quarta-feira, 13 de novembro de 2019

E tu, que apontas o dedo e julgas, viveste e vives onde e com que conforto?

por José Pereira (zedebaiao.com), em 09.11.19

Esta mãe não abandonou o filho. Deixou-o na única casa/abrigo que conheceu. Que foi o contentor do lixo, de onde se alimentava.


A mãe viveu e vive no lixo, o bebé foi encontrado no lixo, quem o encontrou foi o sem-abrigo que sobrevive do lixo.

E nós, que nos apressamos a apontar o dedo e a julgar, crescemos e vivemos onde e com que conforto?

De quem será a responsabilidade?

Sou técnico de acção social há mais de 20 anos e não posso permitir que se atribua toda a responsabilidade a esta jovem mãe de 22 anos. Uma mãe que nunca teve amor de mãe, nem de familiares, nem tampouco o apoio devido de quem tem a responsabilidade, a competência e os recursos públicos para identificar e apoiar estes seres humanos, que todos vemos a viver no lixo e do lixo.

Não teria esta mãe deixado o bebé no único modelo de "casa" ou "abrigo" que conheceu?
É que até o contentor do lixo é mais abrigado do que a única caixa de cartão que os sem-abrigo possuem para dormir na rua.
E nós passamos ao lado e fazemos o quê?

Afinal, a única casa/abrigo/mesa que estes seres humanos conheceram e conhecem é o ccontentor do lixo.

É tão fácil apontar o dedo e jugar, estando debaixo de um teto, com a mesa cheia e integrados num lar familiar confortável.

https://zedebaiao.com/e-tu-que-apontas-o-dedo-e-julgas-162268

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