sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Os homens trabalham melhor , quando trabalham para o bem do Homem e não para obter a "mais elevada produção" ou "o aumento da eficácia" , que têm sido os objectivos quase exclusivos da agricultura industrial . . .
O objectivo final da agricultura , não é o crescimento das colheitas , mas sim o cultivo e a realização dos seres humanos . . .
A agricultura selvagem não precisa de máquinas nem de produtos químicos e . . . basta-lhe pouca monda . . .
Masanobu Fukuoka
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Carta aberta de Alexis Tsipras à Alemanha: O que nunca foi contado sobre a Grécia.
Redacção Noticias Online / 30/01/2015
A maior parte de vós, caros leitores do Handelsblatt, terá já uma ideia preconcebida acerca do tema deste artigo, mesmo antes da leitura. Rogo que não cedais a preconceitos. O preconceito nunca foi bom conselheiro, principalmente durante períodos em que uma crise económica reforça estereótipos e gera fanatismo, nacionalismos e até violência.
Em 2010, a Grécia deixou de conseguir pagar os juros da sua dívida. Infelizmente, as autoridades europeias decidiram fingir que o problema poderia ser ultrapassado através do maior empréstimo de sempre, sob condição de austeridade orçamental, que iria, com uma precisão matemática, diminuir drasticamente o rendimento nacional, que serve para pagar empréstimos novos e antigos. Um problema de insolvência foi tratado como se fosse um problema de falta de liquidez.
Dito de outro modo, a Europa adoptou a táctica dos banqueiros com pior reputação, que não reconhecem maus empréstimos, preferindo conceder novos empréstimos à entidade insolvente, tentando fingir que o empréstimo original está a obter bons resultados, adiando a bancarrota. Bastava bom senso para se perceber que a adopção da táctica “adiar e fingir” levaria o meu país a uma situação trágica. Em vez da estabilização da Grécia, a Europa estava a criar as condições para uma crise auto-sustentada que põe em causa as fundações da própria Europa.
O meu partido e eu próprio discordamos veementemente do acordo de Maio de 2010 sobre o empréstimo, não por vós, cidadãos alemães, nos terdes dado pouco dinheiro, mas por nos terdes dado dinheiro em demasia, muito mais do que devíeis ter dado e do que o nosso governo devia ter aceitado, muito mais do que aquilo a que tinha direito. Dinheiro que não iria, fosse como fosse, nem ajudar o povo grego (pois estava a ser atirado para o buraco negro de uma dívida insustentável), nem sequer evitar o drástico aumento da dívida do governo grego, às custas dos contribuintes gregos e alemães.
Efectivamente, passado menos de um ano, a partir de 2011, as nossas previsões confirmaram-se. A combinação de novos empréstimos gigantescos e rigorosos cortes na despesa governamental diminuíram drasticamente os rendimentos e, não só não conseguiram conter a dívida, como também castigaram os cidadãos mais frágeis, transformando pessoas que, até então, haviam tido uma vida comedida e modesta em pobres e mendigos, negando-lhes, acima de tudo, a dignidade. O colapso nos rendimentos conduziu milhares de empresas à falência, dando um impulso ao poder oligopolista das grandes empresas sobreviventes. Assim, os preços têm caído, mas mais lentamente do que ordenados e salários, reduzindo a procura global de bens e serviços e esmagando rendimentos nominais, enquanto as dívidas continuam a sua ascensão inexorável. Neste contexto, o défice de esperança acelerou de forma descontrolada e, antes que déssemos por ela, o “ovo da serpente” chocou – consequentemente, os neo-nazis começaram a patrulhar a vizinhança, disseminando a sua mensagem de ódio.
A lógica “adiar e fingir” continua a ser aplicada, apesar do seu evidente fracasso. O segundo “resgate” grego, executado na Primavera de 2012, sobrecarregou com um novo empréstimo os frágeis ombros dos contribuintes gregos, acrescentou uma margem de avaliação aos nossos fundos de segurança social e financiou uma nova cleptocracia implacável.
Recentemente, comentadores respeitados têm mencionado a estabilização da Grécia e até sinais de crescimento. Infelizmente, a ‘recuperação grega’ é tão-somente uma miragem que devemos ignorar o mais rapidamente possível. O recente e modesto aumento do PIB real, ao ritmo de 0,7%, não indica (como tem sido aventado) o fim da recessão, mas a sua continuação. Pensai nisto: as mesmas fontes oficiais comunicam, para o mesmo trimestre, uma taxa de inflação de -1,80%, i.e., deflação. Isto significa que o aumento de 0,7% do PIB real se deveu a uma taxa de crescimento negativo do PIB nominal! Dito de outro modo, aquilo que aconteceu foi uma redução mais rápida dos preços do que do rendimento nacional nominal. Não é exactamente motivo para anunciar o fim de seis anos de recessão!
Permiti-me dizer-vos que esta lamentável tentativa de apresentar uma nova versão das “estatísticas gregas”, para declarar que a crise grega acabou, é um insulto a todos os europeus que, há muito, merecem conhecer a verdade sobre a Grécia e sobre a Europa. Com toda a frontalidade: actualmente, a dívida grega é insustentável e os juros não conseguirão ser pagos, principalmente enquanto a Grécia continua a ser sujeita a um contínuo afogamento simulado orçamental. A insistência nestas políticas de beco sem saída, e em negação relativamente a simples operações aritméticas, é muito onerosa para o contribuinte alemão e, simultaneamente, condena uma orgulhosa nação europeia a indignidade permanente. Pior ainda: desta forma, em breve, os alemães virar-se-ão contra os gregos, os gregos contra os alemães e, obviamente, o ideal europeu sofrerá perdas catastróficas.
Quanto a uma vitória do SYRIZA, a Alemanha e, em particular, os diligentes trabalhadores alemães nada têm a temer. A nossa tarefa não é a de criar conflitos com os nossos parceiros. Nem sequer a de assegurar maiores empréstimos ou, o equivalente, o direito a défices mais elevados. Pelo contrário, o nosso objectivo é conseguir a estabilização do país, orçamentos equilibrados e, evidentemente, o fim do grande aperto dos contribuintes gregos mais frágeis, no contexto de um acordo de empréstimo pura e simplesmente inexequível. Estamos empenhados em acabar com a lógica “adiar e fingir”, não contra os cidadãos alemães, mas pretendendo vantagens mútuas para todos os europeus.
Caros leitores, percebo que, subjacente à vossa “exigência” de que o nosso governo honre todas as suas “obrigações contratuais” se esconda o medo de que, se nos derem espaço para respirar, iremos regressar aos nossos maus e velhos hábitos. Compreendo essa ansiedade. Contudo, devo dizer-vos que não foi o SYRIZA que incubou a cleptocracia que hoje finge lutar por ‘reformas’, desde que estas ‘reformas’ não afectem os seus privilégios ilicitamente obtidos. Estamos dispostos a introduzir reformas importantes e, para tal, procuramos um mandato do povo grego e, claro, a cooperação dos nossos parceiros europeus, para podermos executá-las.
A nossa tarefa é a de obter um New Deal europeu, através do qual o nosso povo possa respirar, criar e viver com dignidade.
No dia 25 de Janeiro, estará a nascer na Grécia uma grande oportunidade para a Europa. Uma oportunidade que a Europa não poderá dar-se ao luxo de perder.
A versão original pode ser consultada aqui.
domingo, 22 de fevereiro de 2015
Mi l a g r e !
Uma solteirona descobre que uma amiga ficou grávida com apenas uma oração que fez na igreja de uma aldeia próxima.
Dias depois, a solteirona foi a essa igreja e disse ao padre:
- Bom dia, padre.
- Bom dia, minha filha. Em que posso ajudá-la?
- Sabe, padre, eu soube que uma amiga minha veio aqui há umas semanas atrás e ficou grávida só com uma Ave-Maria. É verdade, padre?
- Não, minha filha, não foi com uma Ave-Maria... Foi com um padre nosso...mas ele já foi transferido!
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
A ENCOMENDA PARA POUSAFOLES
Há muito tempo que não ia a Lamas, aldeia situada a 18 km de Coimbra, terra de meu pai. Foi o adeus á minha tia Caçilda que me levou a passar por aquelas paisagens já tão distantes da minha memória. Mas, antes do adeus, tive um momento quase de encantamento, que me fez esquecer o poder da morte e me levou a acreditar na força maior da vida, na solidariedade genuína, porque são os gestos simples, como os que vou contar, que ainda me surpreendem e me fazem emocionar. Cheguei a Coimbra às 13H00 e perguntei quando saía o autocarro para Lamas.
- Às 13H25, disseram-me, - Linha 13.
Esperei.13H25,13H30, na linha 13 não aparecia o autocarro. Aproximei-me de um grupo de motoristas e fiz novamente a pergunta.
- É comigo, disse um deles, é aquele carro ali que vai para Pousafoles, e despediu-se dos outros. Segui-o, olhei á volta e não vi mais ninguém. Subi e instalei-me à vontade. Saímos da garagem, eu e o motorista. Depositei as flores no banco do lado, olhei para trás e pareceu-me um autocarro enorme. Foi apenas um momento de quietude porque na paragem seguinte, na portagem, os passageiros apareceram, ou melhor, as passageiras. Assim que o motorista abriu a porta, diz-lhe uma senhora:
- Tenho aqui uma encomenda para lhe entregar, para Pousafoles, a rapariga que a deixou aqui disse que a mãe está lá na paragem, á espera, leva?
- Não levo, disse o motorista. Gerou-se um pequeno alvoroço.
- Então mas a mãe está lá á espera, a moça não podia cá ficar. Ó Maria, viste a rapariga não viste?
- Vi, disse a Maria.
- É amiga da Cristina não é?
- É, são amigas coitadinhas, pois são. Começaram as pessoas a entrar e a senhora que tinha a encomenda perguntou da rua:
- Está aí alguém que vá para Pousafoles? Não ia ninguém.
- E agora? Não vou deixar a encomenda da rapariga na rua.
- Olha lá, disse a Maria, há uma senhora que entra mais além, que é de Pousafoles, posso levá-la e ela entrega-lhe.
- E se ela não está lá ?- disse a outra.
- Há-de estar, pois se ela veio de manhã na camioneta, há-de voltar.
- Pois é, disse a outra, e isto também não há-de ser nenhuma bomba, e espreitou para o saco. De facto não era uma bomba.
- Pois isto há-de fazer falta à senhora, se a filha cá veio entregar, continuava. O motorista esperava pacientemente pela decisão do mulherio, se levavam ou não a encomenda.
- Olha, diz a que estava na rua, se ela não estiver lá, guarda-a e dás-ma depois.
- Pois claro, logo lha entregas, disse a Maria. Estava decidido! A encomenda seguia viagem. E não é que duas paragens mais á frente a tal senhora que ia para Pousafoles estava lá ?! ( Nem os serviços secretos fariam um controlo tão bem feito).
- Eu não a conheço, disse a Maria, mas que ela é de Pousafoles é. A senhora entra e ela logo lhe pergunta:
-Você não é de Pousafoles?
- Sou sim senhora.
- Tenho aqui uma encomenda, que a filha mandou para a mãe, que está à espera na paragem, você não se importa de a levar?
- Eu não conheço a pessoa mas o que é preciso é que esteja lá alguém para a receber.
- Há-de estar, pois se a filha a veio trazer. . . custa-lhe muito?
- Não custa nada.
- Obrigada. Pronto! Estava entregue a encomenda e por momentos fez-se silêncio na camioneta, sossegaram aquelas almas solidárias que por nada deste mundo deixariam de entregar a bendita. Tão bonito, pensei eu, na minha cidade corro para o autocarro, que ainda está na paragem, mas com a porta fechada, bato no vidro para que o motorista abra, mas ele arranca sem olhar para mim. Porque será? Lá seguimos viagem e descobri coisas que ainda não tinha visto, porque também aqui o progresso vai chegando. Vi estradas novas, pontes, novos pinheiros, embora poucos, no lugar daqueles que foram queimados, mas o que mais me encantou foram as gentes, também elas diferentes. Numa paragem mais á frente entrou um senhor que disse:
- Boas tardes para todos, e um coro de vozes respondeu:
- Boa tarde.
- Um bilhete para o Monte, por favor. Sentou-se atrás do motorista e quando chegámos ao Monte disse:
- Não se importa de me deixar aqui? Não vem mais ninguém. A camioneta parou no sítio pedido, porque a paragem era um pouco mais abaixo e não dava tanto jeito subir a ladeira porque as pernas já não ajudavam.
- Muito obrigado, disse.
- De nada, respondeu o motorista.
- Façam boa viagem, ainda se ouviu da rua. De dentro responderam:
- Que Deus o acompanhe. Eu continuava maravilhada com aqueles pequenos diálogos, tão esquecidos, tão bonitos! Cheguei a Lamas. Na paragem, a minha tia Augusta esperava por mim. Desci. Dentro do autocarro apenas ficou a senhora que ia para Pousafoles, e eu tenho a certeza absoluta que a encomenda foi entregue ao destinatário. Gostaria muito de voltar a fazer a mesma viagem, não pelas razões que me levaram á terra do meu pai, e, dessa vez, se houver alguém que queira mandar uma encomenda para Lamas, não se preocupem, eu própria a entregarei.
Carla Caetano
3/10/06
- Às 13H25, disseram-me, - Linha 13.
Esperei.13H25,13H30, na linha 13 não aparecia o autocarro. Aproximei-me de um grupo de motoristas e fiz novamente a pergunta.
- É comigo, disse um deles, é aquele carro ali que vai para Pousafoles, e despediu-se dos outros. Segui-o, olhei á volta e não vi mais ninguém. Subi e instalei-me à vontade. Saímos da garagem, eu e o motorista. Depositei as flores no banco do lado, olhei para trás e pareceu-me um autocarro enorme. Foi apenas um momento de quietude porque na paragem seguinte, na portagem, os passageiros apareceram, ou melhor, as passageiras. Assim que o motorista abriu a porta, diz-lhe uma senhora:
- Tenho aqui uma encomenda para lhe entregar, para Pousafoles, a rapariga que a deixou aqui disse que a mãe está lá na paragem, á espera, leva?
- Não levo, disse o motorista. Gerou-se um pequeno alvoroço.
- Então mas a mãe está lá á espera, a moça não podia cá ficar. Ó Maria, viste a rapariga não viste?
- Vi, disse a Maria.
- É amiga da Cristina não é?
- É, são amigas coitadinhas, pois são. Começaram as pessoas a entrar e a senhora que tinha a encomenda perguntou da rua:
- Está aí alguém que vá para Pousafoles? Não ia ninguém.
- E agora? Não vou deixar a encomenda da rapariga na rua.
- Olha lá, disse a Maria, há uma senhora que entra mais além, que é de Pousafoles, posso levá-la e ela entrega-lhe.
- E se ela não está lá ?- disse a outra.
- Há-de estar, pois se ela veio de manhã na camioneta, há-de voltar.
- Pois é, disse a outra, e isto também não há-de ser nenhuma bomba, e espreitou para o saco. De facto não era uma bomba.
- Pois isto há-de fazer falta à senhora, se a filha cá veio entregar, continuava. O motorista esperava pacientemente pela decisão do mulherio, se levavam ou não a encomenda.
- Olha, diz a que estava na rua, se ela não estiver lá, guarda-a e dás-ma depois.
- Pois claro, logo lha entregas, disse a Maria. Estava decidido! A encomenda seguia viagem. E não é que duas paragens mais á frente a tal senhora que ia para Pousafoles estava lá ?! ( Nem os serviços secretos fariam um controlo tão bem feito).
- Eu não a conheço, disse a Maria, mas que ela é de Pousafoles é. A senhora entra e ela logo lhe pergunta:
-Você não é de Pousafoles?
- Sou sim senhora.
- Tenho aqui uma encomenda, que a filha mandou para a mãe, que está à espera na paragem, você não se importa de a levar?
- Eu não conheço a pessoa mas o que é preciso é que esteja lá alguém para a receber.
- Há-de estar, pois se a filha a veio trazer. . . custa-lhe muito?
- Não custa nada.
- Obrigada. Pronto! Estava entregue a encomenda e por momentos fez-se silêncio na camioneta, sossegaram aquelas almas solidárias que por nada deste mundo deixariam de entregar a bendita. Tão bonito, pensei eu, na minha cidade corro para o autocarro, que ainda está na paragem, mas com a porta fechada, bato no vidro para que o motorista abra, mas ele arranca sem olhar para mim. Porque será? Lá seguimos viagem e descobri coisas que ainda não tinha visto, porque também aqui o progresso vai chegando. Vi estradas novas, pontes, novos pinheiros, embora poucos, no lugar daqueles que foram queimados, mas o que mais me encantou foram as gentes, também elas diferentes. Numa paragem mais á frente entrou um senhor que disse:
- Boas tardes para todos, e um coro de vozes respondeu:
- Boa tarde.
- Um bilhete para o Monte, por favor. Sentou-se atrás do motorista e quando chegámos ao Monte disse:
- Não se importa de me deixar aqui? Não vem mais ninguém. A camioneta parou no sítio pedido, porque a paragem era um pouco mais abaixo e não dava tanto jeito subir a ladeira porque as pernas já não ajudavam.
- Muito obrigado, disse.
- De nada, respondeu o motorista.
- Façam boa viagem, ainda se ouviu da rua. De dentro responderam:
- Que Deus o acompanhe. Eu continuava maravilhada com aqueles pequenos diálogos, tão esquecidos, tão bonitos! Cheguei a Lamas. Na paragem, a minha tia Augusta esperava por mim. Desci. Dentro do autocarro apenas ficou a senhora que ia para Pousafoles, e eu tenho a certeza absoluta que a encomenda foi entregue ao destinatário. Gostaria muito de voltar a fazer a mesma viagem, não pelas razões que me levaram á terra do meu pai, e, dessa vez, se houver alguém que queira mandar uma encomenda para Lamas, não se preocupem, eu própria a entregarei.
Carla Caetano
3/10/06
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Descubra porque consumir pimenta faz bem à saúde
Pesquisas científicas comprovam que a pimenta possui substâncias medicinais capazes de curar até cancros. O condimento picante ainda é considerado um vilão por muitas pessoas, que acreditam que seu uso pode trazer sérios problemas de saúde.
Seu consumo é essencial para quem tem enxaqueca. Essa afirmação pode cair como uma surpresa para muitas pessoas que, até hoje, acham que a pimenta deve ser evitada. Ela traz consigo alguns mitos, como por exemplo, o de que provoca gastrite, úlcera, pressão alta e até hemorróides. Por incrível que pareça, as pesquisas científicas mostram justamente o oposto.
Os benefícios da pimenta vêm sendo investigados a todo o momento por especialistas para comprovarem, cientificamente, que o uso contínuo e moderado da pimenta faz bem à saúde. A substância química que dá à pimenta o seu carácter picante é exactamente aquela que possui as propriedades benéficas à saúde.
ACÇÕES - A capsaicina e a piperina, substâncias picantes das pimentas, melhoram a digestão, estimulando as secreções do estômago. Elas possuem efeito carminativo (anti-flatulência) e estimulam a circulação no estômago, favorecendo a cicatrização de feridas (úlceras), desde que, outras medidas alimentares e de estilo de vida sejam aplicadas conjuntamente.
Existem também estudos demonstrando a potente acção antioxidante (anti-envelhecimento) da capsaicina e piperina. A pimenta possui até propriedades anti-câncer.
Fonte da pesquisa: http://www.ecoengenho.org.br
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Para que a memória não se apague…
Fez no passado dia 27 de Fevereiro, 60 anos, o Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs . Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.
O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essencial da dívida.
A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra. Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra, mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso.
Foi perdoada cerca de 50% (Entre os países que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado, e só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.
O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento. O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substancial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da dívida para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.
O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %. A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida. O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983.
Entre 1953 e 1958 foi concedida a situação de carência durante a qual só se pagaram juros.
Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores - e não só aos países endividados. Os países credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.
Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial, o que, "trocando por miúdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de divisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.
EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem.
Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais.
Marcos Romão, jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013.
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Humanidades . . .
. . . do que os Homens podem e deveriam ser capazes , sempre ! Por tudo "isto" , valeu a pena . . . "ter andado por cá" . . .
CONSEQUÊNCIAS DA CRISE NA GRÉCIA !
1. Zeus vende o trono para uma multinacional coreana.
2. Aquiles vai tratar o calcanhar na saúde pública.
3. Eros e Pan inauguram prostíbulo.
4. Hércules suspende os 12 trabalhos por falta de pagamento.
5. Narciso vende espelhos para pagar a dívida do cheque especial.
6. O Minotauro puxa carroça para ganhar a vida.
7. A Acrópole é vendida e aí é inaugurada uma Igreja Universal do Reino de Zeus.
8. Euro-zona rejeita Medusa como negociadora grega:"Ela tem minhocas na cabeça!".
9. Sócrates inaugura o Cicuta's Bar para ganhar uns trocados.
10. Dionísio vende vinhos à beira da estrada de Maratona.
11. Hermes entrega currículo para trabalhar nos correios. Especialidade: entrega rápida.
12. Afrodite aceita posar para a Playboy.
13. Sem dinheiro para pagar salários, Zeus libera as ninfas para trabalharem na Euro-zona.
14. Ilha de Lesbos abre resort hetero.
15. Para economizar energia, Diógenes apaga a lanterna.
16. O Oráculo de Delfos vaza números do orçamento e provoca pânico nas Bolsas.
17. Áries, deus da guerra, é pego em flagrante desviando armamento para a guerrilha síria.
18. A caverna de Platão abriga milhares de sem-abrigo.
19. Descoberto o porquê da crise: os economistas estão todos gregos!
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
As Cinquenta Sombras de Grey em versão Alentejana
Quatro alentejanos costumam ir pescar há muitos anos, sempre na mesma época, montando um acampamento para o efeito.
Este ano, a mulher do João bateu o pé e disse que ele não ia. Profundamente desapontado, telefonou aos companheiros e disse-lhes que, desta vez, não podia ir porque a mulher não deixava.
Dois dias depois, os outros chegaram ao local do acampamento e, muito surpreendidos, encontraram lá o João à espera deles e com a sua tenda já armada.
- Atão, João, comé que conseguisti convencer a tua patroa a deixar-te viri?
- Bêm, a minha mulheri tên estado a ler "As Cinquenta Sombras de Grey" e, ontem à nôte, depois de acabar a última página do livro, arrastô-me para o quarto. Na cama, havia algemas e cordas!
Mandô-me algemá-la e amarrá-la à cama e opois disse: Agora, faz tudo o que quiseres...
E ê ... VIM PESCARI !!!
sábado, 7 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
MOMENTOS DE MAGIA . . . À Beira Mar
Do meu posto de vigia, junto ao mar, não vejo só cantores aflitos. Por vezes, também assisto a momentos de magia e nem sempre a minha leitura é um momento de concentração porque os sons que vêm da esplanada acabam por desviar a minha atenção para o que se passa à minha volta.
Em frente ao banco onde me sento, existe um muro que protege a esplanada da falésia e aí costumam poisar as pombas que observam com algum desdém o voo picado e gracioso das gaivotas. Incapazes de maiores proezas preocupam-se em procurar alimento deixado ao acaso por quem passa.
Atrás de mim, na esplanada, estava um casal com uma filha pequena e em cima do muro tinha pousado uma pomba que sem se atrever a voar, pelo espaço aberto que tinha à sua frente, como as destemidas gaivotas, se debruçou no muro de cabeça para baixo, em perfeito equilíbrio mas, para quem olhasse, numa posição de autêntico suicídio. Foi o que deve ter parecido à pequenita que disse aflita para o pai:
-Pai, pai, olha, a pomba vai cair!
O pássaro alheio à aflição da menina esticava o pescoço para fora do muro, espreitando, talvez, alguma lagartixa que por ali andasse a tomar banhos de sol.
Numa atitude de puro divertimento o pai resolve brincar com a filha e diz num jeito teatral:
Ó pomba, não! Não faças isso, pensa nos teus familiares, pensa nas pessoas que gostam de ti.
A pomba recuou na sua posição e entreteve-se a procurar umas migalhas que estavam caídas por ali.
A menina ria-se encantada e não tirava os olhos do animal. Regressei à leitura e passados alguns momentos voltou a menina ao seu chamamento aflito:
Pai, pai, olha a pomba!
E o pai voltou a brincar, vendo que o pássaro tinha voltado à sua posição suicida.
Ó pomba, não! Não faças isso, há sempre uma solução, pensa nos teus amigos, não!
E a ave voltava para trás, naturalmente, cansada da posição em que se encontrava, saltitando à procura de alimento.
A menina ria-se agarrada ao braço do pai, a mãe sorria feliz e o mágico, esse, estava encantado com os momentos de alegria que proporcionava à sua filhota. Esta, provavelmente, iria guardar na sua memória, as palavras mágicas do pai, num certo passeio a Cascais.
Eu, sorria para mim, pensando naquele momento de uma família em perfeita harmonia.
E continuo a acreditar que são estes pequenos momentos que fazem de nós pessoas felizes.
Todos os dias, à hora do almoço, do meu posto de vigia, eu vejo a vida acontecer!
Carla
Outubro 2007
O Trovador e . . . a Pequena "Manif"
Ontem, pude sentir, ao vivo, pela 1ª vez, o verdadeiro sentido de uma manifestação de solidariedade por aqueles que julgando que nada têm, possuem um instrumento ( a voz) capaz de mover outras vozes e outras consciências, em sua defesa.
Passo a explicar:
Perto do sítio onde trabalho, há um recanto, junto ao mar, com várias esplanadas e onde normalmente venho ler, na minha hora do almoço. A clientela é, nesta altura do ano, maioritariamente estrangeira e aproveitando as mentes abertas desta gente, os vários tocadores de verão vão dando uso à sua criatividade. Mas este dia foi diferente.
Entendeu a Autoridade Municipal que era preciso licença para tocar e queria, à força, que o tocador solitário que ali se encontrava, fosse embora dali.
Ele, agarrado à sua viola, cantava: So, so you think you can tell….
A polícia insistia para os acompanhar, coisa que ele não estava na disposição de fazer. A conversa começou a subir de tom e dizia o trovador: Não me calo! Só estou a cantar! E dedilhava a viola cantando: How I wish, how I wish you were here…. Está a ameaçar-me? Vai bater-me?
E o agente de autoridade que falava ( eles eram 4) dizia: baixa a voz que eu não sou surdo.
Nas esplanadas, à volta, começou a gerar-se uma certa movimentação de cadeiras e mesas, pessoas a levantarem-se, máquinas fotográficas prontas a disparar.
A troca de palavras tornou-se mais feroz e um dos agentes afastou-se para ir buscar reforços, enquanto os outros tentavam imobilizar o trovador. Uma saraivada de assobios inundou a esplanada e as máquinas começaram a disparar. O nosso homem debatia-se como um leão e continuava a dizer: Eu sou livre de cantar! Está outra vez a ameaçar-me? Ouviram? Vocês são minhas testemunhas, ele disse que aqui não é lugar para apanhar porrada. Eles vão bater-me. E cantava, So, so you think you can tell….
Nesse momento, sorri pela coragem do trovador, mas temendo por dentro, pelo que se ia seguir depois.
Vieram reforços, com algemas nas mãos, que tentaram agarrar o infeliz que se tinha deitado no chão, agarrado à viola e a gritar. Das esplanadas vieram vendavais de uuuuhs e Shame on you! CNN, CNN, e as máquinas a disparar. Os agentes tentavam imobilizar o trovador e outro afastava a multidão que o apoiava. Um senhor de cabelos brancos, de dedo espetado na cara do polícia dizia: You can´t do this, he is just playing, he is just singing. Nice songs, dizia outro , shame on you.
O agente dizia: Para trás! ( Nunca deve ter ouvido Pink Floyd)
Levaram o homem de rastos, ao som de assobiadelas e mais uuuuhs. Passados uns segundos a nossa vida voltou à normalidade, e eu acho que a manifestação teria sido completa, se tivéssemos resgatado o trovador das mãos da autoridade e cantado com ele:
…há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!
Olhei para o meu livro, que estava fechado, para ter a certeza que não estava a ler ficção. Não, não era, isto foi real, aconteceu ontem, em Cascais, na minha hora de almoço!
Mas, hoje, fiquei feliz! De volta ao meu posto de vigia, reparei que o trovador tinha voltado. Não havia sinais de violência. Ele tinha um sorriso no rosto e cantava para a sua plateia: .. I wonna know, Have you ever seen the rain, I wonna know…
E assim, voltou a estar tudo no seu devido lugar!
Carla
Outubro 2007
Passo a explicar:
Perto do sítio onde trabalho, há um recanto, junto ao mar, com várias esplanadas e onde normalmente venho ler, na minha hora do almoço. A clientela é, nesta altura do ano, maioritariamente estrangeira e aproveitando as mentes abertas desta gente, os vários tocadores de verão vão dando uso à sua criatividade. Mas este dia foi diferente.
Entendeu a Autoridade Municipal que era preciso licença para tocar e queria, à força, que o tocador solitário que ali se encontrava, fosse embora dali.
Ele, agarrado à sua viola, cantava: So, so you think you can tell….
A polícia insistia para os acompanhar, coisa que ele não estava na disposição de fazer. A conversa começou a subir de tom e dizia o trovador: Não me calo! Só estou a cantar! E dedilhava a viola cantando: How I wish, how I wish you were here…. Está a ameaçar-me? Vai bater-me?
E o agente de autoridade que falava ( eles eram 4) dizia: baixa a voz que eu não sou surdo.
Nas esplanadas, à volta, começou a gerar-se uma certa movimentação de cadeiras e mesas, pessoas a levantarem-se, máquinas fotográficas prontas a disparar.
A troca de palavras tornou-se mais feroz e um dos agentes afastou-se para ir buscar reforços, enquanto os outros tentavam imobilizar o trovador. Uma saraivada de assobios inundou a esplanada e as máquinas começaram a disparar. O nosso homem debatia-se como um leão e continuava a dizer: Eu sou livre de cantar! Está outra vez a ameaçar-me? Ouviram? Vocês são minhas testemunhas, ele disse que aqui não é lugar para apanhar porrada. Eles vão bater-me. E cantava, So, so you think you can tell….
Nesse momento, sorri pela coragem do trovador, mas temendo por dentro, pelo que se ia seguir depois.
Vieram reforços, com algemas nas mãos, que tentaram agarrar o infeliz que se tinha deitado no chão, agarrado à viola e a gritar. Das esplanadas vieram vendavais de uuuuhs e Shame on you! CNN, CNN, e as máquinas a disparar. Os agentes tentavam imobilizar o trovador e outro afastava a multidão que o apoiava. Um senhor de cabelos brancos, de dedo espetado na cara do polícia dizia: You can´t do this, he is just playing, he is just singing. Nice songs, dizia outro , shame on you.
O agente dizia: Para trás! ( Nunca deve ter ouvido Pink Floyd)
Levaram o homem de rastos, ao som de assobiadelas e mais uuuuhs. Passados uns segundos a nossa vida voltou à normalidade, e eu acho que a manifestação teria sido completa, se tivéssemos resgatado o trovador das mãos da autoridade e cantado com ele:
…há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!
Olhei para o meu livro, que estava fechado, para ter a certeza que não estava a ler ficção. Não, não era, isto foi real, aconteceu ontem, em Cascais, na minha hora de almoço!
Mas, hoje, fiquei feliz! De volta ao meu posto de vigia, reparei que o trovador tinha voltado. Não havia sinais de violência. Ele tinha um sorriso no rosto e cantava para a sua plateia: .. I wonna know, Have you ever seen the rain, I wonna know…
E assim, voltou a estar tudo no seu devido lugar!
Carla
Outubro 2007
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
O ESCULTOR , OS BONECOS E O QUADRO
Os bonequitos lá partiram, saltitando alegremente, pelos trilhos da inocência, à procura das cores que melhor ilustrassem a tela que levavam debaixo do braço. Uns com melhor sorte, outros com maior dificuldade, foram experimentando as tonalidades de uma vida ainda sem côr, com mil promessas no olhar, cheios de esperança, cheios de ilusões.
Passou-se o tempo e os bonecos cresceram. Nas telas já surgiam vários traços, daquilo que viriam a ser as obras encomendadas pelo Mestre. Eram sonhos de cristal, em corações de prata, aguarelas de mil cores, na constante mutação dos tons, eram o Sol em posição vertical!
Lentamente, os anos foram passando. Os rabiscos inocentes deram lugar a traços complexos, a mistura de cores capazes de confundir a observação atenta de qualquer mestre. Alguns começavam a duvidar da sua capacidade para completar a pintura. Havia já pouco espaço na tela e pareciam dizer: Estamos perdidos!
Um dia, muito suavemente para uns, de repente para outros, os bonecos deram conta de que a corda que o Escultor lhes dera estava a acabar e assustaram-se. Lembraram-se que Ele lhes tinha falado em limite de tempo. E agora? Era altura de olhar o quadro e rever os detalhes. Que côr deveriam ter posto ali? Que pincel utilizado acolá? Já não havia tempo, tinham de regressar e, de tela ao peito, os bonecos, enfrentaram o Escultor murmurando: Mestre, um dia pediste-nos para pintarmos um quadro. Aqui o tens! Foi o melhor que soubemos fazer.
O Artista olhou-os um por um e disse: Não estão nada mal, cada um de vós trouxe-me um original. Vou ter de analisar obras de arte até à eternidade mas, até lá, vou continuar a fazer bonecos.
Carla Caetano
Outubro de 1999
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
CLARA
Bom dia, DIA!
Este é o meu mantra diário, assim que me levanto. Para me dar energias, para me limpar a mente das poeiras que vão ficando acumuladas. E o caminho que faço desde casa até à entrada do Metro já conhece o meu ritual. Baixinho, vou recitando agradecimentos por tudo de bom que me possa acontecer nesse dia. Pelo Sol, pela minha boa disposição, pelas rosas que florescem num jardim por onde passo, etc,etc.
De vez em quando , noto que algumas pessoas olham para mim e sorrio ao pensamento delas, que adivinho. Não, não estou doidinha, estou feliz, de bem com a vida, apesar de tudo.
E as coisas boas acontecem!
Entrei no Metro e sentei-me. Duas paragens mais à frente entrou uma senhora com uma criança que trazia um chupa-chupa. Para eu não ficar de pé com os meus sacos na mão, que nesse dia eram muitos, coloquei-os no chão e ofereci à criança , o meu colo.
Ela aceitou e ajeitou-se começando a falar comigo muito bem disposta.
Poisou a sua mãozita na minha e disse:
- A minha mão é mais pequena do que a tua.
- É verdade, a minha é muito grande.
- A minha é castanha e a tua é branca.
- Pois é, mas a tua é mais bonita, tens as unhas pintadas.
- Foi a minha tia.
-São da cor do teu chupa-chupa, cor-de-rosa.
- E da cor dos meus collans e esticou a pernita para eu ver uns collans brancos com uns lacinhos cor-de-rosa.
- Quantos anos tens? Contou pelos dedos.
- 1,2,3
Sabia as cores, sabia contar, sabia tudo.
De repente abriu a boca num bocejo comprido.
- Tanto soninho, disse eu.
- Pois é, vou dormir no teu colo.
- Então dorme.
Virou-se de lado e ajeitou-se no meu regaço , deitando a cabecita no meu peito.
Senti um calor dentro de mim. Ela, marota, levantou a cabeça e disse:
- Estou a dormir no teu colo.
- Que bom, faz ó-ó.
Ela voltou a aconchegar-se.
Ficámos assim alguns momentos, ela contente com o conforto do meu colo e eu feliz com o momento e com aquele abraço.
Algumas paragens depois , a mãe chamou-a:
- Anda, vamos embora.
Saltou do meu colo e eu despedi-me.
- Então adeus.
- Adeus, depois vens outra vez?
- Venho, amanhã venho outra vez.
Chamava-se Clara a menina que gostou do meu colo. É pouco provável que voltemos a encontrar-nos, é pouco provável que ela se recorde deste dia , mas eu ficarei sempre com a imagem daquele sorriso maroto , a dizer-me: - vou dormir no teu colo.
Dentro de mim voltei a murmurar baixinho: Bom dia, DIA!
Carla Caetano
12.05.2008
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