Rija, enquanto durou.
Agora q'amolengou e antes q'a morda a cobra, Vou atá-la c'uma corda Pra ela nã me fugiri. Preciso da sacudiri, Leva tempo pá'cordari Já nem se sabe esticari. Más lenta q'um caracoli, Enrola-se-me no lençoli. Ninguém a tira dali, Já só dá em preguiçari. Nada a faz alevantari E já nã dá com o monti, Nem água bebe na fonti Que bich'é que lhe mordeu? Parece defunta, morreu. Deu-lhe p'ra enjoari, Nem lh'apetece cheirari. Jovem, metia inveja. Com más gás q'uma cerveja, Sempre pronta p'ra brincari. Cu diga a minha Maria, Era de nôte e de dia. Até as mulheres da vila, Marcavam lugar na fila, P'ra eu lha poder mostrari ! Uma moura a trabalhari, Motivo do mê orgulho. Fazia cá um barulho ! Entrava pelos quintais, Inté espantava os animais. Eram duas, três e quatro, Da cozinha até ao quarto E até debaixo da cama. Esta bicha tinha fama. Punha tudo em alvoroço, Desde o mê tempo de moço. A idade nã perdoa, Acabô-se a vida boa ! Depois de tanto caçari, Já merece descansari. Contava já mê avô: "Niuma rata lhe escapou !" É o sangui das gerações. Mas nada de confusões, Pois esta estória aqui escrita, É da minha gata, a Pilita ! |
domingo, 26 de junho de 2016
A PILITA ALENTEJANA
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