terça-feira, 30 de janeiro de 2018
domingo, 28 de janeiro de 2018
Qualquer música , ah qualquer
Logo que me tire dá alma
Está incerteza que quer
qualquer impossível calma
Qualquer música... Guitarra
Viola, harmonioso, realejo
Um canto que se desgarra...
Um sonho que nada vejo...
Qualquer coisa que não vida
Jota, fado a confusão...
Dá última dança vivida
Que eu não sinta o coração
Fernando Pessoa.
O Traidor
Um amigo encontra outro no WC a urinar sentado na sanita:
- Mas o que é isto? Os homens urinam de pé! O que te aconteceu???
- Olha...
na 2ª feira passada saí com uma loira, 1,80 m, seios fartos, um corpo inacreditável, e na hora H murchei!
na 3ª saí com uma morena, 20 anos, corpo firme, Carinha laroca, e na hora H murchei!
na 4ª foi com uma ruiva, murchei!
na 5ª com uma quarentona enxuta, tudo em baixo...
O amigo, indignado, pergunta-lhe:
- Eh pá, tudo bem, murchar faz parte, acontece a qualquer um, mas por quê urinar sentado???
- Então...
tu achas que depois disto tudo eu ainda vou dar a mão a este traidor?
Recordando José Saramago . . .
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»
José Saramago - "Cadernos de Lanzarote", - Diário III - pag. 148, 1995
LATIM, uma Língua maravilhosa !
O vocábulo "maestro" vem do latim "magister" e este, por sua vez, do advérbio "magis" que significa "mais" ou "mais que".
Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos restantes, pelos seus conhecimentos e habilitações!
Por exemplo um "Magister equitum" era um Chefe de cavalaria, e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.
Já o vocábulo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do advérbio "minus" que significa "menos" ou "menos que".
Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso.
*COMO SE VÊ, O LATIM EXPLICA A RAZÃO POR QUE QUALQUER IMBECIL PODE SER MINISTRO ... MAS NÃO MAESTRO !*
Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos restantes, pelos seus conhecimentos e habilitações!
Por exemplo um "Magister equitum" era um Chefe de cavalaria, e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.
Já o vocábulo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do advérbio "minus" que significa "menos" ou "menos que".
Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso.
*COMO SE VÊ, O LATIM EXPLICA A RAZÃO POR QUE QUALQUER IMBECIL PODE SER MINISTRO ... MAS NÃO MAESTRO !*
M i l a g r e !
Uma solteirona descobre que uma amiga ficou grávida com apenas uma oração que fez na igreja de uma aldeia próxima.
Dias depois, a solteirona foi a essa igreja e disse ao padre:
- Bom dia, padre.
- Bom dia, minha filha. Em que posso ajudá-la?
- Sabe, padre, eu soube que uma amiga minha veio aqui há umas semanas atrás e ficou grávida só com uma Ave-Maria. É verdade, padre?
- Não, minha filha, não foi com uma Ave-Maria... Foi com um padre nosso... mas ele já foi transferido!
Será que "isto" é verdade ?!
O melhor restaurante de Lisboa!
Comentários, para quê ?
Sem querer fazer publicidade...
Quando for a Lisboa, aproveite para almoçar bem e barato e,
sobretudo, para conhecer os verdadeiros representantes do
povo da Lusitânia - vá olhando à volta e certamente compreenderá....
O melhor restaurante de Lisboa (preço/qualidade)
The best of Portugal...(but is not for you!...)
ENTRADA:
Caviar beluga - 1 €
EMENTA: 3€
gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto
de Barrancos, garoupa e bife do lombo - vinho: Palácio da Bacalhoa
NOTA: Naturalmente nos outros dias a ementa varia mas é igualmente boa, garantidamente!
BEBIDAS (obviamente são pagas à parte, nada de confusões...:
Mini - 0,10€
Vodka Eristoff - 1,50€
Gin Bombay Sapphire - 1,65€
Whisky Famous Grouse - 2€ (mas temos outros, novos e de mais idade)
1 garrafa de champanhe Krug - 3 €
Café - 0,05€
(não, não me enganei - os zeros estão no sítio certo, são mesmo 5 cêntimos ...)
MORADA?:
Palácio de S. Bento (Assembleia da República)
1249-068 LISBOA
CONTACTO: Tel: 21 391 9000
NOTA: Apareça sempre que quiser - mas traga um deputado à trela...senão não entra, que isto "não é para o povo".
sábado, 27 de janeiro de 2018
“Vemos Ouvimos e Lemos, Não Podemos Ignorar”
“Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror”
Extrato do poema “ Cantata da Paz”
De Sophia de Mello Breyner Andresen
Quase todas(os) nós conhecemos o poema, ou pelo menos o refrão da Cantata da Paz
da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen, pois ele foi cantado durante muitos
anos por várias vozes e entre elas, talvez a mais ouvida tenha sido a de Francisco
Fanhais.
A grandeza da poesia é a sua universalidade. Sophia de Mello Breyner estava a pensar
em África e no Vietname, como este poema refere, no entanto hoje a África e o
Vietname são outros, e os relatórios continuam a dizer-nos que a fome não foi
erradicada, que o fosso entre ricos e pobres aumentou, que o terror está a dominar as
nações: umas a instaurá-lo, querendo difundi-lo, outras a defenderem-se dele, querendo
isolar-se. E o que a poesia nos diz, é que o nosso sentir (o nosso, homens e mulheres
livres e de bons costumes) é universal.
Mas, vemos, ouvimos e lemos o quê? O que nos aparece? O que nos expõem ou impõem? O que procuramos?
Olhamos e não vemos, ou não queremos ver, ou olhamos e prestamos atenção?
Ouvimos e não escutamos, ou ouvimos, escutamos e entendemos?
Vemos, ouvimos e lemos. Como?
Como espectadores? Como atuantes?
Damos sentido às palavras que lemos? Ou
Murmuramos e não falamos ou
Desfrutamos e não amamos?
O que sentimos perante aquilo que vemos, ouvimos e lemos? Envolvimento ou distanciação?
Não podemos ignorar! Será que não ignoramos muitas vezes? E, se não ignoramos, o que fazemos?
Vemos, ouvimos e lemos e permitimos que se ignore.
Sim, muitas vezes permitimos.
Permitimos
porque nos tornamos cegos, surdos e mudos, devido à alienação, à ganância e à inveja e ao comodismo.
As notícias que nos chegam através dos “Mídea”, são muitas vezes mais sensacionalistas do que a procura isenta dos factos. Procuram muitas vezes chocar e não informar. Somos bombardeados com todo o género de notícias tantas vezes ao dia, com as mesmas desgraças às horas das refeições, que por vezes o cidadão comum vira a cara para o lado, para não ver tanta miséria e sofrimento. Por vezes, nem nos damos conta de que a notícia já não faz eco dentro de nós. É a banalização da notícia, de tantas vezes que se ouve ou vê cria o habito e a indiferença.
Diariamente somos confrontados com a globalização da comunicação. A “competição” pelo primeiro lugar em dar a notícia, mostrar um vídeo, disparar uma foto, transformase numa luta renhida. Perdem-se valores, cautelas e sensatez, na falta de edição e sensibilidade. Tudo e nada é notícia, desde os flagelos, ao terrorismo e atentados à liberdade.
Mas o que vemos, ouvimos e lemos é-nos transmitido através de veículos cuja idoneidade cívica, política e moral, urge questionar. É sabido que são usados filtros na informação que nos é transmitida, que variam consoante a vontade política e social de momento. É sem dúvida uma teia difícil de penetrar, controlar e contornar.
Muitas vezes, em conflito com o nosso pensamento, somos conduzidos a manifestarmonos e a tomarmos posições sobre assuntos dos quais pouco sabemos, como que se a simples opinião politica e socialmente bem aceite, fosse suficiente para aliviar as nossas consciências e bastasse o suficiente para nada mais fazer.
Ouvimos premissas, cujas bases desconhecemos, olhamos a factos sem saber o contexto e o enquadramento que levaram a determinadas decisões.
Mas mesmo assim, o Cidadão actual crê-se conhecedor e como tal opinador privilegiado dos diversos aspectos da actualidade, que como acabamos de dizer, são muitas vezes alvo de projecções pouco credíveis e até mesmo manipuladas, fazendo lembrar a célebre alegoria de Platão do homem na caverna de costas voltadas ao Mundo real.
Mas independentemente desta verdade/informação em segunda mão, o certo é que não podemos ficar indiferentes face ao mundo de notícias que nos chega ao conhecimento, e que nos dá conta duma falta de valores humanos aterrorizadora.
E porque vemos, ouvimos e lemos é que não podemos ignorar e sobretudo não podemos deixar de agir.
1 - Factos que mais nos preocupam
Os problemas de hoje são problemas de todos e afectam vários países e povos, pelo que a abordagem começa a ser global.
São muitos os que fogem das guerras, no futuro iremos ter provavelmente, refugiados ambientais em consequência da degradação acelerada do ambiente, que ultrapassa fronteiras e países.
Todos os dias ouvimos falar sobre a dignidade da vida humana, e a importância do sofrimento na vida das pessoas, e estamos na eminência de permitir que se conflua o seu término a uma simples escolha, sem o importante esclarecimento das opções alternativas, bem como das principais variáveis envolventes. Num contexto social particularmente sensível, em que se discute a forma de legislar sobre o fim da vida humana, não podemos ignorar a maneira como se discute a eutanásia, tentando reduzir a morte de um ser humano a um simples acto médico. Passa-se para segundo plano a importância de amar e ser amado independentemente da condição física.
Vemos, ouvimos e lemos que existe um mar, um mar perto de nós, que é também sepultura de milhares que aspiram à liberdade. De facto, no momento actual, é a crise dos refugiados que logo nos ocorre. Drama humano de enormes proporções, drama de quem parte, de quem fica, e de quem acolhe. Em zonas longínquas ou mais próximas são de novo as pessoas, e em particular os mais frágeis, que protagonizam e encarnam o que as (más) decisões políticas têm de pior.
Não podemos ignorar os relatos diários de mães e filhas vítimas de relacionamentos abusivos, muitas vezes também elas protagonistas dos mesmos crimes que se perpetuam perante a sistemática desvalorização da violência que se exerce no seio da família.
Não podemos ignorar a existência dos sem-abrigo no nosso país, de fome, miséria, casas desabitadas, degradadas e pessoas a viver nas ruas, à chuva, ao frio, ao vento, ao calor… Como é possível, empresários lançarem novos produtos, pensando em lucro e não em solidariedade, quando colocam no mercado sacos cama para aquecer os semabrigo, mas esquecem que deveriam antes disponibilizar estas verbas para a reconstrução das habitações que as autarquias têm em seu poder, dando-lhes condições de habitabilidade, para poderem realojar pessoas sem lar inserindo-as na sociedade.
Numa foto de refugiados que vi recentemente, há 7 homens e 1 mulher e até aqui nada de especial! Ao observar atentamente, vemos que a mulher tem os pés descalços, cuida de três crianças, e dessas três, traz uma ao colo e outras às costas. Nenhum homem a ajuda e todos eles trazem sapatos calçados, porque nas suas culturas a mulher não representa nada. Ela apenas serve para ser escrava dos homens. A história das mulheres 4 continua a não ter nada a ver com a história dos homens. A armadilha da indiferença apanha-nos a todos, pois aquilo que nos choca à primeira vez, quase nos deixa indiferente nas vezes seguintes. De tal maneira a realidade se torna insuportável aos nossos olhos, que instintivamente descolamos dela. Abstraímos e tentamos não sentir nada, pois as dores de sentir ser-nos-iam realmente intoleráveis.
Vemos, ouvimos e lemos que em nome de um Deus, homens e mulheres de todos os credos e fés são queimados, degolados, assassinados a sangue frio ou violados coletivamente.
Não podemos ignorar que a geo democracia ainda está longe da sua plenitude, e a cada dia que passa é lentamente devorada por outros interesses mais globalizantes e símbolos de servidão.
Não podemos ignorar as assimetrias sociais que se vivem perto e longe de nós, cuja solução seria fácil se não fossem a ambição, os poderes instituídos, os lóbis financeiros e as engenharias económicas.
Na realidade, uma “ténue linha do acaso,” que fez uns nascerem no lado certo da fronteira, tem sido ignorada ao longo dos séculos. Nobreza e povo, burguesia e proletários, brancos e negros, cristãos e hereges, nómadas, mulheres, homossexuais, idosos, tudo serve, como sempre serviu, para retirar ao Outro o valor da sua dignidade.
Todos fomos Charlie, todos nos colorimos das bandeiras de França e Bélgica, mas face aos recentes acontecimentos em Orlando ninguém é gay, ninguém levanta a vós para defender uma comunidade com a qual poucos fazem questão de se identificar, particularmente se for de diferente orientação sexual.
Vemos, ouvimos e lemos, que milhares de crianças têm o seu futuro completamente comprometido por não terem acesso à educação. “Uma criança sem acesso a educação é um estigma da humanidade e temos que mudá-lo”, afirmou Kailash Satyarthi, Prémio Nobel da Paz.
Muitas destas situações e tragédias ocorrem na União Europeia, onde os alicerces fundamentais da nossa história são baseados na liberdade, democracia e solidariedade, princípios esses gravados na carta dos direitos fundamentais. Estamos numa aldeia global, onde se assiste ao evoluir do conceito de cidadania. Os problemas de hoje são problemas de todos e afectam vários países e povos, pelo que a abordagem têm de ser abrangente. Graças à ampliação dos meios de comunicação, a informação circula cada vez mais rapidamente ao nível planetário, o que leva a que comecem a nascer movimentos globais que envolvem cidadãos de vários países.
2 - Reflexão e Acção
Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar"... Os 3 patamares desta frase dão origem a um triângulo em que, na sua base, temos os órgãos dos olhos e ouvidos, ascendendo à parte neurológica associada ao processo da leitura e terminando o triângulo no cimo, ao nível da consciência, condição essencial para que não se possa ignorar.
Um outro triângulo, agora descendente, está presente na união entre olhos, ouvidos e o coração, uma outra forma de não se ignorar, bem presente no célebre Principezinho, de Saint-Exupéry.
Nós somos Cidadãs Livres, somos Maçonas, somos mulheres comprometidas com a comunidade e com o país e com o mundo, Vemos Ouvimos e Lemos não podemos ignorar. Este refrão é um grito de inquietação contra a indiferença que tantas vezes nos atinge. É um apelo que nos encoraja e nos leva à reflexão, à mudança, à construção de um mundo mais solidário, mais humanista. À construção de um templo de homens e mulheres, unidos pela compaixão, pelo respeito pelo outro, pela intervenção ativa e luta sistemática pela paz.
Mas qual é o papel da Maçonaria ou o que a Maçonaria tem feito no que diz respeito particularmente a este tema dos refugiados ou outro tipo de intervenção social? O nosso trabalho não é confinado ao templo e não termina à meia-noite. Lá fora todas e todos temos um papel individual, não poderemos deixar de colaborar agindo no nosso país. Cada um de nós deverá ser um agente da mudança, não só na comunidade, mas também na nossa família.
Recuemos ao século XVII e recordemos as palavras do Padre António Vieira, sábias, visionárias até tendo em conta o que é hoje a modernidade e os seus conflitos políticos, sociais e religiosos. Dizia ele, que um dia muitos serão julgados pelo que fizeram e muitos mais pelo que não fizeram e pelo que silenciaram.
Hannah Arendt, a filósofa política alemã, de origem judaica, uma das principais combatentes do nazismo, considerava que o mal não é apenas o fruto de homens doentes, mas é sobretudo o resultado da cumplicidade da maioria que ouve e vê, mas ignora e permite.
Quantas vezes colocamos a questão: E se fosse connosco? Se víssemos uma jovem a ser esbofeteada pelo namorado? E se víssemos um casal de homossexuais ser verbalmente agredido e humilhado porque estão de mão dada? E se víssemos um idoso a ser maltratado? Paremos 2 minutos para pensar: Sim, se fosse connosco, o que faria cada uma de nós? Agia? Calava? Acelerava o passo e fugia? E se aquela namorada fosse a nossa filha? E se aquele idoso fossemos nós? E se a notícia que lemos esta manhã no jornal dissesse respeito a uma situação de violência e violação dos direitos humanos na casa do nosso vizinho? Agíamos? Ou seria mais fácil ignorar?
Maçonas e Maçons, nós que defendemos os valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade não nos podemos demitir de ser agentes de mudança dos problemas sociais. É essencial sermos membros ativos da sociedade na busca da equidade, da igualdade de oportunidades e de todos vivermos em harmonia numa sociedade mais justa e mais fraterna.
É preciso que cada um de nós chame a atenção do outro e apele à intervenção, é preciso que cada um de nós dê pequenos grandes passos, mesmo em casa faça exercícios plenos de cidadania como a reciclagem do lixo. É preciso ainda que os meios de comunicação social colaborem como mensageiros de massas e um grande exemplo disso é precisamente o programa de televisão “E Se Fosse Consigo?”, que quase involuntariamente nos leva a pensar qual seria a nossa própria reacção, perante determinada situação, a acontecer ali, diante de nós, violadora dos direitos humanos.
Uma maçona, não se pauta por dogmas nem tão pouco por pensamentos estereotipados. O seu pensar é livre, objectivo, claro, por forma a poder ser consequente e agir em prol da humanidade. Por isso há que lutar contra esta remissão para o “ fundo da caverna” onde são projectadas as verdades de outrem, cuja adequação nem sempre é verdadeira nem inocente. Hoje mais do que nunca, porque temos a ilusão de tudo saber, tudo conhecer em tempo real, estamos muito mais vulneráveis à manipulação do pensamento. Esta situação exige de nós uma maior atenção e pensamento crítico.
O trabalho da obreira é interior por certo. Mas é também exterior, na medida em que tem que continuar fora o trabalho feito em L:.
É urgente que a Maçonaria Feminina assuma um papel mais interventivo na vida da sociedade portuguesa em particular e da Humanidade em geral.
A História perguntar-nos-á a razão porque nada dissemos perante o êxodo de milhares de seres humanos que morreram à porta da Europa. Questionar-nos–à porque nada fizemos perante o flagelo da corrupção que grassou impunemente. Pedir-nos-á conta do silêncio que nos ensurdeceu e nos paralisou.
A Maçonaria Feminina, pilar indelével e sustentáculo imprescindível da Maçonaria Universal, tem de assumir a sua posição e defender a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, numa enorme bateria de acção conjunta.
Pelo sinal nos reconhecemos. Reconheçamo-nos como mulheres interventivas e operativas.
3 - Esperança e trabalho
Nunca mais ignorar-te, Humanidade!!
Se não posso salvar-te (e como o desejo!),
Quero hoje começar a escrever contigo e para nós,
A história que tenhamos orgulho de ver, de ouvir e de ler.
A história que todos os dias fará História por ser o nosso sonho,
A nossa melodia fantástica,
Bela e plena de liberdade e esperança e que por isso,
Não a calemos nem deixemos de ouvir nunca.
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror”
Extrato do poema “ Cantata da Paz”
De Sophia de Mello Breyner Andresen
Quase todas(os) nós conhecemos o poema, ou pelo menos o refrão da Cantata da Paz
da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen, pois ele foi cantado durante muitos
anos por várias vozes e entre elas, talvez a mais ouvida tenha sido a de Francisco
Fanhais.
A grandeza da poesia é a sua universalidade. Sophia de Mello Breyner estava a pensar
em África e no Vietname, como este poema refere, no entanto hoje a África e o
Vietname são outros, e os relatórios continuam a dizer-nos que a fome não foi
erradicada, que o fosso entre ricos e pobres aumentou, que o terror está a dominar as
nações: umas a instaurá-lo, querendo difundi-lo, outras a defenderem-se dele, querendo
isolar-se. E o que a poesia nos diz, é que o nosso sentir (o nosso, homens e mulheres
livres e de bons costumes) é universal.
Mas, vemos, ouvimos e lemos o quê? O que nos aparece? O que nos expõem ou impõem? O que procuramos?
Olhamos e não vemos, ou não queremos ver, ou olhamos e prestamos atenção?
Ouvimos e não escutamos, ou ouvimos, escutamos e entendemos?
Vemos, ouvimos e lemos. Como?
Como espectadores? Como atuantes?
Damos sentido às palavras que lemos? Ou
Murmuramos e não falamos ou
Desfrutamos e não amamos?
O que sentimos perante aquilo que vemos, ouvimos e lemos? Envolvimento ou distanciação?
Não podemos ignorar! Será que não ignoramos muitas vezes? E, se não ignoramos, o que fazemos?
Vemos, ouvimos e lemos e permitimos que se ignore.
Sim, muitas vezes permitimos.
Permitimos
porque nos tornamos cegos, surdos e mudos, devido à alienação, à ganância e à inveja e ao comodismo.
As notícias que nos chegam através dos “Mídea”, são muitas vezes mais sensacionalistas do que a procura isenta dos factos. Procuram muitas vezes chocar e não informar. Somos bombardeados com todo o género de notícias tantas vezes ao dia, com as mesmas desgraças às horas das refeições, que por vezes o cidadão comum vira a cara para o lado, para não ver tanta miséria e sofrimento. Por vezes, nem nos damos conta de que a notícia já não faz eco dentro de nós. É a banalização da notícia, de tantas vezes que se ouve ou vê cria o habito e a indiferença.
Diariamente somos confrontados com a globalização da comunicação. A “competição” pelo primeiro lugar em dar a notícia, mostrar um vídeo, disparar uma foto, transformase numa luta renhida. Perdem-se valores, cautelas e sensatez, na falta de edição e sensibilidade. Tudo e nada é notícia, desde os flagelos, ao terrorismo e atentados à liberdade.
Mas o que vemos, ouvimos e lemos é-nos transmitido através de veículos cuja idoneidade cívica, política e moral, urge questionar. É sabido que são usados filtros na informação que nos é transmitida, que variam consoante a vontade política e social de momento. É sem dúvida uma teia difícil de penetrar, controlar e contornar.
Muitas vezes, em conflito com o nosso pensamento, somos conduzidos a manifestarmonos e a tomarmos posições sobre assuntos dos quais pouco sabemos, como que se a simples opinião politica e socialmente bem aceite, fosse suficiente para aliviar as nossas consciências e bastasse o suficiente para nada mais fazer.
Ouvimos premissas, cujas bases desconhecemos, olhamos a factos sem saber o contexto e o enquadramento que levaram a determinadas decisões.
Mas mesmo assim, o Cidadão actual crê-se conhecedor e como tal opinador privilegiado dos diversos aspectos da actualidade, que como acabamos de dizer, são muitas vezes alvo de projecções pouco credíveis e até mesmo manipuladas, fazendo lembrar a célebre alegoria de Platão do homem na caverna de costas voltadas ao Mundo real.
Mas independentemente desta verdade/informação em segunda mão, o certo é que não podemos ficar indiferentes face ao mundo de notícias que nos chega ao conhecimento, e que nos dá conta duma falta de valores humanos aterrorizadora.
E porque vemos, ouvimos e lemos é que não podemos ignorar e sobretudo não podemos deixar de agir.
1 - Factos que mais nos preocupam
Os problemas de hoje são problemas de todos e afectam vários países e povos, pelo que a abordagem começa a ser global.
São muitos os que fogem das guerras, no futuro iremos ter provavelmente, refugiados ambientais em consequência da degradação acelerada do ambiente, que ultrapassa fronteiras e países.
Todos os dias ouvimos falar sobre a dignidade da vida humana, e a importância do sofrimento na vida das pessoas, e estamos na eminência de permitir que se conflua o seu término a uma simples escolha, sem o importante esclarecimento das opções alternativas, bem como das principais variáveis envolventes. Num contexto social particularmente sensível, em que se discute a forma de legislar sobre o fim da vida humana, não podemos ignorar a maneira como se discute a eutanásia, tentando reduzir a morte de um ser humano a um simples acto médico. Passa-se para segundo plano a importância de amar e ser amado independentemente da condição física.
Vemos, ouvimos e lemos que existe um mar, um mar perto de nós, que é também sepultura de milhares que aspiram à liberdade. De facto, no momento actual, é a crise dos refugiados que logo nos ocorre. Drama humano de enormes proporções, drama de quem parte, de quem fica, e de quem acolhe. Em zonas longínquas ou mais próximas são de novo as pessoas, e em particular os mais frágeis, que protagonizam e encarnam o que as (más) decisões políticas têm de pior.
Não podemos ignorar os relatos diários de mães e filhas vítimas de relacionamentos abusivos, muitas vezes também elas protagonistas dos mesmos crimes que se perpetuam perante a sistemática desvalorização da violência que se exerce no seio da família.
Não podemos ignorar a existência dos sem-abrigo no nosso país, de fome, miséria, casas desabitadas, degradadas e pessoas a viver nas ruas, à chuva, ao frio, ao vento, ao calor… Como é possível, empresários lançarem novos produtos, pensando em lucro e não em solidariedade, quando colocam no mercado sacos cama para aquecer os semabrigo, mas esquecem que deveriam antes disponibilizar estas verbas para a reconstrução das habitações que as autarquias têm em seu poder, dando-lhes condições de habitabilidade, para poderem realojar pessoas sem lar inserindo-as na sociedade.
Numa foto de refugiados que vi recentemente, há 7 homens e 1 mulher e até aqui nada de especial! Ao observar atentamente, vemos que a mulher tem os pés descalços, cuida de três crianças, e dessas três, traz uma ao colo e outras às costas. Nenhum homem a ajuda e todos eles trazem sapatos calçados, porque nas suas culturas a mulher não representa nada. Ela apenas serve para ser escrava dos homens. A história das mulheres 4 continua a não ter nada a ver com a história dos homens. A armadilha da indiferença apanha-nos a todos, pois aquilo que nos choca à primeira vez, quase nos deixa indiferente nas vezes seguintes. De tal maneira a realidade se torna insuportável aos nossos olhos, que instintivamente descolamos dela. Abstraímos e tentamos não sentir nada, pois as dores de sentir ser-nos-iam realmente intoleráveis.
Vemos, ouvimos e lemos que em nome de um Deus, homens e mulheres de todos os credos e fés são queimados, degolados, assassinados a sangue frio ou violados coletivamente.
Não podemos ignorar que a geo democracia ainda está longe da sua plenitude, e a cada dia que passa é lentamente devorada por outros interesses mais globalizantes e símbolos de servidão.
Não podemos ignorar as assimetrias sociais que se vivem perto e longe de nós, cuja solução seria fácil se não fossem a ambição, os poderes instituídos, os lóbis financeiros e as engenharias económicas.
Na realidade, uma “ténue linha do acaso,” que fez uns nascerem no lado certo da fronteira, tem sido ignorada ao longo dos séculos. Nobreza e povo, burguesia e proletários, brancos e negros, cristãos e hereges, nómadas, mulheres, homossexuais, idosos, tudo serve, como sempre serviu, para retirar ao Outro o valor da sua dignidade.
Todos fomos Charlie, todos nos colorimos das bandeiras de França e Bélgica, mas face aos recentes acontecimentos em Orlando ninguém é gay, ninguém levanta a vós para defender uma comunidade com a qual poucos fazem questão de se identificar, particularmente se for de diferente orientação sexual.
Vemos, ouvimos e lemos, que milhares de crianças têm o seu futuro completamente comprometido por não terem acesso à educação. “Uma criança sem acesso a educação é um estigma da humanidade e temos que mudá-lo”, afirmou Kailash Satyarthi, Prémio Nobel da Paz.
Muitas destas situações e tragédias ocorrem na União Europeia, onde os alicerces fundamentais da nossa história são baseados na liberdade, democracia e solidariedade, princípios esses gravados na carta dos direitos fundamentais. Estamos numa aldeia global, onde se assiste ao evoluir do conceito de cidadania. Os problemas de hoje são problemas de todos e afectam vários países e povos, pelo que a abordagem têm de ser abrangente. Graças à ampliação dos meios de comunicação, a informação circula cada vez mais rapidamente ao nível planetário, o que leva a que comecem a nascer movimentos globais que envolvem cidadãos de vários países.
2 - Reflexão e Acção
Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar"... Os 3 patamares desta frase dão origem a um triângulo em que, na sua base, temos os órgãos dos olhos e ouvidos, ascendendo à parte neurológica associada ao processo da leitura e terminando o triângulo no cimo, ao nível da consciência, condição essencial para que não se possa ignorar.
Um outro triângulo, agora descendente, está presente na união entre olhos, ouvidos e o coração, uma outra forma de não se ignorar, bem presente no célebre Principezinho, de Saint-Exupéry.
Nós somos Cidadãs Livres, somos Maçonas, somos mulheres comprometidas com a comunidade e com o país e com o mundo, Vemos Ouvimos e Lemos não podemos ignorar. Este refrão é um grito de inquietação contra a indiferença que tantas vezes nos atinge. É um apelo que nos encoraja e nos leva à reflexão, à mudança, à construção de um mundo mais solidário, mais humanista. À construção de um templo de homens e mulheres, unidos pela compaixão, pelo respeito pelo outro, pela intervenção ativa e luta sistemática pela paz.
Mas qual é o papel da Maçonaria ou o que a Maçonaria tem feito no que diz respeito particularmente a este tema dos refugiados ou outro tipo de intervenção social? O nosso trabalho não é confinado ao templo e não termina à meia-noite. Lá fora todas e todos temos um papel individual, não poderemos deixar de colaborar agindo no nosso país. Cada um de nós deverá ser um agente da mudança, não só na comunidade, mas também na nossa família.
Recuemos ao século XVII e recordemos as palavras do Padre António Vieira, sábias, visionárias até tendo em conta o que é hoje a modernidade e os seus conflitos políticos, sociais e religiosos. Dizia ele, que um dia muitos serão julgados pelo que fizeram e muitos mais pelo que não fizeram e pelo que silenciaram.
Hannah Arendt, a filósofa política alemã, de origem judaica, uma das principais combatentes do nazismo, considerava que o mal não é apenas o fruto de homens doentes, mas é sobretudo o resultado da cumplicidade da maioria que ouve e vê, mas ignora e permite.
Quantas vezes colocamos a questão: E se fosse connosco? Se víssemos uma jovem a ser esbofeteada pelo namorado? E se víssemos um casal de homossexuais ser verbalmente agredido e humilhado porque estão de mão dada? E se víssemos um idoso a ser maltratado? Paremos 2 minutos para pensar: Sim, se fosse connosco, o que faria cada uma de nós? Agia? Calava? Acelerava o passo e fugia? E se aquela namorada fosse a nossa filha? E se aquele idoso fossemos nós? E se a notícia que lemos esta manhã no jornal dissesse respeito a uma situação de violência e violação dos direitos humanos na casa do nosso vizinho? Agíamos? Ou seria mais fácil ignorar?
Maçonas e Maçons, nós que defendemos os valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade não nos podemos demitir de ser agentes de mudança dos problemas sociais. É essencial sermos membros ativos da sociedade na busca da equidade, da igualdade de oportunidades e de todos vivermos em harmonia numa sociedade mais justa e mais fraterna.
É preciso que cada um de nós chame a atenção do outro e apele à intervenção, é preciso que cada um de nós dê pequenos grandes passos, mesmo em casa faça exercícios plenos de cidadania como a reciclagem do lixo. É preciso ainda que os meios de comunicação social colaborem como mensageiros de massas e um grande exemplo disso é precisamente o programa de televisão “E Se Fosse Consigo?”, que quase involuntariamente nos leva a pensar qual seria a nossa própria reacção, perante determinada situação, a acontecer ali, diante de nós, violadora dos direitos humanos.
Uma maçona, não se pauta por dogmas nem tão pouco por pensamentos estereotipados. O seu pensar é livre, objectivo, claro, por forma a poder ser consequente e agir em prol da humanidade. Por isso há que lutar contra esta remissão para o “ fundo da caverna” onde são projectadas as verdades de outrem, cuja adequação nem sempre é verdadeira nem inocente. Hoje mais do que nunca, porque temos a ilusão de tudo saber, tudo conhecer em tempo real, estamos muito mais vulneráveis à manipulação do pensamento. Esta situação exige de nós uma maior atenção e pensamento crítico.
O trabalho da obreira é interior por certo. Mas é também exterior, na medida em que tem que continuar fora o trabalho feito em L:.
É urgente que a Maçonaria Feminina assuma um papel mais interventivo na vida da sociedade portuguesa em particular e da Humanidade em geral.
A História perguntar-nos-á a razão porque nada dissemos perante o êxodo de milhares de seres humanos que morreram à porta da Europa. Questionar-nos–à porque nada fizemos perante o flagelo da corrupção que grassou impunemente. Pedir-nos-á conta do silêncio que nos ensurdeceu e nos paralisou.
A Maçonaria Feminina, pilar indelével e sustentáculo imprescindível da Maçonaria Universal, tem de assumir a sua posição e defender a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, numa enorme bateria de acção conjunta.
Pelo sinal nos reconhecemos. Reconheçamo-nos como mulheres interventivas e operativas.
3 - Esperança e trabalho
Nunca mais ignorar-te, Humanidade!!
Se não posso salvar-te (e como o desejo!),
Quero hoje começar a escrever contigo e para nós,
A história que tenhamos orgulho de ver, de ouvir e de ler.
A história que todos os dias fará História por ser o nosso sonho,
A nossa melodia fantástica,
Bela e plena de liberdade e esperança e que por isso,
Não a calemos nem deixemos de ouvir nunca.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Advogados de Lula fazem Coletiva de Imprensa após ex-presidente ser cond...
Os advogados do ex-presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, reuniram-se em coletiva de imprensa para prestar esclarecimentos sobre o processo que condenou o cliente a 12 anos de prisão, impossibilitando-o de disputar as eleições de 2018. Segundo o advogado Cristiano Zanin, as acusações contra o ex-presidente estão no campo da cogitação: “Nenhum dos votos indicou nem o uso da função pública e tampouco o recebimento de qualquer vantagem indevida. Prevaleceu o conceito de atos indeterminados” O advogado ainda afirmou que o direito de defesa foi censurado: "Claramente a palavra do Ministério Público mostrou como a força-tarefa da Lava Jato vem atuando neste em outros casos. Qual é o pensamento? O pensamento é de censura à defesa, é de censura à academia, é de censura ao povo."
Texto perfeito para este momento !
Por Mari Malheiros
Lula não precisa da minha defesa. Ele tem muita gente no mundo inteiro que faz isso de forma brilhante. Também não sou ingênua de achar que esse julgamento representa a falência do Judiciário. O Judiciário está falido pra classe trabalhadora há muito tempo, é só ver o número de negros, pobres e jovens nos presídios.
O que tá em jogo hoje é a democracia. Lula, com todas as suas contradições, é o retirante nordestino, pobre, operário que chegou ao cargo mais importante do país através da legalidade democrática. Os treze anos de Governo do PT foram legitimados por quatro eleições validadas pelo TSE, que é o órgão competente para tal. Não vou entrar no mérito do que esse cara fez porque só não enxerga quem não quer. Não é essa a questão.
O que se questiona é a condenação de Lula enquanto Aécio, Alckmin, Richa, Temer e companhia continuam cometendo crimes. É o mesmo que o Judiciário tentar dizer "Se enxerguem, bando de operários pobres, política é pra classe dominante, vocês são só o serviço braçal. Quem quiser ser como Lula vai acabar dessa forma".
Gente, um juiz disse que Lula não pode ter um triplex (e já foi provado, desenhado, que não é dele). Vocês tem noção do absurdo disso? Um triplex! FHC tem um apartamento de luxo na área mais nobre de Paris (uma das mais caras do mundo) e ninguém disse que ele não pode ter esse apartamento.
Observem que eu usei a palavra "tentar". O Judiciário tenta dizer, mas não consegue. O Judiciário só detém o monopólio da legalidade, mas não passa disso. Os projetos dos movimentos sociais são maiores, feitos de sonhos e lutas, vontade, fé, desejo de transformação da vida. Não é disputa de poder. É utopia, mística, horizonte. É a vida com toda sua poesia. E isso, isso é muito maior que a lei. O filme "Um sonho de liberdade" tem uma das grandes frases do cinema: não podem tirar algo que está dentro de nós. É esse sopro, dentro de quem tá na luta, que nos move...
Independente do resultado do julgamento de hoje, as ruas continuam sendo nossas, e a luta continuará sendo feita. Hoje é só uma batalha, a guerra vai continuar.
Eu que me Aguente Comigo
Contudo, contudo,
Também houve gládios e flâmulas de cores
Na Primavera do que sonhei de mim.
Também a esperança
Orvalhou os campos da minha visão involuntária,
Também tive quem também me sorrisse.
Hoje estou como se esse tivesse sido outro.
Quem fui não me lembra senão como uma história apensa.
Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo.
Caí pela escada abaixo subitamente,
E até o som de cair era a gargalhada da queda.
Cada degrau era a testemunha importuna e dura
Do ridículo que fiz de mim.
Pobre do que perdeu o lugar oferecido por não ter casaco limpo com que aparecesse,
Mas pobre também do que, sendo rico e nobre,
Perdeu o lugar do amor por não ter casaco bom dentro do desejo.
Sou imparcial como a neve.
Nunca preferi o pobre ao rico,
Como, em mim, nunca preferi nada a nada.
Vi sempre o mundo independentemente de mim.
Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas,
Mas isso era outro mundo.
Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja.
Acima de tudo o mundo externo!
Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Os fracassos serão nossas vitórias ! - Eduardo Casanova
“Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu” - Darcy Ribeiro
Foto tirada por Italo Gurgel
Foto tirada por Italo Gurgel
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
Assim que te quero
É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.
Pablo Neruda.
Pintura de Tony Chow
domingo, 21 de janeiro de 2018
sábado, 20 de janeiro de 2018
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
Ser forte é disfarçar tudo o que dói
É sorrir tudo o que chora.
Ser forte é quando a coragem afasta o medo
É viveres um amor em segredo.
Ser forte é quando a mentira te morde e tu curas a ferida
É não desistires de ti, mesmo perdida.
Ser forte é abrir a porta a quem se ama numa despedida
É deixar que seja feliz lá longe com outra vida.
Ser forte é sentires frio e dares calor
É receberes traição e dares amor.
Ser forte é resistir à lágrima de um tempo que doeu
É perder o sonho onde a saudade gemeu.
Ser forte é testar o limite da fraqueza
É silenciares os gritos da tristeza.
Ser forte é ajudar o amigo a levantar
É remares quando estás afundar.
Ser forte é quando perdoas algo que não queres lembrar
É esqueceres quem amas porque não te soube amar.
Ser forte é resistires a um abraço
Quando tens vontade de abraçar.
Ser forte é não deixares que te manipulem
É resistires a quem te quer enganar.
Obrigada vida, por me teres ensinado a ser forte!
Obrigado tempo, por me saberes moldar!
Carla Tavares
É sorrir tudo o que chora.
Ser forte é quando a coragem afasta o medo
É viveres um amor em segredo.
Ser forte é quando a mentira te morde e tu curas a ferida
É não desistires de ti, mesmo perdida.
Ser forte é abrir a porta a quem se ama numa despedida
É deixar que seja feliz lá longe com outra vida.
Ser forte é sentires frio e dares calor
É receberes traição e dares amor.
Ser forte é resistir à lágrima de um tempo que doeu
É perder o sonho onde a saudade gemeu.
Ser forte é testar o limite da fraqueza
É silenciares os gritos da tristeza.
Ser forte é ajudar o amigo a levantar
É remares quando estás afundar.
Ser forte é quando perdoas algo que não queres lembrar
É esqueceres quem amas porque não te soube amar.
Ser forte é resistires a um abraço
Quando tens vontade de abraçar.
Ser forte é não deixares que te manipulem
É resistires a quem te quer enganar.
Obrigada vida, por me teres ensinado a ser forte!
Obrigado tempo, por me saberes moldar!
Carla Tavares
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
Francisco Torres está com Poesia, Pintura & Música e Beirão Francisco.
21 de Fevereiro de 2014 ·
·
******** Calçada do Carriche ********
Luísa, sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobre a calçada.
Saiu de casa
de madrugada:
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
uma golada,
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho,
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina,
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
António Gedeão
em "Teatro do Mundo"
http://youtu.be/legjWFLBzak
Pintor: Paula Rego
Texto de Carlos Mattos Gomes que desmonta a personalidade de Marcelo Rebelo de Sousa
"Populismo — de Pisistratus a Marcelo, a mesma cartilha
O grego (ateniense) Pisistratus é considerado pelos estudiosos da política como o primeiro populista demagogo na história ocidental. É o mais antigo populista demagogo. Marcelo Rebelo de Sousa não é o primeiro populista demagogo de Portugal, mas é o de maior sucesso, o mais activo e a funcionar 24 horas por dia.
Pisistratus pretendeu ser arconte de Atenas, o detentor dos poderes reunidos do basileu, o rei, e do comandante dos exércitos, o polemarco. Marcelo Rebelo de Sousa, além dos poderes do basileu e do polemarco pretende concentrar o poder do arconte tesmótetas, o que preparava as leis e velava pela sua execução.
Marcelo quer ser rei, general, chefe do governo e presidente da assembleia. Qualquer coisa entre um cocktail e um shot.
Pisistratus descobriu cedo que o povo era facilmente iludido por gestos simbólicos e a sua primeira medida como arconte foi transformar-se num “homem do povo”. Marcelo fez também a mesma descoberta com tenra idade, no início da carreira. Filho de ministro do Estado Novo, jornalista, professor de Direito, jurisconsulto, chefe partidário, administrador de casas ducais, amigo de banqueiros e comentador televisivo surgiu também como a voz do povo e um homem do povo que beija ao vivo velhinhas, dá de comer a sem-abrigo e bebe ginginhas no Barreiro, além de ir a Fátima em peregrinação e à bola para aclamação! São os afetos! Tão populares e consoladores como os coiratos à porta dos estádios.
Pisistratus, o pai do populismo, fazia campanha como herói triunfante, e era carregado aos ombros do povo como guerreiro vitorioso sem jamais ter participado numa batalha ou vivido um desafio. Marcelo também não possui no currículo nenhum feito heróico, nem de relevo que o ice ao Olimpo, a não ser o banho no Tejo e umas voltas em Lisboa ao volante de um táxi, mas fala como se tivesse soprado a Lua, saneado as contas públicas, apagado os incêndios infernais, enchido as barragens, canonizado os pastorinhos de Fátima, distribuído a raspadinha e impedido as invasões dos produtos chineses.
Ao longo dos séculos todos os Pisistratus fingiram demonstrar empatia para com os sofrimentos dos mais carentes e excluídos da sociedade, como Marcelo tão bem finge. Mas a comiseração dos populistas tem como único objetivo a obtenção do voto, do aplauso fácil, da aclamação. É o que faz mover Marcelo. Sempre que acreditarmos nos carinhosos abrações e nas selfies de Marcelo devemos ter a consciência de estar a ser hipnotizados por um Pisistratus moderno.
O populista apela à simpatia do povo para construir o seu poder. Baseia o seu discurso na denúncia dos males que as classes privilegiadas causam no povo. Apresenta-se como redentor dos humildes. O populista divide a sociedade em dois grupos homogéneos e antagónicos: o ‘povo simples’ e a ‘elite corrupta”. O populista assume-se como o único que representa o povo contra os corruptos, mesmo contra as leis. Aí temos de novo Marcelo, o sorriso de Marcelo, o palpite de Marcelo, o recado de Marcelo, a facada de Marcelo.
O populista universal é um narciso apaixonado por si, que se orgulha tanto da sua irresponsabilidade como da sua inimputabilidade. Marcelo é o demagogo que se coloca acima da lei da divisão de poderes em nome do povo que vota em quem tem o dever de elaborar as leis. O demagogo, como Marcelo, entende que fala directamente com o povo, que é a voz de deus, embora, logo de seguida, beije as mãos dos padres com beata genuflexão.
Um populista narcísico como Marcelo, se chegar à conclusão que alguém pode fazer-lhe sombra, tentará minar o seu prestígio e reputação. Balsemão e Portas queixam-se dessas caneladas que deixaram nódoas.
Marcelo Rebelo de Sousa está constantemente preocupado com fantasias de poder e sucesso. Crê ser especial e faz tudo para lhe reconhecerem essa qualidade. Exige admiração dos outros e sente “estar no seu direito” aproveitar-se dos outros para benefício próprio.
As acções e as aparições de Marcelo Rebelo de Sousa, os seus gestos e as suas expressões de afectos têm como finalidade fazer dele o centro das atenções.
Acredita que possui todas as qualidades. Prefere atuar sozinho, sem dar espaço aos outros ou delegar funções. Apenas exige que os outros façam o que lhe convém. É essa a razão do jogo perverso de gato e rato que impôs a António Costa após os incêndios do Verão. Os incêndios no centro do país mostraram Marcelo Rebelo de Sousa como um jogador com ases na manga e dados viciados.
Ele é e faz tudo para o ser o “funcionário do dia”, o “funcionário da semana”, do mês, do ano, “o funcionário modelo”. Na antiga União Soviética seria um herói do trabalho. Quer que a sua fotografia, a sua imagem fique pendurada nas paredes dos locais que visita, que todos saibam quem ele é e o que fez.
O populista, com a sua doentia necessidade de reconhecimento, é um tipo inseguro, que não confia em si próprio. Perigoso porque está à mercê dos sabujos que lhe preenchem o vazio, dizendo e gritando que ele é o bom, o capaz, o conseguidor, o salvador, ou que produzem os elogios que o fazem sentir-se inchado, diante do espelho.
Vemos Marcelo Rebelo de Sousa na televisão e podemos achá-lo engraçado, mas na verdade ele é um populista. Um populista simpático, mas um demagogo egoísta e narcísico.
Os portugueses votaram maioritariamente nele. Há que o aceitar como é e decifrá-lo."
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
. . . quanta sabedoria !
Amizade e o Amor
Perguntei a um sábio ,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas ,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.
William Shakespeare
sábado, 13 de janeiro de 2018
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
Pete Seeger - "Forever Young"
May God bless and keep you always
May your wishes all come true
May you always do for others
And let others do for you
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young
May you grow up to be righteous
May you grow up to be true
May you always know the truth
And see the lights surrounding you
May you always be courageous
Stand upright and be strong
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young
May your hands always be busy
May your feet always be swift
May you have a strong foundation
When the winds of changes shift
May your heart always be joyful
May your song always be sung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young
https://www.youtube.com/watch?v=Ezyd40kJFq0
May your wishes all come true
May you always do for others
And let others do for you
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young
May you grow up to be righteous
May you grow up to be true
May you always know the truth
And see the lights surrounding you
May you always be courageous
Stand upright and be strong
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young
May your hands always be busy
May your feet always be swift
May you have a strong foundation
When the winds of changes shift
May your heart always be joyful
May your song always be sung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young
https://www.youtube.com/watch?v=Ezyd40kJFq0
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
sábado, 6 de janeiro de 2018
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Subscrever:
Mensagens (Atom)