quarta-feira, 10 de março de 2021

Covid-19: para acabar a pandemia, abram tudo já!


por Max

A Covid deve poder circular livremente ou vamos demorar dez anos a livrar-nos dela. Ou seja: abram tudo ou isso nunca acaba.

Esta não é uma piada dum blog bombástico, mas a opinião de três cientistas que publicaram os resultados dum estudo na revista Science, uma das mais prestigiadas a nível internacional. O estudo tem o título de Immunological characteristics govern the transition of Covid-19 to endemicity ("Características imunológicas regem a transição da Covid-19 para a endemicidade").

Jennie Lavine e Rustom Antia, do Departamento de Biologia da Universidade Emory em Atlanta, juntamente com Ottar Bjornstad, do Centro de Dinâmica das Doenças Infecciosas da Universidade Estatal da Pensilvânia, desenvolveram um modelo teórico que confirma a hipótese de que a Covid-19 se tornará endémica e a sua letalidade acabará por ser de cerca de 0.1%, abaixo do nível da gripe sazonal. O SARS-Cov-2 já não pode ser eliminado de forma directa.

Podemos pensar: "É só mais uma opinião entre as muitas que ouvimos este ano". Sim, com a diferencia que as outras não eram publicadas no Science.

Estamos actualmente confrontados com a questão de como a gravidade da infecção da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SRA-CoV-2) pode mudar nos próximos anos. A nossa análise de dados imunológicos e epidemiológicos sobre o coronavírus humano endémico (HCoV) mostra que a imunidade de bloqueio da infecção diminui rapidamente, mas que a imunidade de redução da doença é de longa duração. O nosso modelo, que incorpora estas componentes da imunidade, avalia tanto a gravidade actual da infecção SARS-CoV-2 como a natureza benigna dos HCoVs, sugerindo que, uma vez atingida a fase endémica e a exposição primária na infância, o SARS-CoV-2 pode não ser mais virulento do que a constipação comum.

O modelo explica o perfil da doença estruturada em função da idade e avalia o impacto da vacinação. A transição na dinâmica da epidemia para endemia está associada a uma mudança na distribuição etária das infecções primárias para grupos etários mais jovens, o que por sua vez depende da rapidez com que o vírus se espalha. Uma imunidade esterilizante mais duradoura irá retardar a transição para a endemicidade. Dependendo do tipo de resposta imunitária que gera, uma vacina poderia acelerar um estado de endemicidade de doença ligeira.

Na prática: o SARS-CoV-2 tem que tornar-se endémico, assim como endémicos são os outros Coronavírus que circulam normalmente entre nós todos. O que significa "endémico"? Uma doença endémica é uma doença localizada num espaço limitado denominado "faixa endémica". Isso quer dizer que a endemia é uma doença que ocorre apenas num determinado local ou região, não atingindo outras comunidades de forma pandémica.

No caso do SARS-CoV-2, estamos a falar dum vírus que, como afirmam os pesquisadores, "pode não ser mais virulento do que a constipação comum". Mas se queremos atingir rapidamente a fase endémica é necessário que a taxa de contagiosidade R0 seja igual a 6. Ou seja, que uma pessoa infecte seis outras pessoas, muito além dos valores de R0 apontados pelos órgãos de informação durante o último ano.

Gráfico simplificado dos cenários com R0=2, 4 e 6 (fonte: estudo citado no texto)

Os cientistas americanos chegaram a esta conclusão considerando que "existem quatro coronavírus de interesse humano (Hcov) que causam o resfriado comum, ou síndromes do tracto respiratório superior, e que circulam endemicamente por todo o mundo. Causam apenas sintomas ligeiros e não representam um perigo significativo para a saúde pública". Os autores do estudo acreditam que todos os Hcovs provoquem imunidade com características semelhantes e que "o grave problema actual de saúde pública é uma consequência do surgimento da epidemia numa população imunologicamente não tratada, onde os grupos etários mais velhos sem exposição prévia são mais vulneráveis".

Devemos agir com vacinas? Sim e não. O que é preciso é "um reforço frequente da imunidade através da circulação viral em curso, para manter a protecção contra a doença; então pode ser melhor que a vacina imite a imunidade natural na medida em que previne a doença, sem bloquear a circulação do vírus", diz Jennie Lavine, co-autora do estudo. Os cientistas acrescentam que "a infecção ou vacinação pode proteger, mas não fornecer o tipo de imunidade de bloqueio de transmissão que permite a blindagem ou a geração de imunidade de rebanho de longo prazo".

Ou seja: a vacina não é o fim do vírus, nem é necessária. Pode ajudar a prevenir as formas mais graves (dado que uma cura alternativa continua a não ser investigada), mas não é a solução.

Como repetido até a náusea nestas páginas, um vírus que mata o hospedeiro e não consegue adaptar-se (tornando-se endémico) é um erro da evolução. O SARS-CoV-2 não é mais estúpido dos outros vírus, quer espalhar-se alcançando o maior número de indivíduos: mas, para fazer isso, tem que adaptar-se ao hospedeiro (eis as "terríveis" variantes) até passar quase despercebido.

Vice-versa, os lockdown, as máscaras e a parafernália toda impedem a circulação do vírus e o seu natural processo de adaptação. As medidas de prevenção atrasam a "endemização" do SARS-CoV-2, evitando a sua adaptação e mantendo em circulação por mais tempo a versão original do vírus, aquela que produz mais prejuízos. E proteger as crianças é o pior dos erros possíveis.

Num artigo posterior numa outra publicação entre as mais conceituadas, Nature, Jennie Lavine explica:


O vírus ataca, mas uma vez que as pessoas desenvolvem alguma imunidade, seja através de infecção natural ou da vacinação, não sentirão sintomas graves. O vírus tornar-se-ia um inimigo encontrado pela primeira vez na primeira infância, quando geralmente causa pouca ou nenhuma infecção.

É possível conviver com a Covid? Claro que sim e este tem que ser o nosso objectivo, tal como acontece com os outros coronavírus endémicos: após exposição à constipações comuns, é gerada uma protecção, uma imunidade generalizada adquirida desde a infância. Falamos aqui de cross reactivity ("reactividade cruzada"), graças à qual os anticorpos são capazes de reconhecer um novo vírus com uma composição genética semelhante a outros agentes patogénicos com os quais entraram em contacto. Não surpreendentemente, para a maioria das crianças, a Covid-19 não representa um risco. O nosso sistema imunitário é uma defesa fantástica que serviu de forma exemplar ao longo de, pelo menos, os últimos 300 mil anos (no mínimo): não precisa de pedaços de RNA sintético, é preciso deixa-lo trabalhar.

A vacina? Pode ajudar, como afirmado no estudo, mas não como "esterilização".

Se quisermos chegar rapidamente a uma fase endémica, um forte distanciamento social não é a solução. Continuando desta forma, os pesquisadores assumem um período de dez anos para chegar à endemia:

Um R0 mais elevado resulta numa epidemia inicial maior, mais rápida e numa transição mais veloz para a dinâmica endémica.

E que o SARS-CoV-2 tenha que tornar-se endémico está fora de discussão: um inquérito entre mais de 100 imunologistas, investigadores de doenças infecciosas e virologistas, realizado em Janeiro pela revista científica Nature, revelou que a maioria dos que trabalham na área (quase 90% dos inquiridos) disseram esperar que o SARS-CoV-2 se torne endémico, uma presença constante na nossa sociedade.

E os mesmos especialistas afirmam que estes vírus endémicos não requerem medidas de bloqueio, como mascaras e distanciamento social, devido a uma combinação de vacinas anuais e imunidade adquirida, resultando em menos mortes daquelas provocadas pelas doenças sazonais (como a gripe).

Para concluir: todas as medidas de isolamento têm como resultado o adiamento do final deste pesadelo.

Já agora, eis do mesmo estudo uma comparação entre Covid-19 (Cov-2), a SARS ou SRAG de 2003 (CoV-1) e MERS:

(fonte: estudo citado no texto)

E aqui a comparação entre cenários teóricos entre as mesmas doenças segundo valores de R0 de 2, 4 e 6.

(fonte: estudo citado no texto)

Isso tanto para perceber o que realmente é esta "pandemia"...

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