sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Porquê a Covid, porquê agora

 

por Max



Meus senhores, passaram dois anos desde o começo do psicodrama codívido, tempo de celebrar com um resumo "definitivo" acerca das razões. A ocasião é um artigo assinado por Alastair Crooke, diplomata britânico, anteriormente figura de destaque tanto na inteligência britânica (MI6) como na diplomacia da União Europeia.

Publicado nas páginas de Strategic Culture, de "filorusso" o texto tem bem pouco: The Double Helix of Entwined Pandemic and Economic Strategy ("A Dupla Hélice da Estratégia Pandémica e Económica") é uma análise sobretudo económica porque é nesta vertente que podemos encontrar as verdadeiras razões da "pandemia". Por esta razão acho ser um artigo muito importante para entender a actual conjuntura histórica.

Quem persegue outras motivações (como o despovoamento da planeta) falha no focar as duas forças que ditam os ritmos da nossa sociedade: dinheiro e poder, que depois são as duas caras da mesma moeda. Vender vacinas, enriquecer as casas farmacêuticas, até eliminar parte da massa populacional (hipóteses na qual não acredito muito, seja dito), são apenas eventuais bónus duma operação que tem como base rescrever as nossas vidas. Dinheiro e poder, estes têm que ser os pontos de partida para qualquer avaliação, tal como sempre aconteceu na história humana (nada de novo debaixo do sol).

O artigo é bastante comprido, mas merece o esforço se a ideia for entender a razão dos mais recentes acontecimentos e também ter um vislumbre acerca dum eventual futuro. É Sexta-feira, relaxem, preparem um chazinho, sentem-se e leiam com calma.

Boa leitura.


A Dupla Hélice da Estratégia Pandémica e Económica

Há três anos, falando sobre os esforços para trazer de volta os empregos americanos de colarinho azul perdidos em prol da Ásia, disse a um professor americano do Colégio de Guerra do Exército dos EUA, em Washington, que estes empregos nunca mais teriam voltados. Perderam-se para sempre.

O professor respondeu que este era de facto o caso, mas que me estava a escapar a questão. A América não esperava nem queria que a maioria desses banais empregos manufatureiros regressassem a casa. Deveriam ter ficado na Ásia. As elites, tinha continuado, só queriam os empregos de topo no sector da tecnologia. Queriam a propriedade intelectual, os protocolos, a métrica, o quadro regulamentar que permitisse à América caracterizar e expandir-se nas próximas duas décadas de evolução tecnológica global.

O verdadeiro dilema, porém, segundo ele, era: "O que fazer com os 20% da mão-de-obra americana que já não será necessária, que já não será necessária para o funcionamento de uma economia baseada na tecnologia?"

De facto, o que o professor tinha salientado era apenas um aspecto de um dilema económico fundamental. Nas décadas de 1970 e 1980, as empresas americanas comprometeram-se a deslocalizar os custos da mão-de-obra para a Ásia. Em parte para cortar despesas e aumentar a rentabilidade (o que tinham feito), mas também por uma razão mais profunda.

Os EUA sempre foram um império expansionista, sempre à procura de novas terras, novos povos e dos seus recursos humanos e materiais para explorar. A continua expansão militar, comercial e cultural é a força vital de Wall Street e da sua política externa. Sem este avanço imparável, os próprios laços cívicos da unidade americana seriam postos em causa. Uma América que não está em movimento não é uma América. Esta é a própria essência do leitkultur americano.

Nota: Leitkultur é um conceito alemão, que pode ser traduzido como "cultura orientadora" ou, menos literalmente, como "cultura central" ou "cultura básica".

No entanto, isto só exacerbou ainda mais o dilema salientado pelo meu amigo. O avanço do Império foi acompanhado por uma enorme expansão do crédito de Wall Street em todo o mundo. O peso da dívida explodiu e tornou-se pesado, desequilibrado sobre a cabeça do pino da verdadeira garantia subjacente.

Agora - pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial - este implacável impulso expansionista estratégico dos Estados Unidos tem sido desafiado pelo eixo Rússia-China. Disseram "já chega".

Não propriamente. O que sobretudo a China disse foi "Eu também", enquanto a Rússia não tem condições, actualmente, para poder competir aos mais altos níveis económicos, apesar do seu papel fundamental como fornecedor energético.

No entanto, não se deve perder de vista o outro aspecto desta transição estrutural do Ocidente. O núcleo desta transição, como sugeriu o professor, já não está no trabalho socialmente útil, na produção de bens "normais", tais como carros, telefones ou tubos de pasta de dentes. Pelo contrário, este núcleo é largamente constituído por especulação de dívida de alto risco sobre activos financeiros como acções, obrigações, futures e, acima de tudo, derivados, cujo valor é infinitamente titularizado. Neste contexto, e para este tipo de economia altamente complexa, hiper-financiada e dependente da internet, 20% (ou mais provavelmente 40%) da mão-de-obra torna-se simplesmente redundante.

Como é óbvio, Crooke fala aqui do abandono do sector produtivo em prol da pura especulação. A "posse do meios de produção" tão cara aos marxistas foi amplamente ultrapassada em favor dum enriquecimento que tem uma origem financeira também, que gera dinheiro a partir do dinheiro ficando "desligado" da economia real. A produção foi confinada para os Países do Terceiro Mundo, para aqueles em desenvolvimento ou (e sobretudo) para a China. Mas isso apresenta um problema não indiferente: se a economia real deixa de produzir ou abranda o processo manufatureiro, em que basear os títulos financeiros? A Finança está cada vez mais desligada da economia real, mas esta condição tem limites.

Eis então o segundo dilema: enquanto a contracção estrutural da economia baseada no trabalho hipertrofia o sector financeiro, a complexa volatilidade deste último só pode ser contida através de uma lógica de perpétua dopagem monetária (injecções contínuas de liquidez), justificada por emergências globais, que, por sua vez, requerem estímulos cada vez maiores.

Como lidar com este dilema? Bem, não há volta a dar. Não é uma opção.

Neste contexto, o regime pandémico é um sintoma de um mundo que está tão longe de qualquer forma de verdadeira auto-suficiência económica - ou seja, adequada para sustentar a sua força de trabalho - que o dilema só pode ser resolvido (na visão das elites) através de um constante amortecimento da velha economia, enquanto que os activos financeiros são mantidos a flutuar com injecções contínuas de liquidez.

E aqui encontramos a explicação para os inúmeros quantitative easings operados pela americana Federal Reserve e pelo Banco Central Europeu: impressão de dinheiro em quantidades industriais, oficialmente para alimentar a economia, na verdade para fornecer matéria-prima ao mundo da Finança.

Como gerir uma tal condição? Uma vez que a quota tradicional de mão-de-obra necessária para a produção de bens está a ser gradualmente eliminada (tanto através da automatização como do offshoring), as empresas têm utilizado a ideologia woke ("acordada") para se reinventarem. Já não produzem apenas "coisas", produzem agora resultados sociais. Tornaram-se os accionistas de toda a sociedade, "produzindo" resultados socialmente desejáveis: diversidade, inclusão social, equilíbrio de género e governação climática responsável. Esta transição já deu origem a uma cornucópia de novos ESG (Environmental, Social, and Governance), que fluem através de canais económicos bem estabelecidos.

Nota: os ESG (acrónimo inglês de "Ambiental, Social e Governança") é uma avaliação da consciência colectiva de uma empresa em relação a factores sociais e ambientais. Pode ser considerada uma forma de pontuação de crédito social empresarial. Em menos de 20 anos, o movimento ESG cresceu de uma iniciativa de responsabilidade social empresarial lançada pelas Nações Unidas para um fenómeno global que representa mais de 30 triliões de Dólares em activos. Só no ano de 2019, um aumento de capital total de 17.67 mil milhões de Dólares fluiu para produtos ligados ao ESG, um aumento de quase 525 % a partir de 2015].

E a pandemia, evidentemente, justifica o estímulo monetário, enquanto a próxima emergência climática "sanitária" está em preparação, o que irá legitimar uma maior expansão da dívida.

O analista financeiro Mauro Bottarelli resumiu a lógica da seguinte forma:


Um estado de emergência semi-permanente de saúde é preferível a uma queda vertical do mercado, o que transformaria a memória de 2008 num passeio no parque.

O professor de Teoria Crítica e italiano da Universidade de Cardiff, Fabio Vighi, também notou a "incurabilidade" do que ele chama "a condição de Long-Covid do banqueiro central", referindo-se ao facto de que a injecção deste enorme estímulo monetário só foi possível desligando o motor da Main Street [a pequena e média indústria, ndt], uma vez que (na opinião dos banqueiros centrais) uma tal cascata de liquidez (6 biliões de Dólares) não poderia fluir para a economia da Main Street, sem provocar um tsunami inflaccionário semelhante ao da República de Weimar. Em vez disso, esta injecção de liquidez serviu para encher ainda mais o mundo virtual dos instrumentos financeiros cada vez mais complexos.

Inevitavelmente, e juntamente com os estrangulamentos na cadeia de abastecimento, a infusão de liquidez aumentou a inflação para os trabalhadores, causando mais danos.

O objectivo de gerir, por um lado, a queda da produção (o lock-in das pequenas empresas) enquanto, por outro, a liquidez flui livremente para a esfera financeira (para adiar o colapso dos mercados) fracassou. A inflação está a acelerar, as taxas de juro vão subir e isto terá consequências sociais e políticas adversas, ou seja, raiva em vez de conformidade.

O cerne da situação, para quem gere o sistema, é que se perdessem o controlo da criação de liquidez - quer como resultado do aumento das taxas de juro, quer da crescente dissidência política - a recessão resultante derrubaria todo o tecido socioeconómico subjacente.

E qualquer recessão severa iria também provavelmente causar estragos na liderança política ocidental.

O relacionamento entre produção de dinheiro e aumento automático da inflacção está longe de ser demonstrado: nos últimos anos a Europa, apesar dos repetidos quantitative easings, teve que lidar com o fenómeno oposto, a deflacção. Mas é verdade que apenas uma parte dos quantitative easings chegaram aos bolsos da economia real e, em qualquer caso, 6 biliões de Dólares não são uma brincadeira... Isso sem contar que a recessão é mais do que uma hipótese: como sabemos, as crises do Capitalismo têm uma periodicidade de 10-12 anos. Dado que a última aconteceu em 2007/2008, as contas são simples. Teria feito sentido arriscar o sistema todo?

Assim, optaram por sacrificar o quadro democrático e lançar um regime monetário enraizado num culto apoiado pela ciência e tecnologia de propriedade das empresas, pela propaganda mediática e pela narrativa do catastrofismo como meio de progredir para uma tomada de controlo tecnocrática e "aristocrática" sem o conhecimento da população. (Sim, em certos 'círculos', pensa-se num futuro, numa nova aristocracia monetária).

O Professor Vighi novamente:


As consequências do capitalismo de emergência são, acima de tudo, biopolíticas. Dizem respeito à administração de um excedente humano que se está a tornar supérfluo para um modelo social largamente automatizado e altamente financeiro. É por isso que Vírus, Vacina e Passaporte de Vacina são a Santíssima Trindade da engenharia social.

Os "Passaportes Vacinais" destinam-se a treinar as multidões na utilização de carteiras electrónicas que controlarão o acesso aos serviços públicos e à subsistência pessoal. As massas desprovidas e redundantes, juntamente com os que não conformam, serão os primeiros a serem disciplinados por sistemas digitalizados de gestão da pobreza, directamente supervisionados pelo capital monopolista. O plano consiste em tokenizar [ver nota a seguir, ndt] o comportamento humano e transferi-lo para registros blockchain geridos por algoritmos. E a propagação do medo global é a vara ideológica perfeita para nos orientar para este resultado.

A tokenização é um conceito que será cada vez mais importante e representa uma das consequências mais perturbadoras da tecnologia das blockchains [para mais informações: Blockchain, Ehereum e Bitcoin, ndt]. Este processo permite transformar a sociedade no sentido de uma visão mais materialista e comercializada, onde as pessoas podem valorizar e trocar qualquer item com base na oferta e procura.

A tokenização é a transformação e representação de um recurso ou objecto dentro de uma blockchain. Para o conseguir, a tokenização envolve um processo de transformação que consiste em digitalizar o referido o recurso/objecto e trazer toda a sua informação para uma blockchain. Uma vez gravado na blockchain, o recurso/objecto torna-se um activo e, como tal, pode ser armazenado ou armazenado. Durante este processo, é atribuído a esse objecto um símbolo que permite a sua manipulação como parte integrante da referida blockchain.

A tokenização em blockchain pode ser aplicada a praticamente tudo: uma bebida, uma mercadoria, documentos, identidades, casas... não há limites. Vantagens do processo de tokenização:
Permite que qualquer aspecto da realidade seja representado digitalmente numa blockchain.
Permite a criação de um ficheiro de rastreabilidade absoluto para cada objecto tokenizado.
Gera sistemas que podem ser controlados de uma forma completa ou discriminada de uma forma simples.
Abre a porta a novos esquemas de trabalho em todos os sectores.
Descentralizar os processos intrínsecos do sistema simbólico, o que acaba por oferecer um maior controlo sobre estes.
Permite a redução de intermediários e com isso reduzir os custos de operação.
Reduz a duplicação da informação.

Acham que estamos a falar de ficção científica? Perguntem à Carrefour: a multinacional dos hipermercados aplica a tokenização aos bens alimentares de forma que os consumidores tenham acesso à origem dos produtos e assim garantir a sua qualidade (lembrem: tudo é feito sempre para o nosso bem). Para tal, o utilizador só tem de digitalizar o código QR do produto para ter acesso a toda a informação armazenada na blockchain do hipermercado, com o sistema gentilmente implementado com o auxílio da IBM Food Trust.

Por enquanto estamos a tokenizar abacates e queijos suíços "para o bem dos consumidores", mas estamos apenas numa fase inicial: a fantasia humana permitirá tokenizar tudo, sem excepções. O que acontecerá quanto tudo, seres humanos incluídos, será um activo na cadeia blockchain, constantemente rastreável e julgado segundo as regras ditadas pelo mercado político-económico?

O ponto de vista do Professor Vighi é claro. A campanha de vacinação e o sistema dos passes não são apenas disciplinas sanitárias. Não se trata de "Ciência", nem precisam de fazer sentido. São, antes de mais, sobre o dilema económico das elites e servem também como um instrumento político, um meio pelo qual um novo sistema de dispensa monetária pode substituir a democracia. O Presidente Macron deixou isto claro quando disse: "Quanto aos não vacinados, quero mesmo chateá-los. E vamos continuar a fazê-lo, até ao fim. Essa é a estratégia".

O Primeiro Ministro italiano Draghi também intensificou os seus ataques contra os não vacinados, tornando as vacinas obrigatórias para todos os maiores de 50 anos e impondo restrições significativas a qualquer pessoa com mais de 12 anos. Mais uma vez, embora o mantra seja "seguir a ciência", estas medidas não fazem sentido: a variante Omicron infecta predominantemente os totalmente vacinados, não os não vacinados.

Há dois dias, o Dr. Montagnier, um importante virologista galardoado com o Prémio Nobel, e um colega dele, confirmaram este aspecto "ultrapassado" dos requisitos de vacinação. Eis o que escreveram no Wall Street Journal:


"... antes de tornar uma vacina obrigatória para impedir a propagação de uma doença, é necessário que haja provas sólidas de que essa vacina evitará a infecção ou transmissão (em vez de avaliar a sua eficácia contra resultados graves, tais como a hospitalização ou a morte). Como diz a Organização Mundial de Saúde, "se a vacinação obrigatória for considerada necessária para interromper as cadeias de transmissão e prevenir danos a terceiros, deverá haver provas suficientes de que a vacina é eficaz na prevenção de infecções graves e/ou transmissão". Para a Omicron, ainda não existem tais provas.

Os poucos dados de que dispomos sugerem o contrário. Um estudo pré-impresso descobriu que, após 30 dias, as vacinas Moderna e Pfizer já não tinham qualquer efeito positivo estatisticamente significativo contra a infecção Omicron e que, após 90 dias, o seu efeito se tinha tornado negativo - ou seja, as pessoas vacinadas eram mais susceptíveis à infecção Omicron. Confirmando esta constatação de eficácia negativa, dados da Dinamarca e da província canadiana do Ontário indicam que as pessoas vacinadas têm taxas de infecção por Omicron mais elevadas do que as pessoas não vacinadas".

Isto raramente, se é que alguma vez, é admitido. Tanto Macron como Draghi estão desesperados: precisam de 'liquidar' as suas economias - e em breve.

De facto, o Dr. Malone, o "pai" americano das vacinas mRNA, tinha falado sobre os médicos que denunciavam tais inconsistências (apenas dois meses antes da sua conta no Twitter ter sido suspensa) num post bastante profético:


Tenho a intenção de dize-lo de forma muito clara.

Os médicos que se manifestam estão constantemente a ser alvo de comissões médicas e da imprensa. Eles estão a tentar deslegitimar-nos e derrubar-nos, um a um.

Tinha concluído avisando que isto não é "uma teoria de conspiração" mas sim "um facto". E exortou todos a "acordar".

Como o Telegraph observou, peritos britânicos numa comissão governamental, o Independent Scientific Pandemic Insights Group on Behaviours (SPI-B), que tinha encorajado o uso do medo para controlar o comportamento das pessoas durante a pandemia de Covid, tinham admitido que o seu trabalho tinha sido "pouco ético" e "totalitário".

Em Março de 2021, os cientistas advertiram que no Reino Unido o governo precisava de aumentar o "nível percebido de ameaça pessoal" da Covid-19 porque "muitos indivíduos ainda não se sentiam suficientemente ameaçados pessoalmente". Gavin Morgan, um psicólogo da equipa, disse: "É evidente que usar o medo como meio de controlo não é ético. Usar o medo cheira a totalitarismo".

Outro membro da SPI-B tinha dito: "Podia-se chamar-lhe psicologia do 'controlo da mente'. Isto é o que fazemos ... claramente, tentamos fazê-lo de uma forma positiva, mas, no passado, tem sido utilizada de uma forma nefasta". Outro colega avisou que "as pessoas estão a usar a pandemia para tomar o poder, utilizando situações que de outra forma não teriam acontecido... Temos de ter muito cuidado com o autoritarismo rastejante".

Em todo o caso, o problema é mais profundo do que a mera "psicologia do nudge" [também conhecido como nudging, é a organização do contexto no qual as pessoas tomam decisões, com objetivo de influenciá-las de forma previsível, ndt]. Em 2019, a BBC tinha estabelecido a Trusted News Initiative (TNI), uma parceria que agora inclui muitos meios de comunicação social principais. A TNI foi ostensivamente concebida para contrariar a influência de narrativas estrangeiras em tempo de eleições, mas veio para sincronizar todos os elementos da comunicação e eliminar qualquer possível desvio do espectro de meios e plataformas tecnológicas.

Estes 'assuntos de conversa' sincronizados são mais poderosos (e insidiosos) do que qualquer ideologia, pois funcionam não como um sistema de crenças ou ethos, mas sim, como "Ciência" objectiva. A Ciência (com um "S" maiúsculo) não pode ser debatida ou contrariada. A Ciência não tem adversários políticos. Aqueles que a desafiam são rotulados como "teóricos da conspiração", "novax", "negadores da covid", "extremistas", etc. E assim a narrativa patologizada do Novo Normal também patologiza os seus opositores políticos e retira-lhes toda a legitimidade política. O objectivo, evidentemente, é forçá-los a conformar-se. Macron deixou isto bem claro.

Dado que estou em constante contacto com familiares e amigos que vivem em Italia, já tive ocasião de reparar em algo muito preocupante: não apenas as medidas anti-Covid, mas toda a narrativa que possa ser de alguma forma ligada à pandemia apresenta as mesmas características factuais e até temporais em ambos os Países.

Isso vai muito além do problema das fontes noticiosas que, como sabemos, são poucas e todas rigorosamente controladas: é normal para mim ler o mesmo tipo artigo acerca da realidade local publicado com poucas diferenças nos diários portugueses e italianos, com uma diferença de poucos dias (quando não no mesmo dia). Aqui não se fala de dados numéricos acerca da Covid mas de decisões governamentais, supostamente autónomas, de declarações dos Ministérios da Saúde, etc., tudo com uma sincronia que não pode não alertar.

A situação tem mudado nas últimas semanas, quando o governo italiano decidiu imprimir uma forte aceleração no sentido "preventivo" e punitivo; mesma altura em que a Espanha optou para um decidido abrandamento da emergência covídica enquanto Portugal escolheu um caminho que fica no meio. Nesta óptica, parece ter havido uma brecha na frente antes compacta.

Dividir a população com base no estatuto de vacinação é um acontecimento que marca uma época. Se a resistência for abafada, poderá ser introduzida uma identificação digital obrigatória para registar a "correcção" do nosso comportamento e regular o acesso à sociedade.

O Covid é o cavalo de Tróia ideal para esta descoberta. Um sistema global de identificação digital baseado na tecnologia blockchain há muito que tinha sido planeado pela ID2020 Alliance, apoiado por gigantes como a Accenture, Microsoft, Fundação Rockefeller, MasterCard, IBM, Facebook e a omnipresente GAVI de Bill Gates. A partir daqui, é provável que a transição para o controlo monetário seja bastante suave. Os CBDC [Central Bank Digital Currencies, as moedas digitais tipo Bitcoin mas emitidas pelos Bancos Centrais, ndt] permitiriam aos banqueiros centrais não só rastrear cada transacção mas, mais importante, bloquear qualquer pessoa no acesso à liquidez por qualquer razão considerada legítima.

E se tudo isso parece um exagero, não se esqueçam do credito social em vigor na China...

O calcanhar de Aquiles de tudo isto, contudo, é uma verdadeira resistência popular à supressão por parte das plataformas tecnológicas de qualquer opinião dissidente (por muito bem qualificada que seja a sua fonte), à recusa de permitir que as pessoas façam escolhas informadas sobre o seu tratamento médico e às restrições arbitrárias, impostas por decreto e apoiadas por legislação de emergência, que podem resultar na perda de meios de subsistência, limitando o protesto popular.

Mas, ainda mais significativo e paradoxal, pode ser a variante Omicron que corta as pernas aos líderes políticos dispostos a jogar para dobrar. É bem possível que esta variante suave (pouco letal), mas altamente contagiosa, seja uma 'vacina' natural, capaz de nos dar uma verdadeira imunidade natural - aparentemente melhor do que a oferecida pelas 'vacinas' da Ciência!

Já podemos ver que os Estados europeus estão confusos e em desacordo uns com os outros, adoptando políticas diametralmente opostas: uns estão a acabar com as restrições, outros estão a apertá-las. Outros países, tais como israel, estão a reduzir as restrições e a mudar para uma política de imunidade do rebanho.

Evidentemente, a consequência do fracasso da iniciativa tecnocrática de abrandar artificialmente uma economia sobreendividada poderia ser a recessão. Esta é, infelizmente, a lógica da situação.



Pessoalmente estou convencido de que a vertente económica (ligada à gestão do poder) seja a melhor chave de leitura possível. Tem todo o sentido.

E a velha e cara Nova Ordem Mundial? A NWO, como é abreviada pelos anglo-saxónicos, é exactamente esta. Esqueçam o governo único mundial, esqueçam a eminencia parda que gere tudo a partir dos bastidores: a melhor das NWOs possíveis é aquela onde várias partes aparentemente em conflito alimentam uma constante condição de preocupação e medo enquanto estiverem empenhadas num só projecto de governação através dos meios hoje definidos pelos avanços tecnológicos. Muito mais eficaz do que o prospectado "governo mundial" facilmente identificável como inimigo dos cidadãos (pela enésima vez: divide et impera). Neste aspecto, a NWO está já aqui entre nós, apenas temos que aprender a reconhece-la como tal: para quê um "governo mundial" quando é suficiente um inimigo invisível para convencer o planeta todo a assumir uma vacina experimental?

Sobra uma dúvida, não nova: se o vírus da Covid, o famigerado SARS-CoV-2, está a ser tão funcional ao projecto das elites, é possível que tenha simplesmente "fugido" do laboratório de Wuhan? Não tenho resposta: apesar da imensa importância estratégica do papel deste vírus, ainda tenho dúvidas acerca da intencionalidade. E não é uma questão secundária: falamos aqui dum vírus que, duma forma directa mas acima de tudo indirecta, provocou milhões de mortos. Pensamos em todos óbitos provocados pela falta de cuidados hospitalares ou pelo atrasos destes ao longo dos últimos dois anos. Dúvidas, dizia: mas este sou eu, o Leitor bem pode ter outra opinião.

A seguir alguns artigos do passado que podem ajudar a focar melhor o assunto:

Blockchain, Ethereum e Bitcoin

Dinheiro electrónico: porquê?

Os problemas do dinheiro electrónico

VISA: o fim do dinheiro físico

O projecto ID2020

Tech-Gleba – Parte I, Parte II, Parte III

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