sexta-feira, 18 de abril de 2014

Portugal, quero que me escutes!



Portugal, quero falar contigo.

Faz tempo, há mais de duzentos anos

Que te espero!

E tu fazes de conta,

Obstinado, arrogante, mentiroso e megalómano.

Deixas-me a falar sozinho,

Não me vires as costas,

Porque somos ambos a mesma Portugalidade.

Sou a razão da tua existência.

Com toda a legitimidade, quero falar contigo.


Eu sei que tu

Sabes que eu sou o que tu não

Queres que eu seja…

Mas, se eu existo, logo sou Portugal.

Basta de cismas!

Reconhece que dependes de mim, e não de “mercados”.

Tu não podes viver de “mercados”, Portugal!

Portugal, tu caminhas para um estado de pó e exorcismo!

Quero falar contigo,

Saber como vais viver sem varredores de rua;

Cantoneiros, picheleiros, pedreiros, operários, cozinheiros,

Padeiros, calceteiros, enfermeiros, professores.

Não Portugal,

Não é possível viver de parasitas, criminosos,

Gatunos, putas e proxenetas.

Portugal, quero falar contigo.

Porque sou do tempo onde existia soberania, moeda, honra e palavra.

Por isso, possuo toda a legitimidade. Ordeno que me dês ouvidos e não uma folha de papel em branco. 

Augusto Canetas

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