflito na Siria sobre o continente. É verdade: o vácuo de segurança da Líbia significou que o país é agora o canal de fuga, para as pessoas dos países empobrecidos e atingidos pela guerra às margens do Saara. É pela costa libia, de 1,8 mil quilêmetros, que 114 mil refugiados passaram até agora, este ano, em direção à Italia, sem contar os vários milhares que se afogaram pelo caminho. Ainda assim, embora tão ruim, a situação não é muito diferente da do ano passado, quando 112 mil fizeram essa rota para a Itália.

Bem diferente é a guerra na Síria e no Iraque, onde saltou de 45 mil para 239 mil, no mesmo período, o número de pessoas que tentam alcançar a Grécia pelo mar. Por três décadas o Afeganistão produziu o maior número de refugiados, de acordo com a Acnur. Mas no ano passado, a Siria tomou seu lugar, e um em cada quatro novos refugiados, um agora é sírio. Uma sociedade inteira foi destruída, e o mundo fez muito pouco para deter esses acontecimentos. Apesar de uma recente onda de atividade diplomática, nenhum dos muitos atores na crise síria mostra urgência na tentativa de acabar com eles.

A Síria e o Iraque estão no centro das crises atuais de refugiados também de uma outra maneira. É lá que o Isis e grupos tipo al-Qaeda controlam parte significava do território e conseguem espalhar seu veneno sectário para o resto do mundo islâmico. Eles revigoram as gangues de matadores que operam mais ou menos do mesmo modo — estejam na Nigéria, no Paquistão, no Iêmen ou na Síria.

A fuga em massa de pessoas vai continuar enquanto a guerra na Síria e no Iraque continuarem.

Medo dos refugiados? Tenho é medo de idiotas.


September 10, 2015



A ignorância nem sempre é uma bênção. A ignorância misturada com uma boa dose de medo face ao estranho, facilmente se torna e desemboca num ódio pouco fundamentado mas fundamentalista que tantas vezes ao longo da história deu, e passando a expressão, em “merda”.

E esse ódio que por aí vejo, que por aí se sente e que por aí se tem levantado leva-me hoje a escrever sobre a onda de migração para a europa resultante de conflitos bélicos que de uma ou de outra forma estamos todos a par. Esta obrigação ou sentimento de obrigação de partilhar o meu ponto de vista, resulta, não só do meu interesse geral nos problemas sócio e geopolíticos que se apresentam contemporaneamente e do meu gosto para discutir e partilhar visões mas sobretudo, desta vez, pela vergonha que senti ou que sinto em ser parte da humanidade.

Não obstante, e acabado este género de prólogo, a minha opinião sobre o tema, e fácil será de perceber que está muito longe de ser a mesma de aqueles que com quem infelizmente partilho um código genético suficientemente semelhante para me encontrar agrupado na mesma espécie, é resumida a uma frase: A Europa e o mundo ocidental tem uma obrigação moral e civilizacional para abrir as fronteiras e ajudar em todas as vertentes todos, e sem exceção, refugiados de guerra de todos os países que se encontrem sobre contingências bélicas. Esta obrigação resulta por um lado da responsabilidade humanística da questão e por outro da própria interferência do ocidente nestes cenários de guerra e até por questões históricas de ingerência política e estrutural de todo o continente africano e médio oriente.

O ato de abrigar todos os homens, mulheres e crianças que fogem a um conflito armado deveria ser argumento único para uma sociedade ficar satisfeita de estar na vanguarda da defesa da humanidade no geral e em particular na defesa dos oprimidos e mais desfavorecidos. Mas não o é e não o sendo vemo-nos todos, todos os humanistas, a ter de descer a um nível na escada da evolução para explicar a ignorantes, fascistas, racistas, xenófobos, intolerantes, cristãos radicais entre outros, a necessidade de fazer valer sempre a maior de todas as virtudes que é a defesa intransigente da vida humana. E que da mesma forma que nós os democratas e humanistas temos de ser tolerantes perante a idiotice crónica, eles também o vão ter de ser com os refugiados acolhidos porque assim nós o exigimos. Caso contrário, a justiça deve ser implacável com qualquer movimento extremista e qualquer tipo de ofensa gratuita, verbal ou física a quem aqui vem tentar refazer a vida.

Na generalidade todas as forças e instituições de esquerda, onde eu próprio milito ativamente têm cumprido o seu papel na defesa desta causa, mas congratulo-me ainda por ver responsáveis por entidades com as quais não me identifico como a Igreja Católica através do seu papa ou a Alemanha de Angela Merkel a tomarem posições firmes na defesa aos refugiados. Nem tudo é e chega a ser tão mau e assim se restaura um pouco a fé na humanidade.

Mas tudo o resto volta a fazer com que chegue a ter vergonha de ser humano e não fossem as opiniões e argumentos que leio tão graves que pensaria que se trataria de um qualquer fraco sketch de humor. E de facto só a falta de perspicácia ou inteligência pode justificar certos argumentos que se tornam fatalmente irónicos e que acabam por fazer escárnio dos próprios autores. Argumentos do revivalismo fascista a apelar a um sebastianismo de Salazar ou Hitler para defender uma pátria livre sem multiculturalismo, percebem a ironia? Talvez não porque muitos dos que proferem eventualmente não estariam dentro dos padrões étnicos e raciais requisitados sobretudo por Hitler ou fariam parte da vaga migrante que saiu do país com o Salazar ao comando. Ou argumentos de uma possível islamização do continente europeu apoiados em estatísticas mirabolantes de que 10% (já li dos 10% a 100%) dos muçulmanos são terroristas, ou que nos vão obrigar a usar todos burcas e violar as nossas mulheres e crianças ou melhor, que nos vão obrigar a construir mesquitas e converter tudo e todos às suas formas de vida, tornam-se ridículos e fazem dos que proferem estas anormalidades fundamentalistas religiosos, percebem a ironia? Talvez não porque o cristianismo é que é a verdadeira religião e o resto são terroristas. Aliás, na cabeça destes seres humanos, com o devido respeito a quem como eu pertence à mesma espécie, é que um cristão que cometa um homicídio é um criminoso, um muçulmano é um terrorista independentemente dos motivos criminais de um e de outro. Chamar lixo humano a migrantes quando vimos dum país que em toda a sua história migrou pelas mais variadíssimas razões (e sim também chegámos a sair do país para fugir da guerra ou da ditadura) torna a quem usa estes argumentos no lixo humano, uma espécie de “quem o diz é quem o é”, percebem a ironia? Talvez não. Ah! e não, os sírios e os restantes islamitas não nascem de AK47 numa mão e bomba na outra.

É triste ler e ler e continuar a ler notícias de gente, pessoas, humanos, homens, mulheres e crianças que morrem todos os dias a atravessarem o mar a fugir de uma guerra que não é deles. Mais triste, muito mais triste é ler e ler e continuar a ler que se refugiam nos seus medos e levantam as bandeiras neofascistas e falsamente patrióticas para defenderem coisas que no século XXI são indefensáveis. E sim, xenófobas e racistas é exatamente o que este tipo de gente é e é por isso que são acusados de tal e portanto não há que ter medo de chamar os bois pelos nomes, passando ou não a expressão.

A acrescentar aproveito para chamar a atenção às fontes de informação que citam para suportar os vossos medos xenófobos; porque ir à internet e ler em blogs que entraram 4.000 soldados do estado islâmico ou que na Noruega 100% dos violadores são estrangeiros ou que até 2020 haverá um califado em Portugal, é só e mais uma vez idiotice e fica-vos mal, sejam mais inteligentes.

Para terminar, gostaria de acreditar que nós somos mais e melhores do que eles, e com eles refiro-me aos fascistas, racistas e xenófobos (sim, não vou parar de vos catalogar só porque esse fascismo, racismo ou xenofobia advém da ignorância) e que portanto continuo a ter fé na humanidade e que caminhamos sempre numa melhor direção e para um futuro melhor. Sempre com a premissa e dou-me orgulhoso por isso, que posso chamar irmão seja a quem for independentemente da sua religião, raça, etnia ou opção política. É isto que faz de mim livre e é isto que faz de mim feliz mas acima de tudo é o que faz de mim humano. E porra, deve ser tão triste ser tão limitado e tão pequeno.


Um abraço a todos.


Alexandre Hoffmann
em Ala Magna

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O tremoço, este nosso amigo

Há poucas semanas andavamos em arrumações e descobrimos um saco de tremoços esquecido numa prateleira, já com 3 anos e que ainda por cima esteve em tempos numa arca frigorífica para os defender do bicho. Tudo indicava que teriam perdido a sua capacidade germinativa e por isso fizemos um teste e embrulhámos alguns em algodão molhado como fazíamos na escola. Passados 3 dias tinham este belo aspecto e por isso resolvemos lançá-los à terra para obtermos alguma produção.



Dissemos lançar à terra e não semear, porque na verdade o tremoço não gosta de ser enterrado. Se o fizermos, ele torna à superfície, teimosamente, devido à sua maneira de ser que exige ser ele a escolher a forma de se agarrar à terra. Por isso a primeira fase foi esta:



Como se seguiram dias de chuva persistente, num instante os tremoços perderam a sua secura, incharam e escolheram a melhor forma para se segurarem à terra



Poucos dias depois já estavam mais crescidos e incomodados com o chapéu protector ...



... e num instante começaram a livrar-se deles mostrando com alguma cautela a plantinha que vinha a emergir.




Agora vamos ter que esperar uns meses para criarem vagem e depois o amadurecimento da semente para ser colhida, malhada, escolhida e ensacada.
O tremoço pertence à família Fabaceae e à espécie Lupinus
O seu nome teve origem na palavra árabe al-turmus. Na vizinha Espanha é conhecido por altramuz, tramúz, entremozo e chocho.
As primeiras referências a esta planta surgem no Egipto há cerca de 3.000 anos.
O tremoço é utilizado na alimentação humana e na dos animais, no enriquecimento dos solos, na indústria farmacêutica e na fitoremediação
Sempre pensámos que os tremoços eram péssimos para a saúde devido aos resquícios na memória de uma lenda repetidamente ouvida nos nossos tempos de criança em que teriam sido amaldiçoados pela Nossa Senhora.
Fugia a Sagrada Família no seu burrico quando, ao passarem por um campo de tremoceiros já maduros, estes chocalharam ao serem pisados e empurrados pelas patas do animal, denunciando o local de fuga aos seus perseguidores. A santa não lhes perdoou a fraqueza e lançou uma maldição que consistia em nunca matarem a fome a quem os comesse, o que se tornou num bem para as cervejarias e tascas que sabedoras desse castigo continuam a servir pires com tremoços que não matam a fome a ninguém e bem salgadinhos ainda têm a virtude de provocar mais sede e assim aumentarem o consumo das bebidas.
Algumas pessoas não sabem que os tremoços que comemos, foram primeiramente cozidos e depois cobertos de água mudada com frequência por diversos dias até perderem o seu amargo original. Se não houver este procedimento, são completamente intragáveis e altamente tóxicos.
Esse amargor é devido à presença de vários alcalóides como a anagirina (usada como cardiotónica e teratogénica), a esparteína (usado como ocitócico e antiarrítmico) a lupanina, (influenciando os centros respiratórios e vasomotores), a luteona e a wighteona. A intoxicação identifica-se por náuseas, vómitos, tonturas, dores abdominais, mucosas secas, hipotensão, retenção urinária, taquicardia.
Esta toxicidade desaparece após a fervura e o demolhar por vários dias, tornando o tremoço doce e um alimento de eleição beneficiando as pessoas e animais que se alimentem dele.
O tremoço é um excelente adubo em verde quando enterrado nas terras porque tem a faculdade de fixar o nitrogénio do ar, absolutamente necessário para o crescimento de novas plantas o que o torna também responsável pelo aparecimento de novos ecossistemas. As suas raízes conseguem descompactar e reduzir a erosão dos solos, ajudando à infiltração de água. Óptimo para melhorar a estrutura física dos solos. Resistente às geadas, gosta de Invernos húmidos e Verões secos
O tremoço é uma leguminosa tal como o feijão, a fava, o chícharo, o grão de bico, a ervilha, a lentilha, as giestas, os tojos, as olaias, etc
Tem o dobro das proteínas do que a maioria de outras leguminosas. É rico em ferro, fósforo, vitamina E, vitaminas do complexo B, biotina e ácido pantoténico
Estudos feitos na União Europeia, comprovam a sua acção no controlo dos níveis de açúcar no sangue, na redução do apetite, na diminuição da quantidade de colesterol no sangue, nos efeitos sobre a obstipação intestinal e por último ajudando a evitar o aumento da obesidade.
Costumam também ser referidas as suas propriedades emolientes, diuréticas e cicatrizantes, o combate a parasitas intestinais e também o seu estímulo na renovação das células favorecendo a regeneração da pele.
Em França existe um produto comercializado para o fortalecimento capilar utilizando peptídeos, vitaminas e oligoelementos retirados ao tremoceiro.
Há uma série de tratamentos caseiros que aconselham a ingestão de um ou mais tremoços amargos com a água de demolhar (ambos tóxicos) todas as manhãs em jejum para baixar o colesterol, os valores glicémicos ou as dores artríticas, mas nem nos arriscamos a divulgar aqui por ignorarmos o seu impacto nos organismos de cada um.
Depois de várias pesquisas, não conseguimos encontrar muitas receitas utilizando os tremoços. Apenas um rizotto que passamos para aqui:
Derreta manteiga e junte cebola e bacon, até ficarem fritos sem queimar. Junte depois os tremoços, o arroz e refogue bem. Acrescente um pouco de vinho e deixe evaporar. Deite um cubo de caldo de carne e a água suficiente para cozinhar o arroz. Quando estiver cozido, junte um pouco de nata e queijo ralado. Deixe arrefecer um pouco e acrescente um ovo apenas desmanchado.
E uma outra de bolinhos utilizando farinha de tremoço que desconhecemos se é comercializada em Portugal:
Misture muito bem 50 gr de açúcar com 90 gr de manteiga. Junte 100 gr de farinha de tremoço e 50 gr de amêndoas bem trituradas. Mexa energicamente até formar uma pasta homogénea. Faça pequenas bolinhas e coloque em tabuleiro untado. Leve ao forno por 20 a 30 minutos
Também vimos sugestões para introduzir tremoços nas saladas de alface, tomate, agrião ou misturados nas verduras que acompanham o bacalhau, o salmão fumado, com alguns cozidos de carne ou a acompanhar pratos de queijo.
Não queríamos finalizar este texto sem nos referirmos ao grupo de investigadores pertencente ao departamento de Botânica e Engenharia Biológica do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa que conseguiu criar um fungicida natural de toxicidade nula a partir de uma proteína do tremoço germinado, designada de BLAD (Banda de Lupinus Alpus Doce).
O produto denominado Problad além de uma forte actividade fungicida tem um poderoso efeito bioestimulante sobre as plantas. Pode ser utilizado na vinha, nos relvados desportivos, nas culturas de estufa propícias à proliferação de fungos, na agricultura biológica em geral.
Como pode ser ingerido pelo homem, evita o cumprimento do intervalo de segurança exigido por lei no uso de pesticidas químicos. É um produto completamente inovador a nível internacional e está a ser objecto de homologação nos Estados Unidos e na União Europeia, esperando-se que ainda este ano comece a ser lançado no mercado mundial.

Ana Ramon 

É só escolher a hora . . .


sábado, 5 de setembro de 2015

Deep Purple - Perfect Strangers

Ele comprou uma velha torre de água abandonada… O que fez com ela… Vais ficar sem palavras!



Um homem decidiu comprar uma velha torre de água que estava abandonada e entregue ao tempo e à degradação, até que um dia mais tarde se transformaria em ruínas. E então transformou-a em algo fenomenal e nunca antes visto! Vais ficar apaixonado, assim como eu fiquei!

Ele transformou-a numa magnífica casa! É um homem que não tem falta de dinheiro e por isso tem de arranjar motivos para o gastar. Claro que a longo prazo e para a velhice não será uma boa ideia tendo em conta a quantidade de escadas que a casa tem, mas, para ele isso não será problema.

Como quem pode, pode, e quando vires o seu interior vais ficar sem palavras…

Vê as imagens e impressiona-te:


























Fonte: www.alucinados.pt/homem-rico-comprou-uma-torre-de-agua-abandonada-e-transforma-a-numa-casa