quarta-feira, 30 de maio de 2018

Maior que o pensamento - Primórdios - 1 de 3



Este primeiro episódio aborda as raízes de José Afonso, nascido em Aveiro em 1929, a sua infância em África com os pais e os irmãos, os seus estudos secundários em Coimbra, enquanto os pais estavam detidos pelas tropas japonesas que ocuparam Timor-Leste durante a II Guerra Mundial, o início da sua carreira artística como intérprete de fados de Coimbra, ao mesmo tempo que ingressava na universidade desta cidade, a sua experiência como professor do ensino secundário, a evolução do seu estilo musical para a balada e a criação das duas canções consideradas pioneiras do movimento da música de intervenção em Portugal: "Os vampiros" e "Menino do bairro negro".

Elkie Brooks - Pearl's a Singer (1977)

terça-feira, 29 de maio de 2018




A Paixão - Escritos e Demências por João Dórdio
24/5 às 8:07 ·
Eram mesas com pratos e talheres diferentes. Éramos a própria comida.
- Estamos a brindar ao quê?
- Isso importa? Abraça-me e beija-me novamente.
- Estes teus brindes são giros. E molhados...
E tínhamos todos os mais puros sentimentos e todas as sensações do mundo à sobremesa. Coloquei-nos numa mesa de uma cozinha de uma casa da minha própria casa de mente do meu próprio bairro de mente... desde o dia em que te conheci.
Mas esta noite sentei-me na cadeira de uma mesa sem pratos nem talheres. Só lá estava o copo e a garrafa de vinho. A casa vazia num bairro deserto.
Foram por aí dizer-vos que tinha desaparecido e entrado pela demência. Hoje todas as janelas do meu banco de jardim abrem-se para deixar entrar alvoradas, primaveras, galos andorinhas, muito sol, beijos, suspiros, gritos e gemidos. Coloquei uma toalha em cima da minha mesa de sonhos em forma de pesadelo ou de insónia onde ainda te conheço a primeira vez. Foram por aí dizer que nada valia já a pena.
- Porque beijas a garrafa?
- Ela está lá dentro...
- Ela? O vinho...
Cada garrafa tornou-se uma estrada e um novo caminho de mim. Para ti outra vez. Noutra vida. A mesma história.



domingo, 27 de maio de 2018


A maioria das pessoas não tem dinheiro para satisfazer as necessidades básicas fundamentais , muito menos para pagar 50 euros / hora a uma máquina para limpar os "pinhais" . Alguém me sabe dizer como vai conseguir pagar coimas de 280 euros a alguns milhares de euros ?! . . .

"A nossa sociedade é dirigida por loucos , com os seus objectivos loucos . Penso que estamos a ser governados por maníacos com propósitos maníacos e penso que serei considerado louco por expressar tal opinião .
Esta é a parte insana da questão."

John Lennon


MAIO DE 1968

Alguns filósofos e historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário mais importante do século XX, porque não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores e camponeses -que eram maioria-, mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe.





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Teu corpo

Teu corpo é música ritmada
É a luz que trespassa a vida
É a pele suave e perfumada
É o abrigo sem a despedida


Teu corpo é refúgio e prazer
É aquele desejo sem pecado
É folha em branco a escrever
É sedução vestido ou pelado

Teu corpo é o tesouro de amor
É um desejo louco e escondido
É um escorrer suado com calor
É um contentamento cumprido.

AC............... Alice Coelho
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quinta-feira, 24 de maio de 2018



Há sempre.......

Há sempre um olhar que se expande
Num horizonte longo que se esconde
Num avivar de memórias em grande
E por mais que esperes não responde
Há sempre um alcançar que se perde
A palavra que num poema se acende
Uma história de vida que se antecede
Um tempo enfeitiçado que nos prende
Há sempre um chamamento silencioso
Um calar enraivecido de tanta saudade
Um pensamento tão ténue e libidinoso
Um ontem que se faz tarde num tempo
Um pensamento muito ténue e ofegante
Um calar enraivecido de tão abundante
Há sempre.......
Um Aqui
Um Ali
Um Além
Um lugar
Um momento
Um piscar de olho
Duração que escolho


AC............... Alice Coelho
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segunda-feira, 21 de maio de 2018



I'll love you till the end of time . . . I would wait a million years . . .

domingo, 20 de maio de 2018



Nunca me respondeste, quando te chamei,
E só Deus sabe como era urgente e aflita
A minha voz!
Mas, desgraçadamente sós,
Morrem os que se afogam
No mar da sua própria condição.
O meu, sem margens, é um descampado
Desabrigado.
Vagas e vagas de solidão,
E a tua imagem, litoral sonhado,
Sempre evocada em vão.
Nunca me respondeste, e foi melhor assim.
Um náufrago perpétuo é um pesadelo.
Dizer-me o quê?
Que, de longe, me vias afogar,
Mas que nada podias.
Pois sabias
Que os poetas jurados,
Humanas heresias,
Nascem condenados
A morrer afogados
Todos os dias
No tormentoso mar dos seus pecados.


Miguel Torga


sábado, 19 de maio de 2018



O sonho

O sonho prossegue
Por ruas e estradas
A vida me persegue
Contando segredos
Que no muro lemos
No papel escrevemos
O sonho contínua
Não se apaga
Vincado numa tábua
Não se desprende
É loucura que se sente
É vontade que consente
O sonho
É a viagem ao imaginário
Num pensamento solitário


AC............... Alice Coelho
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sábado, 12 de maio de 2018


Era uma noite estrelada
O amor por ti cavalgava
Em ti transpareci atolada
Onde o olhar se cruzava


Noite de sonho inventado
Adormecida por uma lua
Perfeita num emaranhado
Temperada com sal e nua.

Era numa noite estrelada
Tão fria naquele instante
Tão pura e tão imaculada
Lá perto do céu e distante.

AC............... Alice Coelho
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Adoro

quarta-feira, 2 de maio de 2018

CRAVOS DE ABRIL


Tinha um cravo na lapela
tinha outro cravo na mão
pus um cravo na janela
e mais um no coração.


Dei cravos a tanta gente
tanta gente os deu a mim
nesse dia de repente
tudo em volta era um jardim.

Dei um cravo ao soldadinho
outro cravo ao capitão
liberdade pão e vinho
e que viva a revolução.

Cravo em verso cravo em prosa
cravo nosso meu e teu
em Maio que é mês da rosa
choveram cravos do céu.

Passa o tempo e não demora
no que passou desde então
mas o cravo ainda mora
dentro do meu coração"

("CANTIGAS E CANTIGOS ii")

José Fanha


Amarrei(te)


Amarrei-te à minha memória
Perdida no tempo que passou
Cada rua e beco uma história
Cada frase que nunca acabou
Amarrei-te à minha memória
Em pensamentos escabrosos
Contornando numa trajectória
Todos os poemas mentirosos.
Amarrei-te à minha memória
À espera que o amor nos cante
Um hino de silêncio e de vitória.


AC............... Alice Coelho
© All Rights Reserved



terça-feira, 1 de maio de 2018

(Só) Para os apreciadores de um bom vinho


Consta que, certa noite, anos atrás, um homem entrou com a namorada no restaurante Lucas Carton, em Paris e pediu uma garrafa de "Mouton Rothschild", colheita de 1928.

O sommelier, em vez de trazer a garrafa para mostrar ao cliente trouxe o decanter de cristal cheio de vinho e, depois de uma mesura, serve um pouco no cálice para o cliente provar.

O cliente, lentamente, leva o cálice ao nariz para sentir o aroma, fecha os olhos e cheira o vinho.

Inesperadamente, franze a testa e, com expressão muito irritada, pousa o copo na mesa, comentando rispidamente:

- Isto aqui não é um Mouton de 1928!

O sommelier assegura-lhe que é. O cliente insiste que não é.

Estabelece-se uma discussão e, rapidamente, cerca de 20 pessoas rodeiam a mesa, incluindo o chef de couisine e o gerente do hotel, que tenta convencer o intransigente consumidor de que o vinho é mesmo um Mouton de 1928.

De repente, alguém resolve perguntar-lhe como sabe, com tanta certeza, que aquele vinho não é um Mouton de 1928.

- O meu nome é Phillippe de Rothschild, diz o cliente modestamente,
e fui eu que fiz esse vinho.

Consternação geral.

O sommelier então, de cabeça baixa, dá um passo à frente, tosse, pigarreia, bagas de suor escorrem da testa e, por fim, admite que serviu na garrafa de decantação um Clerc Milon de 1928, mas explica seus motivos:

- Desculpe, mas não consegui suportar a ideia de servir a nossa última garrafa de Mouton 1928. De qualquer forma, a diferença é irrelevante.
Afinal, o senhor também é proprietário dos vinhedos de Clerc Milon, que ficam na mesma aldeia do Mouton. O solo é o mesmo, a vindima é feita na mesma época, a poda é a mesma e o esmagamento das uvas se faz na mesma ocasião, o mosto resultante vai para barris absolutamente idênticos. Ambos os vinhos são engarrafados ao mesmo tempo. Pode-se afirmar que os vinhos são iguais, apenas com uma pequeníssima diferença geográfica.

Rothschild, então, com a discrição que sempre foi a sua marca, puxa o sommelier pelo braço e murmura-lhe ao ouvido:

- Quando voltar para casa esta noite peça à sua namorada para se despir completamente. Escolha dois orifícios do corpo dela muito próximos um do outro e faça um teste de olfacto. Você perceberá a subtil diferença que pode haver numa pequeníssima diferença geográfica.