segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Memórias de uma aula de Zeca Afonso em Setúbal



Barreiro, 4 de Outubro de 1967
(Quarta-feira)

Segundo dia de aulas. Continua o desassossego, com o pessoal a trocar beijos, abraços e confidências, depois desta longa separação que foram 3 meses e meio de férias. Estávamos todos fartos do verão, com saudades uns dos outros. A sala é a mesma do ano passado, no 1º andar e cheirava a nova, tudo encerado e polido, apesar do material já ser mais do que velho. Somos o 7.º A e como não chumbou nem veio ninguém de novo, a pauta é exactamente igual à do ano passado. Eu sou o n.º 34, e fico sentada na segunda fila, do lado da janela, cá atrás, que é o lugar dos mais altos.

Hoje tivemos, pela primeira vez, Organização Política e apareceu-nos um professor novo, acho que é a primeira vez que dá aulas em Setúbal, dizem que veio corrido de um liceu de Coimbra, por causa da política. Já ontem se falava à boca cheia dele, havia malta muito excitada e contente porque dizem que ele é um fadista afamado. Tenho realmente uma vaga ideia de ouvir o meu tio Diamantino falar dele, mas já não sei se foi por causa da cantoria se por causa da política. A Inês contou que ouviu o pai comentar, em casa, que o homem é todo revolucionário, arranja sarilhos por todo o lado onde passa. Ela diz que ele já esteve preso por causa da política, é capaz de ser comunista. Diferente dos outros professores, é de certeza. Quando entrou na sala, já tinha dado o segundo toque, estava quase no limite da falta. Entrou por ali a dentro, todo despenteado, com uma gabardine na mão e enquanto a atirava para cima da secretária, perguntou-nos:

- Vocês são o 7.º A, não são? Desculpem o atraso mas enganei-me e fui parar a outra sala. Não faz mal. Se vocês chegarem atrasados também não vos vou chatear
Tinha um ar simpático, ligeiro, um visual que não se enquadrava nada com a imagem de todos os outros professores. Deu para perceber que as primeiras palavras, aliadas à postura solta e descontraída, começavam a cativar toda a gente. A Carolina virou-se para trás e disse-me que já o tinha visto na televisão, a cantar Fado de Coimbra. Realmente o rosto não me era estranho. É alto, feições correctas, embora os dentes não sejam um modelo de perfeição e é bem parecido, digamos que um homem interessante para se olhar. O Artur soprou-me que ele deve ter uns 36 anos e acho que sim, nota-se que já é velho. Depois das primeiras palavras, sentou-se na secretária, abriu o livro de ponto, rabiscou o que tinha a escrever e ficou uns cinco minutos, em silêncio, a olhar o pátio vazio, através das janelas da sala, impecavelmente limpas.

Enquanto ele estava nesta espécie de marasmo nós começámos a bichanar uns com os outros, cada um emitindo a sua opinião, fazendo conjecturas. Às tantas, o bichanar foi subindo de tom e já era uma algazarra tão grande que parece tê-lo acordado. Outro qualquer professor já nos teria pregado um raspanete, coberto de ameaças, mas ele não disse nada, como se não tivesse ouvido ou, melhor, não se importasse. Aliás, aposto que nem nos ouviu. O ar dele, enquanto esteve ausente, era tão distante que mais parecia ter-se, efectivamente, evadido da sala. Quando recomeçou a falar connosco, em pé, em cima do estrado, já tinha ganho o primeiro round de simpatia. Depois, veio o mais surpreendente:

- Bem, eu sou o vosso novo professor de Organização Política, mas devo dizer-vos que não percebo nada disto. Vocês já deram isto o ano passado, não foi? Então sabem, de certeza, mais que eu.
Gargalhada geral.

- Podem rir porque é verdade. Eu não percebo nada disto, as minhas disciplinas, aquelas em que me formei, são História e Filosofia, não tenho culpa que me tivessem posto aqui, tipo castigo, para dar uma matéria que não conheço, nem me interessa. Podia estudar para vir aqui desbobinar, tipo papagaio, mas não estou para isso. Não entro em palhaçadas.
Voltámos a rir, numa sonora gargalhada, tipo coro afinado, mas ele ficou impávido e sereno. Continuava a mostrar um semblante discreto, calmo, simpático.

- Pois é, não vou sobrecarregar a minha massa cinzenta com coisas absolutamente inúteis e falsas. Tudo isto é uma fantochada sem interesse. Não vou perder um minuto do meu estudo com esta porcaria.
Começámos a olhar uns para outros, espantados; nunca na vida nos tinha passado pela frente um professor com tamanha ousadia.

- Eu estudaria, isso sim, uma Organização Política que funcionasse, como noutros países acontece, não é esta fantochada que não passa de pura teoria. Na prática não existe, é uma Constituição carregada de falsidade. Portugal vive numa democracia de fachada, este regime que nos governa é uma ditadura desumana e cruel.

Não se ouvia uma mosca na sala. Os rostos tinham deixado cair o sorriso e estavam agora absolutamente atónitos, vidrados no rosto e nas palavras daquele homem ímpar. O que ele nos estava a dizer é o que ouvimos comentar, todos os dias, aos nossos pais, mas sempre com as devidas recomendações para não o repetirmos na rua porque nunca se sabe quem ouve. A Pide persegue toda a gente como uma nuvem de fumo branco, que se sente mas não se apalpa.

- Repito: eu não percebo nada desta disciplina que vos venho leccionar, nem quero perceber. Estou-me nas tintas para esta porcaria. Mas, atenção, vocês é outra coisa. Vocês vão ter que estudar porque, no final do ano, vão ter que fazer exame para concluírem o vosso 7.º ano e poderem entrar na Faculdade. Isso, vocês tem que fazer. Estudar. Para serem homens e mulheres cultos para puderem combater, cada um onde estiver, esta ditadura infame que está a destruir a vossa pátria e a dos vossos filhos. Vocês são o amanhã e são vocês que têm que lutar por um novo país.

Não vão precisar de mim para estudar esta materiazinha de chacha, basta estudarem umas horas e empinam isto num instante. Isto não vale nada. Eu venho dar aulas, preciso de vir, preciso de ganhar a vida, mas as minhas aulas vão ser aulas de cultura e política geral. Vão ficar a saber que há países onde existem regimes diferentes deste, que nos oprime, países onde há liberdade de pensamento e de expressão, educação para todos, cuidados de saúde que não são apenas para os privilegiados, enfim, outras coisas que a seu tempo vos ensinarei. Percebem? Nós temos que aprender a não ser autómatos, a pensar pela nossa cabeça. O Salazar quer fazer de vocês, a juventude deste país, carneiros, mas eu não vou deixar que os meus alunos o sejam. Vou abrir-lhes a porta do conhecimento, da cultura e da verdade. Vou ensinar-lhes que, além fronteiras, há outros mundos e outras hipóteses de vida, que não se configuram a esta ditadura de miséria social e cultural.

Outra coisa: vou ter que vos dar um ponto por período porque vocês têm que ter notas para ir a exame. O ponto que farei será com perguntas do vosso livro que terão que ter a paciência de estudar. A matéria é uma falsidade do princípio ao fim, mas não há volta a dar, para atingirem os vossos mais altos objectivos. Têm que estudar. Se quiserem copiar é com vocês, não vou andar, feita toupeira, a fiscalizá-los, se quiserem trazer o livro e copiar, é uma decisão vossa, no entanto acho que devem começar a endireitar este país no sentido da honestidade, sim porque o nosso país é um país de bufos, de corruptos e de vigaristas. Não falo de vocês, jovens, falo dos homens da minha idade e mais velhos, em qualquer quadrante da sociedade. Nós temos sempre que mostrar o que somos, temos que ser dignos connosco para sermos dignos com os outros. Por isso, acho que não devem copiar. Há que criar princípios de honestidade e isso começa em vocês, os futuros homens e mulheres de Portugal. Não concordam?

Bem, por hoje é tudo, podem sair. Vemo-nos na próxima aula.
Espantoso. Quando ele terminou estava tudo lívido, sem palavras. Que fenómeno é este que aterrou em Setúbal?
Já me esquecia de escrever. Esta ave rara, o nosso professor de Organização Política, chama-se Zeca Afonso.

Hélida Carvalho Santos


comentários

nome: José Palácio Marques
comentario: Sem mais comentários, e para quê?

nome: Jorgete Teixeira
comentario: Recomendo vivamente! Fez-me lembrar um professor meu de Filosofia que chegou ao Liceu de Vila Real para ensinar OPAN, era o Dr. Limpinho, o primeiro nome não me lembro. Tomou a mesma posição que o Zeca. No ano seguinte tinha sido dispensado de dar aulas. Vozes incómodas que formaram uma geração e a despertaram para as lutas por um país melhor, mais justo e solidário.Tantos anos depois, que falta que nos fazem homens assim!

nome: manueldominguez.es
comentario: ¿por que me facedes chorar?, que lindo mensaje, que belas palabras os meus parabens , gracias obrigado.-a25abril.org

nome: Eduardo Cunha
comentario: Epá mais alguem que se lembra do Limpinho! Era muito correcto e interessado, lembro-me de uma cicatriz estranha no pescoço nunca lhe vi essa posição anti qualquer coisa agressiva, mas era desalinhado, não de roupa mas com o sistema, o substituto dizia sempre: -silêncio! postura de cantor do S. Carlos, lenço ao pescoço e tudo, muitissimo afectado: Viva o Limpinho! abaixo a politica, viva a introdução!

nome: Herminio(Agueda)
comentario: Quem foi contemporaneo do Zeca e o conheceu pessoalmente, ou de outra forma, nao tem duvidas que este relato e autentico, e mesmo do Zeca, do saudoso Zeca. Tenho a certeza que se o "trovador da liverdade" fosse vivo hoje ,Portugal seria diferente, nao estaria onde esta! Onde estiveres, ZECA, recebe um abraço meu

nome: Maria Eduarda
comentario: Ter sido o pai espiritual de uma geração, não foi coisa que reconhecesse (talvez nem acreditasse). Mas, foi! Obrigada querido Zéca, por TUDO.

nome: Leono Vieira
comentario: As lágrimas vieram aos meu olhos...

nome: Mário Afonso
comentario: Tenho muita pena de não ter estado nessa aula. Foi um raro momento, previlégio de uns felizardos. Obrigado prof. Zeca Afonso

nome: Ana Santos
comentario: Também tive um professor em OPAN que só nos dizia: "atenção está no livro, mas não escrevam isto no exame!". Devo ter escrito o que não devia, porque tive um 11!!!! quando quase todos tinham de 16 para cima!!!! Mas tive 15 a Filosofia!

nome: Manuela Fonseca
comentario: Claro que, pouco tempo depois dessa aula, "Era de noite e levaram Quem naquela cama dormia, Dormia, dormia." - o Zeca foi preso e não chegou a fazer a avalialção dos alunos. (Ainda há quem tenha saudades de ditaduras e ditadores? Fraco gosto.

nome: Hélida Carvalho Santos
comentario: Depois de tanta gente ter mostrado interesse por este texto que tive guardado durante mais de 40 anos no meu baú de memórias, acho que devo aos leitores que se continuam a interessar pela figura deste homem ímpar, uma nota final. Zeca Afonso só conseguiu ser nosso professor durante um período. Prenderam-no, se a memória não me falha, no início de 68. Deixou de ser nosso professor e passou a ser o nosso héroi. Os anos passaram, a morte levou-o, nós crescemos, hoje já somos quase todos avós, mas ele continua dentro nós, como a nossa primeira e única grande referência de integridade absoluta, no mundo da política. E quando os professores nos marcam desta maneira, não existe morte que os derrube porque os seus ensinamentos, os seus códigos e os seus valores irão continuar sempre vivos, através dos rapazes e raparigas que tão elevadamente ajudaram a formar e a crescer. Hoje tenho 62 anos mas continuo a recordar, como se fosse hoje, a figura do Zeca Afonso em cima do estrado da velhinha sala de aulas, com os olhos dele nos nossos, dizendo: temos que ser dignos connosco para sermos dignos com os outros. Há que criar princípios de honestidade e isso começa em vocês, os futuros homens e mulheres de Portugal. Por esses alunos, aqui fica, publicamente, a expressão do nosso eterno reconhecimento.

nome: Rosário Vaz
comentario: Ainda bem que o texto saíu a público! Tal como a Manuela Fonseca, tinha tido acesso a essa preciosidade, pela mesma via, a amiga comum, Hélida Pais. Comentei, na altura, com a autora, que ter beneficiado destas "não aulas" terá sido um privilégio que deixou marcas. Que falta nos faz este homem nos dias tortuosos de hoje! Mais uma vez, obrigada, Hélida e parabéns pela excelência do texto!

nome: manuel santos
comentario: Zeca Afonso foi alguem que nao conheci pessoalmente; mas foi um homem que atravez da sua musica das suas palavras do seu portuguesismo de todas as coisas que lutou para mudar este Pais , jamais passara ao lado da historia que ele mesmo ajudou a criar, bem haja Zeca por toda a eternidade.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Amizade

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

- Machado de Assis

Nódoas


Quem escuta quem?
Quem manda quem?
Quem tem o fio da navalha?
O senhor ministro?
O Papa?
O Taxista?
O Evaristo?
Ou é um grito do Nirvana!...

Quem divulga quem?
Quem determina quem?
Uma inglória vã de viver?
Uma boca da Somália?
Um feto da Nigéria?
Uma placenta do Quénia?
Num saco de Karmas
Que pula e salta aos gritos
Numa euforia de malária,
De fome e de morte,
Por causa dos proveitos das armas?!...

Quem guarda quem?
Quem partilha quem?
As molas do colchão
Do segundo andar
Escutadas pelo vizinho
Do rés-do-chão?!...
Ou sou eu
Que estou a sonhar
Que tenho a sensação
Que me estão a escutar a matar?!...

Publicada por Augusto Canetas em Segunda-feira, Agosto 08, 2011

Meu país



Meu país para ser culto e desenvolvido

Precisa de ter:

Mais fundos comunitários,

Mais cidades plastificadas

De hipermercados perfumados,

Mais lixo tóxico demente

De cartões de crédito inflamados

Patologicamente

Perseguidos com prisão de ventre penhorados...



Menos património cultural e mais casinos,

Mais ricos, ricos e mais pobres, pobres...

Mais apoplécticos corruptos,

Mais justiça dualizada

Social e descriminada…

Ir uma vez por semana à missa,

Para encobrir os cornos

Na vergonha das hóstias engendradas...



Falar actualmente do meu país,

É preciso conhecer a sua história e a sua filosofia…

Sem ela, não se compreende:

A política, a justiça, a educação,

O trabalho e as forças armadas… são uma balela.


Publicada por Augusto Canetas em Sábado, Abril 30, 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A VIDA



Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egipto, com o objectivo de visitar um famoso sábio.

O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.

- Onde estão seus móveis? - perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa, perguntou também: - E onde estão os seus...?

- Os meus?! - surpreendeu-se o turista - Mas eu estou aqui só de passagem!

- Eu também... - concluiu o sábio.

"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de serem felizes."

É TEMPO DE ACABARMOS DE VEZ COM A TORTURA DOS SERES VIVOS SENCIENTES, HUMANOS OU NÃO HUMANOS por Manuel Alves



Nós seres humanos, em virtude da educação antropocêntrica e egocentrista, a que fomos condicionados, pela religião e filosofias ocidentais, pensamos que somos os donos do universo, e que podemos dispor dos outros seres vivos sencientes, como se de coisas se tratassem!

Mas os outros seres vivos sencientes, têm um sistema nervoso idêntico ao nosso, têm órgãos sensociais idênticos aos nossos, têm por isso capacidade de sofrimento e de afectos idênticas a nós seres humanos.

Por isso é inadmissível continuarmos a pensar que os outros animais e a natureza, estão ao nosso absoluto dispor para nos fazerem especialmente felizes, mesmo à custa da sua infelicidade e destruição.

O nosso Código Civil tem de ser alterado, não pode continuar a considerar que os animais são meras coisas. Os animais como seres vivos sencientes que são, tal como nós, têm direito ao respeito e à sua dignidade própria, têm direito ao seu território natural e à sua felicidade própria, tem direito a ter direitos e a não serem torturados!

É incrível, desumano e inadmissível, como nós seres humanos chegamos ao ponto de organizar espectáculos como as touradas, cuja única substância é torturar cruelmente o animal touro até à sua exaustão psíquica e morte, só para ganharmos dinheiro!

É incrível, desumano e inadmissível, como ns seres humanos nos permitimos retirar animais dos seus territórios naturais, e enjaula-los em pequenas celas de camiões, que fazem kilómetros atrás de kilómetros pelas estradas fora, para fazermos dinheiro com o espectáculo dos circos!

É incrível, desumano e inadmissível, como nós seres humanos nos permitimos acorrentar a uma "casota" os outros seres vivos sencientes, por toda uma vida, como se esses animais tivessem sido condenados à prisão perpétua, por algum crime desconhecido!

É incrível, desumano e inadmissível, que como nós seres humanos nos permitimos abandonar os nossos companheiros e amigos animais domésticos, como se estivessemos a descartar-nos de lixo incómodo, esquecendo que esses animais geraram afectos para connosco, e ficam indefesos e sofrem com essa separação cruel!

Há um tempo para tudo, e é tempo, caras amigas e amigos, de nós seres humanos, abandonarmos a nossacegueira egocentrista, que nos insensibiliza perante o sofrimento dos outros seres vivos sencientes, e é tempo de exigirmos respeito e dignidade por todos os seres vivos sencientes sejam eles humanos ou não humanos!

Não podemos contemporizar com a cumplicidade dos poderes públicos perante a transmissão televisiva dos espectáculos repugnantes da tourada, as quais veiculam para as nossas casas imagens de crueldade sangrenta infligida ao animal touro, e que violam o desenvolvivento integral da personalidade das crianças: o cumprimento do artº 69º da CRP tem de ser cumprido pelo Presidente da República, pelo PGR, e pelo Provedor da Justiça!

E temos de exigirmos firmemente a ilegalização de vez:

- do repugnante espectáculo da tourada, o qual incentiva à nossa violência contra os outros animais, e incentiva a nossa violência contra o nosso próximo, como o demonstram a violência do "bullying" nas escolas, e as "praxes académicas" nas universidades, os quais apenas visam humilhar covardemente um outro ser humano indefeso;

- da utilização de animais nos circos, pois é inadmissível que animais que necessitam de ter o seu território natural, sejam enjaulados em pequenas celas, em camiões, só para propiciar o lucro aos empresários circenses.

E é tempo de nós seres humanos adoptarmos uma visão holística e biocêntrica do universo, pois nem a terra é o centro do Universo, nem nós seres humanos somos donos do universo, por isso temos de respeitar a dignidade dos outros seres sencientes e temos de respeitar a natureza e promover os equilíbrios ecológicos naturais.

País | Esquerda - Fantástico artigo com muitas verdades "verdadeiras" . . .

País | Esquerda

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A CHINA VAI QUEBRAR A ECONOMIA MUNDIAL





Há 200 anos Napoleão Bonnaparte fez uma profecia, que está começando a realiza-se atualmente, ao dizer: "Deixem a China dormir porque, quando ela acordar, o mundo vai estremecer".


A China do Futuro - o Futuro é Hoje... A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China ....... Eis um aviso para o futuro! Mas quem liga para esse aviso? Atualmente ninguém ! Agora é só aproveitar.... E APROVEITAR ...! E depois como será para os nossos filhos ? Que futuro terão ?


JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?

Por Luciano Pires (Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e profissional de comunicação) .

Alguns conhecidos voltaram da China impressionados. Um determinado produto que o Brasil fabrica um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões...

A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas... Com preços que são uma fração dos praticados aqui. Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares: Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo, que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares. Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios.... estamos perante uma escravidão amarela e alimentando-a...

Horas extraordinárias? Na China...? Esqueça !!! O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que não vão receber nada por isso... Atrás dessa "postura" está a grande armadilha chinesa.

Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia "de poder" para ganhar o mercado ocidental .

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos 'marqueteiros' ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela "agrega de valor": a marca.

Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos da América um produto "made in USA". É tudo "made in China", com rótulo estadunidense.

As Empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares...

Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.
Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o que se pode chamar de "estratégia preçonhenta" (preço com peçonhento).

Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas táticas e tecnologia, cria unidades produtivas de alta performance, para dominar no longo prazo.

Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com os designes.... suas grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo,estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais.

Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados pelo mundo ocidental. Só haverá na China.

Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus preços, gerando um "choque da manufatura", como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde demais. Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se ao poderio chinês.

Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.

Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado, pois quem tem o monopólio da produção, manda.

Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é quem vai regular os mercados e não os "preçonhentos".

Iremos, nós e os nossos filhos, netos... assistir a uma inversão das regras do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atômica.... chinesa. Nessa altura em que o mundo ocidental acordar será muito tarde.

Nesse dia, os executivos "preçonhentos" olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando boliche no clube da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques fabris desmontados.

E então lembrarão, com muitas saudades, do tempo em que ganharam dinheiro comprando "balatinho dos esclavos" chineses, vendendo caro suas "marcas-grifes" aos seus conterrâneos.

E então, entristecidos, abrirão suas "marmitas" e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas, pois, foram todas copiadas....

REFLITAM E COMECEM A COMPRAR - JÁ - OS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO NACIONAL, FOMENTANDO O EMPREGO EM SEU PAÍS, PELA SOBREVIVÊNCIA DO SEU AMIGO, DO SEU VIZINHO E ATÉ MESMO DA SUA PRÓPRIA... E DE SEUS DESCENDENTES

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Explicar o BCE na esplanada do café...



A Primavera esmerou-se. Um sol agradável acariciava-nos na esplanada
do café à beira da minha porta. A chegada do Senhor Antunes, o mais
popular dos meus vizinhos, deu ensejo a uma lição sobre Europa e
finanças a nós todos que disto pouco ou nada percebemos.

Mais coisa, menos coisa, é assim sem tirar nem pôr:

- Oh Sôr Antunes, explique lá isso do Banco Central Europeu, aqui à
rapaziada do Café.

- Então vá, vá lá, Só por esta vez. O BCE é o banco central dos
Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

- E donde veio o dinheiro do BCE?

- O capital social, o dinheiro do BCE, é dinheiro de nós todos,
cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à
Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao
euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10
dos 27 Estados da UE contribuiram com 30%.

- E é muito, esse dinheiro?

- O capital social era 5,8 mil milhões de euros mas no fim do ano
passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca
de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de
2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do
banco.

- Então, se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a
Portugal, não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou
outro dos seus accionistas.

- Não, não pode.

- ???

- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.

- Então, a quem pode o BCE emprestar dinheiro?

- A outros bancos, já se vê, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.

- Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de
dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai aos outros bancos que por sua
vez vão ao BCE e tal.

- Pois.

- Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a
Alemanha irem directamente ao BCE?

- Não. Sim. Quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros
não ganhavam nada nesse negócio!

- ??!!..

- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a
Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países
do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos
XPTO, a 1% e esse conjunto de bancos XPTO emprestaram ao Estado
português e a outros Estados a 6 ou 7%.

- Mas isso assim é um "negócio da China"! Só para irem a Bruxelas
buscar o dinheiro!

- Neste exemplo, ganharam uns 3 ou 4 mil milhões de euros. E não têm
de se deslocar a Bruxelas, nem precisam de levantar o cu da cadeira. E
qual Bruxelas qual carapuça. A sede do BCE é na Alemanha, em
Frankfurt, onde é que havia de ser?

- Mas, então, isso é um verdadeiro roubo... com esse dinheiro
escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de
nos tirarem o 13º mês, que já dizem que vão tirar...

- Mas, oh seu Zé, você tem de perceber que os bancos têm de ganhar
bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e
aqueles ordenados aos administradores que são gente muito
especializada.

- Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?

- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro
lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

- Deixa ver se percebo. Então, os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE
para eles emprestarem aos bancos a 1% para depois estes emprestarem a
5 e a 7% aos Governos donos do BCE?

- Não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas,
os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos
de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar é que levam
juros a 6%, a 7 ou mais.

- Nós somos os donos do dinheiro e nós não podemos pedir ao nosso banco...

- Nós, nós, qual nós? O país, Portugal ou a Alemanha, é composto por
gentinha vulgar e por pessoas importantes que dão emprego e tal. Você
quer comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por
mês ou com um calaceiro que anda para aí desempregado com um grande
accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um
administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os
prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não
se pode comparar.

- Mas, e os nossos Governos aceitam uma coisa dessas?

- Os nossos Governos, os nossos Governos... mas o que é que os
governos podem fazer? Por um lado, são, na maior parte, amigos dos
banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito
razoável quando lhes faltarem os votos. Em resumo, não podem fazer
nada, senão quem é que os apoiava?

- Mas oh que porra de gaita! Então eles não estão lá eleitos por nós?

- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é que
manda. Não viu isto da maior crise mundial de há um século para cá?
Essa coisa a que chamam sistema financeiro que transformou o mundo da
finança num casino mundial como os casinos nunca tinham visto nem
suspeitavam e que ia levando os EUA e a Europa à beira da ruína? É
claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e
deixaram a gentinha que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos
fundos a ver navios. Os governos, então, nos EUA e cá na Europa, para
evitar a ruína dos bancos tiveram que repor o dinheiro.

- E onde o foram buscar?

- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. Donde é
que havia de vir o dinheiro do Estado?...

- Mas meteram os responsáveis na cadeia?

- Na cadeia? Que disparate. Então, se eles é que fizeram a coisa,
engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar
o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais
comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's,
uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de
Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao
tapete, foram passados à reforma. O Sr. McDaniel é uma pessoa
importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que
tinha direito.

- Oh Sôr Antunes, então como é? Comemos e calamos?!

- Isso já não é comigo, eu só estou a explicar...

domingo, 14 de agosto de 2011

DIFERENÇA ENTRE INTELIGÊNCIA E ENGENHOSIDADE...‏

O gerente geral de uma cadeia hoteleira americana viajou pela segunda vez para Seul no lapso de um ano; ao chegar ao hotel onde devia hospedar-se foi recebido calorosamente com um "Bienvenido nuevamente señor, que bueno es verlo una vez más en nuestro hotel". Duvidando de que o recepcionista tivesse tão boa memória e surpreendido pela recepção, propôs-se que - no seu retorno a New York- imporia igual sistema de tratamento ao cliente na cadeia hoteleira que administrava.
No seu regresso convocou e reuniu todos os seus gerentes pedindo-lhes para desenvolver uma estratégia para tal pretensão. Os gerentes decidiram implementar um software de reconhecimento de rostos, base de dados atualizada dia a dia, câmaras especiais, com um tempo de resposta em micro segundos, assim como a pertinente formação dos empregados, etc., cujo custo aproximado seria de 2.5 milhões de dólares.

O gerente geral descartou a ideia devido aos elevados custos. Meses depois, na sua terceira viagem a Seul, tendo sido recebido da mesma maneira, ofereceu uma boa gratificação ao recepcionista para que lhe revelasse como o faziam.

O recepcionista disse-lhe então: “Repare senhor, aqui temos um acordo com os taxistas do aeroporto; durante o trajeto eles perguntam ao passageiro se já antes se hospedou neste hotel, e, se a resposta é afirmativa, eles, à chegada ao Hotel, depositam as malas do hóspede do lado direito do balcão de atendimento. Se o cliente chega pela primeira vez, as suas malas são colocadas do lado esquerdo. O taxista é gratificado pelo seu trabalho"

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Se você for inteligente responda


*Como se escreve zero em algarismos romanos???

* Por que os Flintstones comemoravam o Natal se eles viviam numa época antes de Cristo??

* Por que os filmes de batalha espaciais tem explosões tão barulhentas, se o som não se propaga no vácuo???

* Por que quando aparece no computador a frase 'Teclado Não Instalado', o fabricante pede p/ apertar qualquer tecla???

* Se os homens são todos iguais, por que as mulheres escolhem tanto???

* Por que a palavra 'Grande' é menor do que a palavra Pequeno'???

* Por que 'Separado' se escreve tudo junto e 'Tudo junto' se escreve separado???

* Se o vinho é líquido, como pode existir vinho seco???

* Por que quando a gente liga para um número errado nunca dá ocupado???

* Por que as pessoas apertam o controle remoto com mais força, quando a pilha está fraca???

* O instituto que emite os certificados de qualidade ISO 9002, tem qualidade certificada por quem???

* Quando inventaram o relógio, como sabiam que horas eram, para poder acertá-lo???

* Se a ciência consegue desvendar até os mistérios do DNA, porque ninguém descobriu ainda a fórmula da Coca-Cola???

*Como foi que a placa 'É Proibido Pisar na Grama' foi colocada lá???

* Por que quando alguém nos pede que ajudemos a procurar um objeto perdido, temos a mania de perguntar: 'Onde foi que você perdeu?'

* Por que tem gente que acorda os outros para perguntar se estavam dormindo???

* Se o Pato Donald não usa calças, por que ele amarra uma toalha na cintura quando sai do banho???

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Foi aprovada reforma aos 50 anos com 9.000 euros por mês para os funcionários da UE QUE MUNDO HIPÓCRITA!!!

Escândalo na UE

Noruegueses, Finlandeses, Suecos, Franceses,....Portugueses!, todos a denunciar! e a exigir HONESTIDADE

Já reparou? Os políticos europeus estão a lutar como loucos para entrar na administração da UE! E por quê?

Leia o que segue, pense bem e converse com os amigos. Envie isto para os europeus que conheça! Simplesmente, escandaloso.

Foi aprovada a aposentadoria aos 50 anos com 9.000 euros por mês para os funcionários da EU!!!. Este ano, 340 agentes partem para a reforma antecipada aos 50 anos com uma pensão de 9.000 euros por mês.

Sim, leu correctamente!

Para facilitar a integração de novos funcionários dos novos Estados-Membros da UE (Polónia, Malta, países da Europa Oriental ...), os funcionários dos países membros antigos (Bélgica, França, Alemanha ..) receberão da Europa uma prenda de ouro para se aposentar.

Porquê e quem paga isto?

Você e eu estamos a trabalhar ou trabalhámos para uma pensão de miséria, enquanto aqueles que votam as leis se atribuem presentes de ouro. A diferença tornou-se muito grande entre o povo e os "Deuses do Olimpo!"

Devemos reagir por todos os meios começando por divulgar esta mensagem para todos os europeus. É uma verdadeira Mafia a destes Altos Funcionários da União Europeia ....

Os tecnocratas europeus usufruem de verdadeiras reformas de nababos ... Mesmo os deputados nacionais que, no entanto, beneficiam do "Rolls" dos regimes especiais, não recebem um terço daquilo que eles embolsam.

Vejamos! Giovanni Buttarelli, que ocupa o cargo de Supervisor Adjunto da Protecção de Dados, adquire depois de apenas 1 ano e 11 meses de serviço (em Novembro 2010), uma reforma de 1 515 ? / mês. O equivalente daquilo que recebe em média, um assalariado francês do sector privado após uma carreira completa (40 anos)..

O seu colega, Peter Hustinx acaba de ver o seu contrato de cinco anos renovado. Após 10 anos, ele terá direito a cerca de ? 9 000 de pensão por mês.

É simples, ninguém lhes pede contas e eles decidiram aproveitar ao máximo. É como se para a sua reforma, lhes fosse passado um cheque em branco.

Além disso, muitos outros tecnocratas gozam desse privilégio:

1. Roger Grass, Secretário do Tribunal Europeu de Justiça, receberá ? 12 500 por mês de pensão.

2. Pernilla Lindh, o juiz do Tribunal de Primeira Instância, ? 12 900 por mês.

3. Damaso Ruiz-Jarabo Colomer, advogado-geral, 14 000 ? / mês.

Consulte a lista em:

http://www.kdo-%20mailing.com/redirect.asp?numlien=1276&numnews=1356&numabonneXSSCleanedXSSCleanedXSSCleaned=62286

Para eles, é o jackpot. No cargo desde meados dos anos 1990, têm a certeza de validar uma carreira completa e, portanto, de obter o máximo: 70% do último salário. É difícil de acreditar ... Não só as suas pensões atingem os limites, mas basta-lhes apenas 15 anos e meio para validar uma carreira completa, enquanto para você, como para mim, é preciso matar-se com trabalho durante 40 anos, e em breve 41 anos.

Confrontados com o colapso dos nossos sistemas de pensões, os tecnocratas de Bruxelas recomendam o alongamento das carreiras: 37,5 anos, 40 anos, 41 anos (em 2012), 42 anos (em 2020), etc. Mas para eles, não há problema, a taxa plena é 15,5 anos... De quem estamos falando?

Originalmente, estas reformas de nababos eram reservadas para os membros da Comissão Europeia e, ao longo dos anos, têm também sido concedida a outros funcionários. Agora eles já são um exército inteiro a beneficiar delas:: juízes, magistrados, secretários, supervisores, mediadores, etc.

Mas o pior ainda, neste caso, é que eles nem sequer descontam para a sua grande reforma. Nem um cêntimo de euro, tudo é à custa do contribuinte ... Nós, contribuímos toda a nossa vida e, ao menor atraso no pagamento, é a sanção: avisos, multas, etc. Sem a mínima piedade. Eles, isentaram-se totalmente disso. Parece que se está a delirar!

Esteja ciente, que até mesmo os juízes do Tribunal de Contas Europeu que, portanto, é suposto «verificarem se as despesas da UE são legais, feitas pelo menor custo e para o fim a que são destinadas», beneficiam do sistema e não pagam as quotas. E que dizer de todos os tecnocratas que não perdem nenhuma oportunidade de armarem em «gendarmes de Bruxelas» e continuam a dar lições de ortodoxia fiscal, quando têm ambas as mãos, até os cotovelos, no pote da compota?

Numa altura em que o futuro das nossas pensões está seriamente comprometido pela violência da crise económica e da brutalidade do choque demográfico, os funcionários europeus beneficiam, à nossa custa, da pensão de 12 500 a 14 000 ? / mês após somente 15 anos de carreira, mesmo sem pagarem quotizações... É uma pura provocação!

O objectivo é alertar todos os cidadãos dos Estados-Membros da União Europeia. Juntos, podemos criar uma verdadeira onda de pressão.

Não há dúvida de que os tecnocratas europeus continuam a gozar à nossa custa e com total impunidade, essas pensões. Nós temos que levá-los a colocar os pés na terra.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"CAÍ NO MUNDO E NÃO SEI COMO VOLTAR"

O que acontece comigo é que não consigo andar pelo mundo pegando coisas e trocando-as pelo modelo seguinte só por que alguém adicionou uma nova função ou a diminuiu um pouco…

Não faz muito, com minha mulher, lavávamos as fraldas dos filhos, pendurávamos na corda junto com outras roupinhas, passávamos, dobrávamos e as preparávamos para que voltassem a serem sujadas.
E eles, nossos nenês, apenas cresceram e tiveram seus próprios filhos se encarregaram de atirar tudo fora, incluindo as fraldas. Se entregaram, inescrupulosamente, às descartáveis!

Sim, já sei. À nossa geração sempre foi difícil jogar fora. Nem os defeituosos conseguíamos descartar! E, assim, andamos pelas ruas, guardando o muco no lenço de tecido, de bolso.
Nããão! Eu não digo que isto era melhor. O que digo é que, em algum momento, me distraí, caí do mundo e, agora, não sei por onde se volta.

O mais provável é que o de agora esteja bem, isto não discuto. O que acontece é que não consigo trocar os instrumentos musicais uma vez por ano, o celular a cada três meses ou o monitor do computador por todas as novidades.
Guardo os copos descartáveis! Lavo as luvas de látex que eram para usar uma só vez.

Os talheres de plástico convivem com os de aço inoxidável na gaveta dos talheres! É que venho de um tempo em que as coisas eram compradas para toda a vida!

É mais! Se compravam para a vida dos que vinham depois! A gente herdava relógios de parede, jogos de copas, vasilhas e até bacias de louça.
E acontece que em nosso, nem tão longo matrimônio, tivemos mais cozinhas do que as que haviam em todo o bairro em minha infância, e trocamos de refrigerador três vezes.

Nos estão incomodando! Eu descobri! Fazem de propósito! Tudo se lasca, se gasta, se oxida, se quebra ou se consome em pouco tempo para que possamos trocar.
Nada se arruma. O obsoleto é de fábrica.
Aonde estão os sapateiros fazendo meia-solas dos tênis Nike? Alguém viu algum colchoeiro encordoando colchões, casa por casa? Quem arruma as facas elétricas? o afiador ou o eletricista? Haverá teflon para os funileiros ou assentos de aviões para os talabarteiros?

Tudo se joga fora, tudo se descarta e, entretanto, produzimos mais e mais e mais lixo. Outro dia, li que se produziu mais lixo nos últimos 40 anos que em toda a história da humanidade.

Quem tem menos de 30 anos não vai acreditar: quando eu era pequeno, pela minha casa não passava o caminhão que recolhe o lixo! Eu juro! E tenho menos de ... anos! Todos os descartáveis eram orgânicos e iam parar no galinheiro, aos patos ou aos coelhos (e não estou falando do século XVII). Não existia o plástico, nem o nylon. A borracha só víamos nas rodas dos autos e, as que não estavam rodando, as queimávamos na Festa de São João. Os poucos descartáveis que não eram comidos pelos animais, serviam de adubo ou se queimava..
Desse tempo venho eu. E não que tenha sido melhor.... É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com "guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa", mudar para o "compre e jogue fora que já vem um novo modelo".
Troca-se de carro a cada 3 anos, no máximo, por que, caso contrário, és um pobretão. Ainda que o carro que tenhas esteja em bom estado... E precisamos viver endividados, eternamente, para pagar o novo!!! Mas... por amor de Deus!
Minha cabeça não resiste tanto. Agora, meus parentes e os filhos de meus amigos não só trocam de celular uma vez por semana, como, além disto, trocam o número, o endereço eletrônico e, até, o endereço real.

E a mim que me prepararam para viver com o mesmo número, a mesma mulher e o mesmo nome (e vá que era um nome para trocar). Me educaram para guardar tudo. Tuuuudo! O que servia e o que não servia. Por que, algum dia, as coisas poderiam voltar a servir.

Acreditávamos em tudo. Sim, já sei, tivemos um grande problema: nunca nos explicaram que coisas poderiam servir e que coisas não. E no afã de guardar (por que éramos de acreditar), guardávamos até o umbigo de nosso primeiro filho, o dente do segundo, os cadernos do jardim de infância e não sei como não guardamos o primeiro cocô.

Como querem que entenda a essa gente que se descarta de seu celular a poucos meses de o comprar? Será que quando as coisas são conseguidas tão facilmente, não se valorizam e se tornam descartáveis com a mesma facilidade com que foram conseguidas?
Em casa tínhamos um móvel com quatro gavetas. A primeira gaveta era para as toalhas de mesa e os panos de prato, a segunda para os talheres e a terceira e a quarta para tudo o que não fosse toalha ou talheres. E guardávamos...

Como guardávamos!! Tuuuudo!!! Guardávamos as tampinhas dos refrescos!! Como, para quê? Fazíamos limpadores de calçadas, para colocar diante da porta para tirar o barro. Dobradas e enganchadas numa corda, se tornavam cortinas para os bares. Ao fim das aulas, lhes tirávamos a cortiça, as martelávamos e as pregávamos em uma tabuinha para fazer instrumentos para a festa de fim de ano da escola.

Tuuudo guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar acendedores descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para acendedores descartáveis. E as Gillette até partidas ao meio se transformavam em apontadores por todo o tempo escolar. E nossas gavetas guardavam as chavezinhas das latas de sardinhas ou de corned-beef, na possibilidade de que alguma lata viesse sem sua chave.
E as pilhas! As pilhas das primeiras Spica passavam do congelador ao telhado da casa. Por que não sabíamos bem se se devia dar calor ou frio para que durassem um pouco mais. Não nos resignávamos que terminasse sua vida útil, não podíamos acreditar que algo vivesse menos que um jasmim. As coisas não eram descartáveis. Eram guardáveis.

Os jornais!!! Serviam para tudo: para servir de forro para as botas de borracha, para por no piso nos dias de chuva e por sobre todas as coisa para enrolar.

Às vezes sabíamos alguma notícia lendo o jornal tirado de um pedaço de carne!!! E guardávamos o papel de alumínio dos chocolates e dos cigarros para fazer guias de enfeites de natal, e as páginas dos almanaques para fazer quadros, e os conta-gotas dos remédios para algum medicamento que não o trouxesse, e os fósforos usados por que podíamos acender uma boca de fogão (Volcán era a marca de um fogão que funcionava com gás de querosene) desde outra que estivesse acesa, e as caixas de sapatos se transformavam nos primeiros álbuns de fotos e os baralhos se reutilizavam, mesmo que faltasse alguma carta, com a inscrição a mão em um valete de espada que dizia "esta é um 4 de bastos".

As gavetas guardavam pedaços esquerdos de prendedores de roupa e o ganchinho de metal. Ao tempo esperavam somente pedaços direitos que esperavam a sua outra metade, para voltar outra vez a ser um prendedor completo.

Eu sei o que nos acontecia: nos custava muito declarar a morte de nossos objetos. Assim como hoje as novas gerações decidem matá-los tão-logo aparentem deixar de ser úteis, aqueles tempos eram de não se declarar nada morto: nem a Walt Disney!!!

E quando nos venderam sorvetes em copinhos, cuja tampa se convertia em base, e nos disseram: Comam o sorvete e depois joguem o copinho fora, nós dizíamos que sim, mas, imagina que a tirávamos fora!!! As colocávamos a viver na estante dos copos e das taças. As latas de ervilhas e de pêssegos se transformavam em vasos e até telefones. As primeiras garrafas de plástico se transformaram em enfeites de duvidosa beleza. As caixas de ovos se converteram em depósitos de aquarelas, as tampas de garrafões em cinzeiros, as primeiras latas de cerveja em porta-lápis e as cortiças esperaram encontrar-se com uma garrafa.

E me mordo para não fazer um paralelo entre os valores que se descartam e os que preservávamos. Ah!!! Não vou fazer!!!
Morro por dizer que hoje não só os eletrodomésticos são descartáveis; também o matrimônio e até a amizade são descartáveis. Mas não cometerei a imprudência de comparar objetos com pessoas.

Me mordo para não falar da identidade que se vai perdendo, da memória coletiva que se vai descartando, do passado efêmero. Não vou fazer.
Não vou misturar os temas, não vou dizer que ao eterno tornaram caduco e ao caduco fizeram eterno.
Não vou dizer que aos velhos se declara a morte apenas começam a falhar em suas funções, que aos cônjuges se trocam por modelos mais novos, que as pessoas a que lhes falta alguma função se discrimina o que se valoriza aos mais bonitos, com brilhos, com brilhantina no cabelo e glamour.

Esta só é uma crônica que fala de fraldas e de celulares. Do contrário, se misturariam as coisas, teria que pensar seriamente em entregar à bruxa, como parte do pagamento de uma senhora com menos quilômetros e alguma função nova. Mas, como sou lento para transitar este mundo da reposição e corro o risco de que a bruxa me ganhe a mão e seja eu o entregue...

Eduardo Galeano
* Jornalista e escritor uruguaio

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde