Portugal, quero falar contigo.
Faz tempo, há mais de duzentos anos
Que te espero!
E tu fazes de conta,
Obstinado, arrogante, mentiroso e megalómano.
Deixas-me a falar sozinho,
Não me vires as costas,
Porque somos ambos a mesma Portugalidade.
Sou a razão da tua existência.
Com toda a legitimidade, quero falar contigo.
Eu sei que tu
Sabes que eu sou o que tu não
Queres que eu seja…
Mas, se eu existo, logo sou Portugal.
Basta de cismas!
Reconhece que dependes de mim, e não de “mercados”.
Tu não podes viver de “mercados”, Portugal!
Portugal, tu caminhas para um estado de pó e exorcismo!
Quero falar contigo,
Saber como vais viver sem varredores de rua;
Cantoneiros, picheleiros, pedreiros, operários, cozinheiros,
Padeiros, calceteiros, enfermeiros, professores.
Não Portugal,
Não é possível viver de parasitas, criminosos,
Gatunos, putas e proxenetas.
Portugal, quero falar contigo.
Porque sou do tempo onde existia soberania, moeda, honra e palavra.
Por isso, possuo toda a legitimidade. Ordeno que me dês ouvidos e não uma folha de papel em branco.
Augusto Canetas
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