domingo, 10 de junho de 2018


Enquanto D. Sebastião era vivo lá ias recebendo um pequeno contributo e te mantinhas à tona, depois os espanhóis e os italianos levaram o rei e culparam os árabes de Alcácer Quibir. Andaram por aí cantando o regresso do Desejado, se possível numa manhã de nevoeiro (nunca percebi esta), mas tu que eras grande, maior que o monarca, foste comendo as sobras deste país que sempre tratou muito 'bem' os seus filhos. Já antes esquecido, desprezado pela nobreza e pela elite tugas, andaste por outras bandas à procura, nem tu sabias do quê, lá foste escrevendo as armas e os barões assinalados, marcaste as gajas que te desprezaram e cantaste os teus verdadeiros amores. Triste, magoado e a comeres o pão bolorento que a burguesia te dava como esmola, sucumbiste não se sabe bem quando, até que um oligarca tinhoso se lembrou de dizer que foi neste dia. Como estás morto é-lhes indiferente que seja este ou outro dia qualquer, escolheram este por conveniência, fingem que te dão valor como se isso agora tivesse importância. Outros portugueses te cantaram, cantam e te cantarão. Gosto dos que te cantam, Camões!
Por mim, obrigado poeta.

Fernando P. Pereira



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