quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Morreu Malangatana, pintor, pastor, aprendiz, curandeiro e mainato 05 de Janeiro de 2011, 11:33


Morreu esta madrugada, no Hospital Pedro Hispano em Matosinhos, Portugal, o artista moçambicano Malangatana, vítima de doença prolongada. Tinha 74 anos de idade. Malangatana estava internado naquela unidade hospitalar há vários dias.




Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 06 de Junho de 1936 em Matalana, distrito de Marracuene. Em vida, fez de tudo um pouco: foi pastor, aprendiz de curandeiro, empregado doméstico mas viria a notabilizar-se no mundo das artes, tornando-se num dos mais famosos artistas moçambicanos.

Fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, ator, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência

Entre 1990 a 1994 foi deputado da FRELIMO e ao longo de décadas ligado a causas sociais e culturais. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizador do Núcleo de Arte, colaborador da UNICEF e arquitecto de um sonho antigo, que levou para a frente, a criação de um Centro Cultural na "sua" Matalana.

Expôs em Moçambique e em Portugal mas também mundo fora, na Alemanha, Áustria e Bulgária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Unidos, Índia... Tem murais em Maputo e na Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas também em países como a Suécia ou a Colômbia.

Contando com as obras em museus e galerias públicas e em colecções privadas, Malangatana vai continuar presente praticamente em todo o mundo, parte do qual conheceu como membro de júri de bienais, inaugurando exposições, fazendo palestras, até recebendo o doutoramento honoris causa, como aconteceu recentemente em Évora, Portugal.

Foi nomeado Artista pela Paz (UNESCO), recebeu o prémio Príncipe Claus, e de Portugal levou também a medalha da Ordem do Infante D.Henrique. Em Portugal morreria também o pastor, mainato e pintor.

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