sexta-feira, 6 de agosto de 2010

DEMOCRACIA AMEAÇADA OU TIRANIA DISFARSADA? J. Jorge Peralta

1. A democracia é definida como o governo do povo, pelo povo e para o povo e com o povo.

Belo ideal, belo sonho, belas intenções, belo ideário.
Tão belo que muitas monarquias assumiram, há séculos, a estratégia de governança democrática. Muitos dos Reis de Portugal eram democratas. Também no tempo do Império, D. Pedro I e D. Pedro II seguiam o ideário democrático, de feliz memória.
A democracia opõe-se, naturalmente à tirania.
O regime republicano é, quase naturalmente, democrático. Quando não é, simula. O lobo gosta de se apresentar com peles de ovelha, para não ser rejeitado...
A República opõe-se, equivocadamente, à monarquia, como a democracia se opõe à tirania. Isto em teoria.
No entanto, os ideais democráticos preservaram poucos dos ideais que a constituem, teoricamente.

2. Hoje, tanto nos Regimes Republicanos como nos Regimes Monárquicos temos governos ditatoriais, despóticos, tiranos.
Na maior parte dos governos republicanos, ditos democráticos, vive-se um estado de ditadura e/ou de tirania, onde a lei é relegada a texto inoperante. Só vale para os inimigos. É discriminatória.
O pior de tudo são as tiranias disfarçadas, através de um populismo deletério que faz ruir os grandes valores do povo, trocados por algumas “moedas” assistencialistas, que têm por fim amortecer a consciência do povo e garantir o voto nas próximas eleições.
É o voto comprado pela fome, enganada com água e sal e uma colher de farinha, receita dos excluídos.

3. Nada pior do que uma ditadura disfarçada, por um processo dito democrático, apenas na metodologia.
O pior de tudo:
As chamadas democracias, regimes de “liberdade” por natureza, a primeira decisão que assumem, via de regra, é a desmoralização e a demonização do regime anterior, proibindo, quem quer que seja, de se referir, com admiração, ao regime anterior. Cada governo pensa criar uma nova história do país, às vezes execrando o que o precedeu. Esta é uma deplorável marca que combina ignorância com arrogância e presunção.
“Proíbe” é o nome exato e a realidade. Se proíbe de pensar diferente, então já foi rifada e estuprada a liberdade pessoal e social.
É proibido ter ideias diferentes dos pseudo-“donos do poder”. Isto é próprio da tirania! As pessoas têm de pensar como o grande chefe, guindado à condição de “grande irmão”. Risca-se a liberdade da vida. Quem se arrisca a pensar diferente, espere o troco... A tirania é vingativa; só pensa em vinganças... Essa máscara tem de cair.
Controla-se o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É a Lei de “Três em um”... Neste caso a pluralidade é fantasia manipulatória ...
Este é o golpe de morte de qualquer democracia. Continua a ser chamada “democracia”, porque os que governam foram “eleitos” pelo povo.
Para aprendermos a reagir a toda a tirania e mentira oficializada, faz bem escutar de novo, Rui Barbosa:

“De tanto ver triunfar as nulidades;
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça.
De tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra
e a ter vergonha de ser honesto”.
Se democracia é o “governo do povo, pelo povo, para o povo e com o povo”, sempre que este quesito essencial é desrespeitado, não é mais democracia. De democracia só tem a fantasia. Nomeia-se democracia por conveniência; para facilitar a dominação.
Governo conquistado através de uma campanha cheia de golpes baixos, de mentiras, de falcatruas e de mentiras, não é eleito pelo povo; é eleito pelo golpe baixo.
O povo votou comprado ou enganado. Não votou livremente. Sem liberdade não há democracia. Votou, manipulado, contra os próprios interesses e contra os interesses da nação. Não sei como alguém poderá opor-se a este argumento. Mas não falta quem o abomine e o rejeite.

4. Alguém deveria fazer um estudo, com dados concretos, de que a imprensa diária está abarrotada, para saber onde existe democracia autêntica e onde democracia é o novo nome da tirania. Democracia de fachada é mentira oficializada.
Quem quer conquistar o poder “ainda que seja na marra”, para a sua facção, certamente não está interessado no poder para o povo, mas para a sua facção, para o seu partido. O Presidente é presidente da nação e não do partido ou facção. Quando a realidade inverte o conceito, abre as portas à tirania.
E isto não deveria ser chamado de democracia; a não ser que se troque o conceito de democracia.

5. No entanto, a democracia não é apenas uma questão conceitual: é uma questão de prática e estratégia de gestão.
É preciso saber se o governo atende os interesses da nação, como um todo, ou se está voltado para atender, primeiro os interesses de uma facção, malbaratando o dinheiro que lhe entrega toda a população, colhido através dos impostos.
O dinheiro dos impostos é do povo e para o povo. Não é do governo, que é apenas seu gestor.
A inversão deste princípio, quando uma facção domina e todos pagam para poucos, os detentores do poder, instala-se a servidão da maioria, também chamada escravidão, talvez camuflada...
As pessoas que estão no poder, eventualmente, numa democracia, têm direitos iguais aos de todo o povo. Não há duas nações: a do poder e a do pagador de impostos.
Nossos antepassados diziam, confiantes:
“Não há mal que não se acabe
e nem bem que sempre dure”
Nestas condições, e olhando em nossa volta, ao nosso redor, vemos que a Democracia está efetivamente ameaçada pela tirania.
Precisamos lutar, “com unhas e dentes” para que a democracia resista a todas essas forças deletérias que lhe são contrárias.

6. A lei da “FICHA LIMPA”, em boa hora proposta, por subscrição popular, e aprovada pelo Congresso Nacional, é um começo ainda frágil, mas é um começo. Há outras iniciativas alvissareiras, por todo o Brasil.
Se todos nos dermos as mãos, poderemos fazer do nosso país, uma grande nação. Potencial não lhe falta.

“É melhor acender uma vela do que lastimar a escuridão”, diz o provérbio oriental.
E nos outros países lusófonos?! Como se manifesta a “Democracia”?! Ela é real, embrionária ou ainda uma fantasia?!
A Democracia real, sem fantasia é uma conquista de cada dia. Saibamos que, por perto, sempre ronda a tirania.
É dever de todo o Cidadão lutar por uma sociedade mais justa, por uma educação mais séria e consistente, por uma nação mais próspera e por um povo mais consciente. A educação é o termômetro da sociedade.
Só a educação séria e competente garante um futuro melhor para a nação.

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