Num percurso contrário á paranóia dos governos ocidentais, Vladimir Putin anuncia o regresso à normalidade na Rússia: a situação do Coronavírus está a estabilizar; as restrições impostas pela pandemia podem ser gradualmente levantadas. Em geral, a situação epidemiológica no País está gradualmente a estabilizar-se. Há mais pessoas curadas do que pessoas doentes: o número de pessoas infectadas está a diminuir; é inferior a 20 por mil. Isto torna possível a remoção cuidadosa das restrições impostas.
Actualmente, na maioria das regiões da Federação Russa já existem muito poucas restrições desde o Verão passado, em comparação com os Países ocidentais: todos os serviços e lojas funcionam (bares e restaurantes em várias regiões deveriam fechar às 23:00... em teoria. Na prática, muitos fecham apenas ao amanhecer). As únicas limitações são a exigência (mais uma vez muito teórica) de máscara nos transportes públicos e lojas, e a limitação de 50% da taxa de ocupação em cinemas, museus, etc. Na verdade a população segue poucas das recomendações: a máscara raramente é usada, mesma coisa com o distanciamento social.
O significado da declaração de Vladimir Putin é político: mostra ao clã dos globalistas da Rússia, liderado pelo Presidente da Câmara de Moscovo, Sergeij Sobjanin (que queria reforçar as medidas de "contenção"), que o jogo acabou. Em Agosto, tinha sido Vladimir Putin a ordenar ao Sobjanin que levantasse a quarentena; na semana passada, foi novamente o Putin que ordenou ao Sobjanin que suspendesse a educação "à distância" introduzido em Outubro para a maioria dos estudantes. Hoje, portanto, Putin declara que a nível nacional as coisas já duraram o suficiente: embora haja certamente uma justificação eleitoral para esta decisão, a mensagem é clara: enquanto nos Países ocidentais a paranóia está ao rubro, a Rússia escolhe outro caminho.
E, claro está: no meio deste processo o papel de protagonista é da nova vacina, a Sputnik V. Há seis meses atrás, no dia 11 de Agosto de 2020, o anúncio de Putin de que a Rússia tinha desenvolvido a primeira vacina contra o Coronavírus despertou cepticismo e ironia. Hoje, os governos ocidentais são forçados a rever os seus planos de vacinação: os fornecimentos prometidos pela americana Pfizer e pela alemã Biontech foram cortados. O mesmo acontecerá com britânica AstraZeneca tal como está a acontecer com outras vacinas nas quais os Países da UE optaram por confiar.
Portanto, agora, em torno da vacina russa chamada Sputnik V, o cepticismo e a ironia de muitos desapareceram dando lugar a uma abertura sobre a sua possível utilização. Se até ontem a Sputnik V tinha sido utilizada principalmente por apenas alguns Países emergentes, atraídos pelo preço conveniente (menos de dez Dólares por dose: são precisas duas para serem protegidos do vírus, como acontece com as vacinas ocidentais) ou impulsionados por laços com a Rússia, agora as coisas estão a mudar. A Bielorrússia de Lukashenko foi o primeiro País a aprovar a vacina russa no seu território: não foi uma grande operação de imagem, mas tem funcionado. Depois vieram a Argentina, Venezuela, Bolívia, Argélia, Guiné, Sérvia e Palestina... e assim por diante. No início de Dezembro, 55 Países participaram na apresentação da vacina, por videoconferência, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.
A Sputnik V não necessita de condições especiais de transporte, tais como temperaturas a -50 ou -70 graus: tudo é muito mais simples e mais eficaz, uma enorme vantagem para muitos Países com recursos sanitários limitados e condições de armazenamento e preservação complexas ou deficitárias. Isso sem esquecer a disponibilidade imediata numa altura em que, no mundo rico e "desenvolvido", estão a surgir os primeiros inesperados e importantes problemas de abastecimento.
A fim de expandir a base de clientes do Sputnik V, Moscovo garante que esta será produzido em breve em sete Países. Com base neste último argumento, em 20 de Janeiro, a Rússia apresentou um pedido de aprovação do Sputnik V à União Europeia, esperando abrir algumas novos mercados: os documentos solicitados, tais como os resultados provisórios dos estudos clínicos da fase três, estão à disposição da Agência Europeia de Medicamentos. De momento, a Agência Europeia dos Medicamentos limitou-se a reconhecer o pedido e anunciou que notificará logo que seja iniciado um processo de exame.
Eis, segundo Forbes, a situação da "pandemia" na Rússia:
Entretanto, na Rússia bares, restaurantes, clubes nocturnos e discotecas poderão oficialmente voltar a servir os clientes das 23:00 às 06:00 horas da manhã: uma regra que traz de volta à vida social de Moscovo. A ordem para que 30% do pessoal das empresas tinha de ser colocado em teletrabalho ou smart-working agora é uma simples recomendação. Sobram apenas algumas restrições em cinemas, teatros e museus, obrigados a trabalhar em 50% da capacidade máxima.
Como o mesmo Sobjanin escreveu no seu blog:
A situação da propagação da infecção pelo Coronavírus continua a melhorar. Na última semana, o número de novas infecções não excedeu 2-3 mil por dia. O número de pessoas hospitalizadas diminuiu em milhares. Mais de 50% das camas estão livres nos hospitais pela primeira vez desde meados de Junho do ano passado. A pandemia está em declínio, e nestas condições é nosso dever criar as condições para uma recuperação económica tão rápida quanto possível, principalmente para os sectores mais afectados do mercado de consumo
Isso na Rússia. E por aqui? Por aqui temos mais sorte: não temos a Sputnik V mas temos Anthony Fauci, que é uma garantia. Lembramos as suas proféticas palavras:
Espero que os russos tenham, de facto, provado definitivamente que a vacina é segura e eficaz. Duvido seriamente que eles o tenham feito. [...] Os anúncios dos chineses ou dos russos de que têm uma vacina são diferentes dos feitos nos EUA, porque temos uma forma de fazer as coisas neste país que nos faz preocupar com a segurança.
Bem visto. Em Moscovo são uns sádicos que não têm problemas em matar milhões de pessoas com uma vacina ineficaz. São uns ex-comunistas, estamos à espera de quê? Nós ficamos com Fauci, máscaras, distanciamento social e recolheres obrigatórios: coisas que em Moscovo agora só podem sonhar.