segunda-feira, 10 de março de 2014
Carta a Belmiro de Azevedo
Sem Governo, sem Oposição, sem ninguém para nos "safar" desta encruzilhada onde nos colocaram, resta apenas a nossa opinião e a liberdade de a utilizar. Este é o espaço da liberdade de opinião, sem censura e sem medo.
Sábado, 08.03.14
Caro Belmiro;
Eu sei que não vais ler isto, eu sei que até nem vais saber que isto existe, mas eu escrevo-te na mesma. Afinal, quase fomos camaradas, ou já não te lembras dos teus tempos da UDP? É que até sou do Bloco, sabes que a tua UDP hoje faz parte do meu Bloco.
Já não é a primeira vez, que nessa só tua confusão mental, insultas os portugueses. É contínuo e sistemáticos esses teus insultos baseados no credo de uma pessoa que parece ter fraca memória do passado, e o teu, meu amigo e camarada, é tão estranho e tão sujo, que quando tu vens falar de sucesso, dá-me vontade de dar gargalhadas.
Ainda me lembro quando as pessoas que tu insultas agora, te olhavam com olhos de orgulho, parecia que dava gosto de dizer que tu eras um empresário de sucesso, e és, mas quanto custou o teu sucesso? O insucesso de muitos daqueles, que durante décadas, foste esmifrando. O teu sucesso tem um nome, trabalhadores da SONAE, aqueles que tu elegantemente chamas ?. Improdutivos. Mas sabes de quem é a culpa dessa pouca produção, é tua amigo, é tua. E sabes porquê? Porque no final do mês, tu insultas os teus funcionários com vencimentos degradantes, e isso paga-se com pouca produtividade.
Ainda te lembras quando passaste a perna aos teus colegas da SONAE? Não desta, mas daquela Sonae que tu adquiriste à custa daquela greve em que eles foram na tua cantiga. Quando tu, meu amigo, te fizeste passar por ?Chefe? da Comissão de trabalhadores, e eles confiando em ti, foram na tua ladainha. Sabes que foi por causa deles que tu hoje tens o que tens? Sabes que se não fossem eles tu hoje eras reformado de uma empresa qualquer, e quem sabe, ex. dirigente sindical de uma empresa de termolaminados. Mas falas tu, meu amigo, de barriga cheia, porque conseguiste, à conta dos trabalhadores, essa fortuna que tens.
Falas tu de aumentos salariais. Mas à quanto tempo não aumentas os salários dos teus funcionários? É claro que estou a falar dos que trabalham regularmente, não daqueles que estão na tua empresa a parasitar como tu, administradores e diretores, pessoas que nunca ?sujaram? as mãos no trabalho, esses são como tu, esperam sempre ganhar à conta dos funcionários. Estou a falar daqueles miúdos que andam a por produtos nas prateleiras, até lixarem as costas, aquelas miúdas giras que são caixas, aqueles que estão atrás dos balcões a vender às comissões, aqueles que sujam as mãos. Pois, a esses não aumentas tu, dás prémios aos amigos e amigos dos teus amigos, dás prémios ao teu miúdo, como fosse ainda o puto que leva a mesada. Aos filhos dos outros, quem sabe daqueles que tu passaste a perna, não dás nada, só trabalho, e de vez em quando escravo.
Sabes, Belmiro, até compreendo quando pagas mal, pensas que eles, tal como tu, vão por o dinheiro à Holanda, para que a Troika, que tu tanto abençoas-te, não lhe meta as mãos. Mas não Belmiro, não, os teus trabalhadores não podem. Eles com aquilo que tu pagas, têm de pagar as contas, e sem desconto ou abatimento no IRS, sim, porque tu ganhas muito desses abatimentos, graças à tua fundação.
Não quero que tu penses diferente, nem quero que tu te mates a pensar nisto, só peço que tu te cales de vez em quando, ou penses, no mínimo, antes de falares algo que te suje mais. Sabes Belmiro, são os improdutivos que vão-te comprar produtos ao Continente, Worten, Sport Zone e inúmeras empresas que tu tenhas, são os improdutivos que colocaram dinheiro na tua empresa a comprar-te obrigações, são os improdutivos que te compram telemóveis e carregam-nos deixando dinheiro na tua empresa. E achas pouco? Sabes, é que se tás tão bem assim agradece aos improdutivos que te deixam todos os dias parte da miséria de salários, que tu e outros como tu, pagam.
Não queiras tu ser mais papista que o papa, resume-te a tua insignificância e mesquinhes, eu e os improdutivos, os que fazem o circo, os palhaços e outros abertamente agradecemos.
Sem mais , cumprimentos,
Sandro Rodrigues
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