Quem ouvir Cavaco Silva e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante
alguém que nada teve a ver com a situação catastrófica em que se encontra
este país.
Quem o ouvir e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém
que pode efectivamente ser a solução para um caminho diferente daquele até
aqui seguido.
Só que... Este senhor,... ou sofre de amnésia, ou tem como adquirido que nós
portugueses temos todos a memória curta, eu diria mesmo, muito curta.
Vejamos, então qual o contributo de Cavaco Silva para que as coisas estejam
como estão e não de outra maneira:
Cavaco Silva foi ministro das finanças entre 1980 e 1981 no governo da AD.
Foi primeiro-ministro de Portugal entre 1985 e 1995 (10 anos!!!).
Cavaco Silva foi só a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo
neste país desde o 25 de Abril.
É presidente da República desde 2005 até hoje (5 anos)
Por este histórico, logo se depreende que este senhor nada teve a ver com o
estado actual do país.
Mas vejamos quais foram as marcas deixadas por Cavaco Silva nestes anos
todos de andanças pelo poder:
Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro alterou drasticamente as práticas na
economia, nomeadamente reduzindo o intervencionismo do Estado, atribuindo um
papel mais relevante à iniciativa privada e aos
mecanismos de mercado.
Foi Cavaco Silva quem desferiu o primeiro ataque sobre o
ensino"tendencialmente gratuíto".
Foi Cavaco Silva o pai do famoso MONSTRO com a criação de milhares de "jobs"
para os "boys" do PPD/PSD e amigos. Além de ter inserido outros milhares de
"boys" a recibos verdes no aparelho do Estado,
Foi no "consulado Cavaquista" que começou a destruição do aparelho produtivo
português. Em troca dos subsídios diários vindos da então CEE, começou a
aniquilar as Pescas, a Agricultura e alguns sectores da Indústria. Ou seja:
começou exactamente com Cavaco Silva a aniquilação dos nossos recursos e
capacidades.
Durante o "consulado Cavaquista", entravam em Portugal muitos milhões de
euros diariamente como fundos estruturais da CEE. Pode-se afirmar que foram
os tempos das "vacas gordas" em Portugal. Como foram aplicados esses fundos?
O que se investiu na saúde? E na educação? E na formação profissional?
Que reforma se fez na agricultura? O que foi feito para o desenvolvimento
industrial?
A situação actual do país responde a tudo isto! NADA!
Mas então como foi gasto o dinheiro?
Simplesmente desbaratado sem rigor nem fiscalização pela incompetência do
governo de Cavaco Silva.
Tal como eu, qualquer habitante do Vale do Ave, minimamente atento, sabe
como muitos milhões vindos da CEE foram "surripiados" com a conivência do
governo "Cavaquista".
Basta lembrar que na época, o concelho de Felgueiras era o local em Portugal
com mais Ferraris por metro quadrado.
Quando acabaram os subsídios da CEE, onde estava a modernização e o
investimento das empresas? Nos carros topo de gama, nas casas de praia em
Esposende, Ofir, etc. Etc.
Quanto às empresas... Essas faliram quase todas. Os trabalhadores ? as vítimas
habituais destas malabarices patronais - foram para o desemprego, os
"chico-espertos" que desviaram o dinheiro continuaram
por aí como se nada se tivesse passado.
Quem foi o responsável? Obviamente, Cavaco Silva e os seus ministros!
Quanto à formação profissional... Talvez ainda possamos perguntar a Torres
Couto como se fartou de ganhar dinheiro durante o governo Cavaquista, porque
é que teve que ir a tribunal justificar o desaparecimento de milhões de
contos de subsídios para formação profissional. Talvez lhe possamos
perguntar: como, porquê e para quê, Cavaco Silva lhe "ofereceu" esse
dinheiro.
Foi também o primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1989 recusou conceder ao
capitão de Abril, Salgueiro Maia, quando este já se encontrava bastante
doente, uma pensão por "Serviços excepcionais e relevantes prestados ao
país", isto depois do conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República
ter aprovado o parecer por unanimidade.
Mas foi o mesmo primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1992, assinou os pedidos
de reforma de 2 inspectores da polícia fascista PIDE/DGS, António Augusto
Bernardo, último e derradeiro chefe da polícia
política em Cabo Verde, e Óscar Cardoso, um dos agentes que se barricaram
na sede António Maria Cardoso e dispararam sobre a multidão que festejava a
liberdade.
Curiosamente, Cavaco Silva, premiou os assassinos fascistas com a mesma
reforma que havia negado ao capitão de Abril Salgueiro Maia, ou seja: por
"serviços excepcionais ou relevantes prestados ao país".
Como tenho memória, lembro-me também que Cavaco Silva e o seu "amigo" e
ministro Dias Loureiro foram os responsáveis por um dos episódios mais
repressivos da democracia portuguesa. Quando um movimento de cidadãos,
formado de forma espontânea, se juntou na Ponte 25 de Abril, num "buzinão"
de bloqueio, em protesto pelo aumento incomportável das portagens. Dias
Loureiro (esse mesmo do BPN e que está agora muito confortavelmente em Cabo
Verde), com a concordância do chefe, Cavaco Silva, ordenou uma
despropositada e desproporcional carga policial contra os manifestantes.
Nessa carga policial "irracional", foi disparado um tiro contra um jovem,
que acabou por ficar tetraplégico.
Era assim nos tempos do "consulado Cavaquista", resolvia-se tudo com a
repressão
policial. Foi assim na ponte, foi assim com os mineiros da Marinha Grande,
foi assim com os estudantes nas galerias do
Parlamento...
Foi ainda no reinado do primeiro-ministro Cavaco Silva, que o governo vetou
a candidatura deJosé Saramago a um prémio literário europeu por considerar
que o seu romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo" era um ataque ao
património religioso nacional.
Este veto levou José Saramago a abandonar o país para se instalar em
Lanzarote,
na Espanha, onde viveu até morrer. Considerou Saramago, que não poderia
viver num país com censura.
Cavaco Silva foi o Presidente da República nos últimos 5 anos. Sendo ele o
dono da famosa frase: "nunca tenho dúvidas e raramente me engano", como é
que deixou Portugal chegar até à situação em que se
encontra?
Mais! Diz a sabedoria popular: "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és."
Bem... Alguns dos ministros, amigos, apoiantes e financiadores das suas
campanhas eleitorais não abonam nada a seu favor. Embora, na minha opinião,
esta gente reflecte exactamente a essência do
Cavaquismo.
Oliveira e Costa - Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo
Cavaquista entre 1985 e 1991. Ex presidente do famoso BPN.
A história deste fulano já é mais conhecida que os tremoços, nem vale a
pena escrever mais nada.
Dias Loureiro - Ministro dos governos Cavaquistas. Assuntos Parlamentares
entre1987 e 1991, Administração Interna entre1991 e 1995.
Associado aos crimes financeiros do BPN, com ligações ainda não clarificadas
ao traficante de armas libanês, Abdul Rahman El-Assir, de quem é grande
amigo.
Foi conselheiro de estado por nomeação directa de Cavaco Silva, função que
ocupou com a "bênção" de Cavaco, até já não ser possível manter-se no lugar
devido às pressões políticas e judiciais.
Encontra-se actualmente, muito confortavelmente a viver em Cabo Verde.
Ferreira do Amaral - Ministro dos governos Cavaquistas. Comércio e Turismo,
entre 1985 e 1990, Obras Públicas, Transportes e Comunicações entre 1990 e
1995. Foi nesta condição (ministro das obras públicas do governo Cavaquista)
que assinou os contratos de construção da Ponte Vasco da Gama com a
Lusoponte, e a concessão (super-vantajosa para a Lusoponte) de 40 anos sobre
as portagens das duas pontes de Lisboa.
Ferreira do Amaral é actualmente presidente do conselho de administração da
Lusoponte. (Apenas por mera coincidência...)
Duarte Lima - Lider da bancada do PPD/PSD durante o Cavaquismo.
Envolvido em transacções monetárias "estranhas" no caso Lúcio Tomé Feteira";
então e o Isaltino que depositava o dinheiro na "conta de um sobrinho"
taxista na Suiça?;
Alguém que ainda tem memória
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