terça-feira, 16 de setembro de 2014

O DIREITO HUMANO e SAGRADO de CONTESTAR, RESISTIR, AFRONTAR e de DIZER BASTA a GOVERNOS CORRUPTOS e DESONESTOS...


Por Carlos Amaral

Sinceramente, fico cada vez mais boquiaberto com tanta lamúria nos painéis que faço parte, por toda a internet, com tanta insegurança, com tanto medo, com tanta cópia e partilha asséptica e não-activa, com tanto resmungo de mau humor que nada faz para além de articular que tudo está mal e que irá vir o pior... Enfim, estou cansado de tanta inércia e acefalismo. De facto, não fui talhado para calar-me perante a evidência de que a maioria dos seres humanos tornaram-se autómatos até na sua capacidade de cidadania e de reivindicar um mundo melhor e mais justo!


Caros amigos, leitores e subscritores – como é óbvio, nem sempre pegar em armas para enfrentar o Estado ou os governos produz resultados positivos para os manifestantes. Realmente eu sou contra toda a forma de violência, mesmo quando ela aparenta ser necessária. Acredito, pois, noutras formas de protesto. Por conseguinte, muitas vezes, é mais vantajoso encontrar formas alternativas de protesto, como os ‘empates’ liderados pelo famoso sindicalista acreano Chico Mendes, assassinado em 1988, ou os protestos pacíficos do líder indiano Mahatma Gandhi, que conduziu a sagrada Índia na luta pela independência da Inglaterra. De facto, essas pessoas buscaram métodos para contestar a lei ou o poder estabelecido, causando grandes revoluções sem usar a violência ou disparar um único tiro. Este tipo de manifestação, conhecida como desobediência civil, foi difundida pelo ensaísta norte-americano Henry David Thoreau, que pregou uma forma de oposição política não violenta ao Estado, sem repliques ou agressões. A ideia era e, continua a ser bastante simples, mas eficaz: ao invés de criar tumultos em protestos, propõe que a população deva encontrar formas alternativas de demonstrar a insatisfação, com base no descumprimento da legislação. Esse princípio serviu de inspiração para sucessivas gerações de rebeldes, como a organização ambiental Greenpeace e, até mesmo, para o movimento hippie. Assim, a desobediência civil nada mais é do que um método pacífico de resistência, como fazer piquetes não agressivos nas portas de fábricas, de instalações governamentais, ou não pagar ou recolher determinados tributos considerados injustos – para lesar economicamente o Estado. Foi justamente isso o que fez o próprio Thoreau, na época da guerra contra o México, quando deixou de pagar impostos ao governo norte-americano, pois esse dinheiro era destinado ao aparelhamento do exército nos mais diversos conflitos havidos. Para os homens e mulheres de curta memória, aqui deixo a lembrança que, na prática, isto chegou a ser aplicado na tentativa de derrubar regimes políticos considerados abusivos ou no combate às leis discriminatórias: nos Estados Unidos da América, negros de todo o país foram às ruas para protestar contra a segregação racial, que inclusive tinha amparo legal, seguindo o pastor Martin Luther King. Também, na América do Norte, na década de 1970, muitos grupos contrários à Guerra do Vietname, como o movimento hippie, basearam-se nos princípios de Thoreau para protestar contra o conflicto na Ásia: inúmeros foram os cidadãos que foram às ruas para queimar publicamente as cartas de convocação do exército. No mesmo período, o ex-boxeador Muhamed Ali atirou o seu cinturão de campeão dos pesos pesados no Rio Mississipi, tornando-se um ícone do pacifismo daquela época!

É facto histórico que o principal ícone da desobediência civil sendo aplicada à prática é, sem dúvida, o líder indiano Mahatma Gandhi, que tentou emancipar a Índia e o Paquistão da Inglaterra para melhorar as condições sociais do povo sem que, para isso, fosse necessário pegar em armas ou usar a violência. Ele criou o princípio da doutrina do “satyagraha”, ou a força da verdade, que pregava formas de protesto sem respingues agressivas ou agressões – o que resultava em prisões de manifestantes e muitas surras, já que a força policial britânica não se continha. Essas manifestações fundamentadas na não-violência foram as formas encontradas por Gandhi para protestar contra o domínio britânico. O império britânico tremeu e, por fim, sucumbiu perante tanta UNIÃO e, a independência político-administrativa, foi dada!

De facto concluí há muito tempo, que a desobediência civil, pacífica, mas constante, é necessária e vital para uma sociedade justa. Alego, como todos os que antes de mim defenderam este princípio, que a democracia não é a última melhoria possível dos modos de governo, que um passo adiante em direcção ao reconhecimento e à organização dos direitos do homem é, sim, possível. Por fim, e lembrando, que Estado nenhum será iluminado e livre enquanto não reconhecer o indivíduo como poder maior e independente que a ele (Estado) deu origem. Neste conceito, acredito que, se um governo prende injustamente, os homens justos devem não a ele estar presos. Portanto, um dos pontos capitais deste texto, e que mais destaco, é a necessidade de “não prestarmo-nos ao mal que condenamos”; e parto do princípio de que o homem não precisa fazer tudo que é-lhe possível numa vida, mas precisa fazer sempre algo para melhorá-la. E, se precisa fazer algo, deve ser sempre algo para o BEM!

Em suma, e para terminar, podemos dizer, em termos gerais, que centenas de pessoas estão prontas para criticar alguém que não se move para melhorar as coisas, mas, apenas poucos realmente se movem. Eu sou uma delas, e creio que, comigo, haverá milhões!

E, por último, sabem que mais? Deviam, para cumprir o desiderato de serviço público, partilhar até à exaustão este artigo. Por que não? Chega de preguiça mental e dedal!!!


Sem comentários: