sábado, 29 de janeiro de 2011

Darrell Issa , afaste-se das corporações ! Milhões de norte-americanos contraem doenças transmitidas por alimentos todos os anos.

OPINIAO | 29 JANEIRO, 2011 - 01:00 | POR AMY GOODMAN

Lembram-se das “freedom fries” ou “batatas-fritas da liberdade”? Esse foi o nome que os deputados republicanos, na última vez em que foram maioria, deram às batatas fritas (que em inglês se chama “french fries”), logo após a França negar o apoio à invasão do Iraque. Parece que renomear batatas será a única matéria que alguns no Congresso estão dispostos a apoiar, em termos de regulamentação alimentar.

A nova maioria republicana ameaça dar início a uma enxurrada de investigações. O congressista republicano pela Califórnia Darrel Issa é o novo presidente do Comité de Controlo e Reforma do Governo. Issa vem divulgando no seu twitter informações sobre os assuntos que pretende investigar: “Lista de investigações de controlo iniciais e contínuas: as fugas da WikiLeaks, a segurança alimentar e dos medicamentos dos Estados Unidos e a eficácia das retiradas de produtos do mercado por parte da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA na sigla em inglês)...”

O momento escolhido para anunciar que controlará a segurança alimentar foi impecavelmente oportuno. Exactamente um dia antes de o presidente Obama promulgar, segundo estava previsto, a Lei de Modernização da Segurança Alimentar da FDA, um dos últimos projectos de lei aprovados pela câmara baixa antes de o Congresso iniciar o recesso no final de Dezembro. A nova lei outorga à Administração de Alimentos e Medicamentos autoridade para ordenar a retirada de produtos do mercado, entre outras faculdades orientadas a proteger os cidadãos dos EUA de doenças transmitidas pelos alimentos. Ainda que duvidem, até ao presente momento, a FDA podia recomendar a retirada de mercado, mas não ordená-la.

A nova lei não vai chegar a tempo, no entanto, para ajudar a Shirley Mae Almer, que morreu em 21 de Dezembro de 2008, após ser infectada por salmonela, que contraiu ao consumir manteiga de amendoim. Almer e pelo menos outros oito morreram devido a uma doença provocada pela manteiga de amendoim King Nut e outros produtos feitos a partir de amendoins estragados da Peanut Corporation of America. Dois anos se passaram desde a morte de Almer, e a sua família acaba de conseguir entrar com uma acção no tribunal federal. Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, como sigla do seu nome em inglês) informam que ao menos 714 pessoas contraíram a enfermidade durante esse intervalo em 46 estados. A CDC disse que milhões de pessoas contraem doenças transmitidas por alimentos todos os anos, levando 128 mil a hospitais e matando outras três mil. É mais de oito pessoas por dia.

A Associação Americana de Saúde Pública, membro da coligação pela segurança alimentar Make Our Food Safe, celebrou a nova lei que, segundo diz: “Finalmente começará a ocupar-se dos perigosos vazios que tem deixado o lamentavelmente obsoleto sistema de segurança alimentar do nosso país.” Porém não é por um projecto ter sido promulgado e transformado em lei que será financiado. Os republicanos do Congresso ainda podem impedir o financiamento (como parece que vão fazer com alguns artigos da lei de reforma do sistema de saúde aprovada no ano passado). O congressista republicano Jack Kingston, da Georgia, membro do Subcomité de Gastos da Câmara de Representantes que financia a FDA, declarou ao The Washington Post: “Ninguém quer que as pessoas adoeçam, e deveríamos esforçar-nos sempre por garantir que os alimentos sejam seguros. No entanto, isso não é motivo para um gasto 1,4 mil milhões de dólares.”

Sério? É um consolo saber que Kingston não quer que ninguém adoeça, mas isso não altera o facto de que milhões de pessoas estão sim a adoecer. Quando se trata de segurança alimentar, assim como da segurança aérea, segurança mineira, ou de qualquer indústria, as regulamentações salvam vidas.

Mas, segundo informou o jornal Politico, Darrel Issa enviou cartas para 150 associações comerciais, companhias e grupos especializados pedindo que a aconselhem sobre quais regulamentações deve investigar. Um fragmento da carta, que foi publicada pelo NBC News, diz: “Solicito a sua colaboração para identificar aquelas regulamentações existentes ou propostas que tenham trazido um impacto negativo ao crescimento da taxa de emprego dentro da actividade industrial dos seus membros. Agradeço também sugestões para a reforma das regulamentações identificadas e do processo legislativo.”

O foco de Issa é parecido com o do novo chefe do Comité de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes, o congressista Spencer Bachus, do Alabama. Bachus declarou ao jornal The Birmingham News que: “Em Washington, a opinião é que se deve regulamentar os bancos; na minha opinião, Washington e os reguladores deveriam estar a serviço dos bancos.”

Deve estar claro agora porque a Câmara de Comércio dos Estados Unidos e as corporações que a integram puseram tanto dinheiro nas eleições. Uma nova pesquisa realizada pelo grupo Union of Concerned Scientists revela que muitos cientistas e pesquisadores do governo crêem que os interesses corporativos estão a minar a segurança alimentar no país.

Darrell Issa é o deputado mais rico da Câmara de Representantes e conta com um património líquido de pelo menos 160 milhões de dólares, que ganhou com o sistema de alarmes de carros Viper, esse que diz a todo volume (com a voz do próprio Issa): “Afaste-se do carro.”

Senhor Presidente do Comité Darrel Issa, proteja os norte-americanos, afaste-se das corporações.

6 de Janeiro de 2011

Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.

Texto em inglês traduzido por Fernanda Gepe, editado por Gabriela Díaz Cortez y Democracy Now! em espanhol.

Texto em espanhol traduzido por Rafael Cavalcanti Barreto, revisado por Bruno Lima Rocha, blog Estratégia & Análise

Sobre o autor


Amy Goodman
Co-fundadora da rádio Democracy Now, jornalista norte-americana e escritora.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Liberdade : Uma Visão (1794) Robert Burns

Perto daquela torre descoberta
Onde a trepadeira perfuma o orvalhado ar
Onde o mocho se lamenta entre a hera
E conta à lua da meia-noite o seu pesar

Os ventos detiveram-se , o ar parou ,
As estrelas cruzavam o céu ,
A raposa no alto do monte uivou
E o eco de vales distantes respondeu .

O riacho , no seu caminho brumoso
Corria ao longo do muro em ruínas
Com pressa de se unir ao Nith impetuoso
Cujo marulhar , em ondas crescia e diminuía .

Do frio e azul North centelhas jorravam
Em fantástico estridor sibilado :
Pela paisagem saltavam , mudavam
Dons da Sorte , perdidos logo que achados .

Por sorte os olhos levantei ao céu ,
E tremi ao ver sob a lua brilhando
O espectro austero e firme que se ergueu
O fato dos menestréis envergando .

Uma estátua de pedra fora eu
E o seu olhar feroz me intimidaria
E , gravado , claro , no seu chapéu :
O sagrado moto - Liberdade !

A Liberdade anda por aí , num sítio qualquer , cintilando , quase visível , mas fora do alcance da nossa mão . No poema de Burns , a Liberdade é representada como uma presença espectral , apenas iluminada pelo luar , surgindo como um ideal a essa hora feiticeira que é a meia-noite , quando o "mundo real" diurno já recuou . As estrelas constituem um mistério tentador . E o que é melhor é que são de graça , não custa nada olhar para elas e podem ser vistas por toda a gente , em qualquer lugar . . .

Sob as estrelas sentimo-nos pequenos , mas , paradoxalmente , sentimo-nos mais nós próprios . Somos quem somos .

A contemplação dos céus , leva-nos para lá da fala e da linguagem , para outras paragens , para um sítio mágico , no sentido em que é misterioso , impenetrável e pleno de maravilha , e inspirar esta visão pode provocar-nos um arrepio de prazer , que tenho a maior dificuldade em descrever . Por isso , vou ceder o lugar a esse americano de uma sabedoria infinita , o grande poeta ocioso Walt Whitman :

Em horas mais lúcidas , há uma consciência , um pensamento que surge , independente , que se destaca de tudo o resto , calmo , como as estrelas , com um brilho eterno . É o pensamento da identidade - a sua , para quem quer que você seja , tal como a minha para mim . Milagre dos milagres , para além do dizível , mais espiritual e vago dos sonhos terrenos , e no entanto o facto básico mais sólido e única entrada para todos os factos . Em horas assim devocionais , por entre as significativas maravilhas do céu e da terra (significativa apenas por causa do EU que está no seu centro) , credos , convenções , desfazem-se e perdem qualquer relevância face a esta ideia simples . Sob a luminosidade da visão real , só ela toma posse , assume valor . Tal como o sombrio anão da fábula , uma vez liberta a vista , expande-se por toda a terra e estende-se até à cúpula do céu .
Paisagens Democráticas , 1871

Conselho aos Jovens de Portugal…

Se és um jovem português
Atravessa a fronteira do teu País
E parte destemido
Na procura de um futuro com Futuro


Porque no teu País
A Educação é como uma licenciatura
Tirada sem mérito e sem trabalho
Arquitectada por amigos docentes
E abençoada numa manhã dominical

Porque no teu País
É mais importante a estatística dos números
Que a competência científica dos alunos
O que interessa é encher as universidades
Nem que seja de burros

Porque no teu País
A corrupção faz parte do jogo
Onde os jogadores e os árbitros
São carne do mesmo osso
E partilham o mesmo tempero

Porque no teu País
A justiça é ela própria uma injustiça
Porque serve quem é rico e influente
Com leis democraticamente pobres

Porque no teu País
As prisões não são para os ladrões ricos
Porque os ricos não são ladrões
Já que um desvio é diferente de um roubo

Porque no teu País
A Saúde é uma doença crónica
Onde, quem pouco tem
É sempre colocado na coluna da despesa

Porque no teu País
Se paga a quem nada faz
E se taxa a quem pouco aufere

Porque no teu País
A incompetência política
é definida como coragem patriótica

Porque no teu País
Um submarino é mais importante que tu
E o mar apenas serve para tomar banho
E pescar sardinhas

Porque no teu País
Um autarca condenado à prisão pela justiça
Pode continuar em funções em liberdade
Passeando e assobiando de mãos nos bolsos

Porque no teu País
Os manuais escolares são pagos
Enquanto a frota automóvel dos políticos
É topo de gama

Porque no teu País
Há reformas de duzentos euros
E acumulação de reformas de milhares deles

Porque no teu País
A universidade pública deixou cair a exigência
E as licenciaturas na privada
Tiram-se ao ritmo das chorudas mensalidades

Porque no teu País
Os governantes, na sua esmagadora maioria
Apenas possuem experiência partidária
Que os conduz pelas veredas do “sim ao chefe”

Porque no teu País
O que é falso, dito como verdade,
Sob Palavra de Honra !
São votos ganhos numa eleição

Porque no teu País
As falências são uma normalidade
O desemprego é galopante
A criminalidade assusta
O limiar da pobreza é gritante
E a venda de Porsches … aumenta

Porque no teu País
Há esquadras da polícia em tal estado
Que os agentes se servem da casa de banho
Dos cafés mais próximos

Porque no teu País
Se oferecem computadores nas escolas
Apenas para compor as estatísticas
Do saber “faz de conta” em banda larga

Porque no teu País
Se os teus pais não forem ricos
Por mais que faças e labutes
Pouco vales sem um cartão partidário

Porque no teu País
Os governantes não taxam os bancos
Porque, quando saírem do governo
Serão eles que os empregam

Porque no teu País
És apenas mais um número
Onde o Primeiro-Ministro se chama Alice
Que vive no País das Maravilhas
Mesmo ao lado do teu.

Foge !
E não olhes para trás !

Desconheço o autor .

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cansei de vez ! Que se danem todos !

Não serei "mais um" a dar o aval a esta "nobre e alegre cavacada" , e , por isso mesmo , mais uma vez me vou abster de exercer um dos meus direitos (que não , obrigação !) - VOTAR ! Claro que desta maneira , também estarei a exercer um outro direito , que , quanto a mim , me assiste também - NÃO VOTAR ! Ou será que esta democracia (?) não me permite este direito ?
Os "legítima e democraticamente eleitos" é que ainda não pensaram (ou será que pensaram ?) , em penalizar monetariamente , os cidadãos que , tal como eu (e não são poucos !) , se recusam a fazer parte desta carneirada , e . . . coelhada(*) , que , ao irem votar , estão a legitimar todas as actividades (e que actividades ! ! !) dos eleitos !
Preferirei sempre , pagar uma multa (se puder . . . se tiver dinheiro que me estorve , o que irá acontecer . . . nunca ! ! !) . Eu penso que , se todos ficássemos em casa e "não fôssemos lá" , dar-lhes toda a legitimidade , para nos f(.)d(.)r , eles acabariam por meter o rabinho entre as pernas , iriam para outras paragens , e , talvez assim , o povo tomasse consciência , de todo o poder que tem !
Não contem comigo , para continuar a branquear e legitimar este "fartar vilanagem" que se passa em Portugal , há mais de 30 anos , com este "sistema político" a que , alguns "projectos de gente" (que se julgam . . . iluminados !) , teimam em chamar . . . "democracia" !
É caso para dizer : eu sou louco . . . não sou estúpido !
É por isso que , depois de amanhã , dia 23 / jan / 2011 , dia de eleições presidenciais , eu não "arredarei pé" daqui , do meu cantinho ! Foi a maneira mais pacífica que eu consegui , para manifestar todo o meu repúdio e desprezo , por este sistema político , por todos os que se alimentam dele , e . . . por quem o alimenta ! ! !
A minha cruzada , neste momento , é contra esta "gentalha" , que não dignifica , ou mesmo respeita , pessoas , animais , e . . . nem sequer , a própria natureza , ou o ar que respira !
Cansei de vez ! Que se danem todos !

(*) Claro que "carneirada e coelhada" , é uma força de expressão , com a qual , eu não quero de modo algum , menorizar todos aqueles que decidem ir votar ! Até porque tenho o maior respeito , por todos esses animais que dão pelo nome de carneiros , coelhos e . . . outros que tais !

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Náuseas até ao vómito‏ !

Na mesma semana em que foi assassinado um cronista social faleceu um Capitão de Abril. Ao primeiro a comunicação social dedica horas, ao segundo dedicou minutos. Para o primeiro são ouvidas dezenas de "personalidades"; do segundo nada se diz. Do primeiro até temos de saber por onde vão ser distribuídas as cinzas; do segundo soube-se que o corpo esteve algures em câmara ardente. Do primeiro traça-se um perfil de grande lutador pelas liberdades; do segundo pouco mais se diz que era um oficial na reserva.

A forma como a comunicação social tem tratado o homicídio de um mero cronista social tem sido, no mínimo abusiva: são jornalistas, psiquiatras de renome, astrólogos, parapsicólogos e uma verdadeira procissão de personagens de um jet set rasca e, no meio, usa-se e abusa-se das imagens onde se vê o cronista a entregar um ramo de flores a Maria Barroso, imagens que já vi serem repetidas quase uma dúzia de vezes.

A forma trágica como terminou aquilo que o cronista descreveu aos amigos que iria ser uma lua de mel é apresentada por astrólogas, parapsicólogos e outros especialistas deste ramo como uma bela história de amor, um misto de um episódio da série "Morangos com Açúcar" e do clássico "Romeu e Julieta". Chegámos ao ridículo de ver astrólogas e parapsicólogos a tentarem demonstrar a culpa do jovem homicida, exibindo e-mails e insinuando que este teria conquistado com palavras o distraído apaixonado, dando a entender que, como noutros tempos, o enganou.

E anda este país com problemas gravíssimos distraído com um episódio sórdido da lumpen-burguesia deste nosso jet set miserável, como uma pequena seita de gente que se auto-elege como bonita, que vive de pequenos luxos obtidos à custa de papalvos, um meio onde se promovem personagens patéticas e decadentes a grandes figuras nacionais, onde autarcas financiam discotecas de astrólogas ou ajeitam as contas de idiotas, convidando-os para reis do Carnaval.

Todo este espectáculo mórbido que só serviu para os portugueses saberem um pouco mais sobre como se fazem e desfazem as paixões conseguidas com trocas de favores, começa a provocar-me náuseas. Já me custa assistir a um telejornal ou abrir as páginas dos jornais, enoja-me que estes jornalistas me queiram fazer pensar que os grandes problemas do país são como acabam as paixões dos nossos socialites, os sítios que querem poluir com as suas cinzas, ou os sms que trocaram para os seus engates.

Lá que insistam em dizer que crónica social é saber com quem namora uma qualquer Lili decrépita e decadente é uma coisa, agora "insinuar" que a sociedade portuguesa é o pequeno mundo dessa pobre gente é outra coisa. O país tem muito mais com que se preocupar do que com os engates de modelos, com as trocas de sms, com paixões à primeira vista entre jornalistas de 65 anos e modelos de 20. Chega!!! Começo a sentir vómitos...

in O Jumento

Obs.: Foram devidamente corrigidos os vários erros de concordâncias e outros, dados, por certo, num texto escrito de jacto, sob uma tensão nauseada. Mas vale a pena continuar a fazer circular tão veemente reacção!

«Ser alentejano não é um dote, é um dom.»

Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo,
o rio da portugalidade. O rio que divide e une Portugal e que, à
semelhança do Homem Português, fugiu de Espanha à procura do mar.

O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da
planície dão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do
monge; as amplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a
resistência física, a rusticidade, a coragem e o temperamento do
guerreiro. Não é alentejano quem quer. Ser alentejano não é um dote,
é um dom. Não se nasce alentejano, é-se alentejano.

Portugal nasceu no Norte, mas foi no Alentejo que se fez Homem.
Guimarães é o berço da Nacionalidade; Évora é o berço do Império
Português. Não foi por acaso que D. João II se teve de refugiar em
Évora para descobrir a Índia. No meio das montanhas e das serras,
um homem tem as vistas curtas; só no coração do Alentejo,
um homem consegue ver ao longe.

Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino, depois de dobrar
o Cabo das Tormentas, sem conseguir chegar à Índia, para D. João II
perceber que só o costado de um alentejano conseguia suportar com o
peso de um empreendimento daquele vulto. Aquilo que, para o homem
comum, fica muito longe, para um alentejano, fica já ali. Para um
alentejano, não há longe, nem distância, porque só um alentejano percebe
intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade, mas uma corrida
de resistência onde a tartaruga leva sempre a melhor sobre a lebre.

Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armada
decisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar… E, quando
regressou, ao perguntar-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama
respondeu: «Não, é já ali.». O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da
esquina.

Para um alentejano, o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio
onde não se chega sem parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se
a continuar a andar onde Bartolomeu Dias tinha parado. O problema
de Portugal é precisamente este: muitos Bartolomeu Dias e poucos

Vasco da Gama. Demasiada gente que não consegue terminar o que
começa, que desiste quando a glória está perto e o mais difícil já foi feito.
Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos.

D. Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário,
não teria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno sabia bem
que uma batalha não se decide pela quantidade mas pela qualidade dos
combatentes. É certo que o rei de Castela contava com um poderoso
exército composto por espanhóis e portugueses, mas o Mestre de Avis
tinha a vantagem de contar com meia-dúzia de alentejanos. Não se
estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos, quando o
tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporção
numérica: «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os
alentejanos estão do nosso lado?»

Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para
as grandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente
dos mais simples prazeres da vida. Por isso, se diz que Deus fez a
mulher para ser a companheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os
alentejanos para que as mulheres também tivessem algum prazer. Na cama
e na mesa, um alentejano nunca tem pressa. Daí a resposta de Eva a Adão
quando este, intrigado, lhe perguntou o que é que o alentejano tinha que
ele não tinha: «Tem tempo e tu tens pressa.» Quem anda sempre a correr,
não chega a lado nenhum. E muito menos ao coração de uma mulher.
Andar a correr é um problema que os alentejanos, graças a Deus, não têm.
Até porque os alentejanos e o Alentejo foram feitos ao sétimo dia,
precisamente o dia que Deus tirou para descansar.

E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana
e intelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros dos
portugueses, os franceses dos argelinos… só os alentejanos contam e
inventam anedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo
tempo que servem de espelho a quem as ouve.

Mas, para que uma pessoa se ria de si própria, não basta ser ridícula,
porque ridículos todos somos. É necessário ter sentido de humor.
Só que isso é um extra só disponível nos seres humanos topo de gama.

Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido
de humor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca
e mesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem
tem sentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser
objecto de uma boa gargalhada. O sentido de humor humaniza as pessoas,
enquanto a alarvice diminui-as. Se Hitler e Estaline se rissem de si
próprios, nunca teriam sido as bestas que foram.

E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas,
incisivas, inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de
observação, um sentido crítico e um poder de síntese notáveis.

Não resisto a contar a minha anedota preferida. Num dia em que chovia
muito, o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um
passageiro. Por sinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude
de estar sentado num lugar junto a uma janela aberta. «Ó amigo, por que
é que não fecha a janela?», perguntou-lhe o revisor. «Isso queria eu,
mas a janela está estragada.», respondeu o alentejano. «Então por que é
que não troca de lugar?» «Eu trocar, trocava… mas com quem?»

Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim.
O Alentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é
castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer
alentejano anseia. E o pão… Mas há melhor iguaria do que o pão
alentejano? O pão alentejano come-se com tudo e com nada. É aperitivo,
refeição e sobremesa. E é o único pão do mundo que não tem pressa de
ser comido. É tão bom no primeiro dia como no dia seguinte ou no fim da
semana. Só quem come o pão alentejano está habilitado para entender o
mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao Céu!

É por tudo isto que, sempre que passeio pela charneca numa noite quente
de verão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou
graças a Deus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem
almejar?

Saudações fraternas e inoxidáveis,


JCS

domingo, 16 de janeiro de 2011

UMA TRAGÉDIA NUM PARAÍSO

I
Tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro

J. Jorge Peralta

1. O Brasil possui verdadeiros paraísos, onde vivem e convivem pessoas “privilegiadas” de diversos níveis sociais e sócio-culturais. Um dos destaques é a região serrana do Rio de Janeiro, onde se situa o emblemático pico do Dedo de Deus. Um dos ex-libris do Brasil.
Petrópolis foi um refúgio da Família Imperial do Brasil e de muita gente de destaque nas artes, nas ciências e na política. A Família de Tom Jobim, grande compositor aí tem um sítio que sofreu com a tragédia. É apenas uma pequena amostra.

2. Alegra-nos dar boas notícias, mas dói ver o sofrimento dos irmãos, vítimas de tragédias.
Agora está sendo a vez do Brasil, com destaque para a belíssima região serrana do Estado do Rio de janeiro. Uma calamidade. Chuva torrencial, na madrugada do dia 12, trouxe destruição, tragédias e mortes. A tromba de água foi implacável. Deixou poucas alternativas de escapar, por onde passou.
Três cidades, Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis foram as regiões mais atingidas. Três regiões serranas de grande beleza, que abriga gente simples e casas e hotéis de alto luxo.
A tragédia não destruiu as cidades, mas fez grandes estragos.
A tragédia a todos tratou por igual, no sofrimento, na morte e na destruição. Deixou destroços, lama e dor.

II
Lição da Tragédia
3. Todos se igualaram na hora de prestar socorro às vítimas. A solidariedade desabrochou do sofrimento. Ainda bem.

Quem podia punha os pés na lama da rua, agora mar de lama, ou para atravessar o córrego, transformado em rio de lama, para socorrer alguém ilhado e em risco, do outro lado.
Gente pobre e gente rica, moradora de mansões serranas, a quem a enxurrada danificou as casas por igual, ilhados na serra, sem possibilidade de comunicação, devido à destruição das estradas, pediam água e comida: foram iguais na sorte e no desespero.
A morte e o sofrimento ronda, ainda, aquela região privilegiada pelas belezas naturais. Já se contam mais de 550 mortos. Há perdas irrecuperáveis de familiares. Uma tristeza que não se cura facilmente... Mas ainda há notícias de muita gente soterrada nas próprias residências que ruíram, levadas pela inesperada avalanche de água e lama.
Residências, empresas, hotéis... Nada foi poupado, por onde as águas torrenciais desceram.
Famílias inteiras morreram ou ficaram desfalcadas...

4. Mas a fé no futuro ainda se revelou pela voz de um menino de dez anos que, vendo o pai desesperado porque a água lhe levara a casa e tudo, o consolou:
“Pai, não fique triste, nós vamos começar tudo de novo...”
Sim, as pessoas não podem desistir. Ao menos lhes sobrou a vida.
Os sobreviventes, que são muitos milhares de pessoas, estão ou em casa de amigos, ou em abrigos de emergência. São muitos os feridos e mais de 12.000 desabrigados.
Um bebê foi resgatado nos escombros, onde ficou soterrado por mais de 12 horas. O pai o manteve protegido pelo próprio corpo. O pai também sobreviveu.



III
Monumento ao Herói Anônimo

5. Com meus botões fiquei pensando: heróis anônimos se revelam nessas horas. Heróis que a estatística humana nem registrará.
Fiquei pensando naquele marido que se lastimava pela sua mulher, que tudo fizera para lhe salvar a vida, e que não a pode salvar. Tendo as pernas quebradas não pode socorrê-la quando dele precisou. E a perdeu na lama...
Todo machucado, ele se salvou... Mas ela se foi...
Quantas mães e quantos pais morreram, tentando e se arriscando para salvar os filhos? Quanto maridos morreram tentando salvar as esposas? Quantas esposas morreram, tentando, num último esforço, salvar os maridos? Quantos irmãos morreram tentando salvar os irmãos? Quantos amigos morreram, tentando o último e derradeiro esforço para salvar os amigos?...
São heroísmos de verdade, que jamais alguém contará; heróis que a tragédia selou, mas a morte silenciou. Heróis anônimos, mas heróis de verdade. Não certos heróis, farsantes, fabricados que os políticos nos querem impingir.
Em algum lugar da Região atingida deveria, ser erigido um Monumento ao Herói Anônimo, através de uma alegoria em pedra granito. Será símbolo do caráter heróico do nosso povo... Perpetuará um paradigma.

IV
Há Responsáveis pela Tragédia

6. Diante da fúria da natureza cessa toda a arrogância e toda a ganância. Nessas horas trágicas, é fácil culpar a natureza ou culpar os imprudentes, como se não fosse próprio do ser humano ousar, arriscar sempre, em busca de melhores condições de vida, para si e para os seus. Faltou a formação de caráter. Faltou consciência cidadã.
As ousadias irresponsáveis de poucos, às vezes ceifam a vida dos próprios e de muitos inocentes.
Cabe as autoridades estabelecer limites de risco, e fiscalizar... As autoridades são pagas para garantir, na medida do possível os limites que previnem a tragédia.
No entanto, as políticas venais sedem aos seus correligionários, em troca do benefício eleitoral ou econômico. Esquecem que a natureza é drástica e implacável.
Há questões previsíveis e questões imprevisíveis. As inundações da Austrália, hoje com imensas áreas alagadas, é questão imprevisível, vinculada que está a “distúrbios” globais, ao que parece.

7. O esbarrancamento da região serrana do Rio de Janeiro , são previsíveis a longo prazo. São fenômenos que se sabe que podem ocorrer, só não se sabe nunca quando, ou se ocorrerão algum dia.
Casas em encostas da Serra do Mar são sempre expostas a risco, devido à pequena camada de solo.
A fúria das águas é aterrorizadora, e não pede licença. Cabe aos humanos agir com a razão e não só com a emoção.

8. A tragédia, enfim, chegou com força incontrolável em Teresópolis, em Friburgo e em Petrópolis. Onde passou deixou marcas de perdas de vidas, de patrimônio e muita dor.
Prejudicou uma pequena parte daquela região belíssima. Assim mesmo os prejuízos “contaminaram” toda a região. Os quase 200 hotéis e outras Instituições foram atingidos psicologicamente. Grandes investimentos feitos, previamente, para receber as pessoas, tudo correu, “ralo” abaixo, com a tragédia que os atingiu, quer bloqueando as estradas de acesso, quer desarticulando as pessoas psicologicamente, pelo que ocorreu em outros pontos da região. As reservas de férias foram canceladas e as de carnaval correm alto risco
O Brasil “perdeu”, temporariamente, um espaço nobre de descanso e de entretenimento.

V
Lições da Tragédia
9. Teremos de presenciar, estarrecidos, muitas outras tragédias humanas se não aprendermos a lição dos fatos.
Não é possível as pessoas, sob o silêncio e o fechar dos olhos das autoridades, continuarem a desmatar as encostas dos morros e das serras.
Não se admite que continue a se permitir construções em áreas de risco, a ricos ou a pobres. Quando o morro esbarranca, descem casas, pessoas, animais pela encosta passando por cima de quem mora mais abaixo, às vezes em condições regulares. Assim as vítimas descuidadas matam as vítimas inocentes.
Os mortos não falam. Os erros de alguns e o sofrimento de muitos são soterrados, juntos na avalanche destruidora.
Nem sempre funciona esta equação, pois a tragédia nem sempre é tão lógica.
No entanto, o que pode ser prevenido, que seja...

10. A grande lei auto-sustentável é o respeito às leis da natureza, que a arrogância ou a ganância de alguns, simplesmente desconhece.
Precisamos aprender que há valores muito mais fortes e necessários do que lucro; e que lucro, com prejuízo da natureza, é sempre lucro de alto, risco, que não compensa.
Áreas de risco desmatadas devem imediatamente ser recuperadas, com replantio de árvores. As construções em áreas de risco devem ser transferidas para lugares seguros.

11. Mas esta não é uma lição da tragédia a ser aprendida apenas pela área atingida, na Serra Fluminense. Todo o Brasil e todo o mundo precisa aprender com os erros alheios, antes que a tragédia passe, avassaladora, à sua porta.
A solidariedade lusófona não se mede apenas com apoio moral e/ou econômico. Devemos trocar experiência s para evitar desastres idênticos e evitar sofrimento e dor que poderiam ser evitados se soubéssemos aprender também com os erros dos outros. Vamos exigir a aplicação de políticas urbanas de segurança para todos, também contra as intempéries.
Na prosperidade, como na calamidade, os povos lusófonos devem ser sempre solidários, para buscar sempre o bem-estar de todo o nosso povo.
Postado por Tribuna Lusófona às 11:31

Stephen Hawking usa óculos de raios infra-vermelhos para se comunicar Origem: Wikinotícias, a fonte de notícias livre.

3 de setembro de 2005
O físico Stephen Hawking, do Reino Unido, deixará de usar o computador operado manualmente através de seus dedos, e instalado em sua cadeira de rodas. Para se comunicar ele passará a usar agora um par de óculos que emite raios infra-vermelhos.
Stephen William Hawking, 63 anos, é considerado um dos mais importantes físicos teóricos do mundo, apesar de sua doença degenerativa, ainda sem cura, com que convive há mais de 30 anos. Ele é autor do livro "Uma breve história do tempo".
Hawking usava um teclado acoplado a um computador para controlar um sintetizador de voz através do qual podia falar. Devido ao avanço da doença, seus dedos perderam a habilidade de digitar e a comunicação através do teclado de computador começou a tornar-se ineficiente.
O novo dispositivo utiliza raios infra-vermelhos e está acoplado na armação de um par de óculos. Através da movimentação dos músculos da face, Hawking pode desviar a direção dos raios e assim controlar quais letras aparecerão na tela de um computador. O ajudante de Hawking, David Pond, disse ao jornal Daily Mail que o físico gostou da novidade e que com ela consegue escrever mais rápido do que fazia antes.
Stephen Hawking sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Quando esteve em Genebra, em 1985, teve uma severa pneumonia. Médicos aconselharam a desligar a máquina que o mantinha vivo, mas sua esposa na época não acatou a sugestão. Ele foi depois removido para o Reino Unido e submetido a uma traqueotomia. O cientista se recuperou, mas perdeu a voz.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SEGUNDA-FEIRA, 10 DE JANEIRO DE 2011

A RODA DA MISERICÓRDIA
OU ALFORRIA DOS INOCENTES
Uma Alternativa ao Aborto
J. Jorge Peralta

1. Foi divulgado na grande imprensa nacional, no Brasil, um acontecimento que faz pensar a quem tem responsabilidade social: uma jovem escondeu sua gravidez indesejada da família. Após dar à luz o seu filho, descartou-o jogando-o, embrulhado, em um terreno baldio, do outro lado de um muro, de quatro metros de altura, vizinho ao seu quintal. Pelo choro, alguém descobriu a criança e encaminhou-a às autoridades. Descoberta, a mãe tem contas a pagar à justiça. Este é um fato, triste e trágico, entre muitos milhares diários.

2. Até o ano de 1950 no Brasil, existia uma multissecular e benemérita instituição, denominada Roda da Misericórdia, também chamada Roda dos Enjeitados ou Roda dos Expostos
A Roda sempre esteve disponível nos Conventos Femininos e nos Hospitais – Santas Casas de Misericórdia. Na Roda da Misericórdia, as famílias depositavam doações anônimas de gêneros alimentícios, para a manutenção das religiosas.
Na mesma Roda da Misericórdia, as mulheres que engravidavam em condições não aprovadas socialmente, depositavam secretamente seus filhos não desejados, para lhes garantir um nome e cidadania, de alguém que viesse a adotá-los. “Proibidas” socialmente de mantê-los, as mães preservavam suas vidas, com a compreensão da própria sociedade, que lhes dava uma alternativa digna.

3. No nosso tempo destrambelado, hipócrita e desumano a instituição da Roda foi abolida.
As mulheres que, por algum descuido, engravidarem têm uma única saída criminosa: abortar, ou, depois que a criança nascer, descartá-la, como se fosse algo inanimado...
Para resolver o impasse, a nossa sociedade, hipócrita e sádica, propõe-se a legalizar o aborto. A mãe, sem cometer crime legal, pode matar o feto, para não ser incomodada...

4. Diante destas duas soluções antagônicas: A Roda da Vida ou o aborto: a Matança dos Inocentes, por longo tempo penso em uma saída humana para esta tragédia.
Depois de muito pensar, veio-me uma terceira saída, como opção digna: que a sociedade restaure a Roda da Misericórdia, em novas dimensões:
A toda a mulher, que venha a ter um filho “indesejado” e que não puder pagar médico para a assistir ou hospital para dar à luz, serão concedidos todos os direitos, em caráter de irrestrita privacidade, tais como: assistência médica gratuita, exames e orientação, pré-natal, parto assistido e acompanhamento pós-parto.
Esta solução poderia ter o nome de “Proteção dos Inocentes” ou “Roda da Vida”.

5. Deve ficará estabelecido em lei que o Estado assumirá a responsabilidade de cuidar dessas crianças, inclusive procurando uma família que a adote e cuide de sua saúde, educação e bem-estar.
O Estado deve acompanhar a vida dessa criança e o tratamento que a família adotiva lhe proporciona, até os 14 anos de idade, no mínimo.
O Estado deverá providenciar o surgimento e o apoio a instituições particulares, do tipo “Aldeias SOS”, financiadas e cuidadas por empresários, para possibilitar uma real socialização a essas crianças. Já existem outras instituições deste gênero.

PROJETO DE LEI
6. Proponho que algum Deputado Federal ou Estadual proponha um projeto lei deste molde.
Este projeto, de alta densidade humana, deveria estar preparado para atender algumas centenas de mulheres/jovens por mês.

7. O Projeto de Lei “Proteção dos Inocentes”, também deveria estimular a organização de casas especializadas por instituições particulares ou públicas, de preferência sem fins lucrativos, para atender condignamente essas mulheres, e cuidar de suas crianças.
As crianças não adotadas estariam à disposição das mães que poderiam retomá-las logo que pudessem cuidar delas.
Um projeto desta natureza, diminuiria em muito o número das crianças e malfeitores que têm a rua como escola do crime e da violência urbana.
Em contrapartida, dando às crianças uma educação de caráter adequada e um lar com dignidade, em cada criança teríamos mais um jovem ou adulto capaz de contribuir para o bem estar social e de ganhar o próprio pão com o suor do seu rosto, como fazem as pessoas dignas.

Leitor: Leve este esboço de sugestão para um deputado ou vereador seu amigo.
Você estará ajudando a criar uma sociedade mais justa.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Basta


Como cidadão português, tributário, atesto pela minha honra e pela honra dos meus filhos, ainda com sangue Galaico, dos meus avós e dos meus pais, acusar literalmente, o Senhor Aníbal e o Presidente da República pela teimosia do seu cego desaforo permanente.

Senhor candidato, quinze anos!... Que mais deseja a sua sequiosa natureza? Será que ainda não ganhou o suficiente para o pão? Comprar os medicamentos para a saúde e pagar a renda da casa?

Consta-se que teve um óptimo quinhão dos papéis da “SLN/BPN”?!... Calculo que tivesse dado uns trocos!?...

Porque não se dá por saciado? Porque não dá o lugar a outro? É óbvio, se me perguntarem a quem? Não faço a menor ideia! Efectivamente, não é este o meu paradigma de sociedade. Todavia, “Quem muda Deus o ajuda.” Não é o caso, infelizmente, o demónio assentou patrão.

Não lhe tomo os ares pelos erros e pelos defeitos, porque, águas passadas não esmaga moinho… mas é um facto, ainda existe dirigentes nesta República, herdeiros de práticas déspotas, inteligentes doutores, espertos porta-machados, que continuam a enxergar fugas à responsabilidade! Diz a história, que não é de estranhar, são vícios longinquamente frequentados! A minha admiração é o jeito como o candidato se relaciona com eles: são os quadriláteros, os perpendiculares e horizontais … são os obtusos, os triangulares, os quadrados e os losangos, são os conhecidos, amigos e os demais, religiosamente beatificados… são os “ Freeport”, que minguem é de minguem! O crime, “SLN/BPN e os 5 mil milhões de aflições, que os portugueses fatais têm de pagar”! São os “submarinos”, os carros blindados para combater a consciência da indignação! É a “face oculta”, as “escutas”, a promiscuidade do insucesso “Casa Pia” e a sua facciosa impunidade…

O silêncio é a alma do negócio. Tem fineza, a sua angélica e inconsequente candidatura.

Na parábola da sua última ceia, com Alegre, afirmou; “que é preciso respeitar aqueles que são nossos amigos, que nos emprestam o dinheiro! É preciso trata-los bem, beijar-lhes as mãos! É preciso ajudar os pobrezinhos e as pobrezinhas! É preciso apoiar as criancinhas com falta de pão, coitadinhas! É preciso amparar os idosos com reformas de fome! É preciso dar uma palavra de resignação aos desempregados, que são um milhão num lagar! - “Façam como eu; dou a mão às pessoas, falo com elas onde quer que elas estejam, nos cafés, nas ruas, nos centros de piedade, dou a mão a quem mais precisa”…

Viva os inocentes, viva os humildes, viva a caridadezinha, que são eles o reino de Deus.

Um homem que domina os mais fracos com promessas que não pode, não é um homem, mas sim uma metafórica - alegoria, a atarantar a realidade racional do pensamento de consciência.

Augusto Canetas

sábado, 8 de janeiro de 2011

Devo à Paisagem as Poucas Alegrias que Tive no Mundo

Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração. A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor. Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo. Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe!

Miguel Torga, in "Diário (1942)"
Poema

Frustração

Foi bonito
O meu sonho de amor.
Floriram em redor
Todos os campos em pousio.
Um sol de Abril brilhou em pleno estio,
Lavado e promissor.
Só que não houve frutos
Dessa primavera.
A vida disse que era
Tarde demais.
E que as paixões tardias
São ironias
Dos deuses desleais.

Miguel Torga, in 'Diário XV'

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um médico italiano descobriu algo simples que considera a causa do cancro

Inicialmente banido da comunidade médica italiana, foi aplaudido de pé na Associação Americana contra o Cancro quando apresentou sua terapia. O médico observou que todo paciente de cancro tem aftas. Isso já era sabido da comunidade médica, mas sempre foi tratada como uma infecção oportunista por fungos - Candida albicans. Esse médico achou muito estranho que todos os tipo de cancro tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores mas têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente. Então, pode estar ocorrendo o contrário - pensou ele. A causa do cancro pode ser o fungo. E, para tratar esse fungo, usa-se o medicamento mais simples que a humanidade conhece: bicarbonato de sódio. Assim ele começou a tratar seus pacientes com bicarbonato de sódio, não apenas ingerível, mas metodicamente controlado sobre os tumores.
Resultados surpreendentes começaram a acontecer. Tumores de pulmão, próstata e intestino desapareciam como num passe de mágica, junto com as Aftas. Desta forma, muitíssimos pacientes de cancro foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados altamente positivos do tratamento. Para quem se interessar mais pelo assunto, siga o link (em inglês): não deixem de ver o vídeo, no link abaixo. O médico fala em italiano, mas tem legenda em português. --> Http://www.curenaturalicancro.com/ .
Lá estão os métodos utilizados para aplicação do bicarbonato de sódio sobre os tumores. Quaisquer tumores podem ser curados com esse tratamento simples e barato.
Parece brincadeira? Mas foi notícia nos EUA e nunca chegou por aqui. Bem que o livro de homeopatia recomenda tratar tumores com bórax,que é o remédio homeopático para aftas. Afinal, uma boa notícia em meio a tantas ruins.

De novo, a pergunta que não quer calar: por que a grande imprensa não dá a menor cobertura a isso? Nem na TV, nem nas rádios, nem nos grandes jornais... Absolutamente nada. Quem os proíbe de noticiar? O médico teve que construir um site, para divulgar o seu trabalho de curar o cancro (ou, pelo menos, várias das suas formas), usando apenas solução de bicarbonato de sódio a 20%. Imaginem! Bicarbonato de sódio, coisa que a gente encontra até na loja 20 da esquina. Neste endereço, o vídeo, onde o médico italiano mostra a evolução do tratamento até à completa cura em 4 casos: Http://www.cancer-fungus.com/sub-v1pt/sub-pt.html .

Neste, o site em Português. Clicando-se nas bandeirinhas no alto da página, muda-se o idioma:

Http://www.cancerfungus.com/simoncini-cancro-fungo.php*

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Morreu Malangatana, pintor, pastor, aprendiz, curandeiro e mainato 05 de Janeiro de 2011, 11:33


Morreu esta madrugada, no Hospital Pedro Hispano em Matosinhos, Portugal, o artista moçambicano Malangatana, vítima de doença prolongada. Tinha 74 anos de idade. Malangatana estava internado naquela unidade hospitalar há vários dias.




Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 06 de Junho de 1936 em Matalana, distrito de Marracuene. Em vida, fez de tudo um pouco: foi pastor, aprendiz de curandeiro, empregado doméstico mas viria a notabilizar-se no mundo das artes, tornando-se num dos mais famosos artistas moçambicanos.

Fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, ator, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência

Entre 1990 a 1994 foi deputado da FRELIMO e ao longo de décadas ligado a causas sociais e culturais. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizador do Núcleo de Arte, colaborador da UNICEF e arquitecto de um sonho antigo, que levou para a frente, a criação de um Centro Cultural na "sua" Matalana.

Expôs em Moçambique e em Portugal mas também mundo fora, na Alemanha, Áustria e Bulgária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Unidos, Índia... Tem murais em Maputo e na Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas também em países como a Suécia ou a Colômbia.

Contando com as obras em museus e galerias públicas e em colecções privadas, Malangatana vai continuar presente praticamente em todo o mundo, parte do qual conheceu como membro de júri de bienais, inaugurando exposições, fazendo palestras, até recebendo o doutoramento honoris causa, como aconteceu recentemente em Évora, Portugal.

Foi nomeado Artista pela Paz (UNESCO), recebeu o prémio Príncipe Claus, e de Portugal levou também a medalha da Ordem do Infante D.Henrique. Em Portugal morreria também o pastor, mainato e pintor.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Finalmente . . . um pai de carne !



Um dia , por volta de 1961 , teria eu seis anos , estávamos todos ( a minha avó , mãe do meu pai , a minha mãe , a minha irmã , e . . . eu ) no alpendre da nossa casa , a merendar uma malga de café com sopas de pão , ou boroa (não me recordo bem ! ) , eis que se abre o portão , e entra aquele homem , com uma mala em cada mão ; e aproximando-se de nós , disse : todos a comer , e . . . todos tão magrinhos ! ! ! ( recordo-me , como se fosse hoje . . . ) Não quero mentir , mas não me recordo , de ter havido um beijo , sequer !
Foram cinco semanas , que aquele homem viveu na nossa casa ! Durante esse tempo , recordo-me , que a nossa alimentação melhorou bastante , pois o meu pai , de vez em quando , ia ao talho comprar carne ( coisa rara , para nós , nesse tempo ! ) ; quando se "estrelavam" uns ovos , o meu pai fazia questão , que fossem dois para cada um ( coisa rara , antes ! ) .
Durante essas cinco semanas , só uma vez lhe chamei . . . "pai" , e , por azar , ele não ouviu ! Foi um dia em que ele acabara de sair de bicicleta , e eu pedi à minha mãe para ir com ele ; corri , corri atrás dele , para ver se o alcançava , para ele me dar uma boleia , no suporte da bicicleta , mas como não o consegui alcançar , chamei uma ou duas vezes : pai ! . . . pai ! Mas como ele não me ouviu , eu voltei para casa , muito triste , até porque tinha finalmente arranjado coragem , para lhe chamar "pai" , e . . . ele não me ouvira !
Quando eu me queria referir ao meu pai , dizia sempre : "ele" fez isto . . . "ele" fez aquilo ! "Ele" disse assim . . . ou assado ! Nunca por nunca , lhe chamei "pai" ! Não consigo entender porquê , mas foi assim que aconteceu !
Sei que , quando o meu pai regressou ao Canadá , foi bastante triste e desgostoso comigo , por isso mesmo , pelo facto de eu nunca lhe ter chamado . . . "pai" !
Ele mencionou o facto , várias vezes , nas cartas que ia enviando para a minha mãe !

domingo, 2 de janeiro de 2011

Poema

Há Palavras que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'