segunda-feira, 18 de junho de 2018
Coimbra, 28 de Abril de 1977
Pátria
Foste um mundo no mundo,
E és agora
O resto que de ti
Já não posso perder:
A terra, o mar e o céu
Que todo eu
Sei conhecer.
Foste um sonho redondo,
E és agora
Um palmo de amargura
Retornada.
Amargura que em mim
Também nunca tem fim,
Por ter sido comigo baptizada.
Foste um destino aberto,
E és agora
Um destino fechado.
Destino igual ao meu, amortalhado
Nesta luz de incerteza
E de certeza
Que vem do sol presente e do passado.
TORGA, Miguel. Patria. In:___. Poesia Completa . Lisboa: Publicações
Dom Quixote, 2007. 2 v. v. II, 278 p. p. 375
(Poema recebido por email do meu Amigo José Carlos A. Teixeira*)
Ilustração: Miguel Torga - retrato a carvão de Isolino Vaz*
Anabela de Araújo
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