sábado, 4 de fevereiro de 2017

Também foi o Trump que interrompeu o Sócrates?

(Por Estátua de Sal, 03/02/2017, 22h:30m)
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A SICN, de novo ao nível do Correio da Manhã, no Jornal da Noite que acabo de ver. O Gomes Ferreira é o homem dos sete instrumentos. Um autêntico enciclopedista. Não é sequer licenciado em economia e perora sobre economia como um grande catedrático. Fala de finanças e de finanças nem sequer tem a frequência da matéria ao nível do liceu.
Hoje veio abalançar-se numa nova área do saber,  o Direito, como sendo um grande jurisconsulto, um verdadeiro juiz encartado, tentando rebater os argumentos que Sócrates apresentou na conferência de imprensa que hoje deu, a propósito do processo que intentou contra o Estado português, por ultrapassagem de todos os prazos processuais na Operação Marquês.
Uma vergonha, este tipo. A sua prestação uma sabujice. A SICN continuou o jornal da noite por aí fora numa peça toda ela um nojo, avançando com dados do processo que, ao que parece, nem sequer aos advogados de defesa de Sócrates é dado acesso. Um julgamento a céu aberto e sem contraditório. Uma verdadeira peça inquisitorial. É este o país que temos, a Justiça que temos, a comunicação social que temos.
E mais. A conferência de imprensa de Sócrates teve a sua transmissão interrompida na SICN e em todos os outros canais de informação, depois das declarações iniciais. A fase de respostas às perguntas dos jornalistas, em que Sócrates se defendeu de acusações várias, não mereceu transmissão em directo, não fosse o ex-primeiro ministro desintoxicar a opinião pública dos venenos tóxicos com que a comunicação social a vai alimentando.
Se fosse uma conferência de imprensa do Bruno de Carvalho, do Luís Filipe Vieira ou do Pinto da Costa não perderiam sequer um sussurro dos ditos cujos porque a bola é que educa e é o assunto mais importante para entretém do povo. Ou se fosse o Passos ou a Dona Cristas, a SIC até lhe lamberia os perdigotos todos para que nada se perdesse.
São cada vez mais nojentos os critérios editoriais da comunicação social e cada vez mais se conclui que não vendem só publicidade. Vendem a informação que difundem de forma tendenciosa a quem lhes paga para a orientar de forma enviesada e manipuladora.
Depois não venham dizer que o populismo campeia, porque se campeia é porque os media tudo fazem para o incentivar com estas práticas.
E já agora, neste caso de tirarem a palavra a Sócrates, não transmitindo na íntegra a conferência de imprensa, quem foi, e a que título, que vos deu ordens para o fazer? Não me venham dizer que foi o Trump. O homem anda, nos últimos tempos, a ser acusado de tudo e mais alguma coisa, mesmo daquilo que aconteceu antes de ocupar o cargo.
O mais grave é que o Trump, no seu estilo desabrido, vai dando a cara. Enquanto que noutras decisões há outros Trumps ocultos, maquiavélicos, e que só não são tão perigosos porque não são presidentes dos EUA.

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