sábado, 7 de agosto de 2010

HISTÓRIA TRAÍDA Soberania Ameaçada (Réplica 2 ao senhor G. C) J.Jorge Peralta

Caro Senhor
1. Pois é, caro crítico! “O cachimbo deixa a boca torta”, diz a sabedoria popular. Já está montada a ditadura que proíbe ver as falcatruas dos vintecinquistas.

Para alguns “vintecinquistas” só há um discurso justo, legal, admitido: sempre elogiar, enaltecer, exaltar o 25 de Abril, seguindo o marketing bem arranjado e as opiniões dos escribas da imprensa falada, escrita e televisiva, e outros, previamente cooptados, sob a supervisão de forças estranhas ao país. Estão pondo vendas na Nação!! Estes são bem pagos e brindados, com benesses, com dinheiro pago por impostos de pessoas a quem talvez falte o necessário para cuidar dos filhos e dar conta das corriqueiras despesas domésticas. No Brasil dizem que também há gente paga para enfeitar a imagem dos gestores do vinte cinco, contra os interesses superiores da nação...
Cobrir, com uma lona preta, os desmandos dos arrogantes e atrevidos “donos” do poder, pode e é desejável para os beneficiários. Que o povo não saiba!
Quem os denunciar é “inimigo” da Pátria”. Seja escorraçado! Mas que pátria?! Seu mundo está centrado em interesses pessoais.
No entanto, essa gente está desacreditada. Depois da Internet, não mais se pode cobrir o sol com a peneira. É inútil... Tudo se sabe; até falsidades...
Os que mostram esse descalabro são os verdadeiros patriotas. Zelam por seu País, ainda que venham a ser perseguidos, ou mal olhados... Remar contra a corrente pode ser trabalhoso e penoso, mas às vezes é a única forma de desviar da tempestade, que se arma, logo adiante, e pode naufragar o país.
A Ânfora de Pandora foi destampada; os males estão na rua, às claras. Os traidores saíram dos esconderijos. Será que, logo a seguir aos males, chegarão os bens, como conta o mito? (Se não conhece o mito de Pandora, pesquise e achará).

2. Meu caro crítico
Vejamos alguns paradoxos estranhos:
Falar de Portugal, de seu lado luminoso, de sua missão histórica, diz o senhor: “isso incomoda”. Incomoda a quem?!
Esta atitude de mostrar um outro Portugal, belo e grande, em seus feitos históricos, diz ainda o senhor que, “ao invés de nos credenciar, acaba por nos abacalhar”. Não entendi! É de pasmar!
Desculpe-me, mas raramente leio frases tão insensatas e tão mesquinhas!

3. Falar do lado bom da nossa História e da nossa gente, faz mal a certos “vintecinquistas”.
Éh! Estou entendendo porque o “25” riscou, das escolas a História de Portugal. Só pensa na Ibéria e na Europa, divulgada por uma campanha soez de aloprados mercenários, que os professores seguem como cartilha apátrida (?!!)Tenta esquecer Portugal, a Pátria de todos.
Para essa gente (!) Portugal começou em 25 de Abril de 1975 (?!). Antes disso só existiu o caos (!!) Mas a verdade é inversa: Portugal existiu íntegro, embora machucado, até 25 de Abril, como um País altivo e forte, há 835 anos, com uma história gloriosa e algumas feridas, como é natural. E depois de 25, o que temos? O que resta?! Muita vergonha e um país decadente, desnorteado, prisioneiro de compromissos que lhe tolhem a liberdade.
Quem é capaz de criticar Salazar, que se olhe no espelho, honestamente, escute o que o espelho diz.
Os nossos grandes patriotas, que continuam existindo e são a maioria absoluta, estão sendo, sistematicamente desacreditados por uma “máquina” política suicida. Mas eles resistirão e o nosso sol voltará a brilhar, e a vida voltará a sorrir-nos.
Acreditamos que “não há mal que não se acabe”.
Atualmente há uma campanha armada e bem articulada para ferir a auto-estima dos portugueses e dos brasileiros. Dá-se ênfase quase exclusiva às sombras dos dois países. Esconde-se a Luz.
As sombras existem, sim. Mas sonega-se a face luminosa, que é muito mais intensa e muito nos honra.
As atitudes de pequenez de nosso povo e de nossas instituições são trombeteadas, aos quatro ventos. As grandezas são ocultadas, aos olhos das pessoas e aos olhos do mundo.

4. Consegue-se facilmente o intento: ferir a auto-confiança e a auto-estima do povo e da nação.
Este é o caminho que leva à dominação de outras potências, que se propõem como melhores e até salvadoras. Salvadoras ou opressores?!
É assim que as nações vão perdendo a soberania e entrando num anódino e oco padrão geral de caráter, esteriotipado, nivelado por baixo, robotizado, num mundo consumista, sem outros valores!! Talvez a grande derrocada chegue ao pensamento único, desejos únicos, modas únicas, comida única, criatividade nula, liberdade zero. Tudo sob o olhar vigilante do “grande irmão” ($). Assim pensam alguns aloprados. Todos se julgando livres. Mas que liberdade?!

Pessoalmente, por meus conhecimentos, alisto-me ao lado das pessoas que olham Portugal e o Brasil, pelo lado luminoso, sem olvidar as sombras deletérias que rondam o País, ou até para contrabalançar a onda negativa que nos ameaça.
As nações também adoecem e precisam de se cuidar e de se tratar para evitar a UTI. O frio combate-se com o calor.
Não podemos desistir. “Amanhã há de ser outro dia”.(Diz Chico Buarque)
Bem diz Fernando Pessoa:
“Quanto é melhor quando há bruma
esperar por Dom Sebastião, quer venha ou não!”

5. Há hoje, uma plêiade de homens e mulheres trabalhando nas hostes que exaltam e põem à luz do dia a alma luminosa das duas nações. Supera muito as suas mazelas que também existem.
Já dizia Camões:
“Também dos Portugueses alguns traidores houve, algumas vezes...” (Os Lusíadas, C. IV, 33).

Sim, também há uma imensidão de pessoas fazendo o trabalho sujo: divulgar, trombetear e agravar o lado tenebroso ou sombreado de nossos países, sem mostrar o outro lado. Entram na casa pelo galinheiro, e não pela sala de visitas. Esta eles escondem.
As pessoas malignas escondem o lado melhor do país e apenas mostram o que é ruim, para poderem amaldiçoar o país e ultrajá-lo, buscando tirar vantagens escusas. Mas, num país decaído, todos decaem.:
“Não há nada como um dia depois do outro!”
Foi assim que o profeta Balaão foi subornado, para amaldiçoar os israelitas, como cita Vieira (Num. 23,13).
Está escrito: “Os filhos das trevas são mais astutos do que os filhos da luz”(Lc. 16,8).

6. Seja como for, a história seguirá o seu rumo. Cada um colha o que semeou. Quem semeia luz, colha luz; quem semeia trevas, colha trevas.
Esta é a lei da vida e da morte.
Posso atestar que, na linha em que desenvolvo os meus trabalhos, há centenas e milhares de pessoas; certamente milhões. Não estou só. Nunca.
O lado sadio da nação está com quem cultiva seu lado melhor.
Há centenas e talvez milhares de obras nesta linha, de pensamento positivo.
Também há muita gente, sempre sôfrega, do outro lado: o crítico deletério.
A história dará o veredito.


7. Nossos leitores têm posições bem definidas e não estou aqui para ofender ninguém, nem para atacar. Digo o que penso, com todo o direito de o fazer. Respeito a opinião alheia, mesmo quando não concordo. Não sou palmatória do mundo.
Faço a minha parte, com consciência e lucidez. Que cada um faça a sua parte.
Falei da sabedoria popular, ao iniciar este comentário. Alguém contesta? Pois eu insisto e atesto: Por vezes há muito mais sabedoria e dignidade num analfabeto camponês ou guardador de rebanhos do que em muitos dos laureados, com vistosos diplomas, em nossas universidades e talvez gerindo o patrimônio público.

Nota: Este texto prossegue a Réplica ao senhor Cipriano
Aguarde a Réplica 3, amanhã

PORTUGALIDADE AFRONTADA J. Jorge Peralta Réplica 1 a uma crítica do senhor Cipriano. Publicada no Portugalclub, de 02/08/2010

Caro senhor

1. De partida, agradeço suas provocações. Gosto de ser provocado. Fico incomodado quando meus textos não produzem reação.
Esta é a nossa segunda confrontação. A primeira foi em 2009.
Não sei a qual ou a quais textos se refere a sua crítica apressada. De qualquer forma refere-se a textos que publiquei há mais de um ano, ou no Portugalclub ou no Tribuna Lusófona.
A crítica, embora inconsistente, está no ar. Precisa ser respondida para que não pareça que estou de acordo com ela. Não estou. Nem posso estar. Preciso então reagir,com todo o respeito, ainda que não queira.
Pelo seu texto percebo que está consultando os textos do meu site www.tribunalusofona.blogspot.com, onde há algumas dezenas de textos que o senhor pode ler à vontade. É um espaço aberto. Escrevo para ser lido. Não seleciono os leitores.
Hoje sou um soldado, da Lusofonia. Minha arma é a caneta ou o teclado. É a palavra.

No entanto, desculpe-me, mas não entendi o que o senhor quis dizer, com sua frágeis contestações. Contestação exige confronto de argumentos, buscando o contraditório do que afirmei.
Suas contestações, que não dizem nada, são contestações vazias, sem referente. Não ficam bem, num homem de bem. É a típica contestação do grupo sentado no poder. É contestação do faz de conta.
Argumento se derruba com argumentos apoiados em fatos objetivos. Diz o seu texto que “a realidade é outra absolutamente inversa à apresentada”. A que o senhor se refere? Não sei. Suas afirmações são gratuitas. Absolutamente gratuitas.Tenho algumas dezenas de trabalhos publicados na Internet, focados na Lusofonia. A quais deles se refere a sua contestação? O senhor criou um tigre de papel para nele subir?!

2. Disse-lhe que gosto de ser provocado, mas com argumentos válidos. Depois de mais de 40 anos de trabalho em grandes universidades, ainda me considero um aprendiz. Não decretei a minha infalibilidade, como alguns fazem. Aprendo todos os dias.
Olhei o seu comentário, esperando aprender algo que somasse. Mas frustrei-me. O senhor falou, e contestou e nada acrescentou; nem disse a que texto se refere. É crítica gratuita.
Fiquei com a ideia de que o senhor leu e não entendeu, ou não gostou e não quis entender, ou não leu e não gostou.
Senhor, não lhe fica bem subestimar ou desdenhar dos trabalhos que leu apressado. A crítica séria é sadia é desejada. Mas que seja séria. A realidade tem muitos ângulos para serem analisados.

3. Nos meus trabalhos, porque emprego, às vezes, linguagem contundente e não fico em cima do muro, conto que poderei sempre ter alguém que me conteste. Quem discorda, desde que tenha base teórica, está no seu direito democrático. Só não pode contestar gratuitamente, seja qual for o motivo. Não merece respeito quem não respeita.

Percebo que o senhor quer contestar minha posição, em relação ao “vinte cinco”. Nada a opor.

O senhor defende o 25 de Abril. Está no seu Direito e tem até alguns argumentos válidos, se os procurar. Eu contesto o 25 de Abril e grande parte dos “vintecinquistas”. Digo que o 25 de Abril foi traído. Todos sabem que foi. Não dá mais para esconder.
O País está abarrotado de denúncias fundamentadas e documentadas.
Dói-me dizer isto. Gostaria muito de estar enganado e então rever as minhas posições. Mas também sei que nem tudo são sombras no 25 de Abril, felizmente.
O 25 de Abril foi um sonho frustrado e frustrante. Foi uma grande promessa. Só. Era preciso fazer mudanças no percurso, mas com sabedoria e dignidade. Os traidores foram mais ágeis, tomaram o timão de assalto e conduziram o barco da nação, para campos mais tormentosos. Continua de tormenta em tormenta.
O Povo não é quem mais manda, é quem sofre as conseqüência e se submete... O Zeca Afonso deve estar frustrado. O povo não manda, é mandado e humilhado! O “mando” do povo foi só encenação para jornalista ver, relatar e fotografar.
Quer argumentos? Nem precisa sair do Portugalclub. Aqui há argumentos e fatos arrasadores, capazes de preencher uma enciclopédia.
O senhor Verdasca é um dos que aqui expuseram textos irrefutáveis.

4. O 25 de Abri foi traído quase no nascedouro, mas manteve por anos, a imagem bela de um movimento democrático a serviço da nação. Imagem vazia, mas bem enfeitada e perfumada... Uma bela farsa. Muita pena. Portugal merecia um 25 de Abril repleto de dignidade.
Perdemos uma grande oportunidade. Em vez de melhorar, pioramos muito. Foi desastroso. Portugal, em vez de levantar a cabeça, definhou em frustração e humilhação... Querem castrar 835 anos de história. Não passarão!
Viu-se depois que “a nação” eram apenas alguns oportunistas que assaltaram os cofres públicos e o bolso do povo, para proveito próprio, em meio a grande euforia e grandes promessas e terríveis vinganças e perseguições, em nome da sagrada liberdade, que agora se mascarou como farsa, em lastimável orgia.
Eu mesmo acreditei e me orgulhei do 25 de Abril por mais de 20 anos. Até conseguir olhar o vintecinquismo, com dados mais realistas, e ao ver o rumo desastroso que tomava o país. Não dá para enganar todos por muito tempo. Muitos acreditaram e muitos se frustraram com a mentira. Um dia a máscara cai!
Assim penso, dentro de minha visão Democrática de nação soberana, de desenvolvimento social e técnico-científico.
“Não há mal que não se acabe, nem bem que sempre dure”.

5. É sabido que os últimos governos simplesmente estão varrendo do país a ideia de Portugal nação. Mas que afronta! Estão substituindo o orgulho do nosso país, pelo orgulho de ser europeu. Um descalabro. Que vergonha!! Portugal está sendo, cultural e psicologicamente, dilapidado por apátridas! Esquartejado, por uma matilha de hienas selvagens... Portugal está sendo “colonizado” por aventureiros, sem passado e sem futuro. Está pagando caro por isso...
Os símbolos portugueses foram paulatinamente sendo esquecidos, pelo 25 de Abril, até que veio o Filipão, um Brasileiro e ensinou Portugal a ter orgulho de sua bandeira e a expandir sua alegria reprimida.
Portugal, nas escolas, é ou Europa ou Ibéria. Não há mais Descobrimentos Portugueses, mas descobrimentos ibéricos, isto é, na prática, espanhóis. Que vergonha! Dar o que é nosso?!! A quem?!
Somos iberos mas somos Portugal, como os Castelhanos são iberos mas são Espanha. Mas Portugal não é Espanha e nem Espanha é Portugal. É assim que tem de ser. Para sempre. O destino assim quis. E ainda bem!
A Espanha está querendo usurpar o nome Ibéria, que também é nosso. Nossa marca de identidade parte dos lusitanos. Querer apagar Portugal nação é crime de lesa-humanidade.
Vasco da Gama, para o 25, não é mais um grande navegador português, mas um grande navegador da Ibéria. Muitos de nossos grandes heróis devem estar se revirando no túmulo e se vingarão dos farsantes.
A Ibéria que se propõe, é a Espanha dominando toda a Península Ibérica e não a reunião dos povos da Ibéria: Portugal, Castela, Galiza, Catalunha, País Basco, etc. Portugal tem uma individualidade marcante e preciosa, que não pode ser jogada em vala comum.
Portugal e Espanha devem se respeitar sempre, viver fraternalmente, mas fraternidade não é dominação, nem exploração mútua. É respeitar a soberania de cada um. Que Portugal nunca esqueça o que houve em Olivença, que é paradigma de dominação asfixiante, arrogante e sanguinária de Castela.

Acabaram com a história de Portugal, no ensino básico.
A educação de nossa juventude está sucateada. Lastimável.
Isto é só uma pontinha de perigoso icebergue (sic).
Se alguém puder contestar o que aqui afirmo, com dados válidos e comprováveis, eu ficaria muito satisfeito. Eu gostaria muito que nada disto fosse verdade. Pelas informações que me chegam, é assim e muito pior.
No entanto sabemos, como dizia minha mãe, que:
“Não há mal que não se acabe e nem bem que sempre dure”
Se não nos esmorecermos, o amanhã nos devolverá esperança, com dias melhores e a volta da claridade.
“Quem sabe faz a hora não espera acontecer”.

6. Quanto ao que digo de Portugal, digo-o com argumentos. Sobre a linha de reflexão que adoto, há ampla bibliografia que o leitor pode consultar. Crio mas não invento o que informo.

Como cientista da linguagem, eu costumo apreciar sempre os argumentos, em confronto. Peso os dois lados com isenção.
O seu argumento de que somos apenas um país modesto e acanhado não procede. É marca de pequenez.
Foi esse país, nada modesto e nada acanhado, que produziu uma obra que deixou o mundo espantado. Seu argumento interessa apenas aos que querem justificar sua pequenez mental. Mas a ideologia oficial, hoje, “vende” essa ideia maluca sobre Portugal. Isso é coisa de gente falida e muito pequena. Portugal não merece essa gente no poder. Predadores no poder?! É macabro!

Portugal é o país que liderou os destinos do mundo por mais de 100 anos. Até recentemente (1975) era um dos países maiores do mundo.
Hoje, a Língua Portuguesa é a terceira (3ª) língua mais falada no Ocidente. Isto não é gabarito de um “País Acanhado”a que o senhor se refere. Acanhado e fraco é quem pensa assim... reiteradamente.
Os países não se medem pelo tamanho de seu território. Só os vintecinquistas usam argumento tão débil e talvez tão “palerma”.

7. Quanto a serem portugueses só os que nasceram em Portugal, essa é apenas uma condição acidental. Para ser português de verdade tem de sê-lo de coração e de opção. Não questão de acaso.
Muitos que hoje se dizem portugueses nos documentos, só se consideram europeus ou sei lá o quê.
Mas este argumento que aqui se repete, já lho contestei em diálogo anterior, aqui neste espaço. Reveja-o. Não será difícil encontrá-lo. Uma pessoa pode ter nascido fora, adquirido nova nacionalidade, e ser muito mais patriota que os natos no país.
Está na hora de desafrontar Portugal e lhe dar um governo à altura de seus destinos.
(São Paulo, 04/08/2010)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

DEMOCRACIA AMEAÇADA OU TIRANIA DISFARSADA? J. Jorge Peralta

1. A democracia é definida como o governo do povo, pelo povo e para o povo e com o povo.

Belo ideal, belo sonho, belas intenções, belo ideário.
Tão belo que muitas monarquias assumiram, há séculos, a estratégia de governança democrática. Muitos dos Reis de Portugal eram democratas. Também no tempo do Império, D. Pedro I e D. Pedro II seguiam o ideário democrático, de feliz memória.
A democracia opõe-se, naturalmente à tirania.
O regime republicano é, quase naturalmente, democrático. Quando não é, simula. O lobo gosta de se apresentar com peles de ovelha, para não ser rejeitado...
A República opõe-se, equivocadamente, à monarquia, como a democracia se opõe à tirania. Isto em teoria.
No entanto, os ideais democráticos preservaram poucos dos ideais que a constituem, teoricamente.

2. Hoje, tanto nos Regimes Republicanos como nos Regimes Monárquicos temos governos ditatoriais, despóticos, tiranos.
Na maior parte dos governos republicanos, ditos democráticos, vive-se um estado de ditadura e/ou de tirania, onde a lei é relegada a texto inoperante. Só vale para os inimigos. É discriminatória.
O pior de tudo são as tiranias disfarçadas, através de um populismo deletério que faz ruir os grandes valores do povo, trocados por algumas “moedas” assistencialistas, que têm por fim amortecer a consciência do povo e garantir o voto nas próximas eleições.
É o voto comprado pela fome, enganada com água e sal e uma colher de farinha, receita dos excluídos.

3. Nada pior do que uma ditadura disfarçada, por um processo dito democrático, apenas na metodologia.
O pior de tudo:
As chamadas democracias, regimes de “liberdade” por natureza, a primeira decisão que assumem, via de regra, é a desmoralização e a demonização do regime anterior, proibindo, quem quer que seja, de se referir, com admiração, ao regime anterior. Cada governo pensa criar uma nova história do país, às vezes execrando o que o precedeu. Esta é uma deplorável marca que combina ignorância com arrogância e presunção.
“Proíbe” é o nome exato e a realidade. Se proíbe de pensar diferente, então já foi rifada e estuprada a liberdade pessoal e social.
É proibido ter ideias diferentes dos pseudo-“donos do poder”. Isto é próprio da tirania! As pessoas têm de pensar como o grande chefe, guindado à condição de “grande irmão”. Risca-se a liberdade da vida. Quem se arrisca a pensar diferente, espere o troco... A tirania é vingativa; só pensa em vinganças... Essa máscara tem de cair.
Controla-se o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É a Lei de “Três em um”... Neste caso a pluralidade é fantasia manipulatória ...
Este é o golpe de morte de qualquer democracia. Continua a ser chamada “democracia”, porque os que governam foram “eleitos” pelo povo.
Para aprendermos a reagir a toda a tirania e mentira oficializada, faz bem escutar de novo, Rui Barbosa:

“De tanto ver triunfar as nulidades;
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça.
De tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra
e a ter vergonha de ser honesto”.
Se democracia é o “governo do povo, pelo povo, para o povo e com o povo”, sempre que este quesito essencial é desrespeitado, não é mais democracia. De democracia só tem a fantasia. Nomeia-se democracia por conveniência; para facilitar a dominação.
Governo conquistado através de uma campanha cheia de golpes baixos, de mentiras, de falcatruas e de mentiras, não é eleito pelo povo; é eleito pelo golpe baixo.
O povo votou comprado ou enganado. Não votou livremente. Sem liberdade não há democracia. Votou, manipulado, contra os próprios interesses e contra os interesses da nação. Não sei como alguém poderá opor-se a este argumento. Mas não falta quem o abomine e o rejeite.

4. Alguém deveria fazer um estudo, com dados concretos, de que a imprensa diária está abarrotada, para saber onde existe democracia autêntica e onde democracia é o novo nome da tirania. Democracia de fachada é mentira oficializada.
Quem quer conquistar o poder “ainda que seja na marra”, para a sua facção, certamente não está interessado no poder para o povo, mas para a sua facção, para o seu partido. O Presidente é presidente da nação e não do partido ou facção. Quando a realidade inverte o conceito, abre as portas à tirania.
E isto não deveria ser chamado de democracia; a não ser que se troque o conceito de democracia.

5. No entanto, a democracia não é apenas uma questão conceitual: é uma questão de prática e estratégia de gestão.
É preciso saber se o governo atende os interesses da nação, como um todo, ou se está voltado para atender, primeiro os interesses de uma facção, malbaratando o dinheiro que lhe entrega toda a população, colhido através dos impostos.
O dinheiro dos impostos é do povo e para o povo. Não é do governo, que é apenas seu gestor.
A inversão deste princípio, quando uma facção domina e todos pagam para poucos, os detentores do poder, instala-se a servidão da maioria, também chamada escravidão, talvez camuflada...
As pessoas que estão no poder, eventualmente, numa democracia, têm direitos iguais aos de todo o povo. Não há duas nações: a do poder e a do pagador de impostos.
Nossos antepassados diziam, confiantes:
“Não há mal que não se acabe
e nem bem que sempre dure”
Nestas condições, e olhando em nossa volta, ao nosso redor, vemos que a Democracia está efetivamente ameaçada pela tirania.
Precisamos lutar, “com unhas e dentes” para que a democracia resista a todas essas forças deletérias que lhe são contrárias.

6. A lei da “FICHA LIMPA”, em boa hora proposta, por subscrição popular, e aprovada pelo Congresso Nacional, é um começo ainda frágil, mas é um começo. Há outras iniciativas alvissareiras, por todo o Brasil.
Se todos nos dermos as mãos, poderemos fazer do nosso país, uma grande nação. Potencial não lhe falta.

“É melhor acender uma vela do que lastimar a escuridão”, diz o provérbio oriental.
E nos outros países lusófonos?! Como se manifesta a “Democracia”?! Ela é real, embrionária ou ainda uma fantasia?!
A Democracia real, sem fantasia é uma conquista de cada dia. Saibamos que, por perto, sempre ronda a tirania.
É dever de todo o Cidadão lutar por uma sociedade mais justa, por uma educação mais séria e consistente, por uma nação mais próspera e por um povo mais consciente. A educação é o termômetro da sociedade.
Só a educação séria e competente garante um futuro melhor para a nação.

TOURADAS OU TORTURA OFICIALIZADA?! GUERRA À CRUELDADE Aplausos à Catalunha J. Jorge Peralta

I - NO REINO DA BARBÁRIE
1. Não podemos confundir civilização e barbárie. Somente a solidariedade poderá decretar como extinta a bruta barbárie, que ainda resiste, por toda a parte.
Queremos aqui desvendar esta tensão ancestral, para superá-la.
A partir de um fato auspicioso que o Parlamento da Catalunha nos oferece:
Está decretado: a tourada é crueldade deplorável. Tourada não é diversão civilizada! Referimo-nos às touradas ainda praticadas na Espanha. A Catalunha em boa hora as extinguiu atendendo ao clamor do povo que abomina a crueldade como espetáculo e desrespeito à vida.
Tourada é flagrante marca de uma cultura decadente e perdulária.
Custa acreditar que um país, como a Espanha, tão arrogante e insolente, ainda mantenha a arena de tortura de animais, ante uma platéia bestificada e selvagem, que aplaude sem pensar, talvez por obrigação contextual...
A tourada é um paradigma de um sistema dominador, onde o algoz subjuga o mais fraco, pela lei da força.
Basta de espetáculos de crueldade! Basta de promover o sacrifício macabro de bois, ante os gritos psicóticos de uma platéia imbecilizada, sedenta de sangue, como seres infernais, como hienas ou chacais!....

2. Para consolidar esta reflexão, vamos fazer uma viagem ao nosso passado e ao nosso futuro, como cidadãos responsáveis, que vão além do trivial:
Até três séculos atrás, o espetáculo sádico e sangrento era dado pela Inquisição. As pessoas eram queimadas vivas, em praça pública, sendo submetidas a sofrimentos atrozes; um espetáculo pavoroso, abominável, selvagem... irracional...
Muito pior que a Inquisição, em termos humanitários, foi a crueldade atroz, cometida pelos castelhanos, dizimando muitos milhões de indígenas, a sangue frio, no fio da espada, na América do Sul, Central e do Norte, marcando para sempre a mais sanguinária atrocidade de todos os tempos, de triste e acabrunhante memória. O fato é relatado pelo insuspeito Frei Bartolomeu de Las Casas.
O “Espírito” que levou a tais atrocidades revive como paradigma reprodutor, nas touradas.
Revive também nos massacres disfarçados, feitos pelo sistema econômico, político e jurídico, ao tripudiar em cima das pessoas e comunidades sem malícia. Grandes holocaustos, em torno do bezerro do ouro monetário.
Precisamos ajudar a extirpar, da nossa sociedade, tão torpes “tradições” que encharcam de sangue e dor muitos capítulos da história da humanidade.
Se a história é mestra da vida, não deixemos ocultar os paradigmas que alimentam o lado pior de muitos humanos animalizados, cantados por esbeltos menestréis
Antes, queremos revelar esses paradigmas macabros. Dizem os romanos que “o povo quer ser enganado” (vulgus vult decipi). Penso que nem sempre. Só quer ser enganado quando lhe falta a consciência. Então demos-lha! Vamos dar nomes adequados: verdade como verdade e falsidade como falsidade; e não falsidade como verdade...
Hoje, a Espanha prossegue a tradição abominável: com o espetáculo selvagem das touradas sangrentas e macabras.
Ainda bem que a Espanha tem Regiões Autônomas, que podem livremente exercitar e respeitar os próprios sentimentos e seu modo de pensar.
Por que a Espanha não adere às touradas sem o holocausto do animal?

II – GLÓRIA FÁTUA DAS TOURADAS
3. Nada mais oposto ao espírito e a letra da civilização ocidental cristã.

O Espetáculo cruel que a Espanha, “orgulhosamente”, marca como algo muito triste, e oferece aos selvagens engravatados, criando um espírito de idiotia coletivo, que bate palmas em vez de chorar e de se revoltar por tanta insensatez. Pois é a Espanha que se orgulha das nefastas touradas...Uma de suas marcas de prestígio (!!)
As touradas são insofismáveis marcas de decadência e de selvageria primitiva.
Não é civilizado ver maltratar animais, com requintes de crueldade, para divertir a plebe e engordar os cofres dos algozes, sem atender aos limites da ética do respeito à vida. A ética precisa ter espaço no mundo financeiro.
O turista paga para ver atrocidades contra animais maltratados até à morte mais ignominiosa, que um ser vivo pode ter: ante os aplausos doentios da platéia desvairada. O orgulho do toureiro matador não é desvio de caráter?

4. Assisti a uma tourada em Madri em 1992. Confesso que fiquei enojado.
Ante os gritos e aplausos histéricos da platéia, senti-me quase num manicômio. Espetáculo degradante para a espécie humana, que não se despiu da brutalidade bárbara, doentia e irracional.
Nunca mais.
A tourada é uma reminiscência trágica e tétrica de uma sociedade bruta e violenta, onde a força bruta suplanta a força da razão, da solidariedade, da convivência sã, cooperativa e respeitosa aos Direitos de cada um.
A tourada é um resquício antológico e arqueológico de uma sociedade sem leis, onde a lei do tacape, do porrete e do apedrejamento garantiam a vantagem dos mais fortes, ou mais cruéis.
É resquício dos tempos dos vitoriosos, que cantavam vitória, em cima de milhares de cadáveres, que deixavam milhares de mulheres viúvas e sós, com muitos milhares de filhos órfãos, morrendo à míngua e ao desamparo; milhares de noivas condenadas à solidão. A ambição era resolvida, no fio da espada ou da adaga, na sagacidade cruel, em vez de se pensar na solidariedade, entre todos, pois que o sol nasce todos os dias, para todos.

5. As touradas denunciam que, escondido debaixo de uma máscara de civilização, existem milhares e perigosas feras humanas sanguinárias. São os lobos com pele de ovelha. A Civilização, para muitos, é uma fantasia para burlar os incautos. As touradas são aponta de um icebergue social, que preserva a crueldade em seus subterrâneos. É arma disponível numa guerra mascarada de entretenimento fantasiado; é um culto à atrocidade.
A sociedade precisa redescobrir o outro, como parte da grande orquestração universal. A força da solidariedade universal entre todos os viventes, racionais e irracionais, animais ou vegetais e até dos minerais.
Solidariedade envolve respeito a toda a natureza, no solo, no subsolo, nas águas, no ar e no espaço sideral.
No entanto, quem aplaude e quem promove esses espetáculos degradantes das touradas, jamais saberá o que é solidariedade universal.

A tourada é o símbolo mais degradante e atroz do imbecil coletivo, egoísta, sádico, que não sabe ver a beleza da natureza, em sua totalidade, orquestrada e articulada, onde toda a vida se relaciona, em dimensões intercomplementares e interdependentes.

III – MUDANÇA E O CAMINHO DA VIDA
6. A Espanha, como país civilizado, há muito deveria ter derrubado essas arenas sanguinárias e bárbaras. Enquanto não fizer, manter-se-á na época pré-histórica da barbárie. Manter esse rentável monumento à decadência social é atitude degradante e lastimável.

O que se faz com os fogosos e belos bois, espicaçando-os até à morte atroz, numa sangreira repugnante, facilmente se fará nas arenas da vida de nosso mundo pseudo-civilizado. Continuarão sendo espalhados cadáveres morais por nossas ruas, residências e palácios. Pelas mãos da justiça, da política e da economia, onde os mais fracos serão espicaçados até sangrarem ante os aplausos e apupos da plebe insana.
Na vigência da lei do mais forte, a vítima poderá facilmente ser condenada como culpada e o criminoso poderá ser indenizado e glorificado.
Não é de hoje que a vítima passa por culpado.
Assim se produzem milhares de cadáveres adiados que perambulam pelas ruas, sós, alienados da vida e da solidariedade.
As touradas são um dos muitos paradoxos que a Espanha precisa ter coragem de esmagar, pondo algo positivo no seu lugar. Seja oferecido ao povo um entretenimento que eleve a humanidade; não algo degradante e decadente.
Não há mal que não se acabe e nem bem que sempre dure.

7. Por isso deve ser saudado, por toda a civilização ocidental, a coragem da CATALUNHA, por ter conseguido aprovar uma lei que risca da paisagem Catalã essa triste ignomínia das sanguinárias e abomináveis touradas.

Parabéns Catalunha. Vocês derrubaram um pobre ídolo de ouro que envergonha a nossa civilização. A Catalunha libertou-se do lado sádico de alguns castelhanos. Mostrou que a soberania é uma condição de sanidade de toda a comunidade Catalã, que não compartilha com a prepotência dos senhores que riem do povo e de suas forças humanitárias.
Não deixem reverter tão auspiciosa e histórica decisão. Logo outras regiões autônomas lhes seguirão o exemplo, em boa hora afixado no sentimento coletivo do povo consciente. Esta é mais uma batalha ganha pela civilização humana.

A tourada espanhola deve ser considerada como uma grande alegoria trágica da modernidade coisificante, que vai manietando e matando, estuprando cruelmente a alma do mundo.
Precisamos libertar a nossa civilização de seus entulhos sádicos e decadentes.