segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

UM DOS GRANDES EQUÍVOCOS DAS ESQUERDAS EM NÍVEL MUNDIAL


Minha formação acadêmica sempre foi voltada para o conhecimento jurídico. Vale dizer, não sou um especialista na “ciência” política. Entretanto, tendo a idade que tenho, considerando a leitura diversificada que venho empreendendo de longa data e, principalmente, levando em linha de conta o meu “envolvimento” antigo com o chamado “pensamento de esquerda”, ouso fazer o comentário abaixo, não restrito à realidade brasileira. Julgo, ainda, que ele só é pertinente para os países do chamado “mundo ocidental”.
O crescimento da “direita”, em quase toda a Europa e as Américas, muito se deve aos erros dos governos ligados à “esquerda”, embora muitos não tenham chegado a implementar uma economia verdadeiramente socialista. Vale a pena ressaltar que vários foram os fatores que favoreceram essa “onda conservadora”. Entretanto, aqui nos interessa ressaltar apenas um deles.
Por outro lado, também foram vários os erros da esquerda ao logo destas últimas décadas, mas aqui nos interessa ressaltar também apenas um deles.
Entendo que um dos grandes erros da esquerda, em várias partes do planeta, foi acreditar na possibilidade de um “acordo sadio” com a elite econômica, fazendo concessões e alianças com a burguesia que, por definição, é gananciosa, retrógrada, preconceituosa e conservadora. Vale dizer, a esquerda acabou por negar o que lhe é essencial: a luta de classes (ainda que se entenda apenas como conflito de interesses entre as camadas da sociedade capitalista).
Certo que Karl Marx chegou a sugerir, de forma tópica, parcial e temporária, algumas alianças com a nova burguesia que se insurgia contra o absolutismo dos monarcas e contra a estrutura feudal que já agonizava, na época. Entretanto, segundo os melhores historiadores dos movimentos sociais, o empresariado jamais deixou de atender aos seus interesses de sua classe insurgente. Prestes e o antigo PCB também chegaram a crer neste tipo de aliança ...
Desta forma, acreditando em conciliações espúrias, a esquerda deixou de ser “marxista-leninista” e passou a agir para “melhorar o capitalismo”. A esquerda passou a governar como faria qualquer partido da burguesia tradicional, apenas procurando melhor distribuir a renda social e privilegiar as classes mais necessitadas da população. Lógico que não sabemos se a correlação de forças e as demais condições objetivas permitiriam que os governos de esquerdas pudessem fazer muito diferente ...
Sob certo aspecto, foi uma melhoria para os mais pobres, mas sob outro aspecto, foi um atraso para o desejável avanço das lutas sociais. Melhorar o capitalismo – ou melhor, torná-lo menos ruim - é prejudicar o caminhar em prol do verdadeiro socialismo.
Pode ter sido oportunismo. Pode ter sido ingenuidade. Pode até ser que os governos de esquerda não tivessem condições políticas para fazer diferente, como salientamos acima. Não importa, talvez fosse melhor que tais governos de esquerda fossem tirados autoritariamente do poder do que restassem desmoralizados ou desprestigiados.
Em outras palavras, não adianta chegar ao poder com alianças que desfiguram e descaracterizam os movimentos de esquerda.
Nesta perspectiva de desmoralização da esquerda mundial, talvez fosse até melhor o chamado “quanto pior melhor”. Ao menos cairia a máscara dos governos fascistas e estaria potencializada a “luta de classes”, condição necessária a uma real transformação social, condição necessária, mas não única, para a criação de um novo modelo de sociedade, de uma sociedade mais justa, fraterna e democrática.
Em suma, os governos ditos de esquerda acabaram por desmoralizar o correto pensamento de Marx, Engels, Lenin e tantos outros que o aperfeiçoaram e completaram. Hoje, ser de esquerda passou a ser sinônimo de incompetência, autoritarismo e corrupção.
A esquerda não poderia ter sido igual aos outros partidos políticos tradicionais, até porque era tudo o que desejava essa mídia empresarial e comprometida com o grande capital.
Agora, o que nos resta? Acho que, a curto prazo, nos resta muito pouco. Talvez um pouco de “romantismo” e saudosismo.
Entretanto, como tudo evolui dialeticamente, através das forças contrárias, as gerações futuras podem vir a ter gratas surpresas e manter acesa a indispensável utopia de um mundo melhor. Certamente, isto vai exigir conhecimento, estudo, inconformismo, rebeldia e muita luta social. Para isso, as novas gerações precisam conhecer a história das lutas pela emancipação das classe oprimidas.
Por causa destas espúrias alianças das esquerdas com o poder econômico mundial, ao menos, três gerações não poderão assistir à realização de seus sonhos: viver numa sociedade onde não haja explorados e exploradores, uma sociedade onde a competição seja substituída pela colaboração, onde o egoísmo seja substituído pela solidariedade. Enfim, uma sociedade onde o homem, e não o mercado, seja o centro e a razão de tudo.

Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito da Uerj


" Hoje sei como se mede a verdadeira idade :
vamos ficando velhos quando não fazemos
novos amigos . Estamos morrendo a partir
do momento que não nos apaixonamos ."


Mia Couto

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018




ESTÁ TERMINANDO UM DOS ANOS MAIS TRÁGICOS DA MINHA VIDA. TEMO QUE O PRÓXIMO ANO SEJA AINDA PIOR.

O fato mais traumático que vivenciei, em toda a minha existência, foi a morte prematura da minha filha Eliete. Esta tragédia ocorreu no ano de 2014 e ainda não me recuperei desta irreparável perda ...

Revendo o meu passado, acho que posso afirmar que este ano de 2019, que ora se finda, foi o segundo ano mais danoso que vivi. Não vou aqui elencar as grandes decepções e perdas que me amarguraram no curso deste período. Vou ser mais genérico e sucinto.

Durante este ano de 2019, perplexo e atônito, assisti à derrocada de quase todos os valores pelos quais sempre pugnei. Foram décadas pregando a solidariedade e fraternidade, tudo no âmbito de uma sociedade mais justa, menos desigual, onde todos pudessem ter uma vida digna.

Lutamos contra o individualismo, a ganância, os preconceitos, a competição como fundamento de uma sociedade consumista (e vários outros aspectos negativos deste modelo de sociedade).

Entretanto, não posso deixar de consignar uma situação específica, qual seja, a injusta prisão do maior líder popular de toda a história de nosso país. Este absurdo jurídico, na minha opinião, maculou toda a trajetória do nosso sistema de justiça criminal. Esta prisão apequenou e apequena o nosso sistema de justiça criminal.

Agora, sou obrigado a reconhecer: perdemos, ainda que parcialmente e temporariamente. Eu perdi e acho que não tenho tempo de vida suficiente para ver surgir um verdadeiro socialismo democrático em nosso país...

Perdemos, porque a sociedade está submetida a um nefasto e longo obscurantismo. As pessoas estão ficando “infantilizadas” e a conjugação da ignorância com o fanatismo religioso transformou o nosso povo em “massa de manobra” de grupos empresariais que manipulam as redes sociais.

Não tenho mais dúvida de que vou deixar este mundo muito pior do que ele era quando, por uma incrível coincidência biológica, eu aqui nasci. Aqui vivi 68 anos e agora tenho de reconhecer que a “direita autoritária” chegou ao poder e, o que é pior, as pessoas elegeram para presidente um antigo militar que disse, pública e reiteradamente, que era favorável à tortura de seres humanos e ao extermínio de seus adversários ideológicos. Na verdade, todos perderam ou vão perder...

Perdemos, sim, para a truculência, para o ódio e para a ignorância. Entretanto, digo que detestaria estar no lugar dos que nos venceram, conforme célebre frase do grande Darci Ribeiro. Que falta está fazendo este grande escritor, político, acadêmico e intelectual inconformado !!!

De uma forma geral, o mundo está ficando muito pior. Quanto mais as pessoas se apegam às várias religiões, mais perversas e ignorantes elas se tornam. A ciência também está perdendo para as crendices. Invertendo a lógica das coisas, os “fiéis” se utilizam das suas religiões para disseminar os valores que, com elas, são incompatíveis. Não estamos mais na era da razão humana e, sim, na era da “confusão tecnológica”. A lógica está fora de moda !!!

Vejam a matéria cujo link coloco abaixo, publicada no site “The Intercept, Brasil”. Deprimente e nos cria um verdadeiro desassossego.

Não sei se conseguirei viver em um país governado pela extrema direita. Não sei se conseguirei permanecer “vivo entre tantos mortos”, como diz a bela música cantada pelo camarada argentino Victor Heredia, que tantas vezes coloquei aqui.

Vamos resistir. A cultura, o conhecimento, o companheirismo e a generosidade não podem perecer. Vamos resistir sem medo e sem perder a ternura jamais (Che).

Afranio Silva Jardim, ainda, professor associado de Direito da Uerj.

https://theintercept.com/…/benjamin-harnwell-socio-steve-b…/






Sobre este site

THEINTERCEPT.COM

Conversamos com o sócio de Steve Bannon

Escola na Itália quer guinar o mundo à direita.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018



Eu já te amava pelas fotografias.

Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos,
Pelo teu olhar vago e incerto
Como o dos que não pararam no riso e na alegria.


Te amava por todos os teus complexos de derrota,
Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas
E até pela indecisão dos teus gestos sem pressa.

Te falei um dia fora da fotografia
Te amei com a mesma ternura
Que há num carinho rodeado de silêncio
E não sentiste quantas vezes
Minhas mãos usaram meu pensamento,
Afagando teus cabelos num êxtase imenso.

E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar
Toda uma existência trabalhada pela força e pela angústia
Que a verdade da vida sempre pede
E que interminavelmente tens que dar!...

--- Adalgisa Nery, ''Escultura''




Mas quanta honra eu tenho por , de vez em quando , "tropeçar" em Gente e Textos assim . . . fico de alma cheia ! Obrigado , professor Afrânio .





ACABO DE RECEBER MEU PRESENTE DE NATAL !!!

Amilton Bueno de Carvalho, escritor, jurista, pensador, magistrado, grande e velho amigo, me fez recordar memoráveis momentos que vivemos juntos. Recordei, ainda, do amigo comum: James Tubenchlak.. Foi ele quem nos apresentou e se despediu de todos nós prematuramente...
O texto que, com orgulho e vaidade, reproduzo abaixo, me comoveu e me marcou de forma muito significativa.
Amilton muito me influenciou em minha formação política e jurídica. Preciso estar com ele ainda este ano ... Amilton sempre foi de uma ética e uma dignidade a toda prova. Grande figura humana !!!

- Afranio Silva Jardim, o amigo do grande Amilton.


Texto que o Amilton publicou hoje, no facebook dele.

“Para Afranio Silva Jardim.
Amigo, precioso amigo, querido amigo – amigo!
É bem verdade que faz algum tempo que não nos encontramos. Ao que lembro a última vez que nos vimos faz, sei lá, uns oito anos, na Escola da Defensoria Pública do Rio. Lá palestramos eu e o grande Geraldo Prado, a convite da amiga Cláudia Thedin. A fala já tinha iniciado quando chegaste para nos assistir.
Mas isso amigo, o tempo distante de presença física, não quer dizer muita coisa – sempre estivemos próximos pela forte ligação afetiva que nos une: o tempo não conta para os afetos.
Somos amigos desde muito. Amizade que alcança nossos filhos. Nossos amigos em comum. Amizade forte. Parceria na luta em favor dos esgualepados. Irmãos de utopia.
Palestramos juntos muitas vezes no Rio – faculdades, eventos. Palestramos juntos em vários Estados. Para minha honra, prefaciaste um de meus livros. Para minha honra, em um de teus livros deixaste marcada a importância que tive na tua escritura. Para minha honra, sempre pude gritar que tenho a ti como uma das pessoas mais íntegras que conheci.
Andamos passeando por praias do nordeste – a primeira vez que recebi advertência por jogar bagana de cigarro na praia veio de ti. A única vez assisti espetáculo de rock pesado foi por tuas mãos na Floresta Urbana no Rio. Muitas vezes ficamos jogando papo até alta madrugada em bares. Através de convite teu ministrei aula para alunos teus na UERJ quando minha Gabinha era criança e estava presente na sala - interrompeu a fala porque queria ir ao banheiro. Contigo palestrei para promotores na região dos Lagos. Juntos estivemos em Curitiba, Vitória, Gramado, Belo Horizonte, Porto Seguro, Maceió, São Paulo. Sei mais lá onde ...
Mas o que de fato nos ligou? Não tenho dúvida meu irmão – foi a nossa forte postura ideológica comprometida com os espoliados de sempre. Jamais nos entregamos a favores fáceis do poder. Sempre mantivemos independência geradora de mal-estar nos servis de sempre.
Sempre fomos de esquerda – eu um pouco mais anárquico, tu um pouco mais ortodoxo. Nossa produção sempre teve o mesmo norte: compromisso com a vida digna de todos e para todos, compromisso com a vida e não com a morte, compromisso com forte postura ética – nos atacaram pelas nossas posições, por nossa ‘estética’, mas jamais por nossa atuação profissional.
Na suma: a radicalidade democrática é o que nos fez viver e muitas vezes sofrer porque a damas do poder – esquizofrênico como sempre – sempre estavam à espreita na esperança de que fossemos como elas para, assim, nos atacar.
Procuramos fazer do direito uma trincheira, um local de luta, uma espécie de guerrilha, um espaço em que pudéssemos servir aos débeis e tentar conter a fúria do poder. Sonhamos com justiça – não aquela que diz ser neutra, mas a comprometida com a maioria da população.
Sei lá, amigo, se conseguimos algumas vitórias, mas o certo é que fomos e somos o que somos porque não conseguimos ser diferentes do que somos. Lutamos e continuaremos lutando porque, repito, não logramos ser diferentes.
Por isso, meu irmão, meu querido irmão, ao saber que abandonarás o direito, tenho certeza que jamais te afastarás da luta que sonha com sociedade decente, digna, igualitária, democrática, libertária, fraterna. Outros locais encontrarás para manteres acesa a utópica que tanto nos anima. Eu continuarei no direito, nada sei fazer além disso, nada.
Amigo, nós continuaremos resistindo, seja onde for – somos o que somos e além de não conseguirmos ser diferentes, não queremos ser diferentes, não suportamos ser diferentes. A luta, irmão, continua e continuaremos juntos.
Receba um beijo neste fim de ano de tanto asco ao vermos que o rebanho chegou a Roma.

amilton
Natal de 2018”

domingo, 23 de dezembro de 2018



Enquanto eu trabalhava no Rio de Janeiro, Laura se divertia... foram muitas as vezes que ela me disse “Esse teu trabalho é muito divertido, mamãe”.

#ManuEm2018 #MemóriasDaCampanha

Foto: Cris Ely





Quando um Homem Quiser

Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'






Até fins dos 1800, os festejos do Natal no Brasil eram feitos pelos Santos Reis. Nossa elite deslumbrada trouxe da França costumes de um natal com neve (lá é inverno, aqui é verão). Além disso, aos poucos, o verdadeiro sentido do renascimento do Cristo em nós, da renovação dos sonhos foi trocado por um consumo desenfreado onde se reverencia o novo deus do mundo: o dinheiro. Nada contra o Papai Noel, mas tudo contra o que ele tem representado em nossas vidas. Que o encontro seja dentro de nós. Feliz Natal!


sábado, 22 de dezembro de 2018



É PROIBIDO ESQUECER. VALE A PENA OUVIR NOVAMENTE. ISTO NOS ESTIMULA A CONTINUAR NA LUTA.

Fidel Castro foi o homem que mais admirei em minha vida.


Após lerem o livro "Fidel Castro, Biografia a Duas Vozes" do intelectual francês Ignacio Ramonet, vocês compreenderão esta minha confissão (obra que se encontra do site Estante Virtual).

https://www.youtube.com/watch?v=sFiarA-kMWs&t=19s



Neil Young – Fork in the Road

Fork in the Road es el trigésimo primer álbum de estudio del músico canadiense Neil Young, publicado por la compañía discográfica Reprise Records en abril de 2009.

Las canciones del álbum están inspiradas en el automóvil Lincoln 1959 de Young, que fue reconvertido para usar energías alternativas como combustible, y tiene como trasfondo principal el proyecto Lincvolt, en el que Young ha trabajado junto al mecánico Jonathan Goodwin. Un documental producido por Larry Johnson seguirá a la publicación de Fork in the Road en el viaje del híbrido hasta Washington, DC con el fin de presentarlo en sociedad como modelo alternativo al uso de los automóviles habituales. Sin embargo, el músico perdió el coche, además de archivos e instrumentos musicales por valor de 850 000 dólares, en un incendio que asoló un almacén de su propiedad en 2010. A pesar de los daños que sufrió el vehículo y de la muerte a comienzos de 2010 de su compañero Johnson, Young volvió a restaurar el coche.


La canción "Fork in the Road" fue nominada al Grammy a la mejor interpretación vocal de rock solista en la 52ª edición de los premios.

https://www.youtube.com/watch?v=xogiUUMy_RU

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018



Sabes …


Ele há dentro de mim
Uma ostra fechada
Uma ave marinha
Voando por dentro.


Ele há em mim
Uma cascata de água fria
Um mar imensamente ancorado.
Água e espuma
Um poema por nascer
Um sol do sul
No quente que há no peito.

… Ele há em mim
Um murmúrio sonolento de brisa
Um orvalho mágico a correr nas veias
Um mar afogueado com guelras
No cantar imperfeito de um búzio…

Um céu azul na distância
Um amor branco a velejar
Um vento levante vindo de sudeste
Uma maré forte
A bater na falésia dos sonhos.

Ele há dentro de mim e dentro de ti
Uma lágrima de sal a marulhar
Uma lua desmesurada
E um perfume a maresia lasso…

Um barco à deriva
Um queixume brando e doce
Uma voz de sereia
A ecoar nas águas mansas do sul.

Telma Estêvão




quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

“Estou me retirando deste mundo falso e hipócrita”: o desabafo do jurista Afrânio Silva Jardim depois da decisão de Toffoli




Afrânio Silva Jardim

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO FACEBOOK DO AUTOR.

A MINHA DECEPÇÃO E DESGOSTO É MUITO GRANDE. COMO LECIONAR DIREITO COM UM SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO ESTE ? ESTOU ME RETIRANDO DESTE “MUNDO” FALSO E HIPÓCRITA.

APÓS QUASE 39 ANOS LECIONANDO DIREITO PROCESSUAL PENAL E 31 ANOS ATUANDO NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO E.R.J., DIANTE DA NOTÓRIA PERSEGUIÇÃO DO NOSSO SISTEMA DE JUSTIÇA CONTRA O EX-PRESIDENTE LULA, CONFESSO E DECIDO:

1) Não mais acredito no Direito como forma de regulação justa das relações sociais.


2) Não mais acredito em nosso Poder Judiciário e em nosso Ministério Público, instituições corporativas e dominadas por membros conservadores e reacionários.

3) Não vejo mais sentido em continuar ensinando Direito, quando os nossos tribunais fazem o que querem, decidem como gostariam que a regra jurídica dissesse e não como ela efetivamente diz.

4) Não consigo conviver em um ambiente tão falso e hipócrita. Odeio o ambiente que reina no fórum e nos tribunais. Muitos são homens excessivamente vaidosos e que não se interessam pelo sofrimento alheio. O “carreirismo” talvez seja a regra. Não é difícil encontrar, neste meio judicial, muito individualismo e mediocridades.

5) Desta forma, devo me retirar do “mundo jurídico”, motivo pelo qual tomei a decisão de requerer a minha aposentadoria como professor associado da Uerj. Tal aposentadoria deve se consumar em meados do ano que se avizinha, pois temos de ultrapassar a necessária burocracia.

6) Vou procurar outra “trincheira” para uma luta mais eficaz em prol de um outro modelo de sociedade. A luta por vida digna para todos é perene, pelo menos para mim.

7) Confesso que esta minha decisão decorre muito do que se tornou o Supremo Tribunal Federal e o “meu” Ministério Público, todos contaminados pelo equivocado e ingênuo punitivismo, incentivado por uma mídia empresarial, despreparada e vingativa.
Com tristeza, tenho de reconhecer que nada mais me encanta nesta área.

8) Acho que está faltando honradez, altivez, cultura, coragem e honestidade intelectual em nosso sistema de justiça criminal.

9) Casa vez menos acredito no ser humano e não desejo conviver com certas “molecagens” que estão ocorrendo em nosso cenário político e jurídico.

10) Pretendo passar o resto de meus dias, curtir a minha velhice em um local mais sadio…

Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito Processual Penal da Uerj. Mestre e Livre-Docente em Direito Processual Penal pela Uerj. Procurador de Justiça (aposentado) do Ministério Público do E.R.J.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Eu Sou


"...sou todos os fios que juntei
todos os laços que teci
todos os nós que desatei...
sou todas as músicas que ouvi
todos os versos que escrevi
todas as palavras que cantei...
Sou todos os ventos que passaram por mim
todas as mãos que entrelacei
todos os amores que amei...
Sou todos os fios que emaranhei...
todos os caminhos por onde andei
todas as marcas que deixei...
sou todos os abraços que recebi... e dei
todos os afagos e beijos que por aí deixei
todos os colos que neguei...
todas as lágrimas que enxuguei
todas as lágrimas que causei
todas as gargalhadas que dei
todos os risos que ouvi...
sou o caminho que sigo
sou a que caminha
sou todas as que passaram por mim
sou todas as que virão depois de mim...
e todas as que já se foram daqui...
aprendendo por essa trilha que se chama vida...
Estou por aqui...sendo... aprendendo...vivendo...
Estamos aqui...
Somos aqui..."


Carmem Khardana




segunda-feira, 17 de dezembro de 2018


Esta publicação desrespeitou os Padrões da Comunidade Facebook sobre discurso que incentiva o ódio e por isso mais ninguém a pode ver .

. . . a minha alma está parva ! ! !

FUMAR faz bem ao Ambiente . . . mata os homens !

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018


Permite-me…

Trepo na doçura ardente do silêncio
E vou abraçando o que me inunda.

Presa na beleza imutável
Da tua linguagem humedecida
Espalho sonhos na minha cabeça por instantes…

Permite-me imaginar-te luz
Desfolhar-te com as minhas pálpebras nuas
Fechar os olhos, ver cores primitivas
Incendiada, transparente abraçar-te
Cheia de belas imagens …

Envolto no íntimo rumor
Das minhas palavras perfumadas
Consente que pouse
O meu corpo esculpido
De desejo e movimento
No caminho das tuas mãos maduras.

Telma Estêvão




terça-feira, 11 de dezembro de 2018


POEMA AOS HOMENS CONSTIPADOS


«Três aspirinas, creme na pele Grito de medo, chamo a mulher. Ai Lurdes que vou morrer. Mede-me a febre, olha-me a goela, Cala os miúdos, fecha a janela, Não quero canja, nem a salada...»



Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.

Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.

Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.


De: António Lobo Antunes
(Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Bacalhau com batatas a murro





Ingredientes para o Bacalhau:

02 Postas de Bacalhau
03 dentes de alho picado
50 ml de Azeite

01 folha de louro
Tomilho fresco a gosto
01 colheres de café bem cheia de Colorau

Pimenta do reino a gosto
Salsa picada a gosto
Azeitonas Pretas a gosto

P.S – Se for fazer mais postas vá aumentando os ingredientes propocionalmente. mas cuidado com o colorau.

Modo de Preparo:

Dessalgar o bacalhau em água gelada por 48 horas na geladeira trocando a água duas a três vezes ao dia.

Ferva água numa panela, quando a água ferver coloque as postas de bacalhau tampe a panela, apague o fogo e deixe por 08 minutos. Retire,com cuidado e jogue água fria para interromper o cozimento.

Faça uma mistura com o azeite, o tomilho, o alho picado, o louro e colorau. Espalhe por cima das postas de bacalhau e leve ao forno alto, na parte de cima, apenas para dourar as postas. Retire e espalhe o Alecrim por cima.

Ingredientes para a Batata ao Murro:

Batatas pequenas (quantidade de sua preferêrencia)
50 ml de azeite
06 dentes de alho picados

01 colher de café bem cheia de colorau
Alecrim a gosto
Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de preparo das batatas:

Lave bem as batatas e cozinhe com as casca até ficarem ao dente (não cozinhe demais), depois de cozidas escorra em água fria para interromper o cozimento. Dê um ligeiro e leve murro de maneira que elas apenas abram.

Numa frigideira grande, coloque o azeite e refogue o alho picado. Junte o colorau e mexa bem para dilui-lo no azeite, coloque as batatas misturando bem, mas com cuidado para não desmancha-las. Tempere com sal e pimenta do reino. Prove e corrija o sal. Deixe até ficarem douradas sempre mexendo com cuidado para que o tempero se espalhe por toda batata.

domingo, 25 de novembro de 2018



EXTREMADAS PAIXÕES

O tempo passa a idade avança
Conserva-se a fé e a esperança
Perde-se o orgulho e a vaidade
Numa vida vazia de felicidade


E acompanhados pela solidão
Na triste demanda da tradição
Um povo que julga sem saber
E em censura só diz por dizer

Mantem-se imagem e fachada
O triste destino cheio de nada
Onde seu amor nunca singrou
Por quem o seu espirito lutou

Num instante de pura revolta
Pela frescura que já não volta
E já com a débil alma perdida
Surge aquela paixão proibida

Arrebatados são seus carinhos
Apertados abraços e beijinhos
E revivem-se os dias sonhados
De doces desejos apaixonados

Então volta a vontade de viver
Ainda há tempo de belo prazer
O pensamento só tem um fado
Na direcção do coração amado

A saudosa emoção permanece
O jeito de amar nunca esquece
Porque os resistentes corações
Preservam extremadas Paixões

By Dom

Extractos de "Escritos da vida"
http://escritos-da-vida1.webnode.pt/

https://www.facebook.com/Poesia.Dom/
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dos créditos ao autor. "


Chanfana à Senhor da Serra





INGREDIENTES

1,5 kg de carne de cabra nova ;
150 gr de toucinho fumado ;
120 gr de banha ;
10 dentes de alho ;
2 colheres (sopa) de azeite ;
Salsa ;
Louro ;
Sal ;
Pimenta ;
0,5 dl de vinho tinto ;
2 dl de água.

PREPARAÇÃO

Depois de limpa, corta-se a carne aos bocados, deita-se num tacho
de barro preto, tempera-se com os dentes de alho esmagados mas com a casca, a banha, o azeite, a salsa, o louro, o vinho, a água e o toucinho já cortado às tiras.
Deixa-se assim, de um dia para o outro.
A seguir assa-se no forno até à carne estar tenra.
Servir com batatas cozidas.

sábado, 24 de novembro de 2018


Álvaro Cunhal em Setúbal

17 DE NOVEMBRO DE 2018 - MANUEL AUGUSTO ARAUJO - SETÚBAL

Em Setúbal, na avenida Álvaro Cunhal a autarquia fez uma obra de requalificação para melhorar substancialmente as condições de circulação pedonal e de velocípedes e homenagear essa figura rara da história de Portugal pela sua dimensão de político e intelectual.

Fotografia Pedro Soares




Concretizou-se a homenagem recorrendo aos desenhos executados na prisão por Álvaro Cunhal colocados em painéis verticais na placa divisória central. O primeiro impacto ao olhar para cada uma das reproduções é verificar a resistência à alteração de escala. Nas grandes ampliações a que naturalmente foram sujeitos os originais, folhas de papel de dimensões aproximadas de 25 por 40 centímetros para reproduções com mais de dois metros, não se perde nenhum dos valores plásticos dos desenhos seleccionados o que evidencia a sua qualidade, o rigor do traço e das subtilezas das modelagens dos cinzentos todos feitos com lápis de grafite ou carvão com a mesma dureza. As alterações de escala, sobretudo as com um índice desse teor, podem ter efeitos desastrosos por perca dos pormenores ou por tornarem os pormenores grosseiros. Aqui o resultado é como se os desenhos tivessem sido feitos para se fixarem naquela dimensão final o que demonstra a desenvoltura e a segurança do traço do autor.

A selecção dos desenhos foi feita a partir das duas séries conhecidas, uma feita na Penitenciária e outra no Forte de Peniche. É necessário sublinhar que esses desenhos são feitos em condições inenarráveis que condicionam a sua feitura, transformam a folha de papel branco numa janela da liberdade de que Álvaro Cunhal estava violentamente subtraído para aí, no tempo suspenso que estava a viver, inscrever a imaginação de memórias vividas e inventadas a partir da realidade. Há grandes diferenças entre as duas séries de desenhos condicionadas pela luz que iluminava o papel. Na primeira série, feita sob luz artificial invariável, não existem grandes contrastes na vasta gama de cinzentos o que surge na segunda, feita no ciclo normal da luz do dia, em que se verifica uma gradação do negro ao branco. Em todos nunca se sente a presença de traço rápido. Constroem-se com lentidão serena e intensa.

Os desenhos de Álvaro Cunhal são narrativas em que o protagonista é colectivo, é o povo. O povo a trabalhar, a lutar, a sofrer, o povo a enfrentar as suas misérias mas também a viver alegrias, festas, danças. Sempre o povo mesmo quando as personagens são individualizadas em raras figuras isoladas que são colocadas em diálogo connosco pelo autor que lhes insufla a ternura firme que é a sua. As movimentações dos protagonistas em espaços abertos, só em dois desenhos há referências ao território, num deles uma torre uma provável referência ao Forte de Peniche, remetem-nos para o Trecentto italiano e para Giotto. A fortíssima dinâmica que imprime aos movimentos dos personagens a Pietr Brueghel, o Velho, recuperados para um contexto neo-realista onde são evidentes as influências de Portinari, dos muralistas mexicanos, sobretudo Orozco e Siqueiros, em que frequentemente o ponto de vista do pintor por vezes é elevado e colocado no meio da acção. As anatomias dos protagonistas e dos instrumentos de trabalho são alteradas, exageradas para sublinhar emocionalmente a história que está a ser registada e contada e que é tão forte que todos os desenhos dispensam títulos antecipando o que Álvaro Cunhal escreverá em A Arte, o Artista e a Sociedade: “o significado social não precisa de ser explicitado para ser suficientemente expressivo”. No caso é tão expressivo que dispensa rótulos.

Estes desenhos remetem-nos para outra questão: que artista teria sido Álvaro Cunhal se “o absorvente empenhamento noutra direcção de actividade” como refere no prefácio ao ensaio referido não tivesse adiado até tornar inviável o “aprofundamento ulterior do estudo que acompanhasse a evolução das ideias e das obras de arte no quadro das realidades sociais no mundo em mudança (…) Por razões óbvias o que não foi possível já não o será. Entretanto se o projecto ficou adormecido, nunca o ficou a reflexão.” Também nunca terá deixado de desenhar e pintar mas também aqui sem ter tempo nem espaço para aprofundar e evoluir esteticamente o que se anunciava nos desenhos editados. Em paralelo com as suas reflexões sobre a arte e a sociedade devemos interrogar qual poderia teria sido a sua contribuição para a evolução das artes em Portugal mesmo sem o impacto do seu pensamento político e ideológico que corre mundo e o coloca na primeira linha dos pensadores e revolucionários marxistas-leninistas de sempre. “O que não foi possível já não o será” mas deixa-nos o imenso prazer de ver e rever os seus desenhos, agora revelados em grandes formatos, a evidenciarem a qualidade de um artista que nunca se afirmou enquanto artista por nunca, por opção política militante, desenhar e pintar numa sequência normal de trabalho com uma perspectiva de evolução. O que fica e é inapagável é a sua ímpar dimensão de político e intelectual que continua e continuará a ser uma fonte inesgotável de ensinamentos e de estudo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A pobreza da riqueza


Por Cristóvam Buarque

"Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.

Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.

No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.

Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.

Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.

A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.

Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.

Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.

Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.

Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".



Clique a seguir para ler outra matéria de Cristóvam Buarque - Internacionalização da Amazônia

Os (5) sentidos

Sinto (te) o cheiro
Pelas ruas pisadas
E pedras por inteiro
Olhares tão perdidos
E palavras embutidas
Em paredes escorridas
Sinto (te) o sabor
Nos beijos inventados
E nos gestos em flor
Com portas fechadas
Com janelas abertas
E bocas descobertas
Sinto (te) o tacto
De mãos frias e suadas
No olhar e no impacto
Na pele lisa e macia
E na tua prosa poesia
Sinto (te) na voz
Num timbre rouco
Numa expressão feroz
O cântico ensurdecedor
Que o coração algema
Ao segredar um poema
Sinto (te) o olhar
Tão vago e distante
Nas noites a espreitar
Como segredo estonteante
De quem fala com a mente
Num corpo que consente.

AC............... Alice Coelho

© All Rights Reserve



quinta-feira, 1 de novembro de 2018

domingo, 21 de outubro de 2018






Dores….!!

Poema inédito de Alice Coelho

Há dores sem lágrimas
Tempestades sem ventos
Nas palavras sinónimas
Os sentires sem lamentos
Há gargalhadas cretinas
Silêncios em tuas melodias
Ao toque de concertinas
No declamar de poesias
Há segredos sem pecados
Numa sã e alegre sintonia
Amantes bem embrulhados
De dia e à noite pornografia
Há dores sem lágrimas
Convertidas
Assumidas
Sem adeus nem despedidas

A batata-doce é a chave para o fim da gastrite refluxo azia e até mesmo úlceras

Provavelmente já conheceu pessoas com gastrite, refluxo, azia ou úlceras, certo? São diagnósticos muito incómodos que podem prejudicar muitas pessoas até ao resto das suas vidas.

Mas foi descoberto um ingrediente capaz de eliminar todos esses problemas estomacais e intestinais.

E tudo de uma maneira muito fácil.

Isso mesmo, a batata-doce junto com 600 ml de água filtrada são capazes de curar estes distúrbios.

Modo de preparação

Deve descascar a batata e colocá-la com um pouco de água numa tigela, apenas para não escurecer.
Depois, coloque a batata e os 600 ml de água num liquidificador e com um pano, coe a mistura.
O resultado está abaixo, a parte escura é o líquido e a parte branca é o polvilho.

Depois, deite o líquido fora e fique apenas com o polvilho.
Coloque o que sobrou numa zona seca, para secar.

Quando tudo secar, dissolva uma colher do polvilho de batata-doce em 200 ml de água e mexa bastante.
Agora é só beber!

Mas lembre-se de tomar um copo em jejum, um antes do almoço e outro antes de jantar.
O resultado não vai demorar, e vai eliminar alguns problemas estomacais, como os que já foram citados.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Earth Song - Animal Cruelty



Por Boaventura de Sousa Santos

"Sei que muitos não poderão recomendar o voto em Haddad, tal é o seu ódio ao PT. Basta que digam: não votem em Bolsonaro.

Imagino e espero que isso seja dito publicamente e muitas vezes por alguém que em tempos foi um grande amigo meu, Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil e, antes disso, um grande sociólogo e doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, de quem eu fiz o elogio. Todos e todas (as mulheres não vão ter nos próximos tempos um papel mais decisivo para as suas vidas e a de todos os brasileiros) devem envolver-se activamente e porta-a-porta.


E é bom que tenham em mente duas coisas. Primeiro, o fascismo de massas nunca foi feito de massas fascistas, mas sim de minorias fascistas bem organizadas que souberam capitalizar nas aspirações legítimas dos cidadãos comuns a viverem com um emprego digno e em segurança. Segundo, ao ponto que chegámos, para assegurar uma certo regresso à normalidade democrática não basta que Haddad ganhe, tem de ganhar por uma margem folgada."


JORNALISTASLIVRES.ORG

Democratas brasileiros, uni-vos! | Jornalistas Livres
Por Boaventura de Sousa Santos A democracia brasileira está à beira do abismo. O golpe institucional que se iniciou com o impeachment da Presidente Dilma e prosseguiu com a injusta prisão do ex-presidente Lula da Silva está quase consumado. A consumação do golpe significa hoje algo muito difer...

segunda-feira, 1 de outubro de 2018


O bailarino Tetsuya Kumakawa, a maior estrela do Royal Ballet do Japão, foi considerado agora o maior bailarino do mundo. Superou, inclusive, os melhores russos. É impressionante a perfeição dos passos, realçada pela leveza e sincronia dos movimentos.


ALEMANHA
Polícia alemã prende extremistas de direita

Seis suspeitos de fundar grupo terrorista de extrema direita teriam atacado estrangeiros e planejariam atentado. Gangue atuava na área de Chemnitz, cidade que foi palco de onda de protestos anti-imigrantes em agosto.





Protesto de extrema direita em Chemnitz


Uma megaoperação da polícia alemã prendeu nesta segunda-feira (01/10) seis homens suspeitos de fundar um grupo de radicais de extrema direita que participaram de um ataque contra estrangeiros na cidade de Chemnitz, no leste da Alemanha.

Os cidadãos alemães, com idade entre 20 e 31 anos, foram detidos por suspeita de formarem um grupo terrorista chamado "Revolução Chemnitz", com o objetivo de subverter o Estado democrático.

"Para este fim, eles planejavam lançar ataques violentos e armados contra estrangeiros e pessoas que tivessem visões políticas diferentes das deles”, afirmou a Procuradoria-Geral da Alemanha, sediada em Karlsruhe, através de nota. A célula também tentou obter armas de fogo.

Segundo os procuradores, os alvos incluíam representantes de diferentes partidos políticos, assim como representantes da sociedade civil.

As autoridades alemãs não afirmaram se os suspeitos estiveram envolvidos na organização da onda de protestos xenófobos registrada em Chemnitz no final de agosto, após a morte por esfaqueamento de um homem, supostamente vítima de um ataque realizado por um requerente de refúgio.

Mas os promotores informaram que em 14 de setembro pelo menos cinco dos suspeitos "armados com garrafas de vidro, luvas com soqueira e aparelhos de eletrochoque, atacaram e feriram vários residentes estrangeiros" em Chemnitz, pouco depois de uma manifestação do movimento populista de direita Pro Chemnitz.

"As investigações mostram que a agressão era um teste para um ataque marcado para 3 de outubro de 2018", disseram os promotores, referindo-se ao Dia da Unidade da Alemanha, comemorado na quarta-feira.

O que exatamente era planejado para o dia ainda continua sendo objeto de investigação.

Os cinco presos nesta segunda-feira são tidos como membros da liderança de gangues neonazistas, de holligans e skinheads de Chemnitz, tendo sido identificados como Sten E. e Hardy Christopher W., de 28 anos; Martin H., de 20 anos; Sven W., de 27 anos; Marcel W. e Tom W, de 30 anos.

Um outro suspeito, tido como um dos líderes do grupo, Christian K., de 31 anos, já estava preso desde em 14 de setembro, acusado por desordem pública.

Mais de 100 policiais foram mobilizados para realizar buscas em apartamentos e outros locais.

A semana de protestos xenófobos de agosto em Chemnitz chocou profundamente a Alemanha e levou a chanceler Angela Merkel a exortar os alemães a se levantarem contra a direita.

Merkel deve visitar Chemnitz em novembro, mas pode enfrentar uma recepção fria, já que há uma profunda frustração entre setores da população na região por causa de sua política liberal de migração, que permitiu a chegada à Alemanha de mais de um milhão de refugiados desde 2015.

MD/dpa/afp

sábado, 29 de setembro de 2018



DOCES FANTASIAS

Aproveitar esta onda de calma
Pra saciar a sede da minha alma
Nos seus ternos lábios me afogar
E a minha voracidade alimentar


Percorrer os relevos da sua pele
Absorver o que o êxtase expele
E nesses deleites derramados
Realizar os desejos sonhados

Experimentar seu peito quente
E quando a beijo sofregamente
Ouvir seus gemidos abafados
Ficar com os lençois colados

Sentir nossos corpos suados
Dos belos momentos gozados
Desfrutar o íntimo do prazer
E nessa aprazível paixão viver

Vem e faz-me enlouquecer
Ao beber o amor do meu ser
Tirar provento destas alegrias
E usufruir de doces fantasias

By Dom

Extractos de "Escritos da vida"
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quinta-feira, 27 de setembro de 2018


Passeata dos Cem Mil
26 de Junho de 1968 - Centro do Rio de Janeiro

Marchavam de braços dados: Chico Buarque, Itala Nandi, Edu Lobo, Nana Caymmi, Norma Bengel, Marieta Severo, Odete Lara, Antônio Pedro, Jaguar, Dias Gomes, Vinícius de Moraes, Glauber Rocha, Djanira, Carlos Scliar, Leandro Konder, Oduvaldo Viana Filho, Ferreira Gullar, Millôr Fernandes, Antônio Pitanga...

Foto: Arquivo Vladimir Palmeira


Marcha pela Paz, em Lisboa, com José Saramago, Piteira Santos, Maria Rosa Colaço, Lopes Graça, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires e Urbano Tavares Rodrigues, em 1983. (Foto de Rui Pacheco)
(através de Carlos Fonseca)

quarta-feira, 26 de setembro de 2018



LEVAR-TE COMIGO

Quem me dera ser o teu olhar
Teus sinuosos destinos trilhar
Viver uma alegre vida contigo
Fazer cessar este meu castigo


E podermos juntos navegar
Pela imensidão do azul mar
Atravessar pelo árido deserto
Para ter o teu amor por perto

Percorrer contigo o Universo
Dedicar-te uma rima em verso
Altas montanhas poder mover
Tão-somente para te merecer

Adorava ao teu lado acordar
Apreciar o teu doce despertar
Nas noites geladas te aquecer
E em teus sonhos poder viver

Eu só quero sentir a emoção
Viver os devaneios da paixão
Oferecer-te meu ombro amigo
E finalmente levar-te comigo

By Dom

Extractos de "Escritos da vida"
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segunda-feira, 24 de setembro de 2018


A Ordem Criminosa do Mundo

A Ordem Criminosa do Mundo - Documentário que passou na TVE há cerca de 5 anos, com testemunhos de Jean Zieglere Eduardo Galeano, entre outros. Já difundido em muitos blogues, se ainda não viu, não perca, pois apesar de ser de 2006 é actualíssimo e explica de um modo bem compreensível os principais motivos da podridão desta civilização cujo objectivo é a maximização do lucro. FUNDAMENTAL!

domingo, 16 de setembro de 2018

Me fale diabruras



Não há espaço
para você aqui,
leve agonia
existencial,
vai ler as audaciosas
teorias Sartreanas
e siga
nem que seja
para o país
das maravilhas


de longe
ao meu ver,
todos no centro urbano
parecem fazer parte
de um jogo
virtual

o azul do céu
esmagador,
o céu não tem vícios
o céu não dá
um trago no cigarro
e nem tem abstinência
sexual
o céu é um monge

as flores amarelas
estão com semblante misterioso
como as que brotaram no túmulo
citado por Carlos Drummond

amarelo
amar
elo

eloquentemente
é saber que se vem mais
um dia
exigindo mais de
sua alma

eu continuarei
a perceber borboletas
desvairadas
com seu último
minuto de vida
vadias livres
e belas

noite estrelada de
Van Gogh
me faz escutar vozes
incansáveis
vozes dos que... beijam a vida

como se beijasse um cacto

o tempo
me fala diabruras e ditaduras

como se beijasse um cacto
sem medo dos espinhos

vou aqui me sujar, com tintas
e com horas.

Yanna Lílian

Muito mais que emergência . . . é um imperativo e uma obrigação ! ! !

Odeio e acuso todos os fascistas do "antes de Abril/74" , assim como os neo-fascistas do "depois de Abril/74" . por serem os únicos responsáveis pela construção e administração desta sociedade acéfala . . . desumana . . . anti-natural  , que mais se assemelha a uma estrumeira imunda ! Quem sabe . . . os que restarem , um dia sentarão o cú no mocho , para responderem por todos os seus "crimes" . . . o meu maior sonho , de momento . . .

. . . também eu sorri e agradeci . . .



Quando eu nasci, ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias, nem o Sol escureceu, nem houve Estrelas a mais... Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu.
As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme, bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe...


(Sebastião da Gama)



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

   Odeio a emigração ! Sinto profundo desprezo assim como uma raiva incontida pelas políticas fascistas e neo-fascistas que a "fabricaram" e . . . continuam a fabricar . . . 

terça-feira, 28 de agosto de 2018


Sereia

Numa praia enfeitiçada
Está uma sereia estendida
Nua a cantar no rochedo
Para o marinheiro perdido
Dançou ao toque da flauta
Em plena sedução e vigilia
Roteiros a servir de pauta
Enquanto Leucósia textos lia
Navegantes apaixonados
Ondas e marés atraiçoadas
Pelos cânticos fascinados
Em noites de luas prateadas.
Sereia azul de mar salgado
Em tempo de areia afogado.


AC............... Alice Coelho
© All Rights Reserved





Solidão a dois





Com sorrisos cada vez mais raros e sem poder de contagiar; com impaciência ao invés de brincadeiras e um torturante silêncio onde deveriam existir palavras e palavras, cada vez mais pessoas vivenciam a solidão a dois, termo que ouvi pela primeira vez na voz de Cazuza, em “Eu queria ter uma bomba”, música do Barão Vermelho.

São olhares vazios, pensamentos dispersos e uma sensação enorme de “tanto faz”. Na mesa do restaurante, o casal insiste em prestar atenção exclusivamente às telas de seus celulares; enquanto caminham, nenhuma palavra sai de seus lábios, e na despedida um beijo frio. No sexo, por não exigir diálogo, as coisas fluem um pouco melhor. Mas ainda assim é insuficiente.

O relacionamento, contudo, é mantido. Talvez por conveniência ou talvez porque essa realidade basta. Existem pessoas que se contentam com o básico e outras que temem a solidão mais do que qualquer outra coisa. Elas não percebem, porém, que estão sozinhas, apesar de terem uma companhia.

Parece contraditório, mas não é. Soa como se as pessoas, com medo da solidão, resolvessem ficar sozinhas juntas. Assim é formada uma multidão de almas vazias, de corações partidos e mentes desencontradas.

Elas se sentem perdidas da mesma forma. Estão a sós com seus pensamentos, embora segurem uma mão. Sonham acordadas, mas preferem não falar sobre isso. Passam horas tentando saber porque aquelas pessoas malucas escrevem poemas e canções.

Ficam inconformadas por aqueles que dizem que até o céu muda de cor quando estão amando. “Porra, o céu é azul. Sempre foi e sempre será”, concluem. Mas é mentira. O céu é da cor que querem aqueles que não sentem uma solidão esmagadora, estejam acompanhados ou não.

E assim assistimos relacionamentos começando e terminando dia após dia. Não haveria problema nenhum nisso, afinal, nossa existência é efêmera, e somos feitos de dúvidas e erros. O problema é assistir o seu relacionamento começar e acabar e ainda assim não aprender nada de valioso com ele. E sabe por que não? Porque vocês não estavam juntos. Apenas estavam sozinhos no mesmo lugar.

Salame de Oreo





Ingredientes:
1 ovo

100 gr de açúcar
vinho do porto q.b.

100 gr de margarina
200 gr de bolacha oreo
1 folha de papel vegetal

100 gr de chocolate em pó
1 folha de papel de alumínio

Modo de preparação



Partir as bolachas em pedaços pequenos, uma parte poderá ser moída, reservar.
Numa taça bater o ovo com o açúcar. Juntar a margarina (costumo utilizar planta) derretida.
Juntar o chocolate e mexer bem. Juntar as bolachas e envolver bem.

Embeber ligeiramente a folha de papel vegetal com vinho do porto (+/- meio cálice). Para ajudar a espalhar o vinho do porto no papel pode utilizar um pincel de cozinha ou verter no papel e espalhar com os dedos. Sobre o papel vegetal moldar o salame. Levar ao congelador durante algumas horas.

Quando o salame está bem congelado, retirar o papel vegetal e substituir por papel de alumínio.
Voltar a colocar no congelador. Retirar do congelador algum tempo antes de servir para não estar tão congelado.

eliminar pulgas e carrapatos



Ingredientes:

Vinagre de maçã: 200 ml
Sal marinho: meia colher de chá
Bicarbonato de sódio: meia colher de chá
Água morna: duas ou três colheres de sopa
Preparação:

Ponha o vinagre o sal e o bicarbonato num frasco de spray
Acrescente depois as colheres de água morna e agite o frasco para misturar
Pulverize o pêlo do seu animal de estimação com este preparado, especialmente nas orelhas pernas e pescoço

Este remédio vai tratar de tirar os intrusos naturalmente, mas é bom adquirir o hábito de inspecionar os pêlos dos seus bichos para retirar algum insecto que não tenha saído com o remédio. Escovar o cão e o gato é também uma boa prática contra pragas.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Liberdade que desassossega . . .



Livre

Sou livre como o vento
A soprar em uivos frios
Desespero do momento
Na imensidão dos vazios
Como um pássaro a voar
Num rasgar de horizontes
Num azul de céu a vibrar
Em saciar sede nas fontes
Com um sonho de mulher
Com desejos à flor da pele
Como melhor me aprouver
Como quem junta ou repele
Em toques quentes a ferver
No mar que se arrependem
A enxaguar um corpo de sal
Teorias em que se aprendem
A amar nas folhas do missal.
Sou livre de viver a liberdade
A par e passo com a verdade


AC............... Alice Coelho
© All Rights Reserved


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

". . . uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!”


“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!”
__ Florbela Espanca__



VOU TE ESPERAR...

(Francisco de Assis Silva)

Eu vejo tanta gente sofrer o mal sem cura
De uma franca e vã desesperança,
E ficar condenada a viver só de lembrança
Sem poder alcançar uma ventura.


Se eu chamasse de dor e de amargura
Toda esta saudade azeda e mansa
Que me leva aos tempos de criança,
Só porque eu te espero com doçura!

E pensar que a minha existência é má!
Bem feliz de quem espera e alcança;
Serei feliz um dia pois ela há de voltar...

Regressará – irrequieta e comovida...
Ah! hei de esperar tendo a esperança
E isto é a mais terna esperança desta vida!





A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila,

a boca espera
(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)

espera o ardor
do vento
para ser ave,
e cantar.

Eugénio de Andrade