quinta-feira, 23 de setembro de 2021

As origens da Covid-19


23 Setembro, 2021

E voltamos a falar de Covid-19 com uma notícia publicada há dois dias pelo britânico Telegraph (o link envia para o site da Yahoo, onde a notícia pode ser lida na integra sem subscrição).

Dezoito meses antes da pandemia, cientistas em Wuhan (China) apresentaram uma projecto para libertar na natureza o coronavírus “potenciado”:


Novos documentos mostram que apenas 18 meses antes do aparecimento dos primeiros casos de Covid-19, os investigadores tinham apresentado planos para libertar nanopartículas penetrantes a pele contendo “novas proteínas quiméricas” do coronavírus de morcegos entre os morcegos das cavernas em Yunnan, China.

Também planearam criar vírus quiméricos, geneticamente potenciados para infectar mais facilmente os seres humanos, e solicitaram 14 milhões de Dólares à Defense Advanced Research Projects Agency (Darpa) para financiar o trabalho.

A Darpa, lembramos, é uma agência de investigação e desenvolvimento do Departamento da Defesa dos Estados Unidos, responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias para utilização militar.

O vírus quimérico é um vírus que contém material genético derivado de dois ou mais vírus distintos. Apesar de ser um fenómeno também presente em Natura, o vírus quimérico é maioritariamente uma criação dos laboratórios de manipulação genética apara a obtenção de armas biológicas ou de tratamentos médicos.

Voltando ao artigo do Telegraph, a proposta foi apresentada pelo zoólogo Peter Daszak da EcoHealth Alliance que esperava utilizar a engenharia genética para reunir “locais de cissão específicos para o Homem” no morcego Covid “que facilitariam a entrada do vírus em células humanas”. Um método que, por coincidência, responderia a uma pergunta de longa data entre a comunidade científica sobre como a SARS-CoV-2: conseguiu evoluir o coronavirus até tornar-se tão contagioso para os humanos? Ao que parece, encontrámos a resposta.

A proposta de Daszak também incluía planos para combinar estirpes de alto risco de coronavírus natural com versões mais infecciosas mas menos mortais. A sua equipa de investigadores incluía a bem conhecida Dr.a Shi “Lady Bat” Zhengli do Instituto de Virologia de Wuhan (onde, casualmente, a “pandemia” teve início), bem como investigadores norte-americanos da Universidade da Carolina do Norte e do Centro Nacional de Saúde da Vida Selvagem do US Geological Survey.

A Darpa rejeitou o plano e afirma que “é evidente que o projecto proposto liderado por Peter Daszak poderia ter colocado as comunidades locais em risco”, avisando que o mesmo Daszak não tinha plenamente considerado os perigos implícitos no potenciamento do vírus através da investigação do ganho de funções (o gain-of-function, a prática através da qual é alterado um organismo para melhorar as suas funções) ou através da libertação de uma vacina no ar.

Ainda o Telegraph:


Os documentos de subvenção mostram que a equipa também tinha algumas preocupações sobre o programa de vacinas e disse que “conduziria uma obra de divulgação […] para que haja uma compreensão pública do que estamos a fazer e porque o estamos a fazer, particularmente devido à prática do consumo de morcegos na região”.

Angus Dalgleish, professor de oncologia na Universidade St. Georges de Londres, e que lutou para obter as publicações que mostram que o Instituto de Virologia de Wuhan tinha estado a fazer um trabalho de “ganho de funções” durante anos antes da pandemia, disse que a investigação poderia ter ido para a frente mesmo sem o financiamento.

“Isto é claramente um ganho de função, a engenharia do local de cissaõ dos novos vírus para melhorar a infecciosidade das células humanas em mais do que uma linha celular”, disse ele.

Resumindo, Peter Daszak e a sua equipa estavam a trabalhar em colaboração com o Instituto de Virologia de Wuhan para conseguir o tal ganho de funções no âmbito do coronavirus dos morcegos, focando a atenção acerca de como um destes vírus poderia infectar mais facilmente os seres humanos e planeando libertar no ambiente (com aerossol) proteínas do mesmo.

Pelo que, podemos esquecer o pangolim e outros candidatos: não houve nenhuma “espécie hospede de trânsito” entre o morcego e o homem, a transformação do coronavirus dos morcegos para coronavirus humano foi feita em laboratório. Obrigado Aliança EcoHealth, óptimo trabalho (mas para alguns foi mesmo: a Johnsons & Johnson, partner da EcoHealth, agora ganha com a venda da vacina).

Acabou? Nem por isso, aqui começa a parte divertida.

Após o surto da “pandemia” Covid, Daszak observou no New York Times que ele e outros ecologistas tinham avisado a OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2018 de que a próxima pandemia “seria causada por um agente patogénico desconhecido e novo que ainda não tinha entrado na população humana”, provavelmente numa região com significativa interacção homem-animal. Daszak sabia bem do que estava a falar porque era a sua equipa a estudar o tal “agente patogénico desconhecido”. E, olhem o acaso, Daszak recomendou que fosse dada a maior prioridade aos esforços de investigação e desenvolvimento ao assunto para encontrar melhores métodos de diagnóstico e desenvolver vacinas.

Antes da pandemia, a EcoHealth Alliance de Daszak era a única organização dos EUA a pesquisar a evolução e a transmissão do coronavírus na China, onde, como vimos, fez parceria com o Instituto de Virologia de Wuhan. A 1 de Abril de 2020, portanto já após o início da “pandemia” de Covid nos Estados Unidos, a USAID (agência federal dos EUA para o desenvolvimento internacional) concedeu 2.26 milhões de Dólares ao programa da EcoHealth Alliance para permitir uma extensão de emergência do programa cujo financiamento tinha expirado em Setembro de 2019. A Universidade da Califórnia anunciou que a extensão iria apoiar “a detecção de casos de SARS-CoV-2 em África, Ásia e Médio Oriente para informar a resposta de saúde pública”, bem como a investigação da “fonte ou fontes animais do SARS-CoV-2 utilizando dados e amostras recolhidas nos últimos 10 anos na Ásia e no Sudeste Asiático”. Peter Daszak e Anthony Fauci (fonte: New York Post)

Rios de dinheiro para perceber mais sobre uma doença potenciada por quem estava a receber o dinheiro. Maravilhoso. Enquanto isso, Daszak gozava com tudo e todos: numa carta aberta assinada por outros 26 cientistas e publicada no The Lancet a 19 de Fevereiro de 2020 declarava:


Estamos unidos para condenar firmemente as teorias da conspiração que sugerem segundo as quais a Covid-19 não tem uma origem natural […] e concluímos esmagadoramente que este coronavírus teve origem na vida selvagem.

De acordo com e-mails obtidos pela FOIA (Freedom of Information Act, Lei da Liberdade da Informação), Daszak tinha sido o principal organizador da carta e tinha redigido o documento para “ocultar o seu papel e criar a impressão de unanimidade científica”. Também causou controvérsia uma vez que Daszak não revelou que o seu grupo EcoHealth Alliance tinha uma relação com o Instituto de Virologia de Wuhan (Dasak reconhecerá isso só mais tarde, em Junho de 2021).

Cereja no topo do bolo: em 2020 Daszak foi nomeado pela Organização Mundial de Saúde como único representante dos EUA na equipa enviada em território chinês para investigar as origens da “pandemia” da Covid-19. Isso mesmo: Daszak foi enviado para investigar o que ele já conhecia perfeitamente, tendo ele colaborado durante muitos anos (na prática desde o surto de SARS de 2002-2004) com Shi “Lady Bat” Zhengli naquele instituto de virologia de Wuhan alvo da investigação,


A EcoHealth Alliance

Quem é esta EcoHealth Alliance da qual Peter Daszak é presidente? A pergunta é pertinente porque não poucas vezes somos fascinados por nomes “dum certo nível”, por pessoas “que sabem”, esquecendo que todos podem errar. E erram. Falamos aqui não apenas de indivíduos ou de empresas privadas, mas até de galardoadas instituições de referência internacional.

Seria também possível perguntar a razão pela qual erram, se for algo inocente ou não. Pessoalmente continuo convencido de que a libertação da Covid no meio ambiente foi acidental e não propositada, algo que depois foi explorado para fins políticos: mas aqui o foco é outro. Então vamos ver quem fica atrás desta instituição que ao longo de anos recolheu milhões de Dólares (dinheiro dos contribuintes, óbvio) para potenciar um coronavirus, com os resultados que todos conhecemos.

Da EcoHealth Alliance fazem parte os seguintes partners académicos (estes são apenas alguns dos nomes):
as universidades americanas de Brown (o sétimo mais antigo college dos EUA), da Columbia, do Wyoming, a John Hopkins Bloomberg School of Public Health, Princerton, a Davis da California, a School of Public Health de Pittsburgh, o Nelson Institute for Environmental Studies do Winsconsis;
a universidade internacional de Cardiff (Reino Unido);
a Universidade Normal da China do Leste, directamente gerida pelo Ministério da Educação;
a Universidade de Pretória (África do Sul).

Também colaboram os seguintes partners governamentais:
nos EUA o Center for Disease Control & Prevention (CDC), o National Institutes of Health (parte do Departamento de Saúde), o National Wildlife Health Center do United States Geological Survey (USGS), o Departamento de Saúde de New York e o Departamento de Conservação Ambiental de New York;

E entre as instituições não governamentais:
o Museu Americano de História Natural, American Museum of Natural History, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Global Health Security Agenda Consortium (um protocolo entre 50 Países), uma miríade de ONGs reunidas no Planetary Health Alliance e no International Union for the Conservation of Nature.

Estas são apenas algumas das instituições que colaboram com as pesquisas da EcoHealth Alliance. Instituições de elevado gabarito, que não podem ser acusadas de falta de conhecimento. Se um tranquilo coronavirus dos morcegos foi transformado num portador de doença entre os seres humanos, temos que agradecer estes nomes também. Pensem nisso da próxima vez que ouvirem um “especialista”.

 

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