quinta-feira, 14 de maio de 2020
Folar de Vale de Ílhavo
Ingredientes:
1 kg de farinha
15 g de sal
20 g de fermento padeiro
400 g de açúcar
5 gemas de ovo
4 ou 3 ovos (cozidos em casca de cebola)
50 g de manteiga derretida
200 ml de água morna
Canela a gosto (ou raspa de limão, opcional)
Modo de preparação:
Junta-se a farinha (cerca de 500 g), o sal, o fermento e a água morna, amassando tudo muito bem e deixando levedar, pelo período de aproximadamente uma hora.
Depois de a massa estar levedada, juntam-se o açúcar, os ovos e a manteiga previamente derretida, misturando tudo muito bem. Acrescenta-se a restante farinha (500 g) e a canela (ou a raspa de limão), envolvendo bem. Deixa-se levedar novamente.
Quando tiver levedado (aproximadamente para o dobro), tende-se a massa em forma de bolo do tamanho que se pretende, decorando com os ovos (previamente cozidos em água com casca de cebola), e pequenas tiras formadas com uma parte da massa que se entrelaçam com os ovos. Vai ao forno de lenha, previamente aquecido.
Dica: um kilo de farinha dá para fazer um folar médio, que se enfeita com 4 ovos, ou 3 pequenos que se enfeitam com um ovo cada.
segunda-feira, 11 de maio de 2020
Porque é que devemos ver já os nossos pais e avós
OPINIÃO DE HENRIQUE RAPOSO
08 mai, 2020
O sucesso da república, do capitalismo e da ciência criaram um enorme paradoxo: os ocidentais não sabem lidar com o risco e com a morte devido ao seu enorme sucesso político, económico e médico. Paradoxalmente, a nossa história triunfante desarmou-nos; somos flores de uma estufa ahistórica que não resistem aos ventos da história política e da história natural. O parlamento, a empresa e o laboratório (três conceitos desprezados pelo pós-modernismo das elites de esquerda e agora pelo pós-verdade do povo trumpista) são três escudos que filtram o caos que era normal nas gerações anteriores: o risco permanente, os dilemas morais a sério, as doenças, as epidemias, a morte como parte do dia-a-dia. O pináculo desta obsessão pelo controlo talvez seja esta: a nossa civilização aplaude a morte desejada e controlada pelo homem (eutanásia), mas fica paralisada perante a morte natural. Isto porque a morte natural escapa ao controlo antropocêntrico.
Nesta obsessão por evitar o risco, muitos dizem que, no quadro da covid-19, não devemos estar com os nossos pais e avós. É um risco, dizem. Pois é. Mas viver é um risco. Fumar é um risco. Conduzir é um risco. O parto é um risco. Fazer certos desportos é um risco. Certos alimentos são um risco, tal como certas bebidas. Fazer sexo pode ser um risco. Fazer uma empresa é um risco. Caçar é um risco. Ter filhos é arriscar. Sem risco não há vida, há apenas algodão ensopado em desinfectante, há apenas a dormência de uma sociedade esterilizada. Eu percebo a prudência, acho apenas que a prudência já descambou na servidão - a servidão do medo. Os nossos velhos devem, em nome da prudência, evitar a vida social, mas não podem ficar paralisados no medo e longe da vida familiar. Se os nossos pais e avós envelhecerem 3, 4 ou 5 anos durante os 3, 4 ou 5 meses da quarentena, isso não será uma grande vitória, aliás, será uma derrota que não estou disponível para apoiar com o meu medo. Defendo a vida, não o medo de morrer. Ver os netos é o alimento moral dos nossos pais. Privá-los dos netos é literalmente encurtar-lhes a vida, até porque a noção de tempo deles não é a mesma que a nossa. Para nós, seis meses são apenas seis meses; para eles, meio ano é um artigo de luxo.
É pouco provável que as minhas filhas infectem a minha mãe com covid, mas, sim, o risco existe. Tenho medo. Mas, por outro lado, é altamente provável que a ausência das minhas filhas atire a minha mãe para algo pior do que o vírus. A solidão e o pânico matam, sobretudo na velhice. Matam, porque aceleram problemas de saúde física. Matam, porque criam ou aceleram problemas de saúde mental. Lamento, mas a verdade é que os velhos têm razão desde o início desta crise: a quarentena é muito pior do que o vírus.
sexta-feira, 1 de maio de 2020
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