domingo, 26 de janeiro de 2014

Cristiano Ronaldo, condecorado por Cavaco Silva, como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, por “serviços relevantes a Portugal”. (in “media” 21 Janeiro 2014)


Cristiano Ronaldo, português, considerado o melhor jogador do mundo de futebol, foi condecorado pelo Presidente da República (PR) de Portugal.

É opinião unânime que Ronaldo é um modelo de jogador de futebol, bom profissional, dá a conhecer Portugal, para além de ganhar uns pornográficos 180 mil contos (sim, daqueles contos antes do euro) por mês, fora outras comissões.

Dá gosto vê-lo jogar (para quem gosta de futebol) e pronto: faz o que gosta, tem boa vida, ganha um ordenado escandaloso, é um exemplo de dedicação e profissionalismo.

O suficiente para ser, quiçá, condecorado pela Federação Portuguesa de Futebol, mas não, foi o PR de Portugal que o condecorou, tornando-o “Grande-Oficial da ordem do Infante D. Henrique”.

Confesso que me senti incomodado, pois a justificação foi por “serviços relevantes a Portugal”.

Não sei porquê, lembrei-me de outros Ronaldos que ficaram no baú do esquecimento do PR.

Lembrei-me do povo português que tem vivido esmagado em impostos, para que a classe política viva à grande e à francesa, com o dinheiro do povo.

Lembrei-me do povo português que se vai matando e emigrando, desesperados, enquanto gente sem escrúpulos ocupa os mais altos cargos da Nação, alguns presos, outros sob suspeita, a maioria impunes.

Lembrei-me do povo português que deixa de estudar, de ir ao médico, de comer, para que meia dúzia de gaiatos se pavoneiem em carros de luxo topo de gama, alemães, claro!

Lembrei-me do povo português que está desempregado ou com ordenados de miséria, enquanto a classe política vai delapidando o pouco que sobra de Portugal, nas PPP’s, nas rendas da EDP, no BPN, Estaleiros Navais e tantos outros.

Lembrei-me da Rita que, aos 25 anos de idade viu o marido falecer de cancro, ficou com dois bebés para criar, está na iminência de ficar sem emprego, enquanto os filhos órfãos, recebem cerca de 38,5 € cada um, pelo facto de terem ficado órfãos. O Sr. Presidente da República enganou-se mais uma vez, pois esqueceu-se de condecorar colectivamente o povo português pela paciência, pachorra, tolerância em demasia com a incompetência, falta de vergonha, de moral, de honestidade das nossas elites políticas que nos desgraçam.

O Sr. Presidente da República fez mais do mesmo, foi previsível, quando o povo lhe pedia um sinal de esperança.

O meu Ronaldo, Sr. Presidente, é a Rita e, as muitas “Ritas” deste país que, ainda se chama… Portugal!

José Lucas
Óbidos (Portugal), 21 de Janeiro 2014

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