terça-feira, 6 de fevereiro de 2018


Não estejas longe de mim um só dia, porque como, porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia, e te estarei esperando como nas estações quando em alguma parte dormitaram os trens. Não te vás por uma hora porque então nessa hora se juntam as gotas do desvelo e talvez toda a fumaça que anda buscando casa venha matar ainda meu coração perdido Ai que não se quebrante tua silhueta na areia, ai que não voem tuas pálpebras na ausência: não te vás por um minuto, bem-amada, porque nesse minuto terás ido tão longe que eu cruzarei toda a terra perguntando se voltarás ou se me deixarás morrendo.

PABLO NERUDA

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