terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sob as estrelas sentimo-nos pequenos , mas , paradoxalmente , sentimo-nos mais nós próprios . Somos quem somos .

A contemplação dos céus , leva-nos para lá da fala e da linguagem , para outras paragens , para um sítio mágico , no sentido em que é misterioso , impenetrável e pleno de maravilha , e inspirar esta visão pode provocar-nos um arrepio de prazer , que tenho a maior dificuldade em descrever . Por isso , vou ceder o lugar a esse americano de uma sabedoria infinita , o grande poeta ocioso Walt Whitman :

Em horas mais lúcidas , há uma consciência , um pensamento que surge , independente , que se destaca de tudo o resto , calmo , como as estrelas , com um brilho eterno . É o pensamento da identidade - a sua , para quem quer que você seja , tal como a minha para mim . Milagre dos milagres , para além do dizível , mais espiritual e vago dos sonhos terrenos , e no entanto o facto básico mais sólido e única entrada para todos os factos . Em horas assim devocionais , por entre as significativas maravilhas do céu e da terra (significativa apenas por causa do EU que está no seu centro) , credos , convenções , desfazem-se e perdem qualquer relevância face a esta ideia simples . Sob a luminosidade da visão real , só ela toma posse , assume valor . Tal como o sombrio anão da fábula , uma vez liberta a vista , expande-se por toda a terra e estende-se até à cúpula do céu .
Paisagens Democráticas , 1871

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