Mira Amaral - um homem sem vergonha
por Carlos Fonseca
Mira Amaral, engenheiro de base e economista por pós-graduação, resolveu sair também a terreiro e proclamar: "a economia portuguesa não aguenta mais impostos". Ao estilo de sábio membro do 'Conselho de Anciãos', a ilustre figura avisa: "é urgente, é imperioso fazer cortes do lado da despesa...".
O aviso, claramente dirigido ao seu partido, é redundante, se tivermos em conta as posições da direcção do PSD, a quem, Mira Amaral, se pretende colar.
De há muito, a falta de vergonha dos homens públicos é fenómeno comum, mas Mira Amaral é um destro praticante da ignomínia. Integrou os quadros do BPI, transitando do adquirido Banco de Fomento, privatizado nos anos 90. No início da década actual, reformou-se do BPI com indemnização e pensão substanciais. Algum tempo depois, ingressou na CGD, por influência do PSD; porém, ao final de 18 meses, viria a deixar a instituição do Estado, com uma obscena pensão de reforma de mais de 18.000 euros mensais; e não foi o único, porquanto também o seu ajudante de campo e ex-secretário de estado, eng.º Alves Monteiro, teve percurso semelhante, embora a valores mais baixos. Até Bagão Félix, então Ministro das Finanças, benfiquista de alma e coração, ficou verde.
Hoje, Mira Amaral, administra o Banco BIC, ao serviço de Amorim e de Isabel dos Santos, a princesa do reino corrupto de Angola. Um homem que, além de retribuições de privados que não discuto, em função da desfaçatez de arrecadar cerca de 250.000 euros anuais de uma instituição pública, perdeu a moral - e igualmente a vergonha - para falar em desperdícios de dinheiros públicos, mormente em cortes de despesas.
Sr. Mira Amaral: ajude o País, prescindindo da abjecta situação de reformado da CGD!
Mas, na vida pública de Mira Amaral, existem outras passagens funestas para o País.
Como Ministro da Indústria de Cavaco Silva, entre 1987 e 1995, ordenou, por exemplo, o esquartejamento da estrutura industrial portuguesa. O processo de desindustrialização integrou, por exemplo, todo o grupo CUF / Quimigal e foi executado, por um outro homem de mão de Amaral, o célebre António Carrapatoso; homem que, há pouco tempo, esteve na Universidade de Verão do PSD, na qualidade de eminente prelector sobre problemas da economia portuguesa que ele, o seu chefe Mira e o supremo Cavaco tanto fragilizaram com uma política de privatizações, a favor de companhias estrangeiras, criticada publicamente por José Manuel de Mello, Lúcio Tomé Feteira e outros industriais.
in blogue Aventar, 24.09.2010
Meu comentário em jeito de conclusão: vergonha na cara, para não falar em recato na hora de botar opinião, era o minimo que se exigiria a este personagem igual a tantos outros cujas benesses e reformas douradas alimentadas pelo Estado com os nossos impostos, constituem a ponta do rastilho que conduziu o país para o actual estado de sufoco, subjugado ao peso da despesa pública e das suas consequências nos orçamentos familiares....é só fazer as contas para percebermos que, com as reformas de meia dúzia de artistas destes (mais coisa, menos coisa), não seria necessário cortar os abonos de família a milhares de portugueses que com esse parco suplemento conseguiam pagar as contas da água e do gás....
Faz falta uma (nova) revolução, mas desta vez a sério, ... com as guilhotinas a funcionar!!
Sem comentários:
Enviar um comentário