domingo, 19 de janeiro de 2014

Excelente trabalho do meu amigo Nelson Costa , o qual , acho que deve ser partilhado e divulgado até à exaustão , para despertar algumas consciências , a ver se ainda vamos a tempo de "alguma coisa" . . .






*Publico estes estudos nesta pagina porque penso que é do interesse da concelho, a preservação das nossas praias. Como tem havido muitos comentários mas pouca informação, decidi pesquisar alguns estudos que tratassem esta questão. E a verdade é que apesar da proveniência distinta destes estudos (um deles inclusive do ministério do ambiente), parecem concordar em que a erosão repentina da nossa costa durante o seculo passado tem pouco a ver com a subida media das aguas do mar e mais a ver com falta de areia nas praias. A subida do nivel das aguas do mar é real, mas não foram os 20cm de aumento neste ultimo século que causou a erosão repentina que temos estado a assistir nas ultimas decadas. Mas não vos aborreço com as minhas palavras e passo a transcrever dos autores:

"Estudo de Avaliação da Situação Ambiental e Proposta de Medidas de Salvaguarda para a Faixa Costeira Portuguesa"
(...)
"Estimativas recentes (Andrade, 1990; Ferreira et al, 1990) sobre a percentagem de recuo da linha de costa directamente atribuível à actual elevação do nível do mar revelam valores relativamente modestos. Assim, essa elevação poderia justificar, no máximo 15 a 30% do recuo verificado da linha de costa em litorais arenosos. Pode afirmar-se, portanto, que na maior parte do litoral português, a actual elevação do nível do mar é uma causa directa menor no que se refere ao recuo da linha de costa."
(...)
"A diminuição do fornecimento de sedimentos ao litoral está, na maior parte, directa ou indirectamente relacionada com as actividades antrópicas. À medida que a capacidade tecnológica do homem para intervir no ambiente em que vive vai aumentando, vai diminuindo, simultaneamente, a quantidade de areias que, por via fluvial, alimentam a deriva litoral. Assim, constata-se que a diminuição do fornecimento sedimentar ao litoral tem atingido amplitude exponencialmente crescente ao longo deste século."
(...)
"Um dos elementos inibitórios do transporte fluvial de areias mais relevante é constituído pelos aproveitamentos hidroeléctricos e hidroagrícolas, isto é, pelas barragens."

"(...)os desenvolvimentos portuários, bem como o progressivo aumento do calado dos navios, vieram aumentar as exigências no que se refere à estabilidade dos canais denavegação e à sua profundidade. Consequentemente, as obras de dragagem para abertura, manutenção ou aprofundamento desses canais têm vindo, progressivamente, a atingir maior amplitude."
(...)
"Há que reconhecer que os molhes e quebra-mares dos portos são imprescindíveis para o desenvolvimento económico e social do país (mas) como é evidente, tais estruturas perturbam profundamente a dinâmica intrínseca do litoral, entre outras razões porque: a) modificam, as condições locais da deriva litoral, induzindo fenómenos de difracção, refracção e reflexão da agitação marítima totalmente estranhos ao funcionamento natural do sistema; b) frequentemente, divergem para o largo as correntes de deriva litoral, o que tem como consequência a deposição de areias a profundidades em que dificilmente são remobilizadas, o que se traduz numa diminuição da deriva litoral nesse troço costeiro; c) interrompem, quase por completo, a deriva litoral (pelo menos até colmatação completa do molhe), o que tem consequências profundamente nefastas para o litoral a jusante dos molhes"
http://w3.ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks/Ambicost/4_Ambicost_Causas%20Er.pdf

Estudo Sintético de Diagnóstico da Geomorfologia e da Dinâmica Sedimentar dos Troços Costeiros entre Espinho e Nazare

" Com efeito, este molhe (do porto de aveiro) veio interromper a deriva litoral, evitando que as areias nela envolvidas continuassem a assorear a barra. No entanto, como se referirá nos pontos seguintes, esta interrupção da deriva litoral provocou forte deficiência sedimentar a sul, de onde resultou assinalável recuo da linha de costa. Assim, pode afirmar-se que os graves problemas de erosão costeira na costa sul adjacente à barra de Aveiro se iniciaram quando o molhe norte foi prolongado para o mar.(...)É indubitável que os molhes do porto de Aveiro tiveram notáveis consequências positivas na operacionalidade da barra e, mesmo, no corpo lagunar. Todavia, no litoral adjacente, os impactes nem sempre foram positivos, sendo até, a Sul, extraordinariamente negativos."http://w3.ualg.pt/.../JAD/ebooks/EsaminAveiro/9_CAveiro.pdf

Caracterização dos principais factores condicionantes do balanço sedimentar e da evolução da linha de costa entre Aveiro e o Cabo Mondego

"Concluiu-se que o recuo existente, ainda que sendo promovido pela acção dos temporais, deriva sobretudo da carência no fornecimento de sedimentos pelas fontes originais, a qual é, em grande parte, consequência de acções antrópicas (acções humanas). Daqui resulta que a saturação da deriva litoral, por forma a equilibrar o balanço sedimentar, seja actualmente feita a custa da erosão das praias e das dunas. " http://dspace.hidrografico.pt/jspui/handle/123456789/2082

este do Ministerio do Ambiente...
Gestão de Resíduos e Valorização do Dominio Hídrico:

(pag15)"Causas da Degradação de zonas costeiras com erosão da faixa litoral - Redução significativa do contributo de fontes aluvionares em resultado da construção de aproveitamentos hidráulicos, da realização de dragagens, quer para recolha de inertes quer nas áreas portuárias, e da construção de obras portuárias que interrompem o trânsito sedimentar litoral."
http://www.apambiente.pt/_zdata/planos/PGRH4/RB%5CParte%202%5C7.Diagnostico%5C7.3_Diagnostico%5Crh4_
http://w3.ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks/Ambicost/4_Ambicost_Causas%20Er.pdf
w3.ualg.pt

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